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Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA Engenharia de Alimentos Toxicologia de Alimentos Prof.ª Dr.ª Ana Paula Manera Lucas Simões Duarte (151150785) Bagé, Maio de 2017 1 Substâncias Alergênicas em Alimentos INTRODUÇÃO Alergia: reação imunológica alterada a um material estranho Alergia alimentar: 3º maior fonte, após ácaros e pólen Os principais alérgenos alimentares são de natureza protéica Efeito: Reação de hipersensibilidade em pessoas suscetíveis Entraram previamente em contato com o alérgeno Fatores Na exposição posterior, o sistema reage a uma exposição excessiva Grandes quantidades de imunoglobulinas contra os sítios alergênicos Libertação de substâncias que alteram a homeostase do organismo 2 INTRODUÇÃO Incidência: Brasil: 6% a 8% das crianças com menos de 6 anos de idade EUA : 8% das crianças a partir dos 6 anos; 1 a 2% nos adultos 100 americanos morrem anualmente por anafilaxia induzida por alimentos (National Institute of Allergy and Infectious Diseases) Terapia convencional: Eliminação dos alimentos que contém alergênicos Má nutrição quando o período de tratamento é prolongado 3 Mecanismos imunológicos envolvidos Tipo I: Reação anafilática ou de hipersensibilidade imediata Agentes: união dos anticorpos IgE aos mastócitos feita pelos alérgenos Composto tóxico: mediadores químicos pré-formados ou recém- formados (histamina, serotonina, prostaglandinas, etc.) que possuem intensa atividade biológica. Sintomas aparecem em poucos minutos Efeitos tóxicos: Urticária, rinite, asma, dor abdominal, vômito, diarreia, outros Órgãos: Pele e mucosas, o sistema respiratório e o trato gastrointestinal 4 Mecanismos imunológicos envolvidos Tipo I: Reação anafilática ou de hipersensibilidade imediata 5 Mecanismos imunológicos envolvidos Tipo II - Hipersensibilidade citotóxica dependente de anticorpo Agentes: Anticorpos IgG e IgM que reagem contra componentes antigênicos inseridos na superfície celular. A presença desses anticorpos provavelmente representa uma resposta imunológica normal a uma proteína estranha que não foi excluída ao nível da mucosa. Aumento da prevalência desses anticorpos em lactentes Pacientes com doença inflamatória Doença celíaca 6 Mecanismos imunológicos envolvidos Tipo III - Reação mediada por complexo imune 1) Reação de Arthus : Deposição nos tecidos manifesta-se como uma reação de tipo generalizada 2) Excesso de anticorpos e a manifestação é geralmente do tipo local. A ativação do complemento, potencialmente induzido pela interação antígeno- anticorpo, gera fragmentos do complemento - C3a, C5a, ou anafilotoxinas, que podem liberar histamina a partir dos mastócitos e dos basófilos, simulando desse modo, reações de hipersensibilidade do tipo I Poucas horas depois da ingestão do alérgeno alimentar 7 Mecanismos imunológicos envolvidos Tipo IV - Hipersensibilidade mediada por células Hipersensibilidade Tardia Mediado por linfócitos T e macrófagos Infiltração de linfócitos e macrófagos no lugar onde o antígeno está presente com a liberação de linfoquinas Mediadores humorais da resposta imunológica 8 9 Mecanismos imunológicos envolvidos Alergia à proteína do leite de vaca Alérgeno + comum para a população infantil. Mais de 30 sítios alergênicos que podem causar problemas. Fatores: do genótipo e idade do indivíduo, da natureza, dose e frequência de administração do antígeno Alérgeno principal: α-lactoalbumina Alérgeno secundário: ß-lactoglobulina albumina bovina sérica 10 O uso exclusivo do leite humano até os seis meses de vida, reduz significativamente a incidência cumulativa de alergia ao leite de vaca durante os primeiros 18 meses de vida Alergia à proteína do leite de vaca A albumina bovina sérica é a mais lábil ao calor A α-caseína é a mais estável ao calor β-lactoglobulina também considerada relativamente estável ao calor A caseína no leite pode resistir à temperatura de 130ºC por 1 hora sem coagulação Coagulação com a redução do pH A denaturação das proteínas do soro ocorrem em temperaturas mais baixas, sendo de 78ºC para a β-lactoglobulina, 62ºC para a α-lactoalbumina, 72ºC para as imunoglobulinas e 64ºC para a albumina bovina sérica 11 Alergia à proteína do leite de vaca Efeitos da proteólise in vitro sobre a alergenicidade das principais proteínas do soro lácteo Enzima péptica e secreção ácida do sistema digestivo gástrico: denaturação e/ou degradação destas proteínas Hidrolisados enzimáticos: Pepsina, seguida pela α-quimotripsina (ASSELIN et alii (1989) Mais eficiente para reduzir a alergenicidade da α e lactoalbumina e β- lactoglobulina. Adequado para ser aplicado às fórmulas infantis de baixa alergenicidade Terapia de indivíduos que apresentam alergia (YAYSENKO et al, 1990) 12 Glúten Principal proteína presente no trigo, aveia, centeio e no malte (subproduto da cevada), cereais O prejudicial e tóxico ao intestino de pessoas intolerantes Trigo é a gliadina, Cevada e malte é a hordeína Aveia é a avenina Centeio é a secalina O glúten agride e danifica as vilosidades do intestino delgado e prejudica a absorção dos alimentos 13 Glúten A ingestão de glúten causa danos às pequenas protrusões, ou vilos, que revestem a parede do intestino delgado. A doença celíaca é considerada uma desordem autoimune: intolerância permanente Os sintomas intestinais incluem diarreia crônica ou prisão de ventre, inchaço e flatulência, irritabilidade e pouco ganho de peso Pode provocar atraso de crescimento e da puberdade, anemia da carência de ferro, fratura ou ossos finos, exames anormais de fígado, e dermatite herpetiforme. A doença celíaca também pode não apresentar nenhum sintoma 14 Soja Alérgeno da soja: Peso molecular aproximado de 34 Kda (Gly mI) Sítio ligante da IgE: peptídeo 232-383 da α-sub-unidade da β-Conglicinina (7S) OGAWA et alii (1991) A alergia à soja é mais comum em crianças e jovens, podendo levar a cólicas e presença de sangue nas fezes Mais da metade de todas as alergias provocadas pela soja é causada por uma proteína, chamada P34, amplamente disseminada entre grãos de soja selvagens e cultivados. Por meio da biotecnologia, pesquisadores desenvolveram variedades de plantas de soja, cuja semente não produz essa proteína alergênica. Tratamentos comprovaram que a temperatura de 100°C e pH 2,0 interferem na antigenicidade, diminuindo-a 15 Nozes, castanhas e amendoins A principal substância causadora da reação alérgica são as aflatoxinas consistem em um grupo de compostos tóxicos produzidos por certas cepas dos fungos Aspergillus flavus ou Aspergillus parasiticus Em condições favoráveis de temperatura e umidade, estes fungos crescem em certas rações e alimentos, resultando na produção das aflatoxinas. Amendoim: Podem apresentar uma reação grave, mesmo quando consomem uma quantidade mínima do alimento Os sintomas principais incluem erupção cutânea generalizada, sentir a garganta inchar e dificuldade respiratória. 16 Crustáceos e frutos do mar Causado por uma reação alérgica ao parasita Anisakis simplex Se aloja preferencialmente nas vísceras e tecidos Provocando desde urticária, angioedema e, inclusive, choque anafilático Em reações alérgicas mais brandas, os sintomas incluem intumescimento e formigamento dos lábios, boca e garganta; o tratamento é feito com anti-histamínicos e corticoides. Peixes: Quando contaminado por bactérias é altamente alergênico Sua contaminação por bactérias resulta em histamina Obtida a partir do aminoácido histidina, e presente nos mastócitos e basófilos 17 Ovos Proteína da clara: Ovoalbumina (54% da clara) Ovomucóide (11% da clara) Conalbuminal (12% da proteína da clara) A alergia mediata ou tardia. A primeira ocorre em até quatro horas após a ingestão do ovo A segunda ocorre em período superior a este espaço de tempo. Evitam a passagem de moléculas pela mucosa intestinal: acidez gástrica e a digestão enzimática; mecanismos imunológicos específicos do trato gastrointestinal (FOOD INGREDIENTS BRASIL Nº 27 – 2013) 18 CORANTES Reações alérgicas ao corante amarelo tartrazina (INS 102) Asma, bronquite, rinite, náusea, broncoespasmos, urticária e dor de cabeça Incidência de sensibilidade à tartrazina na população (3,8% nos EUA) Necessidade de informar a presença da substância nos rótulos de produtos (Informe Técnico nº. 30, de 24 de julho de 2007) O JECFA ( Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives) determinou a IDA (Ingestão Diária Aceitável) numérica de 7,5 mg/Kg de peso corpóreo 19 CORANTES JECFA recomenda que não sejam utilizados aditivos intencionais em alimentos destinados a crianças menores de um ano Existem vários produtos no mercado, como iogurtes, gelatinas, refrigerantes, ... India: Rao et al.: exposição aos corantes sintéticos Para alguns indivíduos a ingestão excedeu a IDA para os corantes tartrazina, amarelo crepúsculo e eritrosina que é de 7,5, 2,5 e 0,1mg/kg de peso corporal A ingestão média de corantes por pessoa foi de 17,2mg/dia, sendo a mesma menor do que a observada nos Estados Unidos, onde o consumo foi de 77,1mg 20 CORANTES Aditivos de fontes naturais, tais como carmim, anato, açafrão e eritrosina Anato, um corante amarelo produzido da casca da árvore do anato Carmim, um corante vermelho derivado de corpo ressecado de fêmea do inseto Dactylopius coccus Carragenano, um polissacarídeo gelatinoso derivado de alga marinha Outros também descritos são eritritol, goma de guar, pectina e psyllium 21 CORANTES Contêm proteínas de peso molecular para ativar uma resposta imunológica. Carmim já foi relatada diversas vezes como causa de asma ocupacional Associados à anafilaxia O tratamento primário da anafilaxia é a utilização da adrenalina, contudo, a preparação comercial da adrenalina 22 Legislação Alimentos alergênicos começam a ser rotulados (RDC 26/2015) Os rótulos deverão informar a existência de: Trigo (centeio, cevada, aveia e suas estirpes hibridizadas); crustáceos; ovos; peixes; amendoim; soja; leite de todos os mamíferos; amêndoa; avelã; castanha de caju; castanha do Pará; macadâmia; nozes; pecã; pistaches; pinoli; castanhas, além de látex natural Derivados desses produtos devem trazer a informação: “Alérgicos: Contém (nomes dos alimentos que causam alergias alimentares) “Alérgicos: Pode conter (nomes dos alimentos que causam alergias alimentares)” 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS O número de substâncias alergênicas é amplo e, em muitos casos, pode ser relevante a sua interação com outros compostos (ingredientes ou aditivos) presentes nos alimentos. Esses aspectos dificultam a associação do consumo da substância com as reações alérgicas. É muito difícil mudar os sítios ativos das proteínas, tornando-os inativos. A melhor forma é eliminar da alimentação as proteínas que contêm os sítios alergênicos ativos. 24 REFERÊNCIAS ANVISA. Informe Técnico nº. 30, de 24 de julho de 2007 Assunto: Considerações sobre o corante amarelo tartrazina . Disponivel em: <https://www.google.com.br/search?q=ida+dl+5->. Acesso em 15 abr 2017. AUN, M.; MAFRA, C.; PHILIPI, J.; KALIL, J.; AGONDI, G.; MOTTA, A. Aditivos em alimentos. Rev. Brasil. Alerg. Imunopatol. Artigo de revisão. 2011. DRUNKLER, A.; NETTO, S. Alergia ao leite de vaca e possíveis substitutos dietéticos. Rev. Lat. Inst. Cand. Tostes. n. 374, 65, p. 3-16, 2010. FOOD INGREDIENTES BRASIL. ALÉRGENOS. Rev. Fi.com. Nº 27, 2013. HONORATO, Thatyan C.; BATISTA, Elga; NASCIMENTO, Kamila O.; PIRES, Tatiana. Aditivos alimentares: aplicações e toxicologia. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável (Edição Especial). ISSN 1981-8203. v. 8, n. 5, p. 01 - 11, dez. 2013 MARTINS, M. T.; GALEAZZI, M.A.M. Alergia alimentar: considerações sobre o uso de proteínas modificadas enzimaticamente. Cadernos de debate, V. 4, 1996. 25 Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA Engenharia de Alimentos Toxicologia de Alimentos Prof.ª Dr.ª Ana Paula Manera Lucas Simões Duarte (151150785) Bagé, Maio de 2017 26 Substâncias Alergênicas em Alimentos
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