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Direitos Reais - Profª Andrea Campos - Fichas de Aulas

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DIREITO CIVIL V – ANDREA CAMPOS
A disciplina é subdividida em dois momentos:
Direitos Reais (propriedade, posse, vizinhança, condomínio
Direitos Reais sobre a coisa alheia (efiteuse, superfície, servidão, uso, usufruto, habitação, aquisição, penhor, hipoteca e anticrese)
BIBLIOGRAFIA
Direito das Coisas. Paulo Nader. Editora Forense;
Direitos Reais. Maria Helena Diniz. Editora Saraiva;
Direitos Reais. Silvio Salvo Venosa. Editora Atlas.
Livros Clássicos
Teoria Simplificada da Posse. Rudolph Von Ihering;
Direitos de Propriedade. Virgílio Sá Pereira;
Direito das Cousas. Miguel Maria Lafayette Pereira.
Paradidáticos
A luta pelo Direito. Rudolph Von Ihering.
Diplomas Legais
Código Civil de 2002;
Constituição Federal de 1988.
DIREITO REAL
Recai sobre bens móveis e imóveis, corpóreos e incorpóreos.
Conceito
Trata-se de Disciplina do Direito Civil na qual é estudado o poder que uma pessoa exerce sobre uma determinada coisa corpórea ou incorpórea. Para o Direito, as coisas que são de seu interesse são aquelas passíveis de valoração pecuniária e que recebem a designação de bens. Logo, todos os bens são coisas, mas nem todas as coisas são bens. O que leva uma coisa a ser um bem é a questão da escassez. Observamos que as coisas que são universais, as que para todos existem, não são consideradas bens, como é o caso do ar que respiramos. As coisas recebem valoração pecuniária a partir de quando ela não esteja disponível para todos.
A propriedade é o mais plenos dos poderes que se pode exercer sobre uma coisa.
Etimologia do termo
O termo “Real” advém da palavra latina Res, que significa “coisa”. Logo, o direito real trata da atribuição de direitos sobre as coisas corpóreas e incorpóreas que existem no mundo dos fenômenos.
Distinções entre Direito Real e Direito Pessoal
Quanto ao conceito; enquanto o Direito Pessoal trata de vínculos jurídicos entre pessoas, vínculos estes que geram direitos e obrigações entre aquelas, o Direito Real trata do poder que uma pessoa exerce sobre uma coisa, não havendo relação jurídica entre a pessoa e a coisa.
Quanto ao objeto; enquanto no Direito Pessoal o objeto imediato é a prestação obrigacional, no Direito Real o objeto imediato é a coisa. Já o objeto mediato do Direito Pessoal é a coisa, enquanto que o objeto mediato do Direito Real seria uma prestação que porventura exista.
Quanto ao sujeito; enquanto que no Direito Pessoal há tanto o sujeito ativo (credor) quanto o sujeito passivo (devedor), no Direito Real há tão somente o sujeito ativo, que é aquele que vem a ser o titular do Direito Real (Teoria Clássica). 
Teoria Clássica: é aquela que concebe que no Direito Real há tão somente o sujeito ativo, não havendo nenhum sujeito passivo. Para essa teoria, o Direito Real é composto por três elementos, quais sejam: 1) o sujeito titular do Direito Real; 2) a coisa objeto do Direito Real; 3) o poder que o sujeito exerce sobre a coisa. Esta teoria é aplicada pelo Direito brasileiro em seu Código Civil.
Teoria Personalista: para esta teoria, no Direito Real não há também sujeito passivo, sendo todas as demais pessoas do mundo, que têm a obrigação de respeitar o Direito Real de seu titular. Para os adeptos dessa teoria todo o Direito Real estaria vinculado a um direito pessoal, tirando-lhe, assim, a sua autonomia.
Prevalece a Teoria Clássica.
Quanto à oponibilidade; enquanto o Direito Pessoal é oponível inter pars, sendo daí decorrente a sua relatividade, o Direito Real é oponível erga omnes, obrigando todos a respeitarem o Direito Real de seu titular.
Quanto à determinabilidade do objeto imediato; enquanto no Direito Real o objeto imediato deve ser determinado, no Direito Pessoal o objeto mediato pode ser indeterminado, determinável ou fungível.
Quanto à duração; enquanto os Direitos Pessoais são transitórios, os Direitos Reais são de caráter permanente.
Características dos Direitos Reais
Dotados de “Direito de Sequela”;
É o direito que tem o titular de um direito real de perseguir a coisa que for objeto do seu direito onde quer que ela esteja e com quem quer que a detenha. Não existe direito de sequela em relação aos direitos pessoais.
Passíveis de Posse (logo, podem ser objeto dos Interditos Possessórios);
Só as coisas que são objetos dos direitos reais é que serão suscetíveis de serem possuídas, pois não há posse de obrigação. A posse não é um direito real, mas tão somente um fato, que pode ser ou não uma externalização de um direito real.
Podem ser objeto de usucapião;
Um dos pressupostos para que haja a aquisição de propriedade de um bem por usucapião é o exercício da posse sobre o bem a ser adquirido. Logo, se as obrigações não são suscetíveis de posse não haverá que se falar de usucapião dos direitos pessoais. Então, apenas as coisas, objetos dos direitos reais, podem vir a ser usucapidas.
 Quanto à publicidade
Para que um direito tenha a eficácia de um direito real, mister se faz que o mesmo seja registrado no cartório de registros competente, qual seja, ou o Cartório de Registro de Imóveis, ou o Cartório de Registro de Títulos e Documentos, o que não ocorre em relação aos direitos pessoais.
Quanto à enumeração
Os direitos reais são numerus clausus (número fechado), ou seja, integram um rol taxativo contido na lei civil pátria. Os particulares não podem criar novos direitos reais, pois que esses direitos são regulados por normas cogentes, ou seja, de ordem pública. 
Já os direitos pessoais são numerus apertus, integrando um rol exemplificativo, portanto, aberto dentro da lei civil. Em razão disso, existem os contratos típicos e os atípicos, os contratos nominados e os contratos inominados, por serem os direitos pessoais disponíveis, o que não ocorre com os direitos reais.
Interseções entre Direito Real e Direito Pessoal:
Obrigações reais ou Propter Rem, ou Ob Rem, ou, ainda, Reipersercutórias;
Trata-se de uma obrigação – direito pessoal - que passa a existir em razão de um direito real em face de uma coisa, ou seja, é uma obrigação em razão de uma coisa. Exemplos: obrigação de levantar muros e tapumes para delimitar propriedades vizinhas, obrigação de manutenção e reparação de um bem tombado.
Obrigações com eficácia real. Exemplo;
Trata-se de obrigação, consubstanciada em um contrato que, ao ser levado a registro, em cartório passa a ter eficácia real cujas principais consequências são: o direito de sequela, a oponibilidade erga omnes e o direito de preferência. Exemplo: o contrato de locação que tiver sido registrado em cartório pelo locatário dar-lhe-á a preferência para o caso de aquisição do imóvel locado. O mesmo ocorrerá em relação a um contrato de promessa de compra e venda que venha a ser registrado pelo promitente comprador.
Ônus Reais
Ônus reais são os gravames que recaem sobre uma determinada coisa. Mister salientar que os ônus reais não se confundem com os direitos reais limitados, tais como a servidão, a hipoteca ou o penhor. São exemplos de ônus reais a obrigação do titular de um direito real de propriedade de pagar o IPTU de um bem imóvel, assim como o de pagar o IPVA em razão do direito real de propriedade sobre automóvel. O titular de um direito real garante pagamento dos ônus reais com todo o seu patrimônio e não apenas com o bem onerado.
Direito Real sobre Coisa Própria
Propriedade Plena in re potestas;
Propriedade Fiduciária.
Direito Real sobre Coisa Alheia (Ius in re aliena)
De Uso e Fruição: enfiteuse, superfície, servidão, usufruto, uso, habitação, Direito Especial de Uso*, Direito Real de Uso para Concessão de Moradia*;
De Aquisição: Direito Real do Promitente Comprador;
De Garantia: penhor, hipoteca e anticrese
 * adicionados em 2007.
DIREITO DE PROPRIEDADE
Conceito
Trata-se de direito real pleno exercido sobre uma determinada coisa pelo titular do direito real. Integram o direito real de propriedade os direitos de usar, fruir, dispor e reivindicar. Esses direitos são direitos-poderes, sendo o direito de usoo jus utendi, o direito de fruição ou gozo o jus fruendi, o direito de disposição o jus abutendi e o direito de reivindicar o jus perserquendi. Se o proprietário deixar de exercer qualquer desses direitos, ele já não terá a propriedade plena, mas a propriedade limitada.
O direito de uso não significa o direito de fruir (ou gozar), pois aquele não inclui o direito aos frutos. O direito de dispor é o direito de poder alienar* a coisa. O direito de reivindicar, o jus persequendi, é o direito de perseguir a coisa, onde quer que ela esteja, em razão do direito de sequela.*Alienar = vender, doar ou dar em pagamento
Distinção entre Propriedade e Domínio
O legislador civil pátrio não faz qualquer distinção entre propriedade e domínio, considerando-os termos sinônimos. Logo, onde se lê “propriedade”, leia-se “domínio” e vice-versa, dentro do CC/2002. No entanto, a doutrina faz alguma distinções entre os dois termos, a saber:
Alguns doutrinadores consideram que a propriedade é o direito real sobre coisa corpórea, enquanto que o domínio é o direito real sobre coisa incorpórea;
Há, ainda, os que consideram que a propriedade é a coisa em si, enquanto que o domínio é o poder exercido sobre a coisa.
Fundamentos constitucionais
A propriedade é um dos direitos fundamentais do indivíduo protegido pelo caput do art. 5º da CF/88. Além de consta no caput do art. 5º, o mesmo também é constante nos incisos XXII e XXIII deste mesmo artigo constitucional, sendo que o inciso XXIII destaca a função social da propriedade. 
Patrimônio existencial mínimo
Fundamentos filosóficos e psicanalíticos da propriedade:
Antes de ser fenômeno jurídico, a propriedade é um fenômeno sociológico, histórico e, mais ainda, natural. A propriedade pré-existe ao direito, logo, ela não é uma criação jurídica. O direito tão apenas a disciplina
Kant: diz que a propriedade diz respeito a um direito humano essencial que possibilita as pessoas sobreviverem no mundo fenomenal (mundo das coisas);
Freud: a psicanálise criada por Freud nos informa que o bebê, ao nascer, já traz em si uma pulsão de apreender tudo aquilo que vem da mãe, ou seja, é como se o bebê tivesse o instinto de propriedade sobre o corpo da mãe, incluído aí o seio e o leite materno. Para a criança, a mãe é uma propriedade sua. (O mal estar na cultura – Sigmund Freud);
Ihering: considera a propriedade é uma extensão da personalidade, ou seja, a propriedade, nesta respectiva, não seria apenas um direito real, mas um direito de personalidade;
Virgílio de Sá Pereira: o jurista e pensador pernambucano do fim do século XIX e início do século XX, integrante da Escola de Recife - uma escola filosófica criada por Tobias Barreto, na Faculdade de Direito do Recife - dizia que o direito existia em razão de duas necessidades fundamentais do ser humano, quais sejam o amor e a fome. Em razão do amor disciplinam-se as relações de família, instituindo-se o Direito de Família, e em razão da fome instituem-se as regras que disciplinam a propriedade dos bens necessários à sobrevivência humana, ou seja, o direito de propriedade.
Escorço Histórico da Propriedade:
Sociedades Primitivas
Durante o paleolítico, em torno de 50 mil a.C., os seres humanos viviam nas chamadas hortas primitivas, assim denominadas pelo filósofo Friedrich Engels na sua obra “A Origem da Família, do Estado e da Propriedade Privada”. Logo, os seres humanos eram nômades e a apropriação das coisas necessárias para a sobrevivência se dava pela lei do mais forte. Não existiam famílias e, inclusive, os homens desconheciam a suas participações na reprodução da espécie, pois que os encontros sexuais eram promíscuos e aleatórios, não havendo os casais.
Propriedade Coletiva (Coletivismo)
Com a invenção da agricultura, os seres humanos passaram a ficar sedentários e a viverem em grupos, que se transformaram em tribos. Os homens ainda desconheciam as suas participações na reprodução e a propriedade dos bens era coletiva, ou seja, comum a todos, assim como os casamentos também eram coletivos, sendo todas as mulheres casadas com todos os homens e vice-versa. Este era o modelo de sociedade comunista, sobre a qual Karl Marx fundamenta a sua defesa de modelo socialista. No entanto, ao perceberem que tinham participação na reprodução humana e que esta não era gerada unicamente pelas mulheres, os homens passaram a ansiar ter uma mulher só para si. Na impossibilidade de se apropriarem das mulheres de suas tribos, passaram a raptar as mulheres de outras tribos. Com o coletivismo e com o sedentarismo, instituem-se a família e a propriedade privada, que passam a ser regidos pela lei do mais forte. Essas regras são os embriões do direito.
Propriedade Privada Romana
A civilização romana constitui um grande edifício jurídico baseado nas regras privadas instituídas pelo pater familias. Essas regras dizem respeito à organização da família, assim como a propriedade dos bens que integravam as famílias. Esse poder de propriedade era exercido de forma absoluta e exclusive pelo pater familias, tanto que ele era proprietário não somente dos bens familiares, mas também dos integrantes da família (esposa, filhos, escravos). São essas regras que são a base do direito do cidadão romano, que é denominado civilis. Logo, tendo por base o tratamento dado à propriedade privada romana, assim como suas regras de família, temos hoje o nosso Direito Civil.
Propriedade no Feudalismo
Durante o feudalismo, a propriedade concentrava-se concentrada nas mãos da nobreza, que era composta pelos senhores feudais, e da Igreja Católica Romana, que era a maior “senhora feudal”. O principal bem objeto da propriedade eram as terras, que estavam concentradas nas mãos dos senhores feudais. No entanto, apesar de não terem a propriedade das terras, os camponeses tinham o seu domínio útil, podendo cultivá-las e nelas morar e produzir, desde que pagassem uma boa parcela de sua produção aos senhores feudais. A ligação com a terra era perpétua e passada aos seus herdeiros, sendo aí uma espécie de Enfiteuse.
Propriedade no Estado Absoluto
O absolutismo monárquico, instaurado pelo fim da Idade Média e início da Idade Moderna, é um regime de modelo próprio dos Estados Nacionais recém constituídos do século XVI. Durante o absolutismo, que foi preponderante até a Revolução Francesa, o monarca monopolizava os poderes de julgar, legislar e executar. Logo, as regras acerca da propriedade eram ditadas segundo a discricionariedade do soberano, sendo a Igreja católica a grande detentora da propriedade privada. A revolução francesa foi uma forma de democratizar ao acesso à propriedade, pois que, enquanto a burguesia pagava altos impostos, a nobreza o clero eram isentos.
Propriedade no Código Civil de Napoleão de 1804
Napoleão Bonaparte, imperador da França, a fim de assegurar que a nobreza e a igreja desapropriassem-nos, promulgou o CC francês, traduzido diretamente do CC Romano, dotando a propriedade dos caracteres conferidos pelo direito romano, quais sejam o caráter absoluto, o caráter perpétuo e o caráter exclusivo. O CC de Napoleão vigora até hoje na França e é base de todos os códigos civis da pós-modernidade.
Propriedade no Socialismo e no Comunismo
Com a revolução industrial do século XIX, a principal coisa objeto do direito de propriedade deixou de ser a terra e passou a ser os meios de produção, que eram bens sólidos, tais como as máquinas e demais aparatos necessários à produção industrial. A burguesia passou a ser a grande proprietária dos meios de produção enquanto que a nobreza estava decadente e a maior parte da população detinha apenas a sua força de trabalho. Foi aí que Marx e Engels lançaram em 1948 “O Manifesto Comunista”, onde pregavam o retorno ao modelo de propriedade coletiva por nós já estudada. No entanto, os países que implementaram o socialismo como forma de regulamentação do direito de propriedade não fizeram tal como prescrito por Marx na sua obra “O Capital”, visto que na sua obra Marx era a favor do fim da propriedade privada, já nos regimessocialistas o Estado era o detentor da propriedade.
Propriedade no Capitalismo
Apesar de assegurada em seu caráter absoluto, sofre a intervenção das políticas estatais a fim de que o próprio sistema capitalista não entre em ebulição.
Propriedade na Legislação Brasileira
O Brasil Colônia era regido pelas leis portuguesas chamadas de “ordenações”, que foram as Afonsinas, Manuelitas e Filipinas. A partir do século XIX, as ordenações Filipinas eram fortemente influenciadas pelo CC de Napoleão e, mesmo com a independência do Brasil, toda a matéria civil era regulada por essa lei. As ordenações Filipinas foram revogadas em Portugal, mas continuaram em vigor no Brasil Independente, daí porque em início do século XX, um grupo de juristas capitaneado por Rui Barbosa passou a pressionar pela elaboração de um CC Brasileiro, tendo sido escolhido o jurista cearense Clóvis Beviláqua, que havia se formado na FDR, para a elaboração do CC. Em inícios do século XX o Brasil era um país francamente agrário que não tinha passado pela Revolução Industrial. Logo, grande número das propriedades era de propriedade de terras, e o CC de XVI foi eficaz em protegê-las sob o monopólio das obrigações, ficando a maior parte da população sem o direito de acesso à propriedade privada.
Durante o século XX ficou claro que o capitalismo não sobreviveria se a propriedade continuasse, pois o que mantém o sistema capitalista não é a classe alta e sim uma forte classe média. Portanto, a importância de outro princípio que norteasse a propriedade veio a ser o Princípio da Função Social da propriedade, cujo fundamento está na CF/88, que é a bússola de todas as normas relativas ao direito de propriedade do CC/02.
DA PROPRIEDADE EM GERAL
Conceito Sintético e Conceito Analítico da Propriedade – art. 1.228, CC
Pelo conceito sintético, desenvolvido por Windscheid, a propriedade é a submissão de uma coisa e de todas as suas relações jurídicas a uma pessoa. 
Qualquer titular de direito real tem direito de sequela. Esse direito de sequela se justifica em razão da oponibilidade erga omnes do direito de propriedade. 
A função social é a bússola do direito de propriedade. 
A percepção do legislador acerca da propriedade é uma percepção finalística ou teleológica.
Cabe ação popular contra o mau uso da propriedade, ou ainda ação civil pública se atingir um número grande de pessoas, esta segunda sendo titularizada pelo MP
Se a propriedade estiver trazendo prejuízos a um número indeterminado de pessoas, trata-se de interesses difusos a serem protegidos.
No caput do art. 1.228 estão presente caráter absoluto e caráter exclusivo. Mesmo que a coisa seja de dois ou mais proprietários, ou seja, que ela esteja em condomínio, não cessará o caráter exclusivo da propriedade, pois que cada condômino exercerá o seu direito de propriedade plena sobre a fração ideal que lhe couber da coisa. 
A desapropriação, assim como a requisição, é ato exclusivo do Poder Público, não podendo ser cedido a terceiros.
Se o proprietário está próximo de começar obra da qual decorrerá prejuízos a terceiros, a ação cabível é a Nunciação de Obra Nova.
Contra qualquer ação que venha a prejudicar terceiro (som alto, pesticida, etc.) cabe Ação Inibitória.
Art. 1.228, § 3º: desapropriação administrativa. Tanto a desapropriação quanto a requisição são atos exclusivos do poder público (pode ser cedido a terceiro).
Art. 1.229: limitação ao caráter absoluto da propriedade (legítimo interesse do exercício)
Art. 1.230: jazidas, minas e outros minerais são de propriedade do Estado
Art. 1.231: a presunção da propriedade é relativa, ou seja, “até que se prove o contrário” (juris tantum)
Art. 1.232: o acessório segue o principal.
Caráter Elástico da Propriedade: Significa que o proprietário pode ampliar ou diminuir seus poderes referentes à propriedade. Ao conceder o bem em direito real a um terceiro – ex.: usufruto ou habitação -, ele terá o seu direito real restringido, ou seja, não exercerá plenamente os direitos referentes à propriedade. Findo o gravame, ou seja, a concessão de um direito real sobre o bem de sua propriedade, a propriedade consolida-se nas mãos do proprietário, que voltará a ter a propriedade plena in rem potestas sobre o mesmo.
DA DESCOBERTA
Conceito
Trata-se de forma de aquisição de coisa móvel perdida.
Pressupostos
A coisa deve ser móvel;
A coisa deve ser perdida (≠ abandonada);
A coisa deve ter dono ou legítimo possuidor.
Procedimento
Ao achar a coisa perdida, o descobridor deverá devolvê-la ao seu dono ou ao seu legítimo possuidor. Não encontrando nenhum dos dois, deverá entregar a coisa à autoridade competente.
É dever legal recompensar quem encontrou coisa. A indenização não deve ser inferior a 5%, se o dono não decidir abandoná-la;
Sendo a coisa encontrada danificada pelo descobridor, fica obrigado a indenizar, se agiu de má-fé.
DA POSSE
Conceito
Dá-se a posse quando uma pessoa exerce dois ou mais direitos referentes à propriedade sobre uma determinada coisa corpórea. A posse é um fato, não um direito. Sabemos que os direitos reais são numerus clasulus, e no rol do art. 1.225, que informa quais são eles, não consta a posse como um deles, podendo, inclusive, existir posse sem que o possuidor tenha direito à posse.
Jus Possessionis
Ocorre a jus possessionis quando o possuidor detém a posse sem que a mesma seja em decorrência de um vínculo jurídico anterior, a exemplo da ocupação de um terreno abandonado ou da ocupação de prédio de apartamentos pelos sem-teto.
Jus Possidendi
Ocorre o jus possidendi quando a posse se dá em razão de um vínculo jurídico pré-existente, a exemplo do Contrato de Compra e Venda que confira o direito de propriedade sobre um bem, assim como da concessão de um direito de usufruto sobre um bem e do Contrato de Locação.
Principais decorrências da posse
Presunção relativa da propriedade (juris tantum);
Gera o direito de aquisição da propriedade por decurso de lapso temporal, ou seja, em razão da usucapião;
A posse gera a possibilidade de utilização de Interditos Possessórios (Ações Possessórias).
Posse Direta ≠ Posse Indireta
Dá-se a posse direta quando o possuidor tem o contato direto com o bem objeto de sua posse, sem que haja nenhum outro vínculo jurídico que interfira com essa posse direta. Na posse direta, o possuidor não necessariamente deterá a posse corpórea do bem de forma permanente. Por exemplo, o possuidor direto de um carro, ao estacioná-lo e dirigir-se a um banco, não deixa de deter a posse direta pelo fato de ter saído do automóvel.
A posse indireta ocorre quando o possuidor tem um direito real sobre um bem, no entanto, em razão de um vínculo jurídico, não está exercendo a posse direta do bem, mas sim a indireta. Por exemplo, o proprietário de um apartamento que o concedeu em usufruto a um terceiro, não tem a posse direta do bem de sua propriedade, mas mantém a posse indireta do mesmo.
Logo, inferimos que alguém pode ter a propriedade de um bem, mas não ter o direito à posse direta de um bem em uma determinada circunstância. Em razão disso, o possuidor direto que não seja proprietário do bem poderá defender a sua posse direta contra o proprietário que detém a posse indireta, a exemplo do proprietário de um apartamento locado que possa adentrá-lo e querer lá morar na vigência do contrato de locação.
Composse
Dá-se a composse quando duas ou mais pessoas exercem a posse sobre coisa indivisível, a exemplo da hipótese de duas ou mais pessoas serem possuidoras de um carro.
INTERDITOS POSSESSÓRIOS
Conceito
São as denominadas actios do Direito Romano, ou seja, são as ações possessórias que têm por escopo tutelar a posse de quem estiver sendo impedido de exercê-la conforme o seu direito. Nas ações possessórias, é vedada a discussão sobre quem é o proprietário de um bem, já que, como vimos, o fato de uma pessoa ter a propriedade de um bem na significa que ela tenha o direito à posse direta desse bem em um determinado momento.
São ações possessórias:
Ação de Reintegração de Posse;
Açãode Manutenção de Posse;
Interdito Proibitório.
Ação de Reintegração de Posse
Cabe a ação de reintegração de posse quando o possuidor sofrer esbulho de sua posse, perdendo-a integralmente. O esbulho pode ocorrer tanto no momento em que o possuidor esteja ocupando o bem quanto no momento em que não o esteja. Por exemplo, o possuidor de um bem, como uma casa, viaja e, ao retornar, encontra a sua casa integralmente na posse de outra família.
Ação de Manutenção de Posse
Cabe a ação de manutenção de posse quando o possuidor sofrer turbação de sua posse, passando a exercer a posse de forma limitada. Por exemplo: um fazendeiro que possui uma fazenda de 100 ha tem a mesma ocupada por um grupo de posseiros na extensão correspondente a 20 ha.
Interdito Proibitório
É a ação cabível caso o possuidor sofra uma ameaça do exercício de seu direito à posse e, antes que sofra algum esbulho ou turbação, o mesmo ajuíza uma ação de interdito proibitório.
Características das ações proibitórias
Caráter Fungível: a fungibilidade da ação possessória significa que o juiz poderá substituir uma espécie de ação possessória que tenha sido ajuizada por outra, desde que entenda que aquela que foi ajuizada não se adequa ao caso concreto.
Caráter Dúplice: dá-se o caráter dúplice da ação possessória quando o réu da ação argumenta o mesmo direito aduzido pelo autor da ação, por exemplo: o autor argumenta que tem direito à posse em razão de um usufruto e o réu, por sua vez, se defende argumentando que também tem o direito à posse em razão de usufruto.
TEORIA DA POSSE
Teoria de Savigny 
O jus filósofo alemão Friederich von Savigny desenvolveu a sua teoria da posse em inícios do século XIX, baseado na teoria da posse desenvolvida pelo jurisconsulto romano Paulus. Paulus dizia que se uma moça estivesse deitada em seu divã, estando nele adormecida e em suas mãos fossem colocada uma rosa, a mesma não teria a posse da rosa, pois que, além de desconhecer que a rosa está em sua mão, mais ainda, não existe a vontade da moça em ter essa rosa consigo. Logo, para Savigny, a posse ocorre quando uma coisa está sob o poder de uma pessoa que tenha a vontade de ser a dona da coisa. Para Savigny, para que ocorresse aposse deveriam estar presentes dois elementos indispensáveis, quais sejam o corpus, que vem a ser o vínculo material da pessoa com a coisa, e o animus, que vem a ser a vontade de ter a coisa. Logo, para Savigny, a posse é o animus rem sibi habendi (vontade de ter a coisa pra si), dando-se a equação de:
P (posse) = C (corpus) + A (animus)
O elemento preponderante para que ocorra a posse na teoria de Savigny é o animus, a vontade de ser dono da coisa. Se não houver o animus, restará tão somente o corpus e, na teoria de Savigny, quando houver tão somente o corpus, não haverá posse, mas tão somente a detenção da coisa, logo, ( Detenção = Corpus – Animus ), o que seria aplicada ao caso da moça adormecida, que não teria a posse, mas simples detenção da rosa. Em razão da primazia do elemento animus, ou seja, vontade, a teoria de Savigny é denominada de Teoria Subjetiva da Posse.
Teoria de Ihering
O jurista Rudolf Von Ihering, alemão de inícios do século XIX, combateu a Teoria Subjetiva de Savigny, sustentando que a posse configurar-se-ia tão somente com o elemento corpus, ou seja, com o vínculo material da pessoa com a coisa, pois que seria de grande dificuldade perquirir se uma pessoa tem ou não a vontade de ser o dono da coisa que traz consigo. Logo, a equação seria:
P (posse) = C (corpus)
Então, qual seria a concepção de detenção para Ihering, já que a posse se reduziria tão somente ao elemento corpus? Para Ihering, a posse de uma coisa, assim como a detenção de uma coisa, ocorre desde que a circunstância esteja adequada à hipótese prevista em lei. Portanto, para Ihering posse e detenção são aquilo que é prescrito pela lei. E, como a lei é o direito objetivo, a teoria de Ihering é denominada de Teoria Objetiva da Posse. A teoria objetiva é a que é seguida pelo Código Civil de 2002, no entanto, vários artigos recebem a influência da teoria de Savigny, ao enfatizar em várias circunstâncias a importância da intenção de alguém ser dono de uma coisa.
Logo, para a ordem jurídica pátria, ocorre a posse quando uma pessoa exerce um ou mais poderes referentes à propriedade sobre uma determinada coisa (usar, fruir ou gozar, dispor e reaver). 
DETENÇÃO
A lei civil pátria nos informa que ocorre a detenção quando uma pessoa detém a posse de um bem em nome de um terceiro e em razão de uma relação de subordinação - geralmente empregatícia - com esse terceiro, que vem a ser o proprietário ou o legítimo possuidor da coisa. O detentor é também denominado de fâmulo da posse (ex.: caseiro de um sítio, motorista de um ônibus ou o motorista particular). 
Principais consequências da Detenção
O Detentor não poderá adquirir a propriedade do bem em razão de decurso de lapso temporal, ou seja, não poderá adquiri-lo por usucapião;
O detentor não poderá alçar mão das ações possessórias (Reintegração de Posse, Manutenção de Posse, Interdito Proibitório), no entanto, ele pode utilizar-se do desforço imediato ou legítima defesa da posse.
DOS VÍCIOS DA POSSE
Posse justa: é aquela não eivada de vícios;
Posse injusta: é aquela eivada de vícios.
São vícios da posse:
Violência: Ocorre a violência quando a posse for adquirida mediante força física ou moral. 
Exemplo de força física: um grupo armado invade uma fazenda, atirando com suas espingardas e expulsando os seus proprietários ou legítimos possuidores. Exemplo de violência moral: um homem diz a uma mulher que se ela não deixar o seu apartamento junto com a sua família ele comunicará ao marido dela que o filho do meio é dele.
Clandestinidade: A posse é adquirida de forma clandestina quando a mesma se der de forma sorrateira, sub-reptícia, às escondidas.
Exemplo: Um fazendeiro descobre que um grupo ocupou parte de sua fazenda perto do ribeirão na calada da noite, sem que ninguém os tivesse avistado.
Precariedade: ocorre o vício da precariedade quando, inicialmente, a posse foi originária de um negócio jurídico lícito, no entanto, após o termo final do contrato, quando então o possuidor teria o dever de devolver a coisa, ele assim não o faz, passando a posse a ser viciada.
Exemplo: um apartamento foi prestado a título de comodato por prazo determinado, no entanto, findo o prazo, o comodatário não o devolver ao proprietário, ou legítimo possuidor, passando a sua posse a ser precária.
Os vícios da violência e dá clandestinidade convalescem, desde que transcorrido o lapso temporal necessário para que se dê a usucapião extraordinária. No entanto, em se tratando de precariedade, este vício não será sanado para fins de usucapião.
DA POSSE DE BOA-FÉ E DA POSSE DE MÁ-FÉ
Posse de boa-fé é aquela na qual o possuidor desconhece que a mesma tenha quaisquer vícios. Já a posse de má-fé ocorre quando o possuidor tenha ciência de que a mesma esteja inquinada. Logo, para a determinação da boa-fé ou da má-fé prevalece o elemento subjetivo.
Exemplo: Francisco veio de Mimoso para Recife para estudar na UNICAP e invadiu um apartamento desocupado no Recife Antigo, onde passou a morar, e telefonou para sua esposa dizendo-lhe que havia alugado um apartamento. Como Francisco viajou por ocasião do ENED, a sua esposa veio para Recife e se instalou no apartamento. Foi quando o proprietário do apartamento retornou de sua viagem de especialização e, ao adentrar no apartamento, comunicou à esposa de Francisco que não havia alugado e nem emprestado o apartamento a ninguém. Mesmo sabendo da verdade, a esposa de Francisco disse que não iria sair do apartamento. A posse de Francisco sempre foi de má-fé; a posse de sua mulher foi de boa-fé enquanto ela não foi avisada e de má-fé a partir de quando ela foi avisada de que o imóvel não havia sido alugado. A importância da determinação se a posse é de boa-fé ou de má-fé é que, as benfeitorias realizadas na posse de boa-fé são indenizáveis, ao contrário das benfeitoriasrealizadas na posse de má-fé.
Apesar de uma parte da doutrina considerar que as benfeitorias necessárias empreendidas pelo possuidor de má-fé não deverem ser ressarcidas, prevalece a corrente que entende que, em sendo as benfeitorias necessárias, o possuidor, mesmo que de má-fé, fará jus ao ressarcimento pelas mesmas.
Justo título (Art. 1.201, § único, CC): trata-se de título que corresponde a um negócio jurídico que foi contratado, mas, no entanto, não foi registrado. Exemplo: um contrato de promessa de compra e venda a partir do qual não foi feita a escritura do bem imóvel objeto do mesmo.
Herdeiro (art. 1.206, CC) é o sucessor universal, enquanto que o Legatário é o sucessor singular.
Princípio da Saisine: trata-se de princípio do direito das sucessões através do qual, em falecendo uma pessoa, todos os seus bens são automaticamente transferidos para os seus herdeiros. O fundamento desse princípio é o de que os bens do de cujus não fiquem sem dono.
DA USUCAPIÃO
Trata-se de forma originária de aquisição de propriedade por transcurso de lapso temporal. A esse transcurso de tempo para a aquisição do direito a usucapião, dá-se a designação de prescrição aquisitiva. Diversamente do que temos estudado sobre o instituto da prescrição, que leva a perda de um direito, na usucapião, a prescrição tem por resultado a aquisição de um direito de propriedade. No entanto, esta aquisição não se dará de forma automática, depois de transcorrido o lapso temporal, devendo o possuidor do bem ajuizar ação própria de usucapião para que o juiz, por sentença, declare o direito à aquisição da propriedade do bem. Enfatizemos que se trata de uma forma originária de aquisição de propriedade, pois que o proprietário antecedente já perdeu o direito referente à propriedade do bem, e não de forma derivada de aquisição de propriedade como ocorre em um Contrato de Compra e Venda.
Etimologia do termo
Usucapião = Usus (uso) + captus (captura)
Pressupostos para a usucapião
Tempus (tempo)
Para que ocorra usucapião, mister se faz transcurso de uma lapso temporal previsto em lei, necessário para que ocorra a prescrição aquisitiva. Observe que esta prescrição, ou passagem de tempo, ao mesmo tempo em que vai gerando um direito para o possuidor, vai fazendo com que o ex-possuidor, ou ex-proprietário, perca esse direito.
Possessio (posse)
Para que haja a usucapião é imprescindível que aquele que a demande tenha a posse do bem. Esta posse deve ser sobre coisa corpórea e aparente, assim como deve ser mansa, pacífica e sem oposição
Veredictum (sentença)
A usucapião não se dará de forma automática, sendo necessário o ajuizamento de ação própria e de sentença judicial declaratória que dê pela procedência da ação.
Justo título e boa-fé
Para a usucapião ordinária são necessários o justo título e a boa-fé, no entanto, a usucapião extraordinária dispensa o justo título e a boa-fé.
A usucapião recai tanto sobre bens imóveis quanto sobre bens móveis.
Usucapião Ordinária e Usucapião Extraordinária
Ordinária 
É aquela na qual estão presentes o justo título e a boa-fé, sendo para os bens imóveis o prazo para a mesma de 10 anos, podendo ser diminuído para 5 anos, desde que o possuidor more no bem ou nele tenha atividade produtiva durante os 5 anos (art. 1.242, CC).
Para bens móveis, o lapso temporal da usucapião ordinária é 3 anos.
Extraordinária 
É aquela que dispensa o justo título e a boa-fé. Para bens imóveis, o lapso temporal é de 15 anos, reduzido para 10 anos nas mesmas condições utilizadas pela usucapião ordinária (art. 1.238, CC).
Para bens móveis, o lapso temporal da usucapião extraordinária é de 5 anos.
Usucapião Urbana e Rural
Tanto a Usucapião Urbana como a Usucapião Rural foram inicialmente previstas pela CF/88, tendo por escopo atender o princípio da função social da propriedade.
A fim de atender ao princípio norteador eleito pela CF/88 acerca da propriedade, qual seja o princípio da função social da propriedade, o legislador constituinte criou duas novas espécies de usucapião: a primeira a Usucapião Rural prevista no art. 183 da CF/88, a segunda a usucapião urbana prevista no art. 191 da CF/88. Portanto, a usucapião rural e usucapião urbana foram criadas pelo direito público, recebendo a regência da norma infraconstitucional de direito privado, qual seja o CC/02.
Usucapião Urbana: Para que ocorra a usucapião urbana deverão estar presentes os seguintes pressupostos: 
Possuidor deverá ser uma pessoa física;
O bem deve ser possuído sem oposição e ininterruptamente por um lapso temporal mínimo de 5 anos;
O bem não poderá ter extensão superior a 250m² e, mesmo que o tenha, só poderá ser usucapido até o limite de 250m²;
O possuidor não poderá ser proprietário de nenhum outro bem imóvel urbano ou rural;
O possuidor deverá morar no bem ou torná-lo produtivo.
Usucapião Rural: Para que ocorra a usucapião rural mister se façam presentes os seguintes pressupostos:
Possuidor seja pessoa física;
A posse sobre o bem seja ininterrupta sem oposição por no mínimo 5 anos;
A extensão do bem ou a porção do mesmo a ser usucapida não ultrapasse 50ha;
O possuidor não poderá ser proprietário de nenhum outro bem imóvel urbano ou rural;
Mesmo que um bem tenha as características de um bem rural, se o mesmo estiver dentro do perímetro urbano, dever-se-ão aplicar as regras da usucapião urbana.
DA ACESSÃO DE POSSES
O possuidor poderá somar ao seu tempo de posse o tempo de seu antecessor (quando ocorrer sucessão entre os possuidores). 
Exemplo: um homem está na posse de um bem há cinco anos, vem a falecer e o seu filho continua na posse desse bem por mais 10 anos. Ao demandar pela usucapião, o filho somará a sua posse a posse de seu pai, perfazendo um total de 15 anos.
Observações sobre a Usucapião
Não poderá haver a usucapião de bens públicos;
O réu de ação reivindicatória poderá, em sede de defesa, aduzir o direito à usucapião, e caso o juiz prolate sentença dando pela improcedência da ação, o réu não poderá registrar essa sentença como título hábil para a aquisição da propriedade do bem imóvel, devendo ajuizar ação própria de usucapião, de forma a poder adquiri-la.
Não confundir Ações Reivindicatórias com Ações Possessórias, pois naquelas demanda-se pela propriedade dos bens (ações petitórias), enquanto que estas demandam tão somente pela posse dos bens.
Aplicar-se-ão à prescrição para a aquisição de bem por usucapião as mesmas regras previstas no CC/02 para a prescrição extintiva, que tratam da suspensão e da interrupção da usucapião.
Escorço Histórico da Usucapião
DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL POR ACESSÃO
Etimologia Do Termo 
Acessão vem da palavra latina acessio, que significa soma, adição.
Conceito
Ocorre a aquisição de propriedade imóvel por acessão quando a um bem imóvel acrescenta-se outro bem imóvel.
Espécies de Aquisição de Bem Imóvel por Acessão
Formação de ilhas 
Se as ilhas forem oceânicas ou interestaduais tratar-se-ão de bens públicos. Apenas as que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencerão a particulares.
Aluvião (art. 1.250, CC): é o acréscimo de terra à propriedade de alguém ocorrido de forma natural e lenta.
Avulsão (art. 1.251, CC): quando de forma abrupta um pedaço do terreno de um particular se destaca e é levado pelo rio à propriedade de outrem. O particular que perdeu terra terá direito a demandar por indenização aquele que ganhou ou arcará com os gastos para readquirir a terra.
Abandono Álveo (art. 1.252, CC): 
Formas de acessão artificial
Plantações & Construções
Os vegetais e construções que estiverem em um terreno serão presumidos como de propriedade do dono do terreno. Essa presunção se deve à possibilidade de os vegetais terem nascido a partir de sementes furtadas e plantadas de má-fé, devendo, então, o proprietário ressarcir os vegetais e eventuais perdas e danos.
DA AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE MÓVEL
Usucapião
Adquire-se a propriedade do bem móvel por usucapião nas suas formas ordinária e extraordinária. Em havendojusto título e boa-fé (usucapião ordinária), o lapso temporal exigido para a prescrição aquisitiva será de 3 anos. Na ausência de justo título e boa-fé (usucapião extraordinária), o lapso temporal será de 5 anos.
Aplicar-se-ão a usucapião de bens móveis as mesmas regras concernentes à usucapião de bens imóveis no que tange à acessão de posses e às causas de suspensão e interrupção dos prazos da prescrição aquisitivas.
Ocupação
Adquire-se a propriedade de um bem móvel pela ocupação ao se tratar de coisa abandonada (res derelictae), adquirindo aquele que a encontrou, de imediato, a sua propriedade.
Ocupação ≠ descoberta: ocupação é de coisa abandonada; descoberta se refere à coisa perdida, mas que possui um dono legítimo possuidor (quem a encontrar tem o dever de devolver).
Tradição
Adquire-se um bem móvel pela tradição a partir da entrega da coisa pelo ex-proprietário ao novo proprietário.
Para a tradição, não há a necessidade e registro, operando-se a aquisição do bem pela traditio (entrega do bem). Caso aquele que efetue a entrega não seja o ex-proprietário da coisa, não se dará a tradição, a menos que a coisa tenha sido entregue para que fosse oferecida ao público, tal como ocorre no leilão.
Caso o negócio jurídico seja nulo, por exemplo, ao contrato de compra e venda nulo, a tradição também será nula.
Achado do Tesouro
É forma de aquisição de propriedade móvel. Caso aquele que ache o tesouro seja o proprietário do terreno, adquirir-lhe-á a propriedade.
Na hipótese de ter sido achado por terceiro de forma casual e de boa-fé, terá esse terceiro direito a metade do que foi encontrado, ficando a outra metade para o proprietário do terreno.
Caso o terceiro que venha a encontrar o tesouro seja pessoa contratada pelo proprietário do terreno para empreender a exploração de tesouros naquela localidade ou seja pessoa que encontrou o que encontrou o tesouro de forma não-autorizada pelo proprietário, o tesouro será de propriedade do dono do terreno.
Especificação
Trata-se de aquisição de bem móvel a partir da transformação de uma matéria-prima em coisa nova.
Comistão, Adjunção
Ocorre quando dois ou mais substâncias sólidas ou líquidas, de proprietários distintos, misturam-se, sobrepõem-se ou juntam-se.
Ex.: uma xícara de café com leite (?)
DA PERDA DA PROPRIEDADE (móvel ou imóvel)
Da alienação: compra e venda; doação; dação em pagamento. Quando bem imóvel, deve ser registrada.
Da renúncia: na sucessão aberta, é necessário que a renúncia seja registrada no Cartório de Bens Imóveis.
Abandono: não precisa de registro.
Deterioração da coisa: perecimento da coisa. Se foi uma pessoa de má-fé que deu causa, cabe indenização.
Desapropriação: processo administrativo no qual se perde a titularidade de um bem. O autor desse processo administrativo é o Poder Público.
2º GQ
DO DIREITO REAL DE VIZINHANÇA
Conceito
Trata-se de direito real existente em razão do seu titular estar em prédio confinante ou contíguo a outro prédio, gerando para ele direitos e obrigações em razão de seu direito real.
Natureza Jurídica
O direito de vizinhança tem a natureza jurídica de direito real, mas a obrigação decorrente desse direito tem natureza jurídica de obrigação propter rem.
Escorço histórico
Fundamentos
O fundamento do Direito Real de Vizinhança é a própria natureza humana. Poderíamos dizer que o filósofo Shopenhauer - de quem se serviu Freud para delinear a sua concepção do caráter humano –, através de uma parábola, desenvolveu o grande fundamento do direito real da vizinhança. Trata-se da “Parábola do porco-espinho”. 
Espécies
Do uso anormal da propriedade
Dá-se o uso anormal da propriedade quando, em razão da vizinhança, um prédio e seus habitantes passam a perturbar o sossego, a segurança ou a saúde dos prédios vizinhos, caberá indenização para aqueles que forem prejudicados. Caso a perturbação seja em decorrência de um serviço de interesse público, o morador terá o dever de suportá-lo, a menos que a perturbação atinja limites insustentáveis. Em se tratando de obras de particulares, o prejudicado poderá ajuizar Ação Demolitória ou, para impedir que a construção seja iniciada, ajuizará Ação de Nunciação de Obra Nova.
Da passagem forçada
Trata-se de um direito real de vizinhança distinto da servidão de passagem - que é um direito real sobre a coisa alheia, e que estudaremos posteriormente. Ocorre a passagem forçada quando um prédio estiver imbricado no meio de outros prédios, sem ter saída para a via pública, porto ou nascente.
Das árvores limítrofes
Primeira situação: caso uma árvore esteja plantada no limite entre duas propriedades, cada uma delas terá direito à fração da árvore que corresponda ao seu terreno.
Segunda situação: caso o tronco de uma árvore esteja totalmente plantado em um terreno e a sua copa, galhos ou raízes atingirem o terreno vizinho, o proprietário deste poderá podar as folhas, os galhos e as raízes até o limite de sua propriedade, sem que tenha que avisar ou indenizar o dono da árvore.
Terceira situação: caso uma árvore que esteja em uma propriedade tenha os seus frutos caídos no terreno de outra propriedade particular, terá o proprietário desta outra propriedade o direito de ficar com os frutos caídos. No entanto, não terá direito aos frutos pendentes. Caso o fruto caia em propriedade ou terreno público, o mesmo será de quem o pegar.
DAS ÁGUAS (art. 1.288 a 1.292)
Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior.
Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí colhidas, correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe indenize o prejuízo que sofrer.
Parágrafo único. Da indenização será deduzido o valor do benefício obtido.
Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores.
Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas.
Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açudes, ou outras obras para represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio alheio, será o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido.
DO CONDOMÍNIO
Etimologia do termo
Con + Dominus
Con = conjunta
Dominus = propriedade
Espécies
Condomínio geral
Condomínio edilício
Conceito de condomínio geral
Ocorre o condomínio quando duas ou mais pessoas são proprietárias de um mesmo bem divisível ou indivisível.
Características
Caso um dos condôminos queira alienar a sua parte do condomínio, não poderá fazê-lo sem a anuência dos demais, devendo oferecer-lhes a preferência na aquisição. Os condôminos deverão concorrer para com as despesas do bem na proporção de suas frações ideais de propriedade.
Importante não confundir condomínio edilício com ações edilícias. Essas últimas dizem respeito às ações cabíveis nos casos de vícios redibitórios, sendo as mesmas as Ações Quanti Minoris e as Ações Redibitórias.
Conceito de condomínio edilício
Ocorre o condomínio edilício quando duas ou mais pessoas são proprietárias de unidades de um bem imóvel vertical ou horizontal. Sendo que cada proprietário ou condômino terá o direito de propriedade exclusivo sobre a sua unidade, no entanto, as áreas comuns serão de propriedade conjunta de todos os condôminos. Em um edifício de apartamentos, cada condômino tem a propriedade exclusiva de seu apartamento,enquanto que as áreas comuns, tais como o rol de entrada, os corredores, as escadas, os elevadores, o salão de festas, etc. são de propriedade comum de todos os condôminos. Já o espaço correspondente à garagem será de propriedade exclusiva do condômino, já que é uma extensão de seu apartamento. Não obstante, para alugá-la, deverá dar a preferência aos condôminos do mesmo prédio, assim como, para a sua utilização deverão ser respeitadas as regras do condomínio, tal como, por exemplo, não poder dar a vaga da garagem uma destinação diversa da guarda de automóveis.
Da representação do condomínio edilício
O condomínio edilício será representado por um síndico, que tanto poderá ser um dos condôminos como uma pessoa estranha ao condomínio. A natureza jurídica do vínculo entre o síndico e o condomínio é de contrato de mandato, do qual o síndico é o mandatário e o condomínio é o mandante. Pode o síndico ser reconduzido após um primeiro mandato do qual tiver sido eleito por dois anos.
Das fachadas do prédio do condomínio edilício
Os condôminos não poderão alterar a fachada do prédio ao seu bel prazer e, caso o faça, o condomínio poderá ajuizar ação por descumprimento de obrigação de não fazer. Caso o condômino não desfaça a alteração na fachada, o juiz poderá impor multa cominatória diária (astreinte).
Da instituição e da extinção do condomínio edilício
O condomínio edilício será instituído através do registro de seus atos constitutivos (estatuto ou convenção do condomínio) no Cartório de Registro de Imóveis. A instituição poderá ser em razão de ato inter vivos (entre vivos) ou causa mortis (testamento), quando, então, o condomínio edilício adquirirá personalidade jurídica.
Extingue-se o condomínio edilício em caso de ruína o prédio, quando, então, por decisão da assembléia geral, o condomínio será extinto até que seja feita a reconstrução do prédio. Caso o prédio venha a desmoronar, o condomínio poderá ser extinto definitivamente, assim como nos casos de desapropriação pelo Poder Público.
DOS DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA
ENFITEUSE
A enfiteuse não está mais prevista no nosso Código Civil, mas aquelas que já foram instituídas são respeitadas.
Origens do instituto
Apesar de ser um termo de origem grega, a enfiteuse foi regulamentada pelo direito romano, sendo geralmente instituída por testamento, ou seja, mortis causa. A razão da criação do instituto foi o fato de haver muitas terras pertencentes tanto ao Império Romano quanto aos sacerdotes que ficavam inutilizadas e desocupadas. Com o objetivo de se evitar a res nullus, ou “coisa de ninguém”, o império romano e os sacerdotes passaram a conceder o direito real de enfiteuse sobre extensas porções de terras a terceiros. Sendo que o concedente recebia o nome de “senhorio” e o concessionário, o nome de enfiteuta. Essa concessão tinha o caráter perpétuo, passando o enfiteuta o seu direito para os seus herdeiros, assim como poderia vender o bem para terceiros, desde que pagasse um percentual do preço da venda ao senhorio, esse percentual (5%) recebeu a denominação de “Laudêmio”. O enfiteuta teria, ainda, a obrigação de pagar uma quantia anual ao senhorio, denominada de “foro” ou solarium. Daí porque a enfiteuse também recebe a designação de “aprazamento”.
Conceito
Trata-se de direito real sobre a coisa alheia através do qual o proprietário de um bem imóvel não plantado e não construído o concede a um terceiro, passando o concedente a ser denominado de senhorio, e o concessionário denominado de enfiteuta. Essa concessão se dá de forma perpétua e diante do pagamento de um foro anual.
Características
Perpetuidade
A concessão da Enfiteuse não é por tempo determinado e nem por tempo indeterminado, mas sim por tempo perpétuo.
Na concessão da Enfiteuse, o enfiteuta recebe todos os direitos referentes a propriedade, tais sejam o direito de usar, de fruir ou gozar, de dispor, e de alienar o bem. No entanto, excepcionalmente, apesar de exercer todos os poderes referentes à propriedade, ainda assim, não é o proprietário do bem.
Domínio direto (senhorio) e domínio útil (enfiteuta)
O domínio direto sobre o bem é exercido pelo senhorio, que conserva a sua posse indireta, enquanto que o domínio útil, aquele que confere o poder de utilização do bem, é exercido pelo enfiteuta, que tem a posse direta do bem. 
Foro ou solarium
O enfiteuta deverá pagar ao senhorio o valor anual correspondente ao foro ou solário.
Laudêmio
Em caso de alienação, o enfiteuta deverá pagar um percentual sobre o preço da venda ao senhorio, percentual esse denominado de Laudêmio. A cada alienação será devido o Laudêmio.
Representante da enfiteuse: cabecel
Caso a Enfiteuse tenha sido concedida a dois ou mais enfiteutas, os mesmos poderão escolher um representante da enfiteuse que receberá a denominação de “Cabecel”.
Comisso
Caso o enfiteuta não pague o foro por 3 anos consecutivo, o senhorio poderá resgatar a enfiteuse, consolidando para si a propriedade do bem, este resgate em razão do inadimplemento recebe a denominação de comisso.
OBS: Caso o senhorio queira alienar o seu direito de propriedade deverá dar a preferencia da aquisição ao enfiteuta. Caso queira alienar o seu direito a enfiteuse, deverá dar a preferência ao senhorio.
Hereditariedade
O direito a Enfiteuse transfere-se aos herdeiros do enfiteuta.
Dos terrenos de marinha
São bens da União que ficam à beira de mananciais, de águas, tais como: mares, rios navegáveis e oceanos. A enfiteuse podia ser instituída tanto em razão de bens públicos quanto de bens privados. O que ocorre atualmente é que a grande parte das enfiteuses remanescentes são concedidas pela União (terrenos de marinha) ou pela Igreja Católica.
DA SUPERFÍCIE
Origens Históricas
O direito real de superfície é tão antigo quanto a enfiteuse, tendo as suas origens no direito romano. No entanto, historicamente, a sua utilização foi de menor interesse em razão de não atender aos pressupostos para a acumulação da propriedade privada de forma perpétua nas mãos de poucos (oligarquias fundiárias). Mesmo no Brasil, o instituto da enfiteuse foi francamente utilizado tanto durante o período colonial quanto após a independência, até o ano de 2002, quando foi, então, promulgado o novo Código Civil Brasileiro, extinguindo a enfiteuse e positivando o direito real de superfície em seu lugar.
Conceito
Trata-se de direito real sobre a coisa alheia através do qual o proprietário de um bem imóvel concede a um terceiro, que passa a ser denominado de superficiário, os direitos de plantar ou de construir sobre a superfície desse bem por prazo determinado e de forma gratuita ou onerosa.
Características
Trata-se de concessão feita por tempo determinado;
A concessão será gratuita ou onerosa. Caso seja onerosa, o pagamento do valor correspondente ao direito será pago de uma só vez ou de forma parcelada, não havendo a exigência do pagamento de um foro anual;
O direito de superfície poderá ser alienado ou transmitido a herdeiros;
Em caso de alienação do direito, não poderá ser exigido o pagamento de nenhum valor, tal como aquele referente ao laudêmio;
O superficiário tem a obrigação de arcar com todos os tributos referentes ao bem;
O direito real de superfície será instituído através de registro no Cartório de Registro de Imóveis, de forma a gerar os efeitos de um direito real;
A finalidade da superfície será ou de construir, ou de plantar sobre a superfície do bem imóvel, não se podendo fazer uso do subsolo do bem, a não ser que esse uso seja indispensável para que se atinja a finalidade da superfície;
Caso ocorra desvio da finalidade da superfície, a mesma será extinta;
Não caberá qualquer indenização a ser paga pelo concedente ao superficiário quando do tempo final da concessão, quando, então, o proprietário receberá de volta o bem com todas as suas benfeitorias. Haverá indenização tão somente quando prevista na concessão da superfície;
Em caso de desapropriação, o concedente será indenizado pelo poder público na proporção do valorcorrespondente ao seu direito real de propriedade, enquanto que o superficiário será indenizado no valor correspondente ao seu direito real de superfície;
Ao contrário da enfiteuse, o direito real de superfície pode ser concedido por entes privados.
Caso o superficiário, ou o concedente da superfície, tenha a pretensão de alienar o seu direito, deverão os mesmo dar a preferência um ao outro;
Tanto as concessões do direito de superfície pelos entes públicos ou pelos entes privados serão regidas pela lei privada (Código Civil), na falta de lei especial.
DA SERVIDÃO
Origens Históricas
Se analisarmos etimologicamente o termo “servidão”, inferiremos que o mesmo advém da palavra “servis”, que significa “escravo”. Sabemos que escravo é aquele que serve ao seu senhor, sendo o mesmo considerado como coisa, já que destituído de personalidade jurídica. O direito romano previa duas espécies de servida, à saber: a servidão pessoa e a servidão predial.
A servidão pessoal ocorre quando uma coisa serve a uma pessoa, sendo sinônimo de usufruto.
A servidão predial ocorre quando um prédio serve a outro prédio.
O CC/16, utilizando-se do termo “servidão predial” de forma a distingui-la da servidão pessoal, que é o usufruto, denominando a servidão de servidão predial.
No atual CC, o instituto recebe a denominação tão somente de servidão, pressupondo-se que ao se ler “servidão”, está se lendo “servidão predial”.
Conceito
Trata-se de direito real sobre a coisa alheia através do qual um prédio passa a ser denominado de serviente, servindo a outro prédio que passa a ser denominado de dominante, a fim de proporcionar-lhe determinada utilidade ou comodidade.
Características
Institui-se a servidão através de ato inter vivos ou causa mortis registrado no cartório de registro de imóveis pelos donos de cada prédio. Mister salientar que, para que seja registrada a certidão, os donos dos prédios envolvidos devem estar em perfeita concordância e relação à servidão.
A servidão poderá recair tanto sobre prédios vizinhos quanto sobre prédios contíguos.
O prédio somente não poderá obstaculizar ou dificultar a utilização da servidão pelo prédio dominante.
O prédio dominante deverá arcar com os custos de manutenção da servidão, a menos que haja convenção entre os donos dos prédios prevendo de forma diversa.
O prédio serviente poderá deslocar a posição da servidão, desde que não traga nenhum prejuízo ao prédio dominante.
As servidões podem ser corpóreas (aparentes) ou incorpóreas (não aparentes); podem ser contínuas (de uso ininterrupto) ou descontínuas (de uso interrupto).
Há várias espécies de servidão, tais como a servidão de trânsito ou de passagem, a servidão de vista ou de passagem, a servidão de aquedutos e a servidão de fonte ou de fornecimento de água, dentre outras.
Da servidão de passagem ou de trânsito: diversamente da passagem forçada, que é um direito real de vizinhança, na servidão de passagem, o prédio dominante tem saída para a via pública, porto ou nascente, no entanto, utiliza-se da servidão de passagem de forma a ter o seu acesso facilitado. 
A servidão de passagem, desde o direito romano, pode ser maior ou menor, sendo em ordem crescente: passagem de pessoas, passagem de gado e passagem de carros. Lembrando que a servidão maior engloba a menor.
A servidão de passagem é não aparente e descontínua, no entanto, caso a mesma seja sinalizada, passará a ser aparente.
A servidão de vista ou paisagem é aquela através da qual o dono do prédio se obriga a não construir de forma a impedir ou dificultar a vista de outro prédio. Trata-se de servidão não aparente e contínua.
A servidão de aqueduto diz respeito à servidão de passagem de água (aque = água; duto = passagem ou caminho). Trata-se de servidão aparente e contínua, sendo servientes dois ou mais prédios.
A servidão de fornecimento de água ou fonte de água pode se dar entre prédios vizinhos ou contíguos, sendo muito comuns nas zonas rurais, onde há a escassez de água. Trata-se de servidão aparente e descontínua.
Pode haver usucapião das servidões, desde que sejam aparentes, sendo o prazo para aquisição de 10 anos, se houver justo título, e de 20 anos, se não houver.
Extingue-se a servidão pelo cancelamento de seu registro do Cartório de Registro de Imóveis, pela desapropriação ou pela confusão. Ocorre a confusão quando o dono de um dos prédios passa a ser dono de todos os prédios envolvidos na servidão.
DO USUFRUTO
Origens Históricas
O usufruto é um instituto criado pelo direito romano que, ao analisamos a sua raiz etimológica, inferiremos que o mesmo diz respeito a “uso + fruição” de um determinado bem, sendo: usus = uso; fructus = fruição dos frutos de um bem.
Os romanos o denominavam de “servidão pessoal”, já que se trata de uma coisa que serve a uma pessoa, distinguindo-se da servidão predial, que é quando uma coisa serve a outra coisa.
O código civil atual não faz a distinção entre servidão predial e servidão pessoal, denominando a servidão pessoal exclusivamente de “usufruto” e designando a servidão predial exclusivamente de “servidão”.
Conceito
Trata-se de direito real sobre a coisa alheia por meio do qual o proprietário de um bem, que passa a ser denominado de “nu-proprietário”, concede a um terceiro (usufrutuário) os direitos de usar e fruir de um determinado bem.
Características
O direito real de usufruto recai tanto sobre bens móveis quanto sobre bens imóveis, sobre o todo ou sobre uma parte desses bens, podendo recair sobre todo um patrimônio ou parte desse patrimônio. Então, pode haver usufruto de um carro, uma fazenda, um direito de herança, etc.
Além de o usufrutuário poder usar do bem concedido em usufruto, ele poderá fruir de seus frutos ou produtos, ou seja, aquele que recebeu uma fazenda em usufruto poderá fazer uso e fruição dos frutos das suas plantações, assim como aquele que recebeu uma fábrica em usufruto poderá usar e fruir dos produtos nela produzidos. Da mesma forma, aquele que receber um bem imóvel em usufruto poderá locá-lo ou arrendá-lo recebendo o valor dos seus aluguéis, que constituem frutos civis. Ou seja, quanto à fruição, pode-se fruir tanto dos frutos naturais quanto dos frutos civis, assim como de seus produtos.
Institui-se o usufruto por ato jurídico inter vivos ou causa mortis (testamento), a ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis.
No direito romano, era obrigatório que o usufrutuário prestasse uma caução ao nu-proprietário ao receber os direitos, de forma a garantir que, ao fim do usufruto, o bem usufruído esteja no mesmo estado em que foi concedido por usufruto.
O usufrutuário não responde pelas depreciações naturais do bem concedido em usufruto.
Na ordem jurídica pátria atual não é obrigatória a prestação de caução para que o bem seja concedido em usufruto, a não ser em casos específicos, geralmente em se tratando de bens consumíveis e não renováveis, tal como uma mina de carvão. Neste último caso, ou em casos semelhantes, além da prestação de caução, o nu-proprietário determinará a extensão do usufruto.
O bem recebido em usufruto será inventariado pelo usufrutuário, e, caso o nu-proprietário exija, o usufrutuário deverá caucionar o usufruto. Na hipótese de o usufrutuário não querer ou não poder prestar a caução, perderá o direito de administrar o bem, ficando esse direito com o nu-proprietário, que, por sua vez, deverá caucionar o usufrutuário quanto à contabilidade dessa administração em relação aos seus frutos e produtos, tendo direito a receber uma remuneração por essa administração.
O direito real de usufruto não poderá ser alienado, mas o seu exercício poderá ser cedido.
Aquele que receber cabeças de gado em usufruto terá direito a ficar com as suas crias, no entanto, ao fim do usufruto terá o dever de devolver ao nu-proprietário o mesmo número de cabeças de gado que foi recebido em usufruto.
Aquele que doar a propriedade de um bem e mantiver o direito ao seu usufruto não terá obrigação de prestar caução desse usufruto.
Na hipótese de um casal, conceder a propriedadede um bem e ficarem ambos com o direito de usufruto desse bem, e um dos dois venha a falecer, a parte do de cujus ou será extinta, ou passará para a pessoa remanescente do casal. 
É possível o usufruto de títulos de crédito, tendo o usuário direito aos frutos desses bens, tais como os seus juros.
O seguro dos bens concedidos em usufruto deverá ser pago pelo usufrutuário. Caso o nu-proprietário quem pagou o seguro, será ele e terá o direito a receber a indenização em caso de sinistro.
O fim do usufruto: não há mais a figura do usufruto vidual, que era o direito da viúva de ficar com o usufruto da casa da família quando a ela (viúva) não coubesse a propriedade integral desse bem na partilha.
Lembrando-nos que o usufruto pode ser tanto vitalício quanto por tempo determinado
Extingue-se o usufruto: pela morte do usufrutuário, ou seja, o usufruto não passa a herdeiros; pela renúncia; pela desapropriação; pelo cancelamento do registro; e pelo perecimento do bem dado em usufruto.
DO USO
Conceito
Trata-se de direito real sobre a coisa alheia através do qual o proprietário de um bem, que passa a ser denominado “nu-proprietário”, sede o direito real de usar esse bem a um concessionário, que passa a ser denominado “usuário”.
Características
O usuário tão somente poderá usar o bem, sem, no entanto, poder fruir de sua substância (frutos ou produtos).
O usuário apenas poderá fruir dos frutos do bem que sejam necessários à sua sobrevivência e à da sua família, entendendo-se família como cônjuge, filhos solteiros e o pessoal do serviço doméstico.
A jurisprudência já foi firmada no sentido de que esse direito de fruir dos frutos necessários à sobrevivência na concessão do direito real de uso também se estende aos companheiros na união estável.
Aplica-se ao uso as normas do usufruto, do que não for contrário à sua natureza.
HABITAÇÃO
Conceito 
Trata-se de direito real sobre a coisa alheia e ocorre quando o proprietário de um bem imóvel cede esse bem a uma ou mais pessoas para que nele habitem.
Características
O direito real de habitação nada mais é do que o direito real de uso com fins exclusivamente de moradia.
O direito real de habitação será sempre concedido a título gratuito, pois se assim não o fora, deixaria de ser um direito real de habitação e passaria a ser um direito obrigacional (pessoal) de locação.
O concessionário do direito real de habitação não poderá emprestar e nem alugar o bem que lhe foi concedido em habitação.
Caso o direito seja concedido a duas ou mais pessoas e uma, ou algumas delas, não queiram morar no imóvel, não poderão cobrar aluguel, das que no imóvel forem morar.
Caso o concedido que não foi morar no imóvel decida fazê-lo, não poderá ser impedido pelos que nele já estejam.
Com a extinção do usufruto vidual (referente à viúva), utiliza-se o direito real de habitação como forma de garantir que o cônjuge sobrevivente continuará a habitar a residência do casal. No entanto, este direito será por tempo determinado e será extinto caso o sobrevivente venha a contrair novas núpcias ou união estável.
A jurisprudência já se firmou no sentido de estender esse direito ao companheiro na união estável.
Os direitos reais de fruição deverão ser registrados em cartório competente para de que gerem os seus efeitos reais.
DIREITO REAL DE AQUISIÇÃO
DO DIRETO REAL DO PROMITENTE COMPRADOR 
Conceito
Trata-se de direito real sobre a coisa alheia, através do qual o promitente comprador de um bem imóvel registra, no Cartório de Registro de Imóveis, um contrato de promessa de compra e venda no qual não conste cláusula de arrependimento, de modo que o promitente vendedor fique impedido o bem prometido a terceiros.
Características
Trata-se de uma novidade introduzida no CC/2002.
Desde que pago o preço integral do bem imóvel, o promitente comprador poderá exigir que o promitente vendedor lhe transfira a propriedade do bem através do seu registro no Cartório de Registro de Imóveis (outorga da escritura). Caso o promitente vendedor assim não o faça, poderá o promitente comprador demandar em juízo que lhe seja adjudicado compulsoriamente o bem.
A jurisprudência já se firmou no sentido de que aquele que não registrou a promessa de compra e venda, desde que tendo pago o preço integral da coisa, também poderá adjudicá-lo compulsoriamente em virtude não de um direito real, mas de um direito pessoal (obrigacional) que obriga o promitente vendedor a uma obrigação de fazer, qual seja a de transferir a propriedade de um bem imóvel objeto do contrato de promessa de compra e venda, desde que pago o preço da coisa.
DIREITO REAL DE GARANTIA
Natureza jurídica
Trata-se de pacto adjeto a um negócio jurídico principal, tendo a natureza de direito real sobre a coisa alheia.
Correntes doutrinárias
Contra o instituto: aqueles que se opõem ao instituto se fundamentam no fato de que, se para ter acesso ao consumo de bens necessários à vida é preciso oferecer garantias reais, então tão somente aqueles que detêm patrimônio é que poderão ter acesso a determinados negócios jurídicos, tais como os empréstimos bancários.
A favor do instituto: os que se colocam a favor do instituto se fundamentam no argumento de que os credores precisam ter os seus créditos salvaguardados e garantidos e sem as garantias reais esses créditos seriam lançados a um mar de incertezas advindo da inadimplência.
Conceito
Trata-se de direito real de garantia através do qual o devedor oferece ao credor uma coisa móvel ou imóvel a fim de que a mesma garanta o pagamento de sua dívida.
Espécies
Penhor
Hipoteca
Anticrese
DO PENHOR
Escorço histórico
Conceito
A sua origem etimológica está na palavra “pignus”, que significa “punho”, e ocorre quando uma pessoa, o devedor, entrega ao credor um bem de natureza móvel a fim de satisfazer crédito do credor, caso o devedor não adimpla à sua dívida. No direito romano, o penhor era utilizado tanto para as garantias que envolviam bens móveis quanto para as garantias que envolviam bens imóveis. Atualmente, penhor trata tão somente das garantias sobre bens móveis, ficando os bens imóveis sob a tutela da hipoteca.
Características
O penhor pode ser comum ou especial;
O credor não poderá ficar com o bem empenhado para si, mas sim deverá vendê-lo judicialmente ou extra-judicialmente;
Caso o valor da venda seja superior à dívida, o remanescente será devolvido ao devedor e, caso o valor da venda da coisa empenhada seja inferior ao montante da dívida, o devedor continuará inadimplente;
O credor que ficar na posse direta do bem empenhado terá os mesmos deveres que o depositário fiel quanto ao bem;
Em havendo a satisfação do crédito, a coisa empenhada será devolvida ao devedor;
Não confunda “penhor” com”penhora”, pois, enquanto o penhor é o instituto do direito civil, sendo um direito real de garantia, a penhora é instituto do direito processual civil, que diz respeito aos procedimentos processuais que ocorrem quando tanto bens móveis quanto bens imóveis são levados a hasta pública. logo, os bens levados a hasta pública são penhorados, enquanto que os bens móveis dados em garantia são empenhados.
Espécies de Penhor
Comum
Ocorre o penhor comum quando o bem empenhado tiver a sua posse direta transferida do devedor ao credor, ficando o credor como fiel depositário da coisa empenhada. No penhor comum, seguido a entrega do bem, será feito o registro do penhor no Cartório de Registro de Títulos e Documentos.
Especial
Rural, industrial, mercantil e de veículos
O penhor rural será instituído com o registro do instrumento do penhor no Cartório de Registro de Imóveis. É, ainda, subdividido em penhor agrícola e penhor pecuário. 
Ocorre o penhor agrícola quando o devedor oferecer ao credor bens agrícolas, tais como colheitas, frutos pendentes, instrumentos e utensílios utilizados na agricultura. Caso o devedor se obrigue a pagar a sua dívida em dinheiro, poderão ser emitidas cédulas rurais pignoratícias referentes ao crédito do credor, e que poderão ser transacionadas no mercado. Openhor agrícola será concedido por um prazo máximo de 3 anos, podendo ser renovado uma única vez.
Ocorre o penhor pecuário quando o devedor empenha a favor do credor bens de natureza pecuária, tais como cabeças de gado, utensílios e produtos utilizados na pecuária. Caso o devedor se obrigue a pagar a sua dívida em dinheiro, poderão ser emitidas cédulas rurais pignoratícias a serem transacionadas em mercado. O penhor pecuário será concedido por um prazo máximo de 4 anos, podendo ser renovado por uma única vez.
Ocorre o penhor industrial ou mercantil quando o devedor entrega ao credor bens industriais a fim de garantir o pagamento de sua dívida. São exemplos de bens empenhados no penhor industrial: máquinas, utensílios industriais, assim como produtos industrializados. Caso venha a ser empenhado, o gado utilizado na indústria é considerado como penhor industrial. Caso o devedor se obrigue a pagar a dívida em dinheiro, poderão ser emitidas cédulas pignoratícias a favor do credor, podendo elas ser transacionadas em mercado. Frisemos que, no penhor industrial, os bens empenhados continuam na posse direta do devedor, assim como no penhor rural. O penhor industrial será instituído com o registro do título de penhor no Cartório de Registro de Imóveis.
Ocorre o penhor de veículos quando o devedor oferece ao credor um veículo a fim de satisfazer o crédito do credor em caso de inadimplemento. Entenda-se “veículos” por automóveis, ônibus, caminhões e até elevadores. Os veículos empenhados continuarão na posse direta do devedor. O registro do penhor de veículos será feito no documento do mesmo, onde constará o gravame do penhor. Portanto, no Brasil, o registro do penhor de veículos é feito nos órgãos competentes, tais como o DETRAN. Os veículos empenhados deverão estar assegurados contra quaisquer sinistros através de contratos de seguro. Caso o devedor se obrigue a pagar a sua dívida em dinheiro, poderão ser emitidas cédulas pignoratícias a serem transacionadas em mercado.
DO PENHOR LEGAL
Ocorre o penhor legal quando uma pessoa não pagar contas de restaurantes, hotéis, hospedarias, hospitais e congêneres. Trata-se de penhor previsto em determinadas situações positivadas pela lei, daí o termo “penhor legal”. Vulgarmente, diz-se que aquele que não paga uma conta de restaurante é chamado a saldar a sua dívida indo para a cozinha lavar os pratos, nessa hipótese, a dívida é solvida com uma obrigação de fazer, enquanto que, no penhor legal, o inadimplente oferecerá ao credor um bem móvel a fim de garantir o pagamento da dívida. Após o bem ser empenhado, o credor, ato contínuo, fará o pedido de homologação judicial do penhor, não sendo feito quaisquer registros em cartório. O penhor legal também abarca as situações de inadimplemento de aluguéis por meio do empenho de bens móveis que estejam no imóvel locado. Nesses casos, o locatário a fim de se livrar do penhor legal poderá oferecer caução idônea ao credor.
DA HIPOTECA
Escorço histórico
Ao analisarmos etimologicamente o termo “hipoteca”, inferiremos que o mesmo se trata da junção de duas palavras gregas, quais sejam hipo (cavalo) e teca (coleção), significando “coleção de cavalos”. O instituto, apesar da denominação grega, foi desenvolvido pelo direito romano, e, como os cavalos eram os principais instrumentos de tração para a produção nas fazendas, quando o fazendeiro contraia uma dívida, oferecia a sua coleção de cavalos da fazenda como garantia do pagamento. Aos poucos, essa garantia foi se estendendo a outros utensílios da fazenda, até abranger a própria fazenda, passando, então, a hipoteca a ser uma modalidade de garantia real que recai sobre bens imóveis, ficando os bens móveis como objeto da garantia do penhor.
Conceito
Trata-se de direito real sobre a coisa alheia por meio do qual o devedor de uma obrigação oferece ao seu credor um bem imóvel como garantia de cumprimento de sua obrigação.
Características
A hipoteca será constituída através do registro de seu instrumento no Cartório de Registro de Imóveis;
O bem oferecido em hipoteca continuará na posse direta do devedor;
Podem ser hipotecados:
Bens imóveis
Estradas de ferro
Propriedade superficiária
Domínio direto e indireto
Navios e aeronaves
Direito real de uso especial para fins de moradia
Podem ser registradas duas ou mais hipotecas sobre um mesmo bem, prevalecendo a preferência daquele que primeiro tiver feito o registro do mesmo.
De todas as garantias reais, a hipoteca é a que confere maior preferência, lembrando-nos que, pela Lei de Falências, as garantias reais só perdem a preferência para os créditos trabalhistas.
Extingue-se a hipoteca:
Pelo cumprimento da obrigação principal
Pela renúncia do credor
Pelo cancelamento de seu registro
Pela arrematação e adjudicação do bem
Pela remissão do bem
DA ANTICRESE
Conceito
Ocorre a anticrese quando o devedor de uma obrigação oferece a um credor dessa obrigação um bem, geralmente, imóvel a fim de que o mesmo retire do bem seus frutos e rendimento a fim de compensar a sua dívida.
Exemplo: A deve R$5.000,00 a B. Sem recursos para pagar essa dívida, A oferece sua fazenda, na qual tem várias plantações, para que B a administre e dê conta de seus frutos e rendimentos a A, até que esteja pago o valor da dívida.
Características
Na anticrese, o bem tem a sua posse direta transferida para o credor, que irá administrar o bem e dar conta de seus frutos e rendimentos, a fim de compensar a dívida do devedor, satisfazendo, assim, o seu crédito.
Por haver a transferência da posse direta do bem ao credor, a anticrese está em fruto desuso. No entanto, o legislador optou por mantê-la positivada no CC/2002.
Apesar de ser mais comum, a anticrese em relação a bens imóveis, o CC abre espaço à hermenêutica no sentido de que se subentende em seus artigos também ser possível a anticrese de bens móveis.
PROPRIEDADE RESOLÚVEL
Em direito, o termo “resolver” significa “terminar”, logo, propriedade resolúvel é aquela que já nasce anunciando o seu possível fim, contrariando um dos caracteres da propriedade, que é a perpetuidade.
A propriedade resolúvel é aquela que se resolve com o advento de uma condição ou termo. Por exemplo, um avô deixa, através de testamento, um bem imóvel para o seu neto de 2 anos de idade. No entanto, até que seu neto atinja a maioridade, a propriedade do bem ficará com seu filho Nelson, que terá, portanto, a propriedade resolúvel daquele bem.
PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA
Toda propriedade fiduciária é uma propriedade resolúvel. Ocorre a propriedade fiduciária quando, em uma alienação fiduciária, o comprador de um bem garante o pagamento do mesmo transferindo a sua propriedade para o vendedor, que ficará com a propriedade fiduciária do bem até que o comprador pague o preço integral do mesmo, passando, assim, a ter a propriedade do bem.
Lembrando que “fidúcia” significa “fé” (confiança). Essas espécies de fenômenos jurídicos são bastante comuns nos contratos de compra e venda de automóveis.
10 questões VF, sublinhando o que está errado nas assertivas.
Desde direito real de vizinhança até aqui.

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