Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Estudos de Localização Varejista: Um Teste Empírico sobre os Fatores Locacionais para uma Empresa Supermercadista de Belo Horizonte Retail Location Studies: An Empirical Test on the Locational Factors for a Supermarket Company of the Belo Horizonte city Helena Belintani Shigaki Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Carlos Calic Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais RESUMO O varejo supermercadista, a exemplo de outras organizações, passa por processos de tomada de decisão que contemplam tanto o nível operacional quanto o estratégico, incluindo a escolha de um local adequado para instalação de uma loja. Este trabalho é direcionado a identificar os principais fatores que devem ser analisados para a escolha do ponto de localização, tomando por base um supermercado de médio porte da região de Belo Horizonte, aqui nomeado Supermercado XYZ. Com base na bibliografia estudada foi elaborado um modelo no qual são evidenciados dezoito fatores localizacionais considerados importantes por diversos autores. O estudo foi realizado sob a perspectiva de uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, utilizando como instrumento de coleta de dados entrevistas semiestruturadas aplicadas a quatro gerentes e um superintendente da rede de supermercados. Ao final do estudo foi possível avaliar o nível de importância e comprovar a efetividade de cada um dos fatores de localização para um varejo supermercadista na região metropolitana de Belo Horizonte. Os resultados obtidos também indicaram que a maioria dos fatores que levam à localização ótima de um comércio supermercadista foram atendidos pela empresa estudada. Palavras-chave: varejo supermercadista, ponto de localização, fatores localizacionais. ABSTRACT The retail supermarket, like other organizations, go through the decision-making processes that address both the strategic and operational level, including the choice of a suitable location for installation of a store. This work is a research to identify the key factors that must be analyzed to choose the location point, for a mid-sized supermarket in the region of Belo Horizonte city, here named XYZ Supermarket. Based on the literature studied, a model was developed which lists eighteen most important locational factors considered important by several authors. The study was conducted from the perspective of an exploratory qualitative research, using as an instrument of data collection applied semi-structured interview to four managers and a controller of the supermarket chain. Whit this, it was possible to assess the level of importance and demonstrate the effectiveness of each one of the factors of location for a supermarket retailer in the metropolitan region of Belo Horizonte. The results also indicated that most of the factors that lead to the optimal location for a supermarket trade were met by the company studied. Keywords: retail supermarket, point location, locational factors. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 1. Introdução A localização de uma loja consiste em uma das decisões mais críticas para determinados ramos, porque ela não pode ser alterada sem ônus e desgaste ao longo do tempo, ao contrário de mudanças nas categorias de produtos ou reformulação de estratégias promocionais (PARENTE, 2000). Para estabelecer o local adequado de uma determinada loja é necessário, primeiramente, determinar o público alvo. Para isso, as empresas utilizam ferramentas de geomarketing para gerar dados demográficos que auxiliam a escolha do local e quais as estratégias a empresa adotará para conquistar esses clientes. Para localização das lojas, os varejistas consideram, entre outros fatores, quantos consumidores potenciais estarão situados nas proximidades, bem como os concorrentes que já atendem às áreas. Mas, se o varejista situa sua loja em um ponto não adequado, ele compromete o desempenho da loja, segundo afirma Churchill Jr. (2000). Com a utilização adequada das ferramentas de geomarketing é possível também definir a área de influência na região escolhida. Esta área pode ser medida pela quantidade de vendas ou clientes que uma região próxima da loja é capaz de atrair. Além disso, os mapas e dados gerados por esta ferramenta são a base para a determinação da escolha do ponto físico da loja. Esta estratégia de mercado pode ser aplicada a qualquer ramo de negócio, variando de um simples varejo para uma indústria, onde ambos utilizam-na de acordo com o potencial da empresa e com o público que se pretende atingir. Com o intuito de verificar a teoria com a prática das empresas na hora de definir a localização de seus estabelecimentos e validar o modelo elaborado, foi escolhida uma rede de lojas de supermercado já existente em Belo Horizonte há dezenove anos. Diante disso, este estudo visou investigar: os fatores de localização considerados pelo Supermercado XYZ e a percepção do gerente de loja estão em concordância com as variáveis teóricas definidas como fundamentais no presente estudo? O objetivo central do estudo foi avaliar se os métodos utilizados pelo Supermercado XYZ para escolha de localização das lojas estão de acordo os construtos propostos pelos autores: Applebaum (1966), Moreira (1996), Churchill (2000), Kotler (2000), Las Casas (2000, 2006), Levy e Weitz (2000), Parente (2000), Parente e Kato (2001), Masano (2005), Rojo (2005) e Urdan e Urdan (2006). Dentre os objetivos específicos, buscou-se: identificar os fatores influenciadores de localização do varejo supermercadista com a finalidade de se obter a localização desejada; identificar a atual percepção dos gerentes de cada loja com o propósito de constatar a efetividade de uma variável localizacional; analisar os fatores considerados pelos gerentes com a percepção do superintendente e; verificar se os fatores de localização apontados pelo modelo elaborado são apropriados para este tipo de varejo. O referencial teórico está dividido em três partes complementares, sendo a primeira referente ao geomarketing, a segunda sobre localização varejista e área de influência e, por último é analisado o varejo supermercadista. Em vista ao constante crescimento do varejo supermercadista no mercado brasileiro e devido a sua necessidade em ajustar parâmetros de localização, surgiu a motivação de aprofundar o estudo referente aos fatores determinantes para uma localização ótima do varejo, e também pela percepção de novas tendências para o mercado. Além disso o estudo justifica- se pela importância da pesquisa para o varejo, possibilitando sua replicação a partir do modelo elaborado e para a área acadêmica, a fim de ampliar o conhecimento desta área. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 2. Geomarketing Cavion e Philips (2006) afirmam que o geomarketing surgiu na década de 1980 com grande influência de estudos realizados na década de 1970, onde o conhecimento a respeito das teorias econômicas, o aperfeiçoamento do marketing e da informática, juntamente com a cartografia, deram origem ao Sistema de Informação Geográfica (SIG) e conseqüentemente ao geomarketing, como ilustra a Figura 1. Figura 1: Conhecimentos que contribuíram para o surgimento do Geomarketing Fonte: Cavion e Philips (2006) Erba et al. (2005), nomeiam o SIG como ferramentas auxiliares que parametrizam modelos de planejamento e permitem a visualização dos dados de forma gráfica. Segundo Gomes et al (2007), o geomarketing é uma nova tendência do mercado atual, necessitando de uma infra-estrutura moderna e flexível, a fim de proporcionar melhores respostas parao seu foco de atuação. De acordo com Laux (2007), o geomarketing passou a ser uma prática desenvolvida especialmente para privilegiar a análise das características geográficas específicas. A análise geográfica de um determinado ponto atingiu um grau elevado de importância e influência para o nível estratégico da empresa. Para isso, é necessário estudar o local detalhadamente para que a loja consiga obter sua localização estratégica frente a outras. Las Casas (2006) afirma que as organizações precisam se preocupar com fatores externos em suas mediações, de forma a obter maior entendimento do público alvo em questão, como: níveis de emprego, área ativa pelo comércio local, legislação vigente, trânsito e vias de acesso, proximidade do público final, atratividade do local e proximidade com serviços distintos. Ainda no início da implementação do geomarketing, havia dificuldades para análises mais específicas, devido a não utilização de tecnologia apropriada e inexistência de informações. Hoje em dia, há muitos softwares que conseguem desenvolver estudos de geomarketing e, para empresas que possuem necessidades em entender este estudo e sua aplicabilidade, é possível consultá-los para identificar a região adequada visando estabelecer seu negócio. Estes softwares utilizam em sua grande maioria o SIG onde são desenvolvidos os mapas temáticos totalmente computadorizados com recursos visuais, como afirma Parente VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br (2000). Esta ferramenta está ligada diretamente a manipulação dos dados a fim de gerar uma informação confiável da localização desejada. Além da utilização de softwares, Meyer (1988) afirma que a escolha de um local também pode ser feita através do feelingi do Chief Executive Officer ii(CEO) da empresa, ou seja, pelo método análogo. Parente (2000) afirma ainda que com o auxílio do SIG, os mapas elaborados podem conter três grandes informações, sendo elas: dados econômico-demográficos, informações sobre o varejo e informações sobre o cliente. É possível também, com a utilização desta ferramenta, obter resultados satisfatórios, tais como a redução de custo na operação, aumento do grau de confiabilidade, melhoria na produtividade e na tomada de decisão, melhores projeções, redução de centralização organizacional e melhor controle operacional, segundo dados do Geoeasy (2010). De acordo com Masano (2005), o mapeamento de áreas de influência pode ser realizado com o apoio do SIG, sendo possível o desenvolvimento de mapeamento da origem de clientes e a simulação de áreas de influência comercial. Entre os fatores que influenciaram a delimitação de áreas comerciais estão: distribuição da população, distribuição de concorrentes, barreiras geográficas, rede viária e transporte, onde o tempo de viagem varia conforme o tipo de bem a ser adquirido. Dentre as vantagens da utilização desta ferramenta estratégica, estão: vantagem sob o concorrente, análise do local de instalação da loja e correta implementação dos recursos de acordo com o público que se pretende atingir, localização dos clientes e fornecedores e uma visão mais ampla. Embora pouco, as desvantagens estão relacionadas ao custo do investimento desta ferramenta. Segundo Kotler (2000), os pequenos varejistas às vezes têm de aceitar qualquer localização que puderem pagar ou encontrar, já os grandes, contratam especialistas para selecionarem os melhores locais. O geomarketing é uma nova tendência do mercado atual, necessitando de uma infra estrutura moderna e flexível, a fim de proporcionar melhores respostas para o seu foco de atuação, segundo afirmam Berger et al. (2007). 3. Localização varejista Para Craiig, Ghosh e McLafferty (1984), uma boa localização é vital para o sucesso de uma loja, ou seja, através dela o produto ou serviço que é ofertado pela empresa torna-se mais acessível ao cliente. Para Levy e Weitz (2000), os varejistas podem mudar seu preço, sortimento e serviços em curto prazo, porém as decisões de localização são mais difíceis de serem modificadas. Segundo Schmiegelow (2003) a decisão incorreta da localização de uma determinada loja acarreta numa série de erros em cascata para o mix de marketing, ou seja, a praça, preço, produto e promoção estão profundamente relacionados e são interdependentes. Se uma empresa foi inaugurada no ponto errado, todos os outros itens serão prejudicados e deverão ser analisados novamente a fim de garantir o sucesso desta, o que implicará numa desvantagem competitiva. Uma loja mal localizada não pode mudar de lugar com necessária rapidez, e irá arcar com as conseqüências de estar situada num ponto sem potencial até que a região mude ou ela seja obrigada a fechar (ROJO, 2005). VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br A tomada de decisão é certamente a atividade mais freqüente dentro das empresas. Algumas dessas decisões são de grande relevância, outras nem tanto. A determinação da localização é certamente uma das escolhas que tem maior impacto nos resultados. Apesar disso, alguns tomadores de decisões ainda não utilizam métodos científicos na hora de escolher a localização de suas instalações, o que, por muitas vezes, prejudica a estabilização da empresa (SATO, 2002). A boa localização de uma loja representa uma variação de volume de vendas quando comparada a uma loja de mesmo ramo localizada em outro lugar. Para a escolha do ponto, o varejista deve conhecer muito bem a região e realizar estudos especializados para estimar o desempenho do potencial da loja com base em dados como: perfil de clientes na região, poder aquisitivo, número de habitantes, concorrentes, hábitos de compras dos clientes em potencial e lojas que costumam freqüentar (ROJO, 2005). Las Casas (2000) complementa afirmando que os níveis de emprego, vitalidade da área, leis, trânsito, proximidade de consumidores, atração do local e proximidades de bancos são aspectos a serem analisados. Semenik e Bamossy (1996) afirmam que a localização também deverá ser condizente com a imagem do varejista. Localizar um ponto de varejo em uma região incompatível com a qualidade da mercadoria oferecida violará as percepções do consumidor naquilo que ele considera apropriado e acabará eliminando seu desejo de compra naquela loja, afirmam os mesmos autores. Ou seja, o varejista deve estar atento a estas mudanças demográficas da região e adequá-la aos produtos que irá oferecer para aquele grupo de clientes, analisando o fator sexo, idade, escolaridade e principalmente a renda familiar. Para os mesmos autores, as questões relativas às instalações físicas concentram-se em duas decisões diferentes: localização e atmosfera. A localização é determinada pelo mercado- alvo perseguido, fazendo com que as lojas estejam convenientemente acessíveis ao consumidor-alvo. A atmosfera significa aquele elemento das instalações físicas que especifica a decoração e os encantos do espaço. Para Wind (1982), a mercadoria oferecida deve estar em acordo com o tipo de loja que se deseja instalar, observando-se os hábitos e costumes do público alvo, conforme a Figura 2. Loja Conveniência Escolha (Compra comparada) Especialidades Mercadoria Conveniência Consumidores preferem comprar a marca ou produto mais disponível na loja mais acessível. Consumidores selecionam a marca do sortimento da loja mais acessível. Consumidores compram sua marca favorita da loja mais acessível. Escolha (Compra comparada) Consumidores são indiferentes à marca ou produto que compram, mas pesquisam lojas diferentes para assegurar os menores preços e os melhores serviços Consumidoresfazem comparações entre fatores varejistas e fatores associados com produtos ou marcas. Consumidores apresentam forte preferência pela marca, mas comparam preços de várias lojas para assegurar melhores serviços ou menores preços. Especialidades Consumidores preferem comprar em determinada loja, mas são indiferente à marca ou produto comprado. Consumidores preferem negociar em certa loja, mas apresentam incertezas quanto ao produto que querem. Examinam o mix da loja para melhor compra. Consumidores têm preferência para ambos: a loja em particular e a marca específica. Figura 2. Comparação de lojas e produtos com o comportamento de compra Fonte: WIND, Yoran. 1992 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 3.1 Área de influência A área de influência é a área geográfica em que a empresa varejista obtém a maior parte de seus clientes, ou seja, é a área de atuação de uma loja para a venda de determinado produto. A partir de certo ponto, os compradores dão preferência a outros concorrentes, em virtude da localização mais próxima. A análise dos clientes é realizada com base na segmentação geográfica (aquela que considera o segmento com base em regiões) e segmentação demográfica (aquela que considera as características do indivíduo como idade, sexo, renda e religião). Já na análise dos concorrentes, deve-se avaliar se o local está saturado ou não e qual a importância disso para a venda do produto naquela região, segundo afirma Las Casas (2000). Em outras palavras, a área de influência pode ser compreendida como a extensão máxima do ponto da loja à residência do cliente que ele esteja disposto a percorrer, seja por qualquer tipo de transporte. Applebaum (1966) dividiu a área de influência em três partes, onde a primeira área é aquela que está localizada mais próxima da loja e representa uma parcela de 60% a 75% dos clientes: a área secundária que é a região que está envolta da área primária e retém uma parcela de 15% a 25% dos clientes e, por fim, a área terciária que está localizada a uma distância considerável da loja e representa cerca de 10% dos clientes que se pretende atingir. Quanto maior a proximidade do cliente alvo da loja, maior será a sua área de influência naquela região, podendo assim atingir um número maior de clientes e atendê-los melhor, o que pode gerar um maior grau de fidelização e indicação da loja para outras pessoas. Com a utilização do geomarketing é possível medir a área de influência do varejo com os dados que são gerados por esta ferramenta. Além disso, esta área pode ser melhor visualizada através de mapas com demarcação das regiões de maior influência e com isso possibilitar ao estabelecimento varejista a elaboração de estratégias adequadas para manter e atrair novos clientes. Os fatores que afetam a escolha da localização estão de acordo com a parcela de clientes em potencial que a loja pretende atingir. Segundo Parente e Kato (2001), tais fatores podem ser: tamanho da loja, densidade populacional, concorrentes e transportes. 4. O varejo supermercadista Varejo são todas as atividades envolvidas na venda de bens de consumo ou serviços diretamente para os clientes finais para seu uso pessoal e não industrial, de acordo com Kotler (2007). Segundo dados da pesquisa mensal de comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011) o varejo é classificado por dez atividades, sendo elas: papelaria, móveis, farmácia, veículos, material de construção, vestuário, informática, supermercado, combustível e artigos de uso pessoal ou doméstico. O varejo supermercadista é definido como um grande estabelecimento estruturado em departamentos que oferece um estoque relativamente amplo e completo, além de ser o último elo de uma cadeia de distribuição que liga o fabricante ao consumidor (CHURCHILL, 2000). Desde o seu surgimento no Brasil o varejo supermercadista passou por cinco importantes modificações segundo afirma Cyrillo (1987), sendo que a primeira iniciou-se em 1953, quando houve a introdução do supermercado no território brasileiro; em meados de 1965 aconteceu uma rápida expansão do setor supermercadista; a partir de 1975 houve uma desaceleração do seu crescimento, sendo esse um reflexo da crise do milagre econômico; em VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 1986 o modelo varejista adaptou-se a esta crise e, por fim, a partir de 1995 os supermercados passam por grandes mudanças e inovações. O varejo pode também se apresentar em outras formas de organização: (a) os varejistas independentes, ou seja, empreendedores de pequeno porte; (b) as redes corporativas, que são empresas de varejo com duas ou mais lojas; (c) redes voluntárias, que é um grupo de varejistas independentes patrocinados por um atacadista que centraliza as compras; (d) as cooperativas de varejistas independentes, que criam uma outra entidade comercial para realizar compra conjunta, e por fim, (e) o sistema de franquia, que é baseado em um contrato feito entre um franqueador e um fraqueado (ROJO, 2005). Levy e Weitz (2000) afirmam que o varejo possui, dentre outras, funções de fornecer uma variedade de produtos e serviços, dividir lotes grandes e pequenas quantidades, manter estoque e fornecer serviços. Além disso, o setor de supermercados tem buscado cada vez mais a diferenciação das lojas por meio de novos formatos, de ênfase no atendimento e de investimentos em tecnologia da informação (ROJO, 2005) a fim de proporcionar um eficaz momento de compra. Para Las Casas (2000), o centro de todo o processo de comercialização é o consumidor, devendo todo o esforço ser dirigido a ele. Para isso, há a necessidade de se obter informações diretamente do consumidor a fim de atender os desejos e necessidades desses. 5. Metodologia O presente estudo está fundamentado na elaboração de uma análise exploratória dos dados recebidos, visto que, de acordo com Aaker (2001), esta técnica é utilizada quando se busca um entendimento sobre a natureza geral de um problema, além de ser útil para o estabelecimento de prioridades entre questões de pesquisa e para o aprendizado sobre os problemas práticos na execução do trabalho. O método de pesquisa é caracterizado pelo estudo de caso, ou seja, é responsável por investigar um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto real e explorar situações, segundo afirma Yin (2006). A coleta de informações foi realizada por meio de dados primários e secundários, utilizando informações disponíveis em mídias e material disponibilizado pelo supermercado estudado, e principalmente, pela aplicação de uma entrevista semiestruturada para quatro gerentes e um superintendente do supermercado estudado. Os dados primários, ou de campo, envolvem a coleta de novas informações diretamente da fonte, entrevistas semi-estruturadas e, os dados secundários são aqueles que foram publicados e o usuário torna-se um secundário na pesquisa, segundo afirmam Hooley, Saunders e Piercy (2005). As entrevistas semi-estruturadas ocorrem quando o pesquisador procura cobrir uma lista específica de assuntos ou subáreas e é usualmente aceita por executivos ocupados, técnicos especialistas e líderes intelectuais, segundo Aaker (2001). Foram elaboradas duas entrevistas, sendo uma para o nível gerencial e outra para o nível estratégico. Ambas contavam com o quadro de importância dos dezoito fatores de localização e se diferenciavam na segunda parte, onde o nível gerencial ficou responsável por responder perguntas de conhecimentos da rotina da loja e o nível estratégico por questões referente ao histórico de instalação de cada uma dessas. Moreira (2003) sugere que a pesquisaseja realizada com no mínimo um e no máximo dez entrevistados. Para este estudo, foram realizadas cinco entrevistas, sendo quatro com o nível gerencial e uma com o nível estratégico. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Para estruturação da entrevista foi elaborado um modelo com os principais fatores localizacionais, com a finalidade de medir o grau de importância de cada um deles através da escala likert de quatro pontos e perguntas relacionadas a proximidade de concorrentes, facilidade de acesso a loja, satisfação dos clientes e como o gerente responsável, em sua percepção, classifica a participação do supermercado XYZ no varejo de Belo Horizonte. Para melhor compreensão do contexto do problema, foi utilizada uma abordagem de pesquisa qualitativa, devido a amplitude e diferenciação dos resultados obtidos. Para Malhotra (2001), a pesquisa qualitativa pode ser definida como uma metodologia não estruturada, baseada em pequenas amostras, a fim de proporcionar insights e uma compreensão do contexto do problema. O uso de escala likert na primeira parte da entrevista, justificou-se pela oportunidade dos gerentes e o super intendente analisarem todos os fatores de localização por grau de importância para o varejo em si, bem como compará-los; além disso, ao final da entrevista não foi mencionado por nenhum dos entrevistados um fator que estivesse ausente à lista. Para elaboração do modelo com fatores de localização, foi realizado um estudo bibliográfico aprofundado acerca do tema, a fim de identificar os principais conceitos apontados pelos autores que tratam da temática. Para Neves e Costa (2008), os fatores de localização não são sempre os mesmos, principalmente quando há diferença de uma região para outra. A Figura 3 é composta por dezoito fatores que devem ser levados em consideração para análise da localização de um varejo supermercadista em Belo Horizonte, sendo que, dezessete demonstraram eficácia. Fatores de localização Autor Fatores de localização Autor Perfil do cliente em um raio de 500m Moreira (1996) Proximidade da loja a bancos Las Casas (2000) Las Casas (2000, 2006) Conservação do local da loja Urdan e Urdan (2006) Rojo (2005) Acesso do público ao interior da loja Urdan e Urdan (2006) Poder aquisitivo do público alvo Rojo (2005) Área de estacionamento própria Churchill (2000) Número de habitantes da região Kotler (2000) Serviços agregados Levy e Weitz (2000) Parente (2000) Condições de aluguel/ compra Churchill (2000) Parente e Kato (2001) Applebaum (1966) Masano (2005) Normas ambientais Churchill (2000) Rojo (2005) Las Casas (2000, 2006) Trânsito da região Moreira (1996) Área total que a loja está localizada Parente (2000) Churchill (2000) Parente e Kato (2001) Las Casas (2000, 2006) Urdan e Urdan(2006) VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Continuação Número de concorrentes da região Applebaum (1966) Applebaum (1966) Moreira (1996) Diversidade de produtos Parente (2000) Parente (2000) Parente e Kato (2001) Parente e Kato (2001) Churchill (2000) Masano (2005) Infra estrutura adequada com a lei Las Casas (2000, 2006) Rojo (2005) Possibilidade futura de expansão Parente (2000) Atração do local (visibilidade) Churchill (2000) Organização interna e transparente Parente (2000) Las Casas (2000, 2006) Figura 3. Fatores de localização relevantes Fonte: Elaborado pelos autores 6. Análise dos resultados A entrevista foi elaborada visando a identificação dos fatores influenciadores de localização a fim de se obter a localização desejada de um varejo supermercadista, bem como identificar a percepção dos gerentes e superintendente. Com base nisso, foram selecionados cinco funcionários, sendo quatro deles gerente geral. As entrevistas foram realizadas em um período de uma semana, com duração média de 20 minutos. A entrevista realizada com o superintendente foi composta por três partes, com a primeira contendo informações gerais de todas as lojas, tais como: tamanho, número de funcionários, condições de aluguel e compra, crescimento em vendas, classe econômica do público alvo e quantidade mensal de circulação de clientes em cada loja. Na segunda parte foi apresentado o modelo elaborado pelos autores com os fatores de localização para classificação em grau de importância para cada um dos itens mencionados. Este modelo foi comum para ambas as entrevistas, a fim de medir a importância de cada um deles para os dois níveis da empresa. Por fim, na terceira parte da entrevista questionou-se acerca dos critérios adotados para a escolha de cada uma das lojas. A entrevista aos gerentes foi dividida em duas partes, sendo a primeira com a utilização do modelo de fatores de localização e, a segunda compostas por perguntas relacionadas a aparência física da loja, concorrentes, facilidade de acesso, satisfação dos clientes e a participação do supermercado XYZ no mercado de Belo Horizonte. Durante a coleta de dados, foi possível observar que em todas as lojas do supermercado XYZ há uma ótima estrutura interna e externa, além de serviços diferenciados para o público alvo, que está localizado próximo as lojas em bairros de classe média alta de Belo Horizonte. A Figura 4 demonstra seis informações fundamentais concedidas pelo superintendente do supermercado estudado, para analisar o porte de cada uma das lojas, condições de aluguel VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br ou compra, quantidade e perfil do público alvo e valores quantitativos de crescimentos em vendas. Fatores de localização Loja 1 Loja 2 Loja 3 Loja 4 M² 584 2485 1705 1241 Número de funcionários 270 650 300 300 Alugada ou própria Alugada 65% Própria Alugada Alugada Crescimento de vendas em % 6% 13% 11% 25% Público Alvo (Classe econômica) ABC AB ABC AB Público alvo (Quantidade mensal) 95000 107000 110000 137000 Figura 4. Informações diversas referentes às lojas do Supermercado XYZ Fonte: Elaborado pelos autores por meio de informações do superintendente Os fatores de localização referentes ao modelo elaborado foram analisados em nível de importância pelos gerentes e pelo superintendente, os quais foram divididos em quatro na escala likert, sendo elas: 1 (Sem importância), 2 (pouco importante), 3 (Importante) e 4 (Muito importante), conforme ilustra a Figura 5. Fatores de localização Loja 1 Loja 2 Loja 3 Loja 4 Superint. Perfil do cliente em um raio de 500m 4 4 4 4 4 Poder aquisitivo do público alvo 4 4 4 4 4 Número de habitantes da região 4 4 4 4 3 Número de concorrentes da região 3 3 3 3 3 Trânsito da região 2 4 2 4 4 Atração do local (visibilidade) 4 4 3 4 4 Proximidade da loja a bancos 2 4 2 4 2 Conservação do local da loja 4 4 4 4 4 Acesso do público ao interior da loja 4 4 4 4 4 Área de estacionamento própria 4 4 4 4 4 Serviços agregados 4 4 4 4 4 Condições de aluguel ou compra 3 4 3 1 3 Normas ambientais 4 4 4 3 4 Diversidade de produtos 4 3 4 4 4 Infra estrutura adequada com a lei 4 4 4 3 4 Área total em que a loja está localizada 4 3 4 3 4 Possibilidade futura de expansão da loja 3 4 4 4 4 Organização interna e transparente 4 4 4 4 4 Figura 5. Resultado das entrevistas Fonte: Elaborado pelos autores VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Dos dezoito fatores indicados, o superintendente indicou quatorze como sendo muito importantes para o supermercadoXYZ. Três itens foram classificados como importantes, sendo eles: o número de habitantes da região, o número de concorrentes e as condições de aluguel ou compra. O fator de proximidade a bancos foi o único classificado como pouco importante. Essa última afirmação contradiz Las Casas (2000) quando ele afirma que a proximidade a bancos é um dos fatores que precisam ser analisados para a escolha de uma loja, mas atualmente, com o uso da tecnologia em larga escala faz com que seja o fator menos importante, se a empresa usar corretamente o maquinário disponível recebe a manutenção adequada. Essa contradição de opinião pode ser devida, principalmente, a época em que foi afirmada, já que em 2000 o fator de proximidade a bancos era importante devido as lojas não possuírem um acesso fácil à caixas ou máquinas eletrônicas. Já em 2011 é comum o uso de máquinas eletrônicas no espaço físico dos supermercados. Os gerentes apresentaram informações unânimes do grau de importância elevado em 44% dos fatores apresentados, sendo eles: perfil do cliente em um raio de 500 m, poder aquisitivo do público alvo, número de habitantes na região, conservação do local da loja, acesso do público ao interior da loja, área de estacionamento própria, serviços agregados e organização interna e transparente do Supermercado XYZ para clientes e fornecedores. "O serviço bem feito e com qualidade é o diferencial do supermercado, pois produto todo mundo vende", segundo afirma um dos gerentes. Estes oito fatores reconhecidos como muito importantes para os gerentes, reafirmam a teoria de Las Casas (2000) quando ele diz que a proximidade dos clientes é um fator que deve ser considerado; Rojo (2005) quando afirma a importância do poder aquisitivo dos habitantes próximos ao supermercado; Urdan e Urdan (2006) quando afirmam que as condições do imóvel, o acesso do público e a transparência da organização são fatores relevantes; Parente (2000) quando o mesmo destaca que a área de estacionamento e serviços agregados afetam diretamente a área de influência daquela loja e Kotler (2000) quando afirma que quanto maior a concentração de habitantes, maior é a probabilidade de reter clientes daquela região. Além disso, o diferencial utilizado no supermercado estudado está em atender as necessidades dos clientes, seja em um serviço único e personalizado ou na qualidade e no mix de produtos que é oferecido. Para isso, a localização deve ser estrategicamente estudada, para que a imagem da loja seja compatível com aquele público que se pretende atingir ou manter. Segundo um dos gerentes "o supermercado, atualmente, busca a satisfação dos clientes". Para a instalação das lojas do supermercado XYZ, foi realizado um levantamento de renda per capita nas regiões antes da instalação e, segundo informação dos gerentes de loja, a renda dos moradores das regiões mais próximas a loja é de fundamental importância para o supermercado. De acordo com os dados levantados pelo IBGE no ano de 2000, é possível verificar que as lojas estão localizadas entre as regiões - ou próximas - daquelas com maior renda per capita em Belo Horizonte. Os moradores do bairro onde está instalada a segunda loja possuem renda per capita de R$ 1743,51. A terceira loja apresenta clientes que residem na região circunvizinha com renda per capita de R$1833,91 e a quarta loja possui clientes com renda per capita de aproximadamente R$1403,37. A primeira loja, sem informações de renda média disponível, está localizada próxima de bairros onde a renda é considerada adequada para a instalação de uma loja do Supermercado XYZ. Para um melhor atendimento a estes clientes, a conservação interna e externa do local também é um fator relevante para escolha ideal da localização, o que inclui um espaço amplo para que estes consumidores possam andar com mais conforto, prateleiras organizadas e um ambiente limpo. Assim como a organização física do local, outro fator relevante para os VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br gerentes é a relação transparente do supermercado XYZ com seus clientes e fornecedores, mostrando seus objetivos e buscando alternativas melhores de crescimento sem a perda da identidade da empresa, mantendo a satisfação de seus stakeholders. Atrelado a organização do ambiente físico, a facilidade de acesso dos clientes (ônibus, carro, táxi ou a pé), área de estacionamento própria e serviços agregados (manobristas, entrega em domicílio e embaladores) são também considerados importantes. Tais fatores, que foram destacados por todos os gerentes das lojas, são um diferencial competitivo da organização. A partir da visualização de sua importância e a sua implantação no ambiente de trabalho o cliente percebe a importância dele para o supermercado através do tratamento recebido e passa a mostrar uma significativa tendência a tornar-se fiel. O número de concorrentes da região de localização do supermercado XYZ foi considerado como importante em todas as lojas. Esse nível intermediário de classificação deve-se ao fato do supermercado já possuir concorrentes competitivos e ter adaptado a loja e os funcionários a conviverem com este fato. Além disso, os representantes desses supermercados possuem um relacionamento estreito, intermediado pela Associação Mineira de Supermercados (AMIS). Embora Parente (2000) afirme que quanto maior o número de concorrentes na região, maior é a área de influência e maior é a probabilidade de conseguir um novo cliente. De acordo com um dos gerentes "o supermercado XYZ vem contribuindo com o mercado varejista colocando mais competitividade e fazendo com que os concorrentes tenham os mesmos serviços oferecidos por eles". No mesmo segmento do Supermercado XYZ, há dois concorrentes com escala tão significativa quanto ele (AMIS, 2010), aqui nomeados de Supermercado H e Supermercado G, pertencentes a grupos distintos. Em todas as lojas analisadas do supermercado XYZ verifica-se a proximidade de concorrentes, sendo que o concorrente mais próximo fica a apenas 600m de distância. A loja mais recente do supermercado XYZ que não está localizada em Belo Horizonte não possui concorrente próximo. Para isso considera-se dois fatores, segundo afirmam Barboza e Lima (2004): primeiro que ninguém tenha tido a idéia de montar um negócio nesta região, dessa forma a oportunidade de explorar a região é do pioneiro; segundo que alguém pode ter realizado uma avaliação em profundidade e chegado à conclusão que o local não é atraente. Outro fator analisado durante a entrevista é o equilíbrio do trânsito entre tranqüilo e turbulento. Os gerentes acreditam que este equilíbrio é muito importante para o supermercado. Dentre elas, apenas uma loja não possui estacionamento próprio e quando o trânsito está tranqüilo é possível que aconteça mais vendas na loja, devido à facilidade de estacionar nas ruas próximas ou do cliente que reside próximo sair de cada para realizar as compras. Já quando o trânsito é considerado turbulento, a probabilidade de ocorrer uma venda é menor, devido a baixa chance de se achar um local para estacionar. Para outra loja tal equilíbrio é de fundamental importância, pois houve uma melhoria recente no trânsito da região e antes deste acontecimento o local era considerado por muitos como um de gargalo de veículos. Com a melhoria, foi possível atrair mais clientes para esta loja. Os outros dois gerentes, informaram que este equilíbrio é pouco importante devido a loja apresentar um estacionamento próprio e comodidade ao cliente que deseja estacionar seu carro com segurança. Sendo assim, independente do trânsito estar fluindo melhor ou pior, não influencia a venda das lojas. A atração do local foi indicada como nível de muita importância para a maioria dos gerentes das lojas. A visibilidade é ofator mais importante para uma localização adequada, pois garante que o cliente chegue ao estabelecimento com tranqüilidade e evite perdas ou procuras excessivas, afirmam os entrevistados. Todas as lojas do supermercado XYZ possuem VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br uma excelente visibilidade tanto no tamanho quanto nos letreiros, possibilitando chamar a atenção dos clientes. A fixação da imagem, conforme afirma Barboza e Lima (2004) se dá pela repetição, ou seja, quanto mais a imagem vem a mente do consumidor, maior será a fixação da empresa na mente deste cliente. Por hora, a visibilidade está em consonância com a velocidade do trânsito na região, pois a visibilidade de um ponto pode ser duramente afetada se o limite de velocidade permitido na via for elevado. Então, quando o trânsito em determinado região é considerado livre, a probabilidade de visualização da marca é menor, em compensação, o supermercado pode adotar medidas que garantem esta visibilidade, seja no destaque, tamanho dos letreiros ou com indicação em placas de onde o supermercado está localizado. A importância de leis e normas ambientais é fundamental para o supermercado estudado. A inovação e adaptação dos locais são realizados de acordo com a estrutura vigente, realizando suas escolhas com base na ética e na correta implantação da lei. Para isso, as lojas consideraram este fator igual ou maior que o nível importante. O mix de produtos é um dos atrativos que o supermercado estudado possui, ofertando muitos produtos importados, sendo alguns conhecidos e outros nem tanto. Esse diferencial foi identificado como um nível máximo de importância por três dos gerentes das quatro lojas analisadas. Apenas o gerente da segunda loja identificou como importante. A justificativa para que a resposta seja discrepante das demais é esta ser a menor das lojas e o mix de produtos atende muito bem seus clientes, ficando difícil a inserção de mais produtos nas prateleiras. Esta também é a única loja que é divida em duas partes, onde cada uma fica em uma esquina da mesma rua: a primeira loja é responsável por armazenar a maioria dos produtos que o supermercado vende e a segunda é responsável pela venda de produtos de hortifuti e açougue. A possibilidade futura de expansão da loja é outro fator tido como muito importante para a maioria das lojas, expansão esta que inclui tanto a área externa de estacionamento, restaurantes, galpões de armazenamento e ambiente de compras. Ao estabelecer um local de instalação de uma loja, deve-se atentar a este item devido às mudanças que o mercado provoca no varejista e no consumidor. Quando a loja possui lugar para expansão, ela possui uma vantagem sob seus concorrentes e podendo utilizá-la para trazer mais conforto ao cliente. Assim como o fator de expansão, a área física total que a loja possui também foi reconhecida como muito importante por duas lojas. Assim, além de poder aumentar seu mix de produtos o ambiente propicia maior comodidade e conforto durante as compras. Por fim, as condições de aluguel ou compra da loja obteve três tipos de respostas, sendo muito importante para os gerentes de duas lojas, importante para um e sem importância para o outro. Segundo informações disponibilizadas pelo superintendente, três lojas são alugadas e uma está praticamente comprada Esta condição influencia significativamente nos investimentos que a empresa pretende ou deseja fazer visando a melhoria do supermercado. A partir do momento em que a loja encontra-se alugada isso pode causar um impacto negativo nas possíveis mudanças que se pretende fazer, principalmente no nível financeiro. 7. Conclusão O presente trabalho visou abordar os fatores locacionais relevantes para o objeto de estudo, o Supermercado XYZ, em analogia com os fatores descritos pelos principais autores das áreas de marketing, localização e varejo supermercadista; além disso, com a realização das entrevistas, foi possível identificar a importância de cada um dos fatores e descartar VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br àqueles que não são utilizados ultimamente, de acordo com a percepção dos funcionários de uma dos supermercados mais bem posicionados no quesito qualidade na região de Belo Horizonte. Por meio de entrevistas semiestruturadas com o nível gerencial e estratégico do supermercado estudado foi possível medir a importância de cada fator escolhido e comprovar a eficácia de cada um deles para um rede supermercadista de Belo Horizonte. Este estudo é importante para o empreendedor supermercadista, na medida em que possibilitou a visualização da aplicação das análises desenvolvidas para determinar o melhor local para instalação de uma loja, além de contribuir para estudos acadêmicos. Diante disso, foi possível identificar algumas das estratégias utilizadas pelo supermercado estudado para localização de suas lojas. Dentre os fatores tidos como mais importantes, pode-se considerar que a proximidade do público alvo à loja é de total relevância, pois o primeiro nível da zona de influência irá abranger um maior número de clientes. E, após este fator, aquele que também apresentou destaque foi o mix de produtos e os serviços agregados, mostrando um diferencial da empresa e aumentando a chance da escolha de um determinado cliente comprar num supermercado que transmite maior confiabilidade e prazer de compra. Já o fator que apresentou menor importância foi a proximidade da loja a bancos, devido a todas as lojas possuírem uma grande variedade de máquinas de cartão no check-out. Os resultados indicam a importância da realização de pesquisas de marketing para avaliar a localização de estabelecimentos varejistas, além disso, a maior contribuição deste estudo está relacionada à validação da bibliografia utilizada para o varejo, ou seja, sendo comprovado que a maioria dos fatores tidos como essenciais para o bom planejamento da localização no final da década de 90 ainda é válido para o atual mercado. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br REFERÊNCIAS AAKER, D. A; KUMAR, V; DAY, G. S. Pesquisa de marketing. São Paulo: Atlas, 2001. AMIS: Associação Mineira de Supermercados. Disponível em: <http://www.portalamis.org.br> Acesso em 14 jul, 2011. APPLEBAUM, W. Methods for determining store trade areas, marketing penetration and potential sales. Journal of Marketing Research ; v. 3, Maio. p. 127-141. 1966. BARBOZA, Mônica de Barros; LIMA, Carlos Eduardo. A cartilha do ponto comercial: como escolher o lugar certo para o sucesso de seu negócio. São Paulo: Clio. 2004 BERGER, Ronye et al. Geomarketing: Um estudo geográfico das oportunidades para ema empresa em Vitória. Revista Sapientia. Espírito Santo: Cesat, Pio XII, Unices. Vol 6, 2007. CAVION, R.; PHILIPS, J. Os fundamentos do Geomarketing: Cartografia, Geografia e Marketing. Congresso Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário, Florianópolis. p. 1- 9. 2006. CHURCHILL, G. A; PETER, J. P. Marketing: Criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2000. CYRILLO, Denise Cavallini. O papel dos supermercados no varejo de alimentos. 1987. 198 f. Tese (Doutorado) - Instituto de Pesquisas Econômicas, USP, São Paulo. CRAIG, Samuel; GHOSH, Avijit; MCLAFFERTY, Sara. Models of The Retail Location Process a Review. Journal of Retailing, New York, v.60, n.1, p.5-36, 1984. ERBA, Diego A; OLIVEIRA, Fabrício L; JUNIOR, Pedro N L.(org.) Cadastro multifinalitário como instrumento de política fiscal e urbana. , Rio de Janeiro: 2005. Ministério das Cidades. Disponível em: http://www.geodesia.ufba.br/site/artigos/cadastro- multifinalitario-como-instrumento-de-politica-fiscal-e-urbanaAcesso em: 14 jul, 2011. GEOEASY. Geotecnologias e Meio Ambiente. Disponível em: <http://geoeasy.com.br/> Acesso em 15 jul, 2011. GOMES, A. H. et al. Geomarketing: Um estudo geográfico das oportunidades para uma empresa em Vitória. Revista Sapientia. Espírito Santo: Cesat, Unices. 2007, p. 22-51 HOOLEY, G. J.; SAUNDERS, J. A.; PIERCY, N. F. Estratégia de marketing e posicionamento competitivo. 3 ª Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. IBGE. Pesquisa mensal de comércio. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home /estatistica/indicadores/comercio/pmc/pmc_201105caderno.pdf> Acesso em: 15 jul, 2011. KOTLER, P.. Administração de Marketing. 10ª Edição. São Paulo: Prentice Hall, 2000. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 12ª Ed. São Paulo: Prentice Hall, 2007. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing de varejo. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2000 LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Administração de marketing: conceitos, planejamento e aplicações à realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2006 LAUX, R.O. Marketing do século XXI. Revista eletrônica do Cesblu. v.1, n.3, p. x, mai/nov, 2007. LEVY, M.; WEITZ, B.. Administração de varejo. 3 ª Ed. São Paulo: Atlas. 2000. NEVES, J.A.D; COSTA, A.M. Fatores de localização de postos de combustíveis em Fortaleza. Revista Administração contemporânea. Curitiba, 2008. MALHOTRA, Naresh. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3ª ed. - Porto Alegre: Bookman, 2001. MASANO in DIAS, Sérgio Roberto (Coord.) et al. Gestão de Marketing: Professores do departamento de mercadologia da FGV-EAESP e convidados. 1ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2005. MEYER, Terry G. Site Selection vs. Site Evaluation: techniques for locating. Real Estate Issues. 1998. MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da produção e operações. 2 ed. São Paulo: Pioneira, 1996. MOREIRA, Daniel Augusto. Pesquisa em administração: origens, usos e variantes do método fenomenológico. Revista de administração e inovação. São Paulo, v. 1, n.1, p. 5-19, 2004. PARENTE, Juracy G.. Varejo no Brasil. 1ª Ed. São Paulo: Atlas. 2000. PARENTE, Juracy G.; KATO, Heitor T.. Área de influência: um estudo no varejo de supermercados. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, 2001, p. 46-53 ROJO in DIAS, Sérgio Roberto (Coord.) et al. Gestão de Marketing: Professores do departamento de mercadologia da FGV-EAESP e convidados. 1ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2005. SATO, Fábio Ricardo Loureiro. Problemas e métodos decisórios de localização de empresas. Revista RAE Eletrônica. 2002. Disponível em: <http://rae.fgv.br/sites/ rae.fgv.br/files/artigos/10.1590_S1676-56482002000200011.pdf> Acesso em 15 jul, 2011. SCHMIEGELOW, Fernando. Geomarketing: A bola da vez. Disponível em: <http://www.pensandomarketing.dreamhosters.com/home/id48.html> Acesso em: 15 jul, 2011. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br SEMENIK, Richard J; BAMOSSY, Gary J. Princípios de marketing: Uma perspectiva global. São Paulo: Makron Books, 1996. URDAN, Flávio Torres; URDAN, André Torres. Gestão do composto de marketing. São Paulo: Atlas. 2006 WIND, Yoran. Product policy: concept, methods and strategies Reading. Addison- Wesley, 1992. YIN, Robert K. Case study research: design and methods. Tradução e síntese: Prof. Ricardo Lopes Pinto. Adaptação de : Prof. Gilberto de Andrade Martins. Disponível em: < http://www.focca.com.br/cac/textocac/Estudo_Caso.htm> Acesso em: 24 out. 2011 i O termo feeling, neste contexto, pode ser entendido como experiência. ii O termo Chief Executive Officer é traduzido por Diretor Executivo.
Compartilhar