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Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I 19) ESOFAGOTOMIA # CONCEITO: Consiste na a abertura e no fechamento cirúrgico do esôfago. # INDICAÇÕES: Tratamento de patologias que venham interferir com a passagem do bolo alimentar no trajeto esofagiano. # PATOLOGIAS CIRÚRGICAS: a) PATOLOGIAS OBSTRUTIVAS: 1. locais de maior probabilidade: • esôfago faringeano; • entrada do tórax; • base do coração; • região esofageana hiatal. 2. sinais clínicos: • dor na deglutição; • sialorréia; • recusa do alimento; • emagrecimento; • depressão; • ataques recorrentes de faringites e tonsilites; • regurgitação; • desidratação; • pneumonia por aspiração. 3. diagnóstico: • sinais clínicos; • exames radiológicos; • esofagoscopia. 4. irregularidades obstrutivas: • corpos estranhos: maior ocorrência em cães jovens, raramente em felinos. Podem levar a perfurações esofagianas, acarretando em mediastinite, pleurite, piotórax e fístulas cervicais; Prof. Daniel Roulim Stainki 53 Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I • neoplasias do esôfago: são raras, exceto pelas metástases de osteossarcomas e fibrossarcomas; • espirocercose: é uma inflamação granulomatosa parasitária do esôfago distal, que afeta os carnívoros; • estenose esofágica: as causas incluem obstrução por corpos estranhos, ingestão de substâncias cáusticas, esofagites e por intervenções cirúrgicas; • anomalias de anéis vasculares: a oclusão parcial do esôfago por vasos sanguíneos aberrantes na base do coração, é uma causa comum de obstrução esofágica no cão e no gato. Estes vasos sanguíneos aberrantes formam anéis, que são malformações congênitas do sistema de arco aórtico, as quais interferem com o esôfago. Ex: ducto arterioso persistente e o arco aórtico persistente. 4.1. patologias por extravasamento: • encontram-se nesse grupo as perfurações e fístulas esofágicas. 4.2. patologias neuro-musculares: • hérnia de hiato; • intussuscepção gastresofágica; • megaesôfago. # PRÉ-OPERATÓRIO: • corrigir o desequilíbrio hidroeletrolítico; • antibioticoterapia profilática (Amplicilina – 20 mg/Kg); • intubação traqueal; • sondagem esofágica e exame radiológico; • anestesia geral. # TÉCNICA CIRÚRGICA: ESÔFAGO CERVICAL O esôfago cervical é alcançado através da incisão mediana-ventral do pescoço. O tecido subcutâneo é incidido e a fina divisão mediana do músculo esterno-hióideo é identificada e aberta por incisão ou divulsão romba. A veia tireóidea é observada logo abaixo dos músculos seccionados, devendo a mesma deve ser preservada. A traquéia é rebatida para a direita e a bainha da artéria carótida e tronco vagossimpático são visualizados e protegidos por compressas úmidas. O nervo laríngeo-recorrente deve ser identificado na porção médio-ventral do esôfago e protegido. A passagem de uma sonda gástrica ajuda a imobilizar o esôfago, permitindo a aspiração do conteúdo esôfago-gástrico. O comprimento do esôfago é exposto por Prof. Daniel Roulim Stainki 54 Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I dissecação romba. Esta dissecação não deve exceder de 4 a 5 cm proximal ou distalmente à porção afetada, de modo a preservar o suprimento sanguíneo. Tecido necrótico ou perfurações extensas com necroses são indicações para ressecção e anastomose do esôfago. A incisão do esôfago é feita diretamente sobre o corpo estranho, longitudinalmente. Após a retirada do corpo estranho, a mucosa é fechada com fio de nylon ou polipropileno monofilamentoso 3.0 ou 4.0, com pontos Swift. A camada muscular é suturada com pontos simples ou Wolff, com fio vicryl 3.0. O esôfago e a ferida cirúrgica são lavados abundantemente com solução salina morna. As sínteses da musculatura, do subcutâneo e pele são de forma usual. ESÔFAGO TORÁCICO: O espaço intercostal é escolhido com base na localização da lesão ou obstrução. O esôfago torácico cranial, da entrada do tórax até à base do coração é aberto através do 4º espaço intercostal esquerdo. Se a afecção esofagiana está localizada na base do coração, a via de acesso de escolha é pelo 5º espaço intercostal direito ou esquerdo. Os lobos pulmonares são afastados e a veia ázigus (lado direito) precisa ser isolada e retraída para uma exposição adequada do esôfago. O esôfago torácico caudal, entre o coração e a junção gastresofágica é exposto por toracotomia através do 8º ou 9º espaço intercostal esquerdo. Deve-se ter cuidado com os lobos pulmonares caudais e os ramos do nervo vago, que passam sobre a porção lateral do esôfago. A abertura e o fechamento do esôfago torácico seguem o mesmo padrão do esôfago cervical. # PÓS-OPERATÓRIO: • antibioticoterapia; • curativo tópico; • jejum total de 24-48 h; • jejum de sólidos por 5-7 dias; • retirada dos pontos de 8 a 10 dias de P.O. LEITURA OBRIGATÓRIA: SILVA, A.R.C. Cirurgias esofágicas. Cães & Gatos, n. 92, p. 38-42, 2000. LEITURA COMPLEMENTAR: QUESSADA, A. M. Patologia cirúrgica do esôfago em pequenos animais. Uma revisão. Ciência Rural, v.23, n. 2, p. 249-255, 1993. Prof. Daniel Roulim Stainki 55 Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I STAINKI, D.R. , ALVES, G.E.S. , SALLIS, E.S.V. , CADORIN, R.L. , GARCIA, F.S. , BELTRAN, J.E.R. , RAZIA, L. , SILVA, N.R. Emprego de enxerto biológico na reconstrução de ferida experimental no esôfago cervical de ovinos. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v. 53, n. 4, p. 424-430, 2001. WALDRON, D. R. Ressecções e anastomoses do esôfago cervical e torácico. In: BOJRAB, M. J. Cirurgia dos pequenos animais. 2. ed. São Paulo: Roca, 1986. cap. 6, p. 146-153. 20) TRAQUEORRAFIA # DEFINIÇÃO: É a síntese de uma lesão traqueal. # INDICAÇÕES: Em lesões que venham a ocorrer na traquéia (lesões adquiridas): • brigas; • projéteis; • atropelamento; • hiper-insuflação do balonete da sonda traqueal. # SINAIS CLÍNICOS COMUMENTE OBSERVADOS EM CASOS DE LESÕES ADQUIRIDAS: • tosse freqüente; • hemoptise; • enfisema subcutâneo; • pneumomediastino; • pneumotórax; • feridas cervicais. # DIAGNÓSTICO DAS LESÕES: • sinais clínicos; • exame radiológico (imagens radiolúcidas); • Ttraqueoscopia. Prof. Daniel Roulim Stainki 56 Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I # PRÉ-OPERATÓRIO: • localização da lesão; • tricotomia local; • intubação traqueal; • anestesia geral. # TÉCNICA CIRÚRGICA: O paciente é posicionado em decúbito dorsal, com uma almofada sob o pescoço para a sua distensão A incisão deve ser feita na linha média ventral do pescoço, sobre o local da lesão. Os músculos esterno-hióideos são seccionados sobre o centro e rebatidos lateralmente, expondo a traquéia. A lesão traqueal é suturada com pontos isolados simples, laçando as primeiras cartilagens adjacentes à lesão (mononylon 3.0 ou 2.0). A síntese muscular é feita com pontos isolados simples ou Sultan, utilizando categute 3.0 ou 2.0. A síntese de pele é feita com pontos isolados simples, usando mononylon 3.0. # PÓS-OPERATÓRIO: • antibioticoterapia: ampicilina sódia, 20 mg/Kg/IV; • descanso 48-72 h; • retirada dos pontos de pele aos 8-10 dias de pós-operatório. 21) TRAQUEOSTOMIA # DEFINIÇÃO: É o procedimento em que se promove umaabertura temporária ou definitiva na traquéia, para permitir a passagem do ar para os pulmões. # INDICAÇÃO: • obstrução laringeana por corpos estranhos, processos inflamatórios ou tumorais; • edema de glote; • procedimentos cirúrgicos faringeanos; • quando a intubação oral não é possível em casos emergenciais. # PRÉ-OPERATÓRIO: • tricotomia na linha média ventral cervical; • antibioticoterapia profilática; Prof. Daniel Roulim Stainki 57 Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS Curso de Medicina Veterinária Cirurgia Veterinária I • anestesia geral. # TÉCNICA CIRÚRGICA: O paciente é posicionado em decúbito dorsal, com o pescoço estendido. É feita uma incisão de pele de aproximadamente 2 cm, transversal ou longitudinal, no ponto médio entre a laringe e a entrada do tórax, sobre a linha média ventral do pescoço. A gordura subcutânea e os músculos esterno-hióideo esquerdo e direito são separados na linha média ventral por divulsão. O ligamento entre os 2 anéis traqueais adjacentes é seccionado com bisturi e, com a pinça hemostática ou Allis, o anel é pinçado para impedir que deslize para dentro da traquéia quando for seccionado. Uma parte de cartilagem traqueal e de ligamento intercartilaginoso é removida, produzindo uma abertura. arredondada Uma cânula endotraqueal para traqueostomia é introduzida e fixada à pele (pontos isolados simples, fio de nylon 3.0 ou 2.0) e em torno do pescoço (fita de algodão). OBS: se a abertura for muito ampla, o ar pode escapar para o subcutâneo, produzindo enfisema localizado ou generalizado. # PÓS-OPERATÓRIO: • antibioticoterapia; • curativo local; • após a remoção do tubo endotraqueal a incisão é deixada para cicatrizar por segunda intenção. LEITURA COMPLEMENTAR: VAN SLUIJS, F. T. Atlas de cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Manole, 1992. 141 p. HEDLUND, C. S. Surgical diseases of the trachea. The Veterinary Clinics of North America. V. 17, n. 2, p. 301-332, 1987. Prof. Daniel Roulim Stainki 58
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