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Técnicas de Pré Preparo, Preparo e Armazenamento de Açúcar, Açucarados e Doces. 1 Curso: Nutrição • A culinária árabe baseava-se em combinar ingredientes locais. Açúcar e mel destacavam-se na criação de sabores. • O açúcar da cana, curiosidade exótica na Antiguidade, por ser raro e caro, era difundido pelos árabes no mundo mediterrâneo como modificador, no entanto, devido ao pelo preço elevado, era considerado uma especiaria. 2 Açúcar IDADE MÉDIA: ARAÚJO, 2013 • Cozinhas medievais giravam em torno de três sabores: ▫ Forte devido às especiarias. ▫ Doce devido ao açúcar. ▫ Ácido. • Itália e Inglaterra: acidez, menos apreciada que o amargo era equilibrada com adoçantes, manifestando a inclinação para o agridoce com mel, tâmaras, uvas passas. • Século XVIII: pratos doces começam a constar das refeições (merenda, almoço). 3 Açúcar IDADE MÉDIA: ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 • Termo empregado para designar os carboidratos mais simples, incluindo os monossacarídeos (glicose, frutose e galactose) e os dissacarídeos (lactose, maltose e sacarose). • Utilizado para qualquer composto químico do grupo dos carboidratos que forneça sabor (doçura), seja solúvel em água e possa cristalizar. • Por definição são carboidratos que ocorrem, naturalmente, em frutas e vegetais mas, também, podem ser encontrados em produtos de origem animal (lactose). 4 Açúcar, Açucarados e Doces ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 5 Características dos Açúcares Nome Nome popular Unidade que os compõe Exemplos Monossacarídeos Glicose Dextrose, glucose - Sangue, glicose de milho Frutose Açúcar das frutas - Frutas, mel Galactose - - Leite Dissacarídeos Sacarose Açúcar da cana, de mesa Glicose+frutose Cana de açúcar, beterraba Lactose Açúcar do leite Glicose +galactose Leite Maltose Açúcar do malte Glicose+glicose Grãos de cevada ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 6 Açúcar de cana de açúcar Açúcar de beterraba 7 Açúcar, Açucarados e Doces Açúcares propriamente ditos Mel Alimentos elaborados com açúcares e mel ⇒ xaropes, caldas, caramelos, balas e bombons 8 Açúcar, Açucarados e Doces Açúcares + feculentos ⇒ pães, doces, biscoitos, bolachas e bolos 9 Açúcar, Açucarados e Doces Açúcares+ frutas ⇒ geléias, sucos concentrados, doce em pasta, em calda, caramelizados, picolés 10 Açúcar, Açucarados e Doces Açúcares + leite ⇒ sorvetes, picolés, vitaminas, cremes, pudins • Açúcar integral, rapadura, mel de abelha e melado: ▫ Fe ▫ Ca ▫ Vitaminas do complexo B. • Energia: 4 Kcal/g independente da fonte. • Valor nutritivo dos doces: depende dos ingredientes de adição. 11 Composição e Valor Nutricional ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 12 Funcionalidade dos Açúcares Características sensoriais Características físico-químicas Aparência : cor, brilho, opacidade Preparo/processamento : viscosidade, cristalização, solidificação, higroscopicidade, solubilidade Textura : dureza, elasticidade Manuseio: instabilidade a altas temperaturas Sabor : doce Armazenamento: absorção de água Sensação na boca: crocância, suave ARAÚJO, 2013 • Diferentes tipos de açúcares apresentam diversidade no grau de doçura, que depende da sua composição química e da sua estrutura. • O dulçor é uma propriedade característica dos açúcares que varia com a quantidade e com o tipo dos açúcares presentes. • Frutose (mel) > sacarose > glicose (dextrose) > maltose > lactose. 13 Funcionalidade dos Açúcares GRAU DE DOÇURA: ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 14 Poder de Doçura dos Açúcares Açucares e edulcorantes Poder de doçura Sucralose 600 Sacarina 300 Esteveosídeo 300 Ciclamato 300 Acessulfame 200 Aspartame 180 Frutose 170 Sacarose 100 Açúcar invertido 95 Xilitol 90 Manitol 90 Glicose 70 Maltose 45 Lactose 40 Xarope de milho 30 – 50 Sorbitol 60 ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 • Capacidade de absorção de H2O que depende da estrutura e pureza do carboidrato. • Frutose: absorve mais água e produz efeito pegajoso. Não se pode substituir diretamente a sacarose por frutose porque seu poder adoçante é maior e sob aquecimento sofre variações no sabor e poder de doçura. 15 Funcionalidade dos Açúcares HIGROSCOPIA: ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; BOBBIO & BOBBIO, 2002; ORNELLAS, 2001 • Açúcares mais impuros e xaropes absorvem mais água e mais rápido. • Favorável: Característica importante na culinária porque contribui para a manutenção da umidade de alguns produtos de panificação, confeitaria. • Desfavorável: para produtos granulados ou em pó – absorção leva a aglomeração (empedramento) e dificulta a solubilidade posterior. 16 Funcionalidade dos Açúcares HIGROSCOPIA: ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; BOBBIO & BOBBIO, 2002; ORNELLAS, 2001 • Efeitos na textura dos alimentos e por sua ação preventiva. • Quanto maior a temperatura da água maior a concentração de açúcar pode ser dissolvida. • Solubilidade é diretamente proporcional ao aumento da temperatura. 17 Funcionalidade dos Açúcares SOLUBILIDADE E CRISTALIZAÇÃO: ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; BOBBIO & BOBBIO, 2002; ORNELLAS, 2001 18 H2O (temp. Ambiente) + açúcar H2O (temp. 100°C) + açúcar Funcionalidade dos Açúcares: Solubilidade e Cristalização ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; BOBBIO & BOBBIO, 2002; ORNELLAS, 2001 • Frutose é mais solúvel dos açúcares. • Aquecida a solubilidade aumenta. • Podem formar soluções saturadas ou supersaturadas e atingir consistência sólida, aspecto vítreo. Ao resfriar ocorre a cristalização. 19 Funcionalidade dos Açúcares: Solubilidade e Cristalização ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; BOBBIO & BOBBIO, 2002; ORNELLAS, 2001 • Determina o tipo de açúcar para elaboração de produtos. ▫ Menor solubilidade deve ser evitada no preparo de geléias, confeitos, frutas cristalizadas. ▫ Tamanho dos cristais exerce influência na textura: ▫ Intensidade da agitação ▫ Presença de ingredientes facilitam ou dificultam a cristalização Nozes, coco ralado: aceleram Ácidos, gorduras, proteínas, xarope de milho, mel, cremor de tártaro, açúcar invertido: dificultam • A velocidade de cristalização interfere na qualidade final: ▫ Quanto menor a velocidade mais macia a textura. 20 Funcionalidade dos Açúcares: Solubilidade e Cristalização ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; BOBBIO & BOBBIO, 2002; ORNELLAS, 2001 21 Funcionalidade dos Açúcares: Solubilidade e Cristalização Composto Solubilidade (g/100g de H2O QUENTE) Frutose 375 Sacarose 204 Solução de glicose 107 Lactose 20 + Solúvel - Solúvel ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; BOBBIO & BOBBIO, 2002; ORNELLAS, 2001 22 Sacarose: Caramelização – 180°C (cor parda). Confere sabor e aroma, ajuda na retenção de umidade em produtos assados. Sacarose: Calda clara – ≅160°C Ponto de fusão: Temperatura necessária para derreter o açúcar e torná-lo líquido e claro Funcionalidade dos Açúcares: Ponto de Fusão 23 Funcionalidade dos Açúcares: Ponto de Fusão Ponto Características Ponto de fio Pressionando sobre os dedos forma um pequeno fio firme mas não se desfaz. Doce em pasta, creme, geléias. Ponto de frio brando Semelhante ao anterior mas o fio e mais delicado e desfaz facilmente. Compotas, frutas em calda. Ponto de bala mole Ficamacia e pode ser moldada facilmente. Merengue, balas moles, caldas densas. Ponto de bala dura Ao pingar em água fria forma bala dura e quebradiça. Balas duras. Ponto de pasta Ao mergulhar colher na calda formam vários filamentos ao ser retirada. Frutas cristalizadas, caramelização de doces. Ponto de caramelo Calda apresenta cor castanha-clara e praticamente não tem líquidos. Forte e amargo. Em solução usado para manjares. 24 Funcionalidade dos Açúcares: Ponto de Fusão Caldo de cana Caldo claro MELADO Xarope que quando concentrado, cristaliza, originando a rapadura AÇÚCAR MASCAVO Granulometria grosseira, cor amarelada a marrom que empedra com facilidade. Possui, no mínimo, 90% de sacatose AÇÚCAR DEMERARA Maior granulometria. Cor escura e cristais levemente úmidos. Possui 96% de sacarose Peneirado e aquecido Evaporação Secagem e limpeza AÇÚCAR CRISTAL Cristais grandes e de aspecto transparente. Não são dissolvidos facilmente. Dissolução mais difícil devido aos grânulos maiores. Possui, no mínimo, 98,3% de sacarose Sulfitação AÇÚCAR REFINADO Dissolução do açúcar da etapa anterior e remoção de matérias insolúveis e corantes naturais. Possui 98,5% de sacarose Purificação e secagem MELAÇO (RESÍDUO) MELAÇO (RESÍDUO) MELAÇO (RESÍDUO) Classificação 26 Granulado: Cristal: granulação grossa (mínimo: 99,3% sacarose) Refinado: granulação fina (98,5% sacarose) Melaço: Líquido que se obtêm como resíduo de fabricação do açúcar cristalizado, do melado ou da refinação do açúcar bruto. Classificação ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 27 Rapadura: Produto sólido obtido pela concentração a quente do caldo de cana (Saccharum officinarum L.). Melado: Extraído do concentrado do suco da cana. Quando submetido à cristalização forma a rapadura. Não tão doce quanto a sacarose e mais ácido. Classificação ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 ▫ Produzido por meio de cocção excessiva do melado extraído do cozimento e cristalização do caldo de cana. ▫ Granulometria mais grosseira. ▫ Cor amarelada a marrom. ▫ Empedra com facilidade devido a presença de outros constituintes e umidade. ▫ Mínimo: 90,0% sacarose 28 Açúcar Mascavo: Classificação ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 • Retirado diretamente do melado de cana (forma + artesanal) resultado da limpeza e secagem do mascavo. • Valores nutricionais similares. • Cor escura e cristais levemente úmidos. • Maior granulometria. • Processo de secagem: perde H2O e concentra mais o doce. • Usado na Europa. • 96,0% sacarose. 29 Açúcar Demerara: Classificação ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 • Obtido a partir do demerara após processo de sulfitação do caldo. • Cristais grandes e de aspecto transparente (por não passar pelo processo completo). • Não são facilmente dissolvidos. • Resistente a alterações de cor sob altas temperaturas. • Dissolução mais difícil devido aos grânulos maiores. • Mínimo: 98,3% sacarose 30 Açúcar Cristal: • Obtido quase que exclusivamente do açúcar cristal. • Processo de refino ⇒ dissolução do açúcar cristal e remoção de matérias insolúveis e corantes naturais. • 98,5% sacarose. Açúcar Refinado: Classificação ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 31 • Através da moagem e adição de 3% de amido, o açúcar refinado torna-se o açúcar de confeiteiro. • Tendência a absorver umidade e empedrar, acrescido de amido . • Coloração bem branca e sua textura fina e macia. • Utilizado no ramo de confeitaria. • 99,0% sacarose. Açúcar de Confeiteiro: Classificação ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 32 • Textura mais fina que o açúcar de confeiteiro por ser feito da moagem mais adição de amido de milho (lembra mais farinha: 500g de açúcar de confeiteiro + 3C de amido de milho). • Utilizado como ingrediente da pasta americana. Açúcar Pulverizado: Classificação ARAÚJO, 2013; PHILIPPI, 2006; ORNELLAS, 2001 33 Açúcar Invertido ou L-sacarose: Ebulição contínua. Ação de ácidos fortes indústria Ação de ácidos fracos suco de limão, vinagre. Enzima invertase. Combinação desses 3 processos. Hidrólise sacarose Frutose (50%) Glicose (50%) Mudança na isomeria das moléculas: um raio de luz polarizada que incide sobre a sacarose gira para a direita. Após o processamento, a luz desvia para a esquerda Dextrógiro (D) Levógiro (L) Classificação 34 Classificação • É mais solúvel e tem maior poder de doçura. • Geléias e coberturas: Acentua o sabor dos ingredientes; conservação; realça o brilho; equilibra acidez e sabores amargos. • Tortas e sorvetes: Auxilia no congelamento; retarda descongelamento; melhora a textura congeladas. • • Pães, bolos e biscoitos: Auxilia na fermentação; confere umidade evitando ressecamento; prolonga a vida de prateleira e proporciona coloração dourada (reação de Maillard). AÇÚCAR INVERTIDO: 35 Classificação • É um tipo de açúcar invertido (obtido pela hidrólise do açúcar). Sua composição é variável dependendo do grau de hidrólise e da fonte do amido (batata, milho, etc.). • Forma mais comum (dextroglicose – glicose de milho) obtida através da hidrólise ácida do milho. • Confere sabor e dificulta a cristalização - utilizada em confeitos, bolos, bebidas, biscoitos, medicamentos, compota, geléia. • Melhor sabor, qualidade e baixo custo. GLICOSE OU GLUCOSE: 36 Classificação • Mistura de açúcares (sacarose, glicose e frutose) formados do néctar das flores por uma enzima presente no corpo das abelhas (invertase). • Composição química e sabor variam com a fonte de néctar (cravo, laranja, silvestre, eucalipto). MEL: Embora a palavra adoçante seja popularmente utilizada para designar qualquer substância dotada de sabor doce. ADOÇANTE DE MESA: todos os produtos especificamente formulados para conferir sabor doce aos alimentos e bebidas. Na sua formulação pode haver adição de qualquer tipo de açúcar, bem como edulcorantes. ADOÇANTE DIETÉTICO: refere-se a formulações para dietas com restrição de sacarose, frutose e/ou glicose, para atender às necessidades de pessoas sujeitas à restrição da ingestão desses carboidratos. As matérias-primas sacarose, frutose e glicose não podem ser utilizadas na formulação desses produtos alimentícios. Adoçantes e/ou Edulcorantes PORTARIA SVS/MS n 29, DE 13.01.98 PORTARIA SVS/MS n 38, DE 13.01.98 Naturais: aqueles que são encontrados naturalmente em alimentos e que deles são extraídos. Classificação quanto à sua procedência: Ex: glicose, frutose, lactose, sacarose, esteviosídeo, mel, polióis (sorbitol, manitol, xilitol, etc.) Glicose Frutose Galactose Sacarose Mel Esteviosídeo Adoçantes e/ou Edulcorantes PORTARIA SVS/MS n 38, DE 13.01.98 Classificação quanto à sua procedência: Artificiais: são aqueles obtidos por reação química. Ex: sacarina, ciclamato, aspartame, acesulfame-k, sucralose. Sacarina e ciclamato Aspartame Acesulfame-k Sucralose Adoçantes e/ou Edulcorante PORTARIA SVS/MS n 38, DE 13.01.98 Calóricos: são aqueles que, além de conferir doçura, são dotados de calorias. Podem ser denominados de adoçantes nutritivos, já que além das calorias, também, contêm nutrientes. Classificação quanto ao teor calórico Ex: sacarose, mel, frutose, maltose, glicose, polióis. Glicose Frutose Galactose Sacarose Mel Adoçantese/ou Edulcorantes PORTARIA SVS/MS n 38, DE 13.01.98 Não calóricos: também denominados de não nutritivos, são somente os edulcorantes, que são apenas capazes de conferir doçura, e por não serem metabolizados no organismo, não oferecem calorias. Classificação quanto ao teor calórico Ex: sacarina, ciclamato, acesulfame-k, sucralose, esteviosídeo, aspartame (Embora ele tenha o mesmo teor calórico da sacarose (4Kcal/g), seu poder de doçura é tão elevado que o seu teor calórico se torna desprezível, sendo incomparável com os demais adoçantes calóricos). Sacarina e ciclamato Aspartame Acesulfame-k Sucralose Esteviosídeo Adoçantes e/ou Edulcorantes PORTARIA SVS/MS n 38, DE 13.01.98 42 Aplicações em Cozinhas Institucionais • Sobremesas (compotas, caramelizações, pudins, flans, gelatinas, curau, sagu, arroz doce, canjica); • Substrato para o fermento do pão; • Evita ocos em bolos e pães: retarda a ação do fermento; • Cor e crosta em assados; • Coberturas e recheios com geléias, caldas de frutas, cremes; • Bolos confeitados; • Tortas; • Doces sofisticados. 43 Cuidados no Armazenamento • Local seco e fresco (meio de cultura para microorganismos).
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