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RESUMO AV1 CIVIL IV

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Direitos Reais
A origem de um direito real normalmente é contratual e através da celebração de um contrato se chega comunmente à obtenção de um direito real, sendo mais comum a propriedade.
A aquisição da propriedade imobiliária se dá como regra através do registro e da propriedade móvel com a tradição. Em ambos os casos e uma vez constituída a propriedade, pouco importa a origem de sua constituição, na medida em que o proprietário passa a estabelecer um vínculo com a coisa e delibera sem a concorrência de terceiros a melhor maneira de fazer o uso do bem.
O sujeito passivo de todo e qualquer direito real é sempre a coletividade que assume a obrigação de não praticar qualquer conduta que viole um direito real alheio.
Diferenças entre o Direito Pessoal e o Direito Real:
	
Sujeito
Passivo
	
Direito Pessoal
	
Direito Real
	
	
Determinado
	
Sempre indeterminado
	
Objeto
	Entrega da prestação com
eficácia inter partes
	Própria coisa (depende da espécie de direito real), podendo ser objeto de usucapião com eficácia erga omnes
	
Obrigação
	
Dar, fazer e não fazer
	
Sempre de não fazer
 
Obrigação Propter Rem
Também chamada de obrigações híbridas ou mistas, são aquelas em que o indivíduo tem o dever de adimplir por ser titular de um direito real pré-existente, pouco importando se o mesmo é ou era dono tendo o dever de custeá-las.
Ex: cotas condominiais, reparação de dano ambiental em propriedade própria.
Exceção: obrigações originárias de consumo como contas de água, luz não são obrigações Propter Rem, pois são contraídas de forma voluntária pela efetiva prestação de um serviço privado, mas de interesse público.
Princípios que limitam o exercício e a titularidade dos direitos reais 
Interesse público
A titularidade de um direito real pode sucumbir ou até mesmo ser restringida aos interesses da coletividade.
Reflexos:
Desapropriação - a pessoa perde o seu imóvel em prol de um interesse público devidamente justificado, mediante prévia e justa indenização.
Tombamento - restrição ao direito de propriedade em homenagem ao patrimônio artístico, histórico, urbanístico e cultural da humanidade. Ex: Colégio Anchieta e Fórum de Cantagalo.
Normas de construção - ex: leis municipais. Mesmo sendo proprietário de um imóvel, não tenho autonomia para construí-lo na altura e proporção que eu bem entender, em razão da proibição de uma lei municipal. 
Função social 
A titularidade de um direito real deve ter por um objetivo uma adequada finalidade e proteção mesmo que não seja o titular de um direito real.
Reflexos:
Redução dos prazos de usucapião - art. 1238: hoje em dia o prazo máximo de usucapião é de 15 anos. No código de XVI, o prazo máximo era de 10 anos. 
Acessão invertida ou inversa – Art. 1255, p. único: segundo Código Civil, a regra geral é de que o acessório segue a sorte do principal, isto é, tudo aquilo que construí ou plantei, presume-se ser do dono do terreno. Entretanto, segundo o art. 1255, p. único afasta essa regra geral. Portanto, se construí ou plantei e essa construção ou plantação acabou excedendo consideravelmente o valor do solo, eu que construí tenho o direito potestativo de exigir a entrega do terreno mesmo que o proprietário não queira me dar. Aquele que constrói ou planta de boa-fé tem direito a acessão invertida, desde que pague o valor do solo.
Desapropriação privada - art. 1258: se eu de boa-fé invadir até um vigésimo do terreno do vizinho, passo a ser dono do bem. Caso passe de um vigésimo, a indenização passará a ser referente à perda e a desvalorização da área.
Características dos direitos reais:
Oponibilidade erga omnes
Toda coletividade tem o direito de respeitar a titularidade do direito real alheio que ocorre a partir do registro junto ao RI em se tratando de bem imóvel e do registro junto ao cartório de títulos e documentos em se tratando de bem móvel.
 Taxatividade
Só existem os direitos reais expressamente previstos em lei. Não se é possível criar direitos reais. A grande maioria está consagrada no art. 1225 do CC, entretanto, não são todos.
Aderência
Uma vez estabelecido o direito real abstratamente considerado sobre a coisa, cria-se um vínculo inafastável entre o direito e um bem, de maneira que não há como o próprio titular e a coletividade observarem uma coisa sem a outra.
Ambulatoriedade
A ambulatoriedade é a capacidade de se deslocar atribuível ao direito real, de maneira que o titular não precisa ter o contato com a coisa a todo o momento, admitindo-se assim o afastamento físico sem a perda do direito real, bem como a ideia de que a transferência de titularidade dos direitos reais não provoca qualquer alteração ao vínculo do direito com a coisa. 
Ex: o credor hipotecário não perde o seu direito real por estar afastado da coisa, na medida em que é o devedor hipotecário quem terá esse contrato.
Sequela
A sequela é proveniente da aderência. Trata–se de prerrogativa do titular do direito dessa natureza de buscar a coisa onde quer e com quem quer que injustamente a possua, fazendo o uso habitualmente das medidas judiciais com esse objetivo. 
Ex: na hipoteca, se o devedor hipotecário não paga, o credor fazendo valer o seu direito real poderá exigir a venda do bem para o pagamento da dívida fazendo uso do seu direito de sequela.
Exclusividade
Por essa característica não é possível que duas ou mais pessoas postule direito real idêntico e ao mesmo tempo recaindo sob o mesmo bem. Neste contexto, é possível que este indivíduo postule autonomamente o mesmo direito real sobre a coisa. Por outro lado, é admissível que duas ou mais pessoas exerça direito real idêntico desde que um não pretenda reivindicar o do outro.
No condomínio onde duas ou mais pessoas são coproprietárias é perfeitamente possível verificar essa situação. Em contrapartida, a coisa móvel ou imóvel pode suportar direitos reais distintos recaindo sobre ele ao mesmo tempo como se vê, por exemplo, na hipoteca onde o imóvel suporta a propriedade e o credor hipotecário tem o direito real de fazer uso daquele bem na hipótese de inadimplemento.
Preferência 
O credor com garantia real (hipotecário, pignoratício) terá prioridade em receber seu crédito diante dos credores quirografários, sem garantia, na hipótese de falência, insolvência.
Obs: tal preferência não é absoluta – art. 83 da Lei 11.101/05 (Lei de Falência) e Súmula 478 do STJ, mas sim relativa pelo fato de não se faz valer a todo e qualquer crédito, tratando-se, portanto, de uma preferência erga alíquos (preferência em relação a alguns créditos).
Qual a razão da preferência do crédito condominial sob o credor quirografário?
Segundo a Súmula 478 do STJ, a prioridade é o pagamento da dívida do condomínio. O não custeio de dívidas dessa natureza acaba onerando os demais condomínios que são obrigados a custear as despesas do inadimplente, já que as dívidas do condomínio não cessam com o não pagamento pontual. No caso de o imóvel não ser conservado em razão de o condomínio não possuir patrimônio para suprir tais despesas, no momento em que o imóvel precisar ser alienado, o mesmo será um imóvel desvalorizado e fará com que o número menor de credores seja satisfeito com essa situação. Ademais, estamos diante de uma Obrigação Propter Rem, em que não seria justo o novo adquirente suportar uma dívida que não lhe pertence. 
Perpetuidade
Os direitos reais são criados para ter um tempo indefinido, indeterminado de existência. Não se trata de uma característica absoluta dos direitos reais e sim relativa, pois há direitos reais que são criados com prazos específicos de existência, como, por exemplo, a hipoteca, que no momento em que estabeleço a mesma já sabemos diante mão que tem prazo determinado para acabar que ocorre com o pagamento do financiamento e o usufruto.
Mesmo os direitos reais temporários não são efêmeros de existência, tendo um prazo razoável de duração.
Elasticidade
Tal característica é proveniente do art. 1228, caput, do CC.
Faculdades inerentes à propriedade:* Usar - emprestar, gastar, manusear e etc.
* Fruir (jus fruendi) - perceber os frutos, alugando, arrendando, fazendo parceria agrícola.
* Dispor (jus utendi) - envolve as possibilidades de alienar, transferir a propriedade a título oneroso ou gratuito a produzir e gravar (dar em garantia) empenhar, hipotecar e etc.
Esses três poderes são chamados de aspectos internos da propriedade, uma vez que o titular só precisa da própria coisa para fazer uso desses poderes ou faculdades.
* Reivindicar - é um aspecto externo da propriedade. A faculdade de reivindicar é o direito de sequela do proprietário. 
Tipos de proprietário
Pleno: quando o proprietário tem consigo os quatro poderes/faculdades inerentes à propriedade.
Limitado ou restrito: quando o mesmo não possui a totalidade dos quatro poderes inerentes à propriedade. O uso só se torna possível devido à característica da elasticidade, na medida em que devido à mesma, é possível que as faculdades não estejam concentradas nas mãos do proprietário.
Ex¹: quando constituo uma servidão em favor da Cintia. Eu que era a proprietária plena assumo a qualidade de proprietária limitada, pois continuo podendo dispor, reivindicar, fruir, mas em relação ao meu poder de usar, acabo sofrendo uma restrição pelo fato de poder usar de tudo, menos aquele determinado trecho.
Ex²: hipoteca em que ofereço o imóvel como garantia. Posso usar, fruir, reivindicar, mas estou limitando o meu poder de dispor, posso até mesmo alienar desde que haja à anuência do mesmo.
Ex³: servidão o indivíduo continua dono, porém a sua propriedade é limitada, na medida em que sofre uma restrição no poder de usar.
Posse
Diferentemente da propriedade que reconhece a titularidade das faculdades inerentes à mesma, a posse é um fenômeno relacionado ao exercício desses poderes ou faculdades por estar apoiado na titularidade de um direito real, podendo um indivíduo exercer esse poder sem estar em uma relação jurídica pré-constituída.
Ex: um indivíduo que venda determinado imóvel e logo em sequência construa no mesmo e alugue uma de suas construções e pretenda vender as outras. Nesse caso, este indivíduo não é titular de relação jurídica alguma, porém exerce as faculdades inerentes a propriedade com benesses do art. 1.196 do CC.
Natureza jurídica
Alguns doutrinadores entendem que a natureza jurídica da posse se trata de fato, na medida em que estamos diante de um fenômeno de nossa vida cotidiana, sendo possível observá-lo a todo momento. Já outros entendem que se trata de verdadeiro direito, pelo fato de que tanto o CC, quanto o CPC preveem essa questão. O melhor entendimento é o de que a posse é como um fato, mas possui verdadeiro direito dependendo da analisa do caso concreto.
Teorias 
Subjetiva – art. 1238: idealizada pelo professor Savigny, para que determinada pessoa seja qualificada como possuidora da coisa, a mesma deve ter a junção do corpus e o animus, em que ambos os requisitos devem estar cumulativamente presentes para que a pessoa seja considerada uma possuidora.
Corpus - significa a coisa, o bem móvel ou imóvel e mais um conjunto de atos materiais que revela o poder físico sobre ela.
Animus domini - significa a intenção de adquirir a propriedade.
Ex: o locatário poderia ser considerado um possuidor se a coisa paralisar no corpus, entretanto, é necessário o animus domini. Podemos concluir que o locatário não teria a posse pelo fato de pagar o aluguel reconhece que está na qualidade de inquilino.
Objetiva – art. 1.196: o Direito brasileiro adotou como regra a Teoria Objetiva da posse idealizada por Ihering, deixando de lado os requisitos do corpus e do animus. Para essa teoria, o indivíduo será considerado possuidor toda vez que ostentar a chamada visibilidade ou exterioridade do domínio. A coletividade observando a conduta daquele indivíduo pode afirmar que o mesmo procede em relação à coisa como se dono dela fosse sendo irrelevante indagar se o indivíduo tem ou não o desejo de adquirir a propriedade do bem permitindo inserir em seu contexto a posição do comodatário, do locatário e de todos os demais titulares de direito real ou pessoal como regra. Por essa teoria é considerado detentor a pessoa em que a lei aponta essa situação.
Sociológica: não tem o objetivo de prevalecer diante das demais. Fomenta e estimula a proteção da posse diante da propriedade e dos demais direitos reais, ora extinguindo propriedade, ora relativizando os demais direitos reais diante do fenômeno da posse. 
Ex: redução dos prazos de usucapião, a acessão invertida e a desapropriação judicial.
Detenção
O detentor ostenta uma situação jurídica inferior à posição do possuidor. Pelo fato de não ter posse, não pode defendê-la já que não a possui.
Segundo a doutrina, a detenção trata-se de uma posse degrada da lei, isto é, a lei dilui a condição do indivíduo de possuidor a detentor. A situação mais recorrente de detenção é a hipótese de detenção tratada no art. 1.198 do CC. 
Modalidades:
Interessada - o indivíduo que tem a coisa consigo tem interesse econômico na mesma.
Desinteressada - indivíduo que tem a coisa consigo não tem interesse econômico na mesma.
Ex¹: o caseiro referente ao art. 1.198 em que o mesmo age sobre as ordens e instruções do proprietário. 
Ex²: contratar uma equipe para fazer uma reforma morando em minha casa de praia durante um período de três meses. Ele não será considerado um possuidor e sim detentor.
A hipótese do art. 1198 é hipótese de detenção desinteressada. Pela doutrina, tal hipótese é conhecida como fâmulo ou servo da posse, que é aquele indivíduo que se enquadre a situação do referido artigo. O fâmulo da posse é detentor desinteressado e por esta razão, por não ter posse, jamais poderá fazer uso das ações possessórias, somente fazer uso da autodefesa da posse que consiste na possibilidade de fazer uso da força física para reagir à agressão da posse alheia de um bem que não é possuidor, segundo o Enunciado 493 da JDC. A norma exige dois requisitos para que o indivíduo possa fazer uso desse instituto que seja realizado com proporcionalidade, bem como logo após a agressão à posse ser formalizada.
Ex: o contrato de depósito em que deixo um bem móvel a cuidado de outrem a título gratuito, o depositário que tem a guarda do bem não tem a guarda de usar, somente de tomar conta. 
A doutrina discutia sobre o depositário ter ou não a posse, lembrando que no contrato dessa natureza, o depositário só tem a possibilidade de guardar o bem de maneira que não poderá utilizá-lo. A princípio, entendia-se que o depositário não seria possuidor sobre o argumento de que como não pode fazer o uso da coisa, não pode revelar a coletividade à chamada visibilidade do domínio, de maneira que não tem a coletividade a possibilidade de tomar conhecimento daquela ocupação. Atualmente, prevalece a ideia de que tem posse, na medida em que o poder de administração do bem é exclusivamente dele e como esse poder de administração revela parte do poder de usar é possível compreender que o indivíduo na qualidade de depositário também terá a posse podendo propor as ações possessórias em favor do depositante.
Classificação da posse
1. Posse plena – art. 1.197: diz-se possuidor pleno aquele indivíduo que exerce os quatro poderes inerentes à propriedade, isto é, aquele indivíduo que transfere o contato físico com a coisa para terceiro, reservando-se o direito de no futuro recuperá-lo. 
 Direta 
O possuidor direto é aquele que tem coisa consigo em caráter imediato, portanto, tanto um quanto o outro poderão defender a posse da integralidade da coisa diante de terceiro.
Ex: se o imóvel alugado é invadido, tanto o locador, quanto o locatário poderão ajuizar ação possessória para recuperar o bem, da mesma forma ambos os envolvidos poderão propor ação possessória um contra o outro.
 Indireta 
O possuidor que entrega a coisa a outrem, em virtude de uma relação jurídica existente não há o contato físico do possuidor com a coisa.
Ex: contrato de locação, depósito, comodato.
2. Jus Possidendi e Jus PossessionisJus possidendi é a posse que vem amparada em uma relação jurídica prévia, isto é, há um direito real ou pessoal que autoriza o indivíduo a possuir. Ex: a posse do locatário e do usufrutuário.
Já a jus possessionis está presente quando estamos diante da posse pela posse, em que o indivíduo tem a posse da coisa por sua própria força, agindo sem estar amparado em qualquer relação jurídica prévia. Ex: o invasor.
3. Composse 
Duas ou mais pessoas são proprietárias de um determinado bem, exercem em concomitância a composse de determinado bem.
 Pro indiviso – art. 1.199 do CC
É aquela em que não há divisão jurídica e nem fática da coisa, isto é, todos ocupam o todo indistintamente e em conjunto. Caso as partes não entrem em um consenso, o possuidor que habitar a coisa sozinho ou tiver a coisa consigo sozinho poderá ser compelido a pagamento de verba (aluguel) por conta de sua ocupação.
Consequência: qualquer um dos copossuidores pode sozinho defender a posse do todo.
Ex¹: 4 herdeiros são co proprietários de um apartamento e exercem a composse do mesmo em razão da propriedade. Todos exercem a posse do bem em sua integralidade.
Ex ²: sítio em que 3 pessoas em conjunto invadiram.
Exceção ao art. 73, § 2º do CPC: em se tratando de composse de conjugue ou ato praticado por conjugue, ambos precisarão integrar polo ativo da ação, devendo haver o consentimento.
 Pro diviso
A coisa não está juridicamente dividida, porém há uma divisão fática daquele bem, de maneira que cada um ocupa parte da coisa com exclusividade.
Consequência: como não há a ocupação do todo por todos, cada um só poderá defender a sua quota parte. 
Ex: inventário, em que o pai deixa um terreno deixando cada filho construir em determinada parte. 
4. Posse Ad Usucapionem = animus domini
Aquela em que há intenção de adquirir a propriedade.
5. Posse originária e Posse derivada
Posse originária é aquela em que é adquirida sem que tenha havido o fenômeno da transmissão. Como nela não há que se falar em transmissão, o possuidor não recebe a posse com os mesmos vícios e características que essa posse tinha em relação ao antecessor.
Ex: indivíduo que invade determinado terreno e passa a ocupá-lo.
Já na posse derivada, há o fenômeno da transmissão, ou seja, o atual possuidor recebe a posse do seu antecessor. Portanto, tal posse é assumida com os mesmos vícios e características que existiam em relação que tinha em relação ao antecessor.
A posse derivada poderá ser:
 Por ato inter vivos 
Ex¹: indivíduo que vende o seu imóvel. O comprador passa a ter uma posse derivada, proveniente do indivíduo. 
Ex²: Contrato de cessão de posse, onde se transfere somente a posse, o cessionário assume a posse com as mesmas características que possuía o seu antecessor.
 Por mortis causa 
É aquela obtida em razão do óbito.
Ex: testamento - art. 1.206 do CC. Legatário = é aquele que recebe bem específico e determinado por força de testamento.
5. Posse justa e injusta – art. 1.200 do CC
Posse justa: quando não há a presença dos vícios objetivos da posse (violência, clandestinidade e precariedade).
Posse injusta: quando vem acompanhada de um dos vícios objetivos da posse.
Na violência (posse vi), o indivíduo emprega a força física ou coação moral para obter o contato imediato com o bem.
Enquanto aquele que faz uso da força física para obter a posse ainda estiver diante da resistência do possuidor legítimo que faz uso da autotutela ou utiliza alguma medida possessória cabível estamos diante de uma situação de detenção desinteressada que só passará a ter a posse quando o legítimo possuidor parar de oferecer resistência. A partir dali, passará a ser considerado possuidor injusto da coisa até que fato injusto e eventual legitime aquela posse tal como a usucapião ou a celebração de um contrato com o legítimo possuidor.
A posse injusta ostenta essa qualidade apenas em relação ao possuidor legítimo, de maneira que diante da coletividade aquele indivíduo será tratado como possuidor justo.
Na clandestinidade (posse clan), o indivíduo obtém o contato físico imediato com a coisa às escondidas, sorrateiramente, de maneira que manterá a situação de detentor até que fato superveniente e eventual legitime a minha posse devendo ser lembrado que enquanto mantiver a coisa sobre seu poder se conferir publicidade será tido como mero detentor interessado.
A posse justa ou injusta não significa posse boa ou de má-fé, até mesmo porque os vícios objetivos devem ser representados restritivamente. Assim, se uma pessoa ocupa o imóvel sem conferir a ele publicidade é mero detentor interessado até conceder esta publicidade, momento em que passa a ser possuidor injusto. Em ambos os vícios é o seu cometimento que permite àquele que faz uso dele ter o contato direto, imediato com a coisa.
Na precariedade, o contato com a coisa se dá de forma previa ao cometimento do vício. O indivíduo tinha o contato com o bem em razão de um fato legítimo e ao ser solicitada a devolução por parte do legítimo possuidor este se nega a fazê-lo, como aconteceria, por exemplo, na hipótese de o indivíduo que demite seu caseiro e mesmo após pagar todas as verbas trabalhistas não conta com o bem desocupado. 
Como o art. 1208 não faz qualquer menção à precariedade, alguns doutrinadores entendem que a mesma não convalesce, ou seja, aquele que comete esse vício jamais poderá se tornar possuidor, o referido entendimento vai de encontro com a teoria sociológica da posse, na medida em que não é justo tratar determinada pessoa indefinidamente como detentor, encontrando a jurisprudência grande dificuldade em estipular o momento em que o indivíduo passa a se qualificar como possuidor.
Prevalece o entendimento de que o indivíduo passa a possuidor quando nega a devolução da coisa com o conhecimento do legítimo possuidor ou quando revela través de comportamentos objetivos como construir, reformar, plantar que modificou o seu comportamento em relação ao bem, o que normalmente vem associado a uma intenção de adquirir a propriedade que se constata através de tais condutas.
Inteversão, intervensão ou conversão no título da posse
Tal fenômeno ocorre toda vez que o indivíduo alterar as qualidades, especificações da sua posse ou ainda, deixar a detenção e passar a ser possuidor.
Segundo a doutrina, a mesma poderá se dar através de:
1. Fato de natureza jurídica
Quando a inversão ocorrer de forma bilateral (consensual), em que as partes através da celebração de um contrato ou de um direito real chegaram a um consenso para modificar a posse.
Ex: invasor chega a um consenso com legítimo proprietário e ambos celebram um contrato de arrendamento (parceria agrícola). O invasor que antes tinha uma posse injusta passa a ter uma posse justa em razão da celebração do contrato.
2. Fato da natureza material 
A inversão ocorreu de maneira unilateral, sem a concordância da outra parte. É fundamental que tal alteração esteja acompanhada de atos objetivos que revele essa mudança de comportamento. Sem isso, não há que se falar em interversão da posse.
Ex: precariedade, em razão de o individuo inverter unilateralmente a sua posse. 
Instituto do constituto possessório ou cláusula constituti
Através desse fenômeno, o indivíduo ao alienar sua propriedade a título oneroso ou gratuito transfere, através de cláusula expressa, a posse em favor do adquirente e este imediatamente lhe devolve sendo mais coerente inserir prazo de posse direta por parte do alienante. 
O objetivo dessa cláusula que não se presume é o de permitir em favor do adquirente o uso das ações possessórias, caso o alienante não devolva a coisa após o prazo ajustado. Trata-se de inversão por um fato de natureza jurídica, considerando que o alienante era possuidor pleno e agora passou a ser possuidor direto, o que só foi possível acontecer pela presença da cláusula. O alienante tinha posse de coisa própria e agora passou a ter posse de coisa alheia. Caso o documento de alienação não preveja expressamente a presença dessa cláusula, o adquirente será proprietário,porém não poderá fazer uso das ações possessórias contra o alienante.
Ex: situação da alienação de um bem para a eventualidade do alienante não desocupar a coisa, permitindo ao adquirente a propositura das ações possessórias.
Constituto possessório x Traditio Brevi Manu 
O fenômeno da traditio brevi manu é o oposto ao constituto possessório. Através desse fenômeno, determinado indivíduo é detentor ou possuidor da coisa e adquire a sua propriedade e neste momento também obtém a posse plena. Trata-se de exemplo típico de inversão do título da posse, considerando que o indivíduo era mero possuidor direto ou detentor e agora passou a ostentar a qualidade de possuidor pleno alterando assim as qualidades da sua posse.
Ex: o caseiro que recebe em doação a casa que ocupava, bem como o inquilino que compra com seu imóvel.
7. Posse ad interdicta
Toda e qualquer posse que admite ser defendida através do uso das ações possessórias. Mesmo o possuidor injusto pode defender a sua posse diante da coletividade, pois perante ela ele é um possuidor justo e não diante daquele contra quem cometeu o vício.
8. Posse natural e civil (jurídica) 
A posse natural é aquela que exige o efetivo contato físico, material com o bem, de maneira que apenas o possuidor direto ostentará essa condição. 
A posse civil/jurídica é aquela em que o indivíduo obtém a posse através de lei ou contrato, independentemente do efetivo contato com a coisa.
Ex: constituto possessório, no qual a entrega é feita ao alienante apenas por conta da cláusula e a aquisição da posse em virtude do óbito, onde os herdeiros assumem por força de lei a continuidade da posse dos bens e do patrimônio do morto, de maneira que não há necessidade de um efetivo contato direto, imediato com a coisa para que esteja caracterizada essa posse.
9. Posse com justo título 
O possuidor com justo título goza da presunção relativa da boa-fé e por esta razão, incumbirá à outra parte fazer prova da inexistência deste elemento subjetivo. Diz-se possuidor com justo título aquele indivíduo que tem em suas mãos documento legítimo, direito real ou pessoal que lhe autoriza a possuir.
Ex: se um indivíduo recebe em parceria agrícola a posse de determinado bem daquele que julga ser o proprietário/legítimo possuidor e depois vem a ter o conhecimento de que outra pessoa é a dona, incumbirá ao proprietário afastar eventual boa-fé do parceiro agrícola que se presumirá até prova em contrário.
 Atenção ao art. 1.201, § único: trata-se de uma presunção relativa, pois admite-se prova em contrário.
10. Posse de boa-fé e má-fé
O possuidor de boa-fé ao ser citado em uma ação, na qual se pretenda a devolução da coisa poderá a seu favor alegar o direito de indenização e retenção pelas benfeitorias necessárias.
O direito de retenção não tem por objetivo discutir o dever de devolver a coisa, mas sim o de não devolver naquele momento. A sua alegação funciona como uma modalidade, uma espécie de exceção de contrato não cumprido já que o seu objetivo é postergar a devolução para depois do pagamento dos valores gastos. Não basta para alegação desses direitos que as benfeitorias tenham sido realizadas, de maneira que é fundamental que elas ainda estejam presentes no momento em que o juiz sentenciar aquele processo, muito embora esse direito de retenção confira grande segurança em favor daquele que deve devolver o bem após ser pago.
O retomante caso queira, poderá ao seu pedido de devolução acrescentar o de aluguel pena (sanção) pela não devolução da coisa e em caso de procedência do pedido de retomada esse valor será devido desde a citação, compensando-se assim com as benfeitorias que o réu eventualmente tenha recebido.
As benfeitorias realizadas para permitirem indenização e retenção não precisam estar legalizadas, bastando que essa legalização seja passível em poder do retomante. Constituiria verdadeiro enriquecimento sem causa a ideia de que o indivíduo pudesse recuperar a coisa depois legalizando já com o bem em seu poder.
Natureza jurídica do direito de retenção – art. 1.227 do CC
Alguns doutrinadores defendem em se tratar de direito pessoal atípico argumentando que possuem algumas características de direito real como a oponibilidade erga omnes e a sequela, mas não podem ser tratados como direito real, considerando que não estão sujeitos a registro, pois são provenientes de sentença judicial e não da lei, argumentando ainda que não podem ser direitos reais considerando que uma vez pago o valor, o direito real se extingue. Os outros doutrinadores sustentam se tratar de genuíno direito real, argumentando que a impossibilidade registral é admitida pela leitura do art. 1.227 do CC. O fato do pagamento extinguir o direito real também não seria empecilho considerando que outros direitos reais, os de garantia, possuem essa característica. 
Nesta classificação é importante detectar o momento em que se evidencia o fenômeno da inversão do título da posse. Caso o retomante não consiga comprovar o momento em que isto aconteceu será considerado a sua citação válida acompanhada da procedência do pedido de retomada para que o juiz possa concluir pela inversão.
É perfeitamente possível que em alguns casos o retomante faça prova de que a inversão ocorreu em momento anterior, tal como se daria no constituto possessório, onde se tenha sido estipulado prazo de devolução por parte do alienante.
Comodato
Em se tratando de contrato de comodato, em especial o verbal, o comodante poderá se ver obrigado a ajuizar demanda requerendo a retomada do bem. Porém, nesse contexto, deverá de início notificar o comodatário extrajudicialmente informando-lhe da intenção em reaver a coisa fixando-lhe ainda aluguel pena, caso o mesmo insista em ficar no bem após o prazo ajustado. Nessas circunstâncias, uma vez que o pedido de retomada precise ser proposto, o comodatário será considerado de má-fé desde o termo final da notificação.
Divergência da doutrina em relação ao art. 584
Alguns entendem que o comodatário só teria indenização e retenção pelas benfeitorias necessárias, argumentando que as demais seriam inerentes ao natural uso da coisa inviabilizando assim a sua percepção. Outros doutrinadores sustentam que, aplica-se a regra do art. 1.219 que consiste na regra geral quanto à disciplina da posse de boa-fé.
Acessão – art. 1.248
As acessões podem acontecer por fenômeno da natureza ou com intervenção humana e são tratadas pela norma como forma de aquisição da propriedade imobiliária, possuem valor econômico próprio com autonomia em relação à coisa a que adere.
Acessões realizadas pelo possuidor de boa-fé: terá direito a indenização, caso não possa se valer da acessão invertida.
Direito de retenção: muito embora a norma nada discipline a esse respeito, a unanimidade da doutrina e da jurisprudência entende pela aplicação analógica do art. 1.259 a disciplina das acessões.
Atenção ao art. 1222: o possuidor de má-fé também tem direito a indenização quanto às benfeitorias necessárias, só não tem retenção para evitar o enriquecimento sem causa, não sendo justo que eu conserve a coisa alheia e não seja ressarcido por isso.
Benfeitorias em locação – art. 35 e 36 da Lei 8.245/91 (Lei de Locações)
As benfeitorias não devem ser confundidas com as acessões, em especial no que diz respeito às acessões artificiais. Inicialmente, as benfeitorias exigem a efetiva conduta humana que são tratas pelo Código como bens acessórios a um bem móvel ou imóvel e por fim, não possuem valor econômico próprio, afastado da coisa a que adere.
Percepção dos frutos
A disciplina dos frutos também se aplica a posse de boa-fé e má-fé. 
Na posse de boa-fé: o possuidor terá direito a todos os rendimentos que a coisa lhe ofereceu como aluguel e parceria rural (art. 1.214). 
Observação: o indivíduo passa a posse de má-fé com a citação válida confirmada pela sentença de procedência com pedido de retomada (art. 1.216).
Na posse de má-fé: o possuidor terá que devolver ao retomante tudo aquilo que comprovadamente percebeu, mais aquilo que deixou deperceber, muito embora poderia tê-lo feito. Ex: indivíduo que adquiriu a posse de um bem e o deixou sem qualquer uso, sem qualquer justificativa razoável.
Responsabilidade pela perda da coisa
O possuidor de boa-fé não terá qualquer responsabilidade nesse sentido, salvo se ficar caracterizado que agiu em relação ao bem com dolo ou culpa. Assim, se é possuidor de justo título (o que faz presumir sua boa-fé) e o bem é alvo de uma explosão, o retomante não poderá responsabilizar aquele indivíduo pela perda da coisa. Entretanto, se o indivíduo está de má-fé, inverte-se o ônus da prova cabendo ao possuidor caracterizar que se o bem estivesse na posse do retomante, a perda da coisa aconteceria de qualquer forma sendo dele esse ônus.
No caso da explosão, o possuidor de má-fé teria que provar que se o bem estivesse no poder do retomante à explosão ocorreria de qualquer forma e que, portanto, tomou todas as cautelas no sentido de evitar que essa explosão acontecesse.
Ações possessórias típicas - art. 554 ao 568 do CC
A proteção possessória se faz através das ações possessórias típicas, também chamadas de interdictos possessórios.
Para o julgamento de uma ação dessa natureza é absolutamente irrelevante a qualidade de proprietário ou a titularidade de um direito real considerando que o magistrado julga a demanda daquele que comprova ser o melhor possuidor. Ex: o proprietário que ajuíza ação possessória e reconhecidamente admite que não se dirige ao local há 3 anos estará sujeito a improcedência dessa ação que em se tratando de bem imóvel precisa ser preposta obrigatoriamente no foro de situação do imóvel sendo essa competência territorial absoluta.
Espécies:
1) Reintegração de posse = esbulho
É a mais recorrente sendo cabível toda vez que o indivíduo aponta a prática do ato de esbulho que significa privar injustamente o legítimo possuidor do exercício de sua posse não bastando, porém, o autor fazer essa prova, já que precisará ainda provar que em algum momento ele ou seu antecessor exerceu a posse direta sob aquele bem. 
Ex: quando o autor relata a presença de um comodato entre as partes, na medida em que tese a propositura dessa ação seria adequada, já que o comodante, autor da referida ação teria a posse plena, tanto que a entregou ao comodatário a posse direta e agora pretende a retomada do bem.
A vantagem do constituto possessório consiste exatamente na possibilidade de que o adquirente possa através da cláusula fazer prova de que em algum momento exerceu a posse direta. A presença e comprovação de um dos vícios objetivos da posse caracteriza o esbulho, porém não dispensa o autor da ação de reintegração provar que em algum momento exerceu a posse direta do bem, art. 561 do CPC. 
2) Ação de manutenção da posse = turbação
Tem cabimento naquelas hipóteses em que o indivíduo confessadamente sofreu violação parcial de sua posse ou está simplesmente sendo turbado/incomodado/embaraçado de exercer legitimamente aquilo que possui.
3. Ação de interdito proibitório
Tem cabimento quando o indivíduo estiver diante da ameaça de esbulho ou de turbação. 
O art. 554 do CPC consagra o princípio da fungibilidade das ações possessórias, admitindo expressamente que o magistrado receba uma ação possessória típica equivocadamente ajuizada como se correta fosse. Assim, se a pessoa propõe uma ação de manutenção de posse relatando o esbulho, o magistrado receberá a mesma como reintegração de posse ao invés de extinguir o processo sem análise do mérito. 
A ideia do legislador é de que o fundamento dessas ações é o mesmo, a defesa da posse, e ainda considerando que as lesões possessórias estão em constante modificação e aquilo que em determinada hipótese justificaria o interdito proibitório, no dia subsequente conduziria a uma nova ação devido ao fato de que tais lesões se modificam a todo tempo.
 Caráter dúplice das ações possessórias – art. 556 do CPC
Admite-se que o réu formule pedido em face do autor na própria contestação através do favorecimento de recompensação tratada no art. 343 do CPC. 
Embora o pedido contraposto atualmente se assemelhe em mérito a reconvenção, já que podem ser formulados na própria contestação, o pedido contraposto é mais formal e é assim consagrado como forma de dar maior seriedade a solução daquele conflito de interesses que acarreta em torno da posse. 
A grande vantagem de uma ação possessória típica consiste na possibilidade de requerer a liminar, ou seja, caso o autor alegue e comprove que a lesão possessória por ele experimentada é inferior a 01 ano e 01 dia, o magistrado deverá ouvir o réu, sem o oferecimento na contestação, conceder a proteção possessória pretendida prosseguindo a demanda até seu desfecho final.
Para a concessão da liminar não é relevante o tempo de pose, mas sim o tempo de lesão, e toda vez que o autor indicar que é inferior a 01 ano e 01 dia, a ação será conhecida como força do promovendo se assim a satisfação de que o autor pretende antes da sentença final.
Tutela de urgência – art. 300
A liminar possessória permite uma solução provisória mais rápida para o pedido formulado pelo autor e basta à comprovação de que a lesão é inferior a 01 ano e 01 dia, não precisando o magistrado ficar convencido dos requisitos da tutela de urgência, presentes no art. 300 do CPC.
Na hipótese do magistrado ter dúvidas em relação a conceder ou não a liminar pretendida e ainda diante da redação do art. 1.211, no qual prevê que na dúvida o possuidor direto deva ser mantido na coisa, deverá o magistrado designar audiência de justificação para que o autor prove, através de testemunha, a sua posse, a lesão possessória pratica pelo réu e a data de sua ocorrência com o objetivo de decidir a liminar pretendida. Trata-se de experimento utilizado em ações de reintegração de posse que tenha por fundamento a alegação de existência de comodato verbal que não permite ao magistrado decidir a liminar sem proceder à oitiva das testemunhas.
Cumulação de pedidos - art. 505 e 501
O autor de uma ação possessória típica seja ela de força nova ou velha poderá cumular ao pedido possessório o de perdas e danos por eventual destruição praticada pelo réu, o de indenização pelos frutos percebidos após a citação válida, momento em que se considera possuidor de má-fé e ainda multa pela eventual pratica de nova lesão possessória, procurando assim efetivar da decisão que deu a liminar ou a sentença.
Atenção: no curso de uma ação possessória típica, em especial no que diz respeito à reintegração de posse, não poderá ser proposta ação reivindicatória, considerando que é possível que sejam proferidas decisões contraditórias que justamente procuram evitar que isso aconteça e que até o desfecho da ação não se admite a reivindicatória.
Em muitas oportunidades o autor de uma ação possessória típica não consegue provar que ele ou seu antecessor em algum momento exerceu a posse direta sobre o bem, o que daria margem a propositura de uma ação possessória típica em especial a reintegração. Nessas circunstâncias, aquele que se intitular proprietário do titular de um direito real qualquer deverá lançar mão da ação reivindicatória que pertence ao universo das ações petitórias e com base na propriedade o autor requererá a entrega da posse. Como a reivindicatória não pertence às ações possessórias típicas, em relação a ela não incide o princípio da fungibilidade o caráter dúplice e principalmente não há que se falar na liminar de ano e dia. Assim, caso o autor pretenda a retomada antecipada do bem deverá fazer uso dos requisitos da tutela de urgência, previstos no art. 300 do CPC, o que dificulta a retomada antecipada da coisa.
Na hipótese de o autor ajuizar ação de reintegração de posse e não conseguir provar que em algum momento ele ou seu antecessor exerceu posse sobre a coisa, a consequência será a improcedência da ação possessória típica, de maneira que o autor deverá agora propor a demanda reivindicatória.
Promessa de compra e venda
Nos casos em que o promitente comprador no curso do processo de contratovenha a ficar inadimplente, o proprietário promitente vendedor deverá lançar mão de uma ação de resolução do negócio jurídico cumulada com o pedido de reintegração de posse. Na hipótese não é possível ajuizar a ação possessória típica considerando que ao celebrar o contrato transferiu a posse plena ao promitente comprador, de maneira que o seu interesse na celebração daquele contrato passou a ser apenas o de receber o que era devido. Assim, o pedido possessório está condicionado à prévia resolução do negócio, de forma que é sucessivo ao pedido de rompimento daquilo que foi pactuado inicialmente.
Direito real de aquisição – art. 1417 e 1.418 do CC
O contrato preliminar, em especial a promessa de compra e venda, gera a obrigação recíproca de realizar o documento definitivo desde que a parte satisfaça rigorosamente suas obrigações. A promessa de compra e venda em princípio não admite arrependimento, de maneira que caso as partes tenham a intenção de assegurar essa possibilidade isso deverá estar previsto no corpo do contrato. Se porventura não existir possibilidade de arrependimento, vale a obrigatoriedade do contrato. Assim, tendo o promitente comprador cumprir suas obrigações passa a exigir o documento definitivo. Na hipótese de o proprietário não ter a intenção de entregá-lo espontaneamente passa o promitente comprador o direito de ajuizar ação de adjudicação compulsória.
A propositura da ação de adjudicação compulsória exige a prévia constituição do proprietário promitente vendedor em mora. Na hipótese, conforme a Súmula 76 do STJ, a mora é EX PERSONA, de maneira que deverá ser realizada a notificação extrajudicial do proprietário para que compareça ao cartório de notas em prazo assinalado pelo promitente comprador para que possa realizar a escritura definitiva. 
A propositura da ação de adjudicação sem que se realize esta providência importará em falta de interesse de agir de forma que a ação será julgada extinta sem análise do mérito. A ação de adjudicação é uma ação pessoal e não real, de maneira que a propositura da mesma não está condicionada ao registro da promessa junto ao registro de imóveis.
A Súmula 239 do STJ deixa bem claro isso e muito embora a promessa não precise ser registrada é possível que ao final do processo, o indivíduo tenha consigo uma sentença de procedência e ao levá-la ao registro ao órgão competente seja surpreendido com o fato de que o bem foi alienado a terceiro e de maneira legítima, na medida em que este terceiro não tinha como saber da existência daquela promessa. Neste contrato, o indivíduo acabará por ter que propor uma nova ação, agora por perdas e danos considerando a total impossibilidade de registro daquele título.
Muito embora não exista obrigatoriedade no registro da promessa para que o indivíduo proponha ação de adjudicação compulsória, a aquisição do direito real está condicionada a este registro, na medida em que é através dele que se atribui a promessa eficácia erga omnes inviabilizando legitimamente que novas transações possam ser realizadas em caráter legítimo tendo por objeto aquele bem.
O registro da promessa confere ainda direito real contra terceiros, visto que a partir dali será admissível à propositura da ação reivindicatória, na forma do Enunciado 253 da JDC, sendo certo que a transferência da propriedade contra o dono se dará através de ação de adjudicação.
Usufruto
É um direito real sobre coisa alheia, no qual o indivíduo, usufrutuário exerce os poderes de usar e fruir sob o bem que pertence a um terceiro, o nu proprietário. Ele possui os poderes de dispor e reivindicar.
Não há que se falar em vínculo do usufrutuário com o nu proprietário, uma vez que o vínculo existente é o do usufrutuário com a coisa, podendo alugar, emprestar sem necessidade de anuência por parte do nu proprietário.
O usufruto poderá ser criado através de escritura declaratória e doação, quando o doador estipula alguém como donatário e um terceiro como usufrutuário.
Características:
1. Temporário – é necessário que no momento da criação do usufruto conste o termo ou condição que conduza ao seu término, uma vez que não é admitido o usufruto indefinido. Caso não conste, entende-se que o usufruto será vitalício.
* A morte do usufrutuário porá fim ao usufruto (art. 1.410, I), devido ao seu caráter personalíssimo.
* No caso de óbito do usufrutuário e não exista herança de usufruto, os herdeiros do usufrutuário deverão devolver o bem. Portanto, o nu proprietário voltará a ser proprietário pleno.
* No caso da morte do nu proprietário, não haverá qualquer tipo de alteração no usufruto, devendo os herdeiros manter a nu propriedade respeitando usufruto até o seu término.
2. Personalíssimo – somente a pessoa do usufrutuário poderá usar e fruir daquele bem.
3. Inalienável – o titular do direito real não pode vender ou doar o seu direito real. 
* Contratos pactuados pelo usufrutuário referente aos poderes de usar e fruir são admitidos, desde que não envolvam a transferência da titularidade (alugar, emprestar, arrendar).
* O direito real de usufruto não pode ser penhorado por dívidas do usufrutuário, somente alienado, o que fere o art. 1.393. Entretanto, os seus rendimentos são passíveis de penhora, devendo o usufrutuário fazer prova de que tais rendimentos são necessários para sua subsistência, lhe cabendo o ônus da prova.
Formas de constituição:
1) Por ato inter vivos (doação com reserva de domínio) – é instituído através de doação ou reserva de usufruto realizado pelos pais em favor dos filhos, que tem por objetivo evitar o futuro inventário em razão do óbito dos ascendentes. 
* É um exemplo de constituto possessório, uma vez que os pais possuíam coisa própria e passam a possuir coisa alheia.
2) Legal, art. 1689 e 1.690 – pai e mãe na constância do poder familiar são usufrutuários dos bens dos filhos. 
3) Por testamento – nos casos em que o usufrutuário ou seus herdeiros não tenha a intenção de devolver o bem, poderá o nu proprietário ensejar ação reivindicatória contra eles e não possessória típica, uma vez que a posse direta foi transferida do falecido diretamente ao usufrutuário, cabendo ao proprietário pleno somente o poder de reivindicar.
4) Por usucapião, art. 1.391 – é possível que o usufruto seja alcançado através do usucapião. Nessa hipótese, não é possível ajuizar diretamente a ação reivindicatória, devendo o juiz rejeitar tal pedido caso seja proposto, em razão de que o registro cria a presunção relativa de propriedade.
Ex: João (nu proprietário) e Maria (usufrutuária) de determinado bem. Matheus resolve propor ação de declaração de nulidade do título e do registro c/c ação reivindicatória. O magistrado deverá rejeitar o pedido reivindicatório, pelo fato de que tanto João quanto Maria possuem o usucapião de seus respectivos direitos reais pelo decurso do prazo de 10 anos. 
Direitos do usufrutuário – art. 1.394 e art. 7º, da Lei 8.245/91
Usufrutuário poderá usar e fruir sem a anuência do nu proprietário. Se no curso da locação o usufrutuário venha a óbito, a locação poderá ser extinta, bastando que o nu proprietário nos 90 dias contados da comunicação ao registro competente solicite a devolução do bem conferindo ao locatário 30 dias para desocupação. 
Deveres do usufrutuário:
Prestar caução ao nu proprietário, oferecendo bens móveis ou imóveis de sua propriedade nos casos em que ocorrer depreciação do bem para que o patrimônio do nu proprietário seja recomposto. Na hipótese de não poder prestar caução, o bem será administrado pelo nu proprietário, ficando consigo as despesas referentes à administração a ser arbitrado pelo mesmo e o restante passado para o usufrutuário.
Custear obrigações Propter Rem. Não havendo o pagamento por parte do usufrutuário, recairá sob o nu proprietário que em razão desse prejuízo poderá requerer a declaração extinção desse direito real, sem prejuízo de ter que recobrar o usufrutuário que deveria tê-lo pago.
Quitar despesas ordinárias (descupinização, limpezas de caixa d’água e gordura, pequenas obras e etc. Casoessas despesas ultrapassem 2/3 do rendimento líquido da coisa, recairá ao nu proprietário. Também é responsabilidade do nu proprietário realizar o pagamento das despesas extraordinárias de qualquer valor (construção de muro de contenção e etc).
Realizar o pagamento do seguro do imóvel;
Espécies:
Sucessivo – duas ou mais pessoas são usufrutuárias, cada uma a seu tempo de determinado imóvel. Não é admitido esse tipo de usufruto, uma vez que viola o caráter personalíssimo e temporário do mesmo. 
Conjuntivo – duas pessoas ou mais exercem o poder de usar e fruir sobre determinado bem. É admitido!!!
Os usufrutuários remanescentes acrescem, aumentam os seus quinhões em verdadeira hipótese de direito de acrescer e nesse contexto o nu proprietário só se tornará pleno ao final ou usufruto vai se distinguindo gradativamente e o nu proprietário vai pouco a pouco recuperando os seus poderes de usar e fruir, de maneira que poderá exigir valor proporcional a essa extinção gradativa esteja o imóvel alugado ou não.
Por ato inter vivos (doação, escritura declaratória), art. 1411 - a regra é a extinção gradativa desse direito, salvo em havendo estipulação expressa em sentido contrário. Assim, caso o instituidor desse usufruto tenha interesse, poderá consagrar o direito de acrescer que é válido e só não produzirá efeitos na hipótese de doação com reserva de usufruto feita de pais a filhos considerando que com a morte de um dos ascendentes, o filho possui todo o direito de receber aquela herança de forma livre e desembaraçada sem qualquer restrição, já que o direito a herança é uma garantia individual, prevista no art.5º da Constituição Federal.
Por testamento, art. 1496 - em regra, o direito de acrescer será em favor dos usufrutuários remanescentes. A intenção do testador é contemplar aqueles indivíduos o usufruto daquele bem como um todo, de forma que o quinhão acrescerá a do usufrutuário remanescente.
Exceção: quando o testador deixar claro no testamento que pretende contemplar aquele indivíduo apenas com aquele percentual ou fração. Neste contexto, caso um dos usufrutuários venha a óbito, como testador querer contemplar cada um com um percentual específico, nada mais natural que o nu proprietário vá pouco a pouco recuperando o seu direito real.
Extinção do usufruto – art. 1410 e Enunciado da JDC:
Independentemente do termo ou condição, a morte do usufrutuário sempre dará fim ao usufruto;
Por consolidação, em que o usufrutuário se torna proprietário pleno. Ex: doação com reserva de usufruto feita de pais a filhos, quando o mesmo não possui descendente, conjugue e nem companheiro, de maneira que com o óbito de seus pais, todos os seus bens serão entregues aos ascendentes; 
Pelo não uso da coisa. Nesse caso, o interessado deverá mover ação declaratória de extinção do usufruto, na qual não possui prazo, sendo somente necessário que o magistrado fique convencido de que o usufrutuário abandonou o bem, deixando de dar a função social ao mesmo.
Fideicomisso
Trata-se de instituto típico do Direito Sucessório, não sendo possível concedê-lo para produção de efeitos inter vivos.
Através desse instituto, o testador elabora seu ato de última vontade deixando claro que por ocasião de sua morte, o patrimônio por ele indicado será transferido ao fiduciário até que advenha o termo ou condição escolhido pelo testador, sendo usual ser utilizado o óbito como causa de extinção da propriedade fiduciária, momento em que os bens serão entregues a pessoa do fideicomissário também escolhida pelo testador. 
Observação: enquanto não implementada a condição ou termo instituída pelo testador, o fideicomissário possui mera expectativa de direito. 
Art. 1952 e art.1800, p. 4º: 
O testamento é negócio jurídico que só produzirá efeitos após a sua concretização e com o óbito do testador. 
O testador para constituir esse direito real deve indicar como fideicomissário a chamada prole eventual, seja do próprio fiduciário, seja por outra pessoa por ele indicada. Em ambas as hipóteses com o óbito do testador, a pessoa encarregada de gerar a prole dispõe de 2 anos contados do óbito do testador para gerar a filiação esperada. Caso não fique grávida no prazo ajustado, a consequência será a aquisição da propriedade plena por parte do fiduciário.
Art. 1.952, p. único: 
Se ao tempo do óbito do testador a prole eventual ainda não foi gerada ou ainda não nasceu, o fiduciário assume a propriedade limitada e pode fazer uso dos quatro poderes inerentes à propriedade, sem qualquer limitação em relação aos mesmos. Porém, é chamado de proprietário limitado, justamente porque a sua propriedade será fulminada com o advento do termo ou condição escolhido pelo testador. Caso por ocasião do óbito do testador o fideicomissário já tenha nascido, o mesmo assumirá a nu propriedade e o fiduciário passa a ser usufrutuário em mais uma nítida hipótese de usufruto legal, partindo da premissa de que sua intenção ao final era desconstituir a propriedade em favor do fideicomissário, antecipando a conclusão do seu desejo por força do já nascimento do fideicomissário.
Qual a consequência da morte do fiduciário? 
É necessário observar o termo ou condição escolhido pelo testador. Caso os herdeiros do fiduciário possam cumprir, não há que se falar em extinção do direito real da propriedade do fiduciário.
Ex: se o termo é o prazo de 20 anos e o fiduciário vem a óbito no décimo quinto, seus herdeiros assumirão a propriedade resolúvel pelos 5 anos faltantes e aí sim entregarão o bem a pessoa do fideicomissário. 
Atenção: é vedado cadeia de fideicomissários, em que o testador escolhe mais de uma pessoa para figurar como fideicomissário.
Habitação – art.1414 a 1416 
O direito real exclusivo de bens imóveis e pode ser instituído por lei, testamento ou ainda por ato inter vivos. Trata-se de direito real típico de bens imóveis e ainda direito real sobre coisa total ou parcialmente alheia, onde o seu titular possui apenas a possibilidade de morar no imóvel, não podendo com isso ter qualquer espécie de benefício financeiro sob o bem.
Habitação sucessória – art. 1.831
O conjugue sobrevivente e o companheiro terão direito a serem mantidos na posse do imóvel desde que pela literalidade da norma seja o único daquela natureza a inventariar. 
Apesar da norma não permitir a habitação para aquelas hipóteses em que ficar caracterizado que o casal possuía outros bens, a maioria da jurisprudência entende que é possível à habitação desde que caracterizado que aquele imóvel serve de domicílio para o casal. 
O objetivo da habitação sucessória está relacionado à manutenção da dignidade da pessoa do conjugue, considerando que através dele poderá manter o mesmo padrão sócio econômico que possuía por ocasião da vida do outro conjugue. Se a habitação não estivesse consagrada ao término do inventário os herdeiros poderiam exigir judicialmente a venda do bem e o conjugue com a quantia que lhe seria entregue não teria meios de manter a sua dignidade.
Muito embora o direito real de habitação seja exclusivo do conjugue que pode inclusive constituir nova união, as obrigações Propter Rem correrão por sua conta, da mesma forma que as despesas inerentes à conservação do bem, evitando-se com isso eventual demanda judicial proposta pelos herdeiros requerendo a declaração judicial da perda do direito real. 
Situação excepcional - art.1415 : na habitação, caso a mesma tenha sido instituída em favor de dois ou mais titulares, aquele que eventualmente venha a morar sozinho jamais poderá ser obrigado a pagar valor proporcional pela sua ocupação exclusiva, considerando que não é da essência do instituto que o seu titular possa ter qualquer tipo de benefício com a criação desse direito real. Por essa razão, que nada deverá por ele ser entregue. 
Atenção: toda e qualquer norma relativa ao usufruto que esteja relacionada à percepção de rendimentos não se aplica a habitação. Caso contrário, a aplicação de um instituto ao outro será imediato. Assim, por exemplo, a habitação é em regra personalíssima, fazcom que o titular tenha todas as obrigações inerentes a sua posse direta e é personalíssimo, na medida em que todas essas características são compatíveis com o usufruto.
Superfície - art.1369 ao 1.377
O Código de XIV não tratava do direito real de superfície. Esse direito passou a ser tratado no Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01) e no Código Civil atual, entretanto, apesar de tratarem do mesmo assunto, não há qualquer incompatibilidade entre elas.
A superfície segundo o Estatuto da Cidade tem por objetivo fomentar as políticas públicas de desenvolvimento urbano, como um estacionamento público, uma rodoviária, ao passo que a superfície do Código Civil incidirá sobre todas as demais modalidades desse direito real. 
Trata-se de direito real genuinamente imobiliário, onde o dono do solo por direito real, através de escritura pública, transfere a outrem o direito de construir ou plantar sobre imóvel que lhe pertence.
Objetivo: estimular a função social daquele bem que até aquele momento não existiria e o proprietário do solo por hora, não pretende alienar o bem.
Efeitos:
Não incide o princípio da gravitação jurídica, uma vez que o superficiário exerce com autonomia os poderes inerentes à propriedade sem qualquer interferência do fundeiro;
Temporário, pelo fato de que no momento em que é constituído estipula-se determinado prazo, muito embora possa ser extinto pela ocorrência de uma condição, o superficiário poderá ter esse direito ao seu favor a título oneroso ou gratuito e deverá estimar o período aproximado da superfície levando em conta os investimentos que teve que fazer e o lucro razoável pelo período previsto, na medida em que a seu término e caso a escritura de criação da superfície nada disponha, o superficiário deverá devolver sem o poder de recobrar qualquer valor que investiu, salvo se a escritura dispor o oposto;
Não personalíssimo, de forma que a morte do superficiário não extingue esse direito real – art. 1.372 e Enunciado 510 da JDC;
Alienável, sendo cabível alienar, a qualquer momento, a titularidade da superfície como do solo a terceiros. 
Em se tratando de alienação gratuita, é possível a alienação sem que se respeite a preferência, já que em se tratando de uma liberabilidade não há como dar preferência a quem quer que seja.
Nas alienações onerosas ambos são obrigados a dar preferência ao outro para que a propriedade esteja concentrada em favor de uma única pessoa, evitando-se assim inúmeros conflitos de interesse.
Aquele que pretender alienar deverá oferecer ao outro sobre as mesmas condições e com o mesmo preço. Caso deixem de observar a preferência, ficará sujeito o adquirente a ser réu em ação de consignação em pagamento c/c pedido de adjudicação compulsória ajuizada por aquele que foi preferido em face do terceiro adquirente que recuperará o que se vou obrigado a pagar, tendo o prazo de 6 meses contados do efetivo registrro ajuizar essa medida. Trata-se de hipótese de negócio jurídico válido, entretanto, ineficaz em relação ao outro titular do direito real, na medida em que se aquele que foi excluído não tiver qualquer intenção em adquirir aquele bem ou não puder fazê-lo não há qualquer razão para que aquele negócio seja desconstituído.
Apesar do registro conferir eficácia erga omnes, a alienação feita pode não ser de conhecimento da outra parte e por essa razão é possível excepcionalmente de invocar a Teoria Actio Nata que defende que o prazo decadencial só poderá contar do efetivo conhecimento. 
Art.1.372, parágrafo único.
O direito eventual abstrato de construir ou plantar que o superficiário possui, segundo a doutrina, pode ser instituído através do fenômeno da cisão, onde as construções ou plantações no momento da criação do direito real já existem. Em hipótese alguma poderá aquele que não exerce o direito de preferência cobrar qualquer valor pelo não exercício do seu direito, tal como acontecia na enfiteuse. 
O art. 1.371 determina que é de responsabilidade do superficiário o custeio de todas as obrigações propter rem, artigo este criticado pela doutrina considerando que não é justo obrigar o superficiário a custear IPTU, por exemplo, de parte do terreno que não o diz respeita. 
Ademais, alguns tributos são de competência federal e estadual de maneira que o CC é uma lei federal e não pode definir competência de imposto que não lhe diz respeito, como o IPTU que é de competência municipal não podendo o legislador federal discipliná-lo.
Grande parte da doutrina entende ainda que essa norma é uma norma dispositiva e como tal, a escritura de criação da superfície pode prever em sentido contrário. 
Natureza jurídica
Alguns doutrinadores defendem a ideia de que se trata de direito real autônomo, porém resolúvel, na medida em que na constância do mesmo, o superficiário poderá com autonomia exercer os quatro poderes inerentes à propriedade, podendo, por exemplo, hipotecar as construções, dar em usufruto, alugar sabendo que aquele que com ele transacionou que a qualquer momento os direitos reais e pessoais constituídos serão extintos com o advento do termo ou condição. 
Há quem sustente que se trata de direito real sobre coisa alheia, na medida em que apesar da autonomia em relação à superfície não há como analisar este direito real desvinculando-o do terreno até mesmo porque ao término do direito real o dono do sol recuperará todas as construções e plantações.
Extinção do direito real de superfície
A maneira normal de se extinguir o direito real de superfície se dá através do advento da condição ou termo de sua criação. 
O Código prevê duas formas anômalas de extinção desse direito real: 
Desapropriação, onde o superficiário recolherá parte da indenização proporcional ao tempo de superfície que ainda resta;
Destinação expressa daquela que havia sido institucionalmente convencionada, hipótese em que o dono do solo deverá ajuizar ação de resolução do negócio jurídico c/c o pedido de perdas e danos diante da inexecução voluntária por parte do superficiário.
 Hipóteses de extinção não tradicional 
Não pagamento do canon (solarium) que vem a ser o valor cobrado pelo fundeiro quando da criação do direito real e que também enseja o pedido de resolução. 
Com o advento do prazo estipulado para o fim desse direito real, caso o superficiário não tenha a intenção em devolver a coisa deverá ser proposta ação reinvidicatória caso a superfície tenha sido criada como direito abstrato, eventual, já que o fundeiro jamais teve a posse direta sobre as construções. Caso a superfície tenha sido estabelecida através do fenômeno da cisão, hipótese em que o superficiário já teve a posse das construções ou plantações será possível à reintegração de posse, considerando que já exerceu a posse direta sobre aquilo que transferiu a outrem.
Distinção do Estatuto da Cidade em relação ao Código Civil 
Primeiramente, a superfície da lei especial compreende com regra o uso do subsolo, o que no CC é exatamente o oposto. 
No Estatuto da Cidade é possível criar esse direito real, sem que se estabeleça prazo na escritura que lei instituir. O fato de o documento de instituição não prever o prazo, não torna este direito real perpétuo. Assim, caso tenha sido estabelecido sem prazo específico: o fundeiro poderá depois de entender que já passou prazo razoável para que o superficiário recupere o que gastou e tenha um lucro exigir do superficiário lhe entregue às construções ou plantações. 
Se porventura o superficiário não tenha a intenção de lhe devolver: deverá o fundeiro, após a comunicação formal de sua intenção em residir unilateralmente, ajuizar demanda judicial para que o juiz declare a extinção do direito real. Na hipótese de o magistrado entender que o prazo já ultrapassado não foi o suficiente e que na verdade, naquele momento, o poder de resilir revela abuso de direito por parte do dono do solo, fixará prazo razoável para que aquela superfície vigore.
Sobrelevação
Trata-se de direito de laje. Os dispositivos do código atual não resolveram a questão, na medida em que a Lei 6.015/73tem como um de seus princípios norteadores o da taxatividade que inviabiliza o registro daquilo que não esteja expressamente previsto em lei, justamente o que acontece quanto ao direito de laje. Dessa forma, no final do ano passado foi editada Medida Provisória consagrando o direito real de laje prevendo ainda a possibilidade de registrá-lo, junto ao RI como matrícula autônoma, assegurando ainda a possibilidade de alienação, hipoteca, independentemente de qualquer autorização por parte do dono do solo ou das acessões primitivas que habitualmente pertence a dono diverso. 
Servidão
As servidões são direitos reais tipicamente imobiliários, onde é possível identificar duas partes envolvidas: o imóvel dominante que tem o bônus, o benefício da criação do direito real e o imóvel serviente que sofre o ônus da criação desse direito real. 
Características:
Trata-se de mais um direito real sobre coisa alheia, na medida em que o imóvel serviente sofre uma restrição ao seu poder de usar daquela parte sobre o qual incide a servidão; 
É criada por testamento, por escritura pública, que é a maneira mais usual de criá-la e pelo usucapião; 
Trata-se de direito real perpétuo, ou seja, criado sem possuir tempo definido, pré-estabelecido de existência e como todo direito real precisa do registro junto ao RI;
As servidões são direitos reais acessórios, já que estão a serviço do direito real de propriedade ou enfiteuse, de maneira que não há como concedê-la como direito real autônomo. Justamente por não poderem ser avaliadas isoladamente sem imóvel a que aderem é que não é possível transferir a titularidade de uma servidão a título oneroso ou gratuito a quem quer seja. Com a alienação do imóvel dominante, este também assume a servidão que não pode ser objeto de alienação isolada;
São indivisíveis, art.1.386.
Diferença entre servidão e passagem forçada
A espécie mais comum de servidão é a servidão de passagem ou trânsito, muito embora existam outras, tais como, servidão de vista, servidão de luz solar, servidão de cabos e tubulações, de levar boi para tomar água no riacho, dentre outras. 
As servidões de qualquer natureza estão sempre relacionadas a uma ideia de comodidade, maior facilidade ou utilidade ao imóvel dominante e justamente por isso são em princípio instituídas convencionalmente, salvo aquelas que admitem ser estabelecidas por usucapião. As servidões são assim provenientes da livre manifestação de vontade, conferem direito apenas ao imóvel dominante e podem ser instituídas com ou sem o pagamento de qualquer contraprestação. 
A passagem forçada, genuíno direito de vizinhança, é proveniente da norma, instituído em prol do interesse público e mediante o pagamento obrigatório por parte do interessado em uma situação de necessidade e não de comodidade, justamente porque o indivíduo não tem outra maneira de ter acesso a via pública. Nesse contexto, pagará valor ao imóvel perderá parte do seu poder de usar sobre aquele trecho e na hipótese de não ser possível estabelecer o local sobre o qual será estabelecida a passagem forçada, o rumo será judicialmente estipulado pelo magistrado, de maneira a trazer menos onerosidade ao imóvel que sofrerá a restrição. 
Classificação das servidões:
1. Positivas ou negativas
As servidões positivas conferem ao imóvel dominante o direito de praticar uma conduta sobre o imóvel serviente. Ex: servidão de cabos e tubulações, e nas servidões de passagem.
As servidões negativas conferem ao imóvel serviente o dever de não praticar qualquer conduta que impeça o exercício da servidão pelo imóvel dominante.
2. Aparentes ou não aparentes 
As servidões aparentes são aquelas que deixam sinais, marcas ou vestígios de sua presença e por esta razão podem ser percebidas por toda coletividade. Ex: servidões de cabos e tubulações, de antena parabólica. Como as mesmas podem ser percebidas por todos, podem ser alvo de usucapião sem prejuízo de poderem ser criados por escritura pública ou testamento. Assim, aquele que já é proprietário do imóvel ou possui documento que lhe autoriza a possuir, poderá pretender o usucapião da servidão em 10 anos.Caso não possua qualquer documento legitimando a posse do seu bem, poderá pretender a usucapião da servidão no prazo de 15 anos, muito embora a norma categoricamente mencione 20 anos, o que deve ser deixado de lado considerando que não existe usucapião de propriedade com prazo superior a 15 anos, devendo se aplicar o mesmo raciocínio ao direito real de servidão. 
As servidões não aparentes não deixam sinais, marca ou vestígios de sua presença, de maneira que a coletividade não tem a oportunidade de tomar conhecimento das mesmas. Justamente por essa circunstância jamais poderão ser usucapidas, como a de vista e a de luz solar que só podem ser instituídas por escritura pública ou testamento. Muito embora não possam ser usucapidas, poderá o imóvel dominante, caso esteja previamente registrado, na forma do art. 1213 ajuizar ação possessória típica para fazer valê-la. 
Súmula 415 do STF: as servidões de trânsito ou passagem podem ser compreendidas como aparentes ou não aparentes diante da Súmula 415 do STF. Se a servidão é demonstrada através de obras como escada, terra asfaltada, a servidão é aparente. Na hipótese da servidão de trânsito estar presente apenas por terra batida ou picada no mato, a servidão é não aparente e por essa razão não pode ser alvo de usucapião só podendo ser criada por escritura ou testamento. 
3. Contínuas ou descontínuas
As servidões contínuas são aquelas que pressupõem a realização de obras ou despesas prévias para que possam ser utilizados é justamente por essa razão, dispensam a prática de atos humanos reiterados para sua caracterização. Ex: servidões de cabos ou tubulações e as de antena parabólica.
As servidões descontínuas são constatadas independentemente da realização de obras, e por essa razão pressupõe a prática de atos humanos reiterados para sua caracterização. Ex: a servidão de passagem, em que ainda no solo tenham-se realizado obras no sentido tornar viável a passagem, só se poderá dizer que a servidão é exercida quando alguém transita pelo caminho.
Art.1386: as servidões pressupõem obrigatoriamente que o prédio dominante serviente pertençam a donos distintos e ainda seja sempre instituída para dar uma maior comodidade, facilidade ou utilidade a determinado imóvel. 
Direitos e obrigações da servidão - art.1380, art. 1383 e 1384
Em regra, as despesas de criação e conservação da servidão correm por conta do imóvel dominante natural beneficiado pela restrição do imóvel alheio, entretanto, o documento que instituiu a servidão pode dispor em contrário, fazendo com que o dever de arcar com parte ou todas essas despesas seja do imóvel serviente.
Em havendo consenso, e a qualquer tempo, poderão os imóveis através de seus titulares momentâneos promoverem a modificação física da servidão arcando aquele que pretende a modificação com os custos desse deslocamento. 
Por fim, é possível o ajuizamento de ação possessória típica por parte daquele que faz uso da servidão quanto às servidões aparentes. Assim, em uma servidão aparente o seu titular desde que comprove que efetivamente a exerce poderá ajuizar ação de reintegração, manutenção ou interdito proibitório. 
Quanto às servidões não aparentes é possível o manejo das ações possessórias típicas por força do art.1213 dispensando-se assim a prova do exercício das servidões, o que por certo jamais seria obtido na medida em que as servidões não aparentes não deixam sinais, vestígios e justamente por essa razão não podem ser percebidas pela coletividade não permitindo-se entender pela posse.
Muito embora o direito real de servidão seja perpétuo, isto é, não exista tempo definido para a criação da servidão, é possível que esse direito real acessório não seja mais mantido. A maneira comum de extinguir servidão aconteceria por escritura pública subscrita pelos atuais proprietários do imóvel dominante serviente. A escritura devidamente registrada colocaria fim a esse direitoreal.
Na hipótese do imóvel dominante estar hipotecado, ou seja, oferecido em garantia ao pagamento de dívidas de seu atual titular, a servidão para ser devidamente extinta precisará conter a manifestação de vontade do credor hipotecário, considerando que o imóvel oferecido em garantia passará a ter valor inferior, o que repercute diretamente na esfera econômica do credor hipotecário, na medida em que o bem oferecido em garantia passará a valer menos e na hipótese de inadimplência do imóvel dominante, menor será a garantia do credor hipotecário com o recebimento daquela dívida. 
Formas de extinção – art. 1.388 e 1.389
Escritura pública – por ex, renúncia, onde o imóvel dominante simplesmente abre mão da servidão manifestando sua vontade formalmente e levando-a à registro e através do resgate que estaria presente na hipótese do imóvel serviente e dominante celebrarem escritura pública colocando fim a servidão mediante pagamento por parte do imóvel serviente. 
Extinção exigida judicialmente pelo intessado – deverá provar o não uso pelo imóvel dominante ou de que não há mais necessidade em se manter naquela restrição. Ex: servidão de passagem, onde após alguns anos de sua perfeita vigência ficar apurado que o imóvel dominante faz uso de outra localidade para melhor atender a sua passagem, de forma que o imóvel serviente, provando essa situação poderá exigir o cancelamento daquele direito real. 
Enfiteuse
A enfiteuse é típico direito real imobiliário, onde é possível identificar de um lado o senhorio direto e de outro o foreiro.
Trata-se de direito real perpétuo, deixando claro o art.2038, que as enfiteuses ainda existentes ficarão subordinaras as disposições do antigo Código Civil. 
Como estamos diante de um direito real em que o enfiteuticador que tira benefício direto desse direito real não tem interesse algum em por fim, na enfiteuse estamos diante de uma situação jurídica que ainda se prolongará por muitos anos. A continuidade da enfiteuse como direito real reafirma a ideia de que basta que exista lei para que aquela situação jurídica seja confirmada como direito real, não precisando a mesma estar prevista no art.1225 como alguns doutrinadores pretendem consagra.
Finalidade: conferir ao titular do domínio útil os quatro poderes inerentes à propriedade, de maneira que o foreiro poderá usar, fruir, dispor e reivindicar com total autonomia e só não pode ser considerado proprietário do bem considerando que deverá entregar ao senhorio direto um valor anual conhecido como “foro”, que varia de acordo com quem seja o senhorio direto constituindo ao foreiro mais uma obrigação Propter Rem, além de constituir para o senhorio direto um verdadeiro fruto civil, já que se trata de um rendimento por ele obtido ao permitir o uso da coisa por terceiro.
Observação: o pagamento desse valor anual é um fato determinante para que o senhorio direto não tenha intenção de colocar fim à enfiteuse, considerando que no atual Código não poderá constituir outra.
Vedação da enfiteuse no atual Código Civil
O atual CC veda a criação de novas enfiteuses, tendo por fundamento a ideia de que a mesma constitui verdadeiro enriquecimento sem causa, na medida em que o senhorio direto experimenta o benefício econômico sem jamais ter prestado qualquer atividade que justificasse o recebimento desses valores.
O foreiro ostenta a qualidade de quase proprietário e por esta razão pode livremente alienar o bem. Em se tratando de alienação onerosa ou dação em pagamento, como estamos diante de negócios jurídicos impessoais, o foreiro é obrigado a dar preferência ao senhorio direto que poderá ou não exercê-lá e caso opte em não fazê-lo, deverá pagar aí senhorio direto 12 meio por cento do valor da alienação pelo simples fato de não ter exercido o seu direito de preferência. 
O laudêmio não terá lugar na troca e na doação. No primeiro caso, isso se deve considerando o fato de que o senhorio direto não tem qualquer imóvel ali oferecido. Quanto à doação, trata-se da prática de uma liberalidade, de maneira que o foreiro poderá doar para quem bem entender. 
A titularidade do domínio útil poderá ser usucapida. Na eventualidade do senhorio direto ser PJ de direito público interno, o indivíduo poderá requerer a usucapião da titularidade do domínio útil e não dá propriedade que pertence ao senhorio direto. 
O possuidor ad usucapionem poderá requerer a propriedade como um todo caso o senhorio direto seja pessoa física ou jurídica de direito privado. 
O foreiro poderá dar em garantia o seu imóvel e caso venha a ficar devendo, poderá ter o seu bem penhorado para pagamento de suas dívidas. Na eventualidade do bem precisar ser alienado, a preferência na aquisição do bem será do senhorio direto, que possivelmente não terá a intenção em adquirir a coisa porque a enfiteuse se extinguirá e nova não será constituída. Assim, caso o terceiro adquira o bem, ficará mantida aí. 
Término da enfiteuse segundo o Código de XVI
Muito embora o direito real de enfiteuse seja instituído sem possuir um tempo pré-definido de existência, o CC/16 que regula a matéria prevê algumas situações que permitem o término do referido direito real.
Diante do não pagamento de três foros consecutivos, o senhorio direto poderá ajuizar a ação de comisso. O foreiro terá a oportunidade de purgar a mora, ou seja, pagar os débitos atrasados mantendo a enfiteuse, o que possivelmente será aceito pelo senhorio direto que não tem qualquer interesse na desconstituição do direito real, até porque não poderá criar outro.
A deterioração econômica ou física do bem também importa na extinção do direito real, bem como a morte do foreiro sem deixar herdeiros ou testamento. 
Por fim, o foreiro tem o direito potestativo de exigir o término do direito real, pagando ao senhorio direto 10 foros e 1 laudemio, e a partir daí, poderá com certeza exigir a entrega do bem, não podendo o senhorio direto se opor a esta prevenção, salvo se a hipótese for de terreno de marinha, onde a enfiteuse jamais poderá ser extinta, considerando que é estabelecida como forma de proteger o território nacional. 
Tanto o foro como o laudemio deverão incidir apenas sob o solo, considerando que os acréscimos foram constituídos pelo senhorio direto, de maneira que constituiria verdadeiro enriquecimento sem causa, a ideia de que o senhorio direto cobrasse sobre as acessões ao que não deu causa.