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Resumo direito das obrigações

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LEX PATELIA PAPIRIA: LEI QUE ABOLIU A EXECUÇÃO SOBRE A PESSOA DO DEVEDOR, PROJETANDO A RESPONSABILIDADE SOBRE SEUS BENS.
SOLVERE: Desatar o vínculo. --> Credor pode exigir o cumprimento de uma prestação (de dar, fazer ou não fazer)
 DIREITOS REAIS:
 O direito real pode ser definido como o poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa. É a relação jurídica da pessoa na posse, uso e gozo de uma coisa, corpórea ou incorpórea (Em síntese bens corpóreos são os bens possuidores de existência física, são concretos e visíveis, podem ser: uma janela, casa, automóvel, porta, etc. Já os bens Incorpóreos, são bens abstratos que não possuem existência física, não são concretos, como: direitos autorais, crédito, vida, saúde, liberdade, etc), que é de sua propriedade. 
O direito real tem como elementos essenciais: 
i) o sujeito ativo;
ii) a coisa; 
iii) e a relação ou poder do sujeito ativo sobre a coisa, chamado domínio;
 DIREITOS OBRIGACIONAIS:
 O direito obrigacional ou pessoal consiste num vínculo jurídico OU relação jurídica transitória, pela qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação. Constitui uma relação de pessoa a pessoa (direito relativo) com base na autonomia da vontade. 
Tem como elementos:
i) o sujeito ativo; (elemento subjetivo)
ii) o sujeito passivo; (elemento subjetivo)
iii) e a prestação; (elemento objetivo ou material a conduta positiva ou negativa de dar, fazer ou não fazer.
vide art 538 cc
 Outras informações: 
objeto mediato ou imediato; deve ser economicamente viável.
(patrimonialidade = O objeto da prestação deve ter conteúdo economico ou ser suscetivel de uma avaliação patrimonial). 
validade da obrigação (ART 104 CC) objeto lícito possivel, determinado ou determinavel; 
A impossibilidade pode ser física ou jurídica (ART 106 CC) 
 O vínculo juridico é o elemento imaterial, abstrato ou espiritual;
- capacidade: qualquer pessoa pode figurar no polo ativo da relação obrigacional, porém os incapazes precisam ser representados ou assistidos.
Quanto a exigibilidade: 
A obrigação civil é aquela da qual existe um vínculo jurídico de prestação entre o credor e o devedor. Neste caso o devedor da relação pode ser alvo de uma intervenção estatal por parte do credor caso esse não cumpra com a obrigação. Ou seja, com o inadimplemento da obrigação, o credor terá o direito de intervir judicialmente para garantir o cumprimento por parte do devedor. (DIVIDA NÃO PRESCRITA)
A obrigação natural tem todas as características da obrigação civil. Encontramos todos os elementos da obrigação civil, o credor, o devedor e o objeto, mas com a grande diferença de não se haver a garantia jurídica. Tal carencia de inexigibilidade pode pretender preservar a segurança e a estabilidade jurídicas, como ocorre, por exemplo, na prescrição de uma pretensão ou divida decorrente de uma dívida ou na impossibilidade de cobrança judicial de dívida de jogo (pelo reconhecimento social do caráter danoso de tal conduta). Aqui o credor não pode exigir o pagamento, assim como o devedor não pode exigir a devolução por arrependimento, e neste caso o objeto ficará nas mãos no credor a título de pagamento. Sua natureza jurídica é imperfeita, pois sendo obrigação carece de exigibilidade.
SUPRESSIO: É a perda proporcional de um direito não exercido.
SURRECTIO: Aquisição de um direito pela reiteração, por tempo razoável de uma conduta que não sofreu oposição pela parte contrária.
 TU QUOQUE: É outra reverberação do implemento da boa fé, onde ocorre a vedação de exigir comportamento tal, quando aquele que o exige, em situação idêntica não adotou ele próprio o comportamento exigido. 
DECADÊNCIA: Perda do direito potestativo.
PRESCRIÇÃO: Perda da exigência judicial das prestação.
(ART 814 CC) Trata da dívida de jogo e de aposta; não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo ou se o perdente é menor ou interdito.
Divida de jogo: É o contrato pelo qual 2 ou mais pessoas se dirigem a pagar ao vencedor, determinada soma de dinheiro ou objeto. Divida de aposta: Contrato firmada entre 2 ou mais individuos, de opiniões divergentes sobre determinada coisa ou matéria, que se obrigam entre si a pagar uma certa soma em dinheiro àquele cuja opinião prevalecer.
Quando ao objeto: As obrigações são POSITIVAS quando o devedor tem de si esperada uma conduta ativa, um dar ou fazer em prol do credor (criterio da preponderancia), ja as obrigações NEGATIVAS é um não fazer, a inércia é a própria prestação.
Obrigação de dar
A obrigação de dar é um tipo positivo, o vínculo obrigacional tem a natureza de entrega ou restituição de determinada coisa pleo devedor ao credor. 
Bens móveis: Transfere-se por tradição é a transmissão física e legal da propriedade sobre algo móvel.
Bens imóveis: Transfere-se por registro. Um bem imóvel não pode ser entregue fisicamente da mão de um proprietário para outro: é necessária a transmissão do título registrada em Cartório de Imóveis. Esta transmissão chama-se transcrição.
Diferença entre dar e restituir: A obrigação de dar o devedor é obrigado a entregar ao credor a coisa, transferindo-lhe o domínio ou posse. (A coisa pode ser determinada ou indeterminada). Já na obrigação de restituir a coisa já pertencia antes ao credor e a sua posse havia sido transferida de forma provisória ao devedor. Este por tanto, obriga-se a restituir a coisa. 
Obrigação de dar coisa certa (ART 233 CC) O objeto da prestação é a coisa certa e determinada, isto é a coisa individualizada em gênero, qualidade e quantidade, daí o devedor é obrigado a entregar a exata coisa estipulada no instrumento contratual, e o credor não pode ser compelido a receber outra coisa, ainda que que mais valiosa. (princípio da exatidão; ART 313 CC / princípio da gravitação jurídica; ART 92 CC.)
Obrigação principal: Aquela que existe sobre si, abstrata ou concretamente. Acessória: Aquela cueja existencia supõe o principal (ART 233 CC) Aplica a regra, acessório segue o principal, no direito das obrigações.
Teoria dos riscos: RES PERIT DOMINO (A COISA PERECE PARA O DONO)
A) Perda / total- Antes do cumprimento da obrigação o objeto da prestação pode se perder. Se a perda ocorre sem culpa do debitor, antes da tradição, ou de verificada a condição suspensiva, extinguem –se as obrigações para ambas as partes”. Se a perda for caracterizada por culpa de uma das partes, o mesmo incorrerá em perdas e danos.
“Art. 234, CC: Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas às partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente mais perdas e danos.”
B) Deterioração / parcial - A deterioração é uma danificação do bem, sem tirar seu valor pleno. Pode ocorrer com culpa ou sem culpa do devedor. “Art. 235, CC: Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço ou valor que perdeu.”;“Art. 236, CC:Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou outro caso, indenização das perdas e danos”.
BENFEITORIAS art. 96 do CC. Benfeitorias “são obras realizadas pelo homem na estrutura da coisa principal, com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la” (STOLZE, 2007, p.272). Existem segundo Francisco Amaral, Três Tipos de benfeitorias, vejamos:
- Benfeitorias necessárias: têm por fim conservar a coisa e impedir que ela se deteriore ou pereça. Ex: reparação de uma coluna, concerto do telhado que esta ruindo. São benfeitorias sem as quais a coisa iria se deteriorar.
- Benfeitorias úteis: são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa. Ex: aumento do estacionamento, instalação de aparelhos hidráulicos.
- Benfeitorias voluptuárias: são as benfeitorias de mero capricho ou recreação. Aumentam o valor da coisaou tornam a coisa mais agradável. Ex: trocar o piso, construir uma piscina uma sauna, decoração em gesso no teto. 
ART 237 CC - É mitigado pelo princípio da boa-fé objetiva que benfeitorias uteis e necessarias podem ser exigidas, mas as voluntárias estão vedadas.
Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz.
percebidos: destacado (devedor); Pendentes: Não foi destacado (credor); Estante: deslocado e armazenado.; Percipiendo: Deveria ter sido destacado mas não foi (culpa)
ART 238 CC Restituição = Quem ter a propriedade: Credor; Quem tem a posse: Devedor.
ART 239 CC Culpa do devedor = Equivalente ao bem + perdas e danos.
ART 240 CC Deterioração/perecimento parcial = A doutrina entende que também se aplica o ART 236 CC.
ART 242 CC Remete a teoria geral das benfeitorias e frutos - Arts 96, 97, 1214, 1216,1219,1220 e 1221 do cc.
Obrigação de gênero ou de dar coisa incerta ART 243 CC
É aquela que o credor não conhece, salvo pelo gênero e quantidade, que necessitam ser indicadas. Ex: carro sem chassi.
Concentração: Também chamado de escolha concretização ou determinção, é a prestação a ser cumprida na obrigação de dar coisa incerta (individualização da coisa).
ART 244 CC - Devedor salvo estipulação em contrario. É a norma dispositiva. O final do artigo estabele o vinculo entre as partes ao termo médio, projeção esta típica do principio da boa fé (ART 252 paragrafo 4º)
ART 245 CC - A concentração muda a natureza da obrigação, que passa por tanto a ser regida pelas regras referentes as obrigações de dar coisa certa.
Obrigação de fazer
A obrigação de fazer implica na obrigação de realizar determinada atividade para cumprir o vínculo obrigacional. Pode envolver um serviço ou a elaboração de algo material. Se for algo material, a obrigação de fazer diferencia-se da obrigação de dar no momento em que é necessário fazer aquele item antes de entregá-lo.
Fazer fungível
O fazer fungível é aquele em que o importante é o resultado do fazer. É o caso da contratação de um pintor de paredes, para que ele pinte sua parede de vermelho. O importante é que a parede esteja pintada de vermelho, no final da prestação, não importando realmente quem fez o serviço.
Fazer infungível
Na obrigação infungível, não é possível dissociar o devedor do ato de fazer, em sua obrigação. Neste exemplo, troca-se o pintor de paredes do exemplo anterior, por um pintor de quadros mundialmente famoso para fazer uma obra para sua coleção.
Neste caso, não basta ter um quadro pintado, ao final da relação: é necessário que aquele artista tenha feito a obra. Sua personalidade é essencial nesta relação obrigacional.
A) Sem culpa do devedor: Resolve-se a obrigação.
B) Com culpa do devedor: Responderá com perdas e danos.
“Art. 248, CC: Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolverse-á a obrigação; se por culpa dele responderá por perdas e danos.”
Obrigação de não fazer
A obrigação de não fazer é uma obrigação negativa. Nela, as partes definem que o devedor de uma relação de não fazer não pode praticar determinada ação que normalmente poderia praticar, se não estivesse obrigado por esta relação jurídica.
É o caso de um termo de confidencialidade, por exemplo, em que se define a obrigação de não falar nada a respeito de uma determinada reunião ocorrida secretamente. OBJETO: ART 104, INCISO II CC.
Art. 390 CC: Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.
 3.1. Inadimplemento da obrigação de não fazer Ocorre quando o devedor não se abstem do que se obrigou a não fazer.
A obrigação se extingue.“Art. 250, CC: Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.”
O credor pode exigir que o devedor desfaça o ato, mais perdas e danos.
“Art. 251, CC: Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer a sua custas, ressarcindo o culpado perdas e danos”. 
250 e 251 -> fungivel 
“Art. 249, CC, parágrafo único: Ema caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.”
PRINCIPAIS DISTINÇÕES ENTRE DIREITOS OBRIGACIONAIS E DIREITOS REAIS:
 Os direitos obrigacionais (jus ad rem) diferem, em linhas gerais, dos reais (ius in re):
a) quanto ao objeto - os obrigacionais exigem o cumprimento de determinada prestação, ao passo que os reais incidem sobre uma coisa;
b) quanto ao sujeito - direito obrigacional, o sujeito passivo é determinado ou determinável, ja o sujeito ativo pode ser individual ou coletivo, conforme a obrigação seja simples, solidário ou conjunta, enquanto nos direitos reais é (universal, ERGA OMNES: VALE PARA TODOS), o devedor é indeterminado, figura que surgirá determinadamente quando alguém violar a obrigação de abster-se frente aos direitos reais do titular da coisa;
c) quanto ao exercício - obrigacionais exigem uma figura intermediária, que é o devedor, enquanto os direitos reais são exercidos diretamente sobre a coisa, sem necessidade da existência de um sujeito passivo;
d) quanto à duração - obrigacionais são transitórios e se extinguem pelo cumprimento ou por outros meios (ação judicial, etc.), enquanto os direitos reais são perpétuos, não se extinguindo pelo não uso, mas somente nos casos expressos em lei (desapropriação, usucapião em favor de terceiro etc.);
e) quanto à formação - obrigacionais podem resultar da vontade das partes, hall exemplificativo sendo ilimitado o número de contratos inominados (numerus apertus), ao passo que os direitos reais só podem ser criados pela lei (EX VI LEGIS= DECORRE DA LEI) hall taxativo, sendo seu número limitado e regulado por esta (numerus clausus);
f) quanto à ação - os direitos obrigacionais são dirigidos somente contra quem figura na relação jurídica como sujeito passivo (ação pessoal), ao passo que a ação real pode ser exercida contra quem quer que detenha a coisa
RELAÇÃO COMPOSTA POR DIREITOS DAS OBRIGÇÕES E DIREITOS REAIS 
(FIGURAS HÍBRIDAS)
1- OBRIGAÇÃO PROPTER REM (POR CAUSA DA COISA):
É aquela que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real, só existe em razão da situação juridica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa (propriedade ou posse). É uma obrigação acessória, decorre do direito real, se este direito não existisse, ela não existiria. ART 345 CC. São obrigações ambulatoriais, o polo se modifica independente de qualquer ato formal.
Características:
 Surgem EX VI LEGIS/ da lei, pois decorrem do direito real, que por sua vez decorre da lei, a propter rem possui carater de tipicidade por ser ex vi legis; O direito real é IUS IN RE (direito sobre coisa) e a obrigação propter rem é IUS AD REM (direito advindo da coisa), que possui transmissibilidade automática, mediante aquisição do direito real (ius in re), sua natureza jurídica é de direito misto ou figura híbrida, detendo características do direito real e do direito obrigacional.
2- OBRIGAÇÃO COM ÔNUS REAL
É uma obrigação por possuir vínculo entre credor e devedor com a exigência de uma prestação, mas ela limita algumas características da propriedade (o uso e o gozo). ART 803 CC define que o devedor no polo passivo será exigido a pagar para o credor, mediante a restrição da propriedade, o fruto do imóvel, ou seja, a renda que ele produz, ao invés de ser dele, servirá de pagamento da prestação, desta forma se classifica o ônus real.
3- OBRIGAÇÃO COM EFICÁCIA REAL:
São aquelas que sem perder seu caráter de direito a uma prestação, transmitem-se e são oponíveis a terceiro que adquire direito sobre determinado bem. O ART 1417 CC exemplifica esta situação, na celebração de uma compra de imóvel através da promessa de compra e venda e sem cláusula de arrependimento, o comprador passa a ter direito real sobre o imóvel, caso a empresa que vendeu não o entregue, o comprador terá odireito de pedir o bem em sí na justiça, e não o ressarcimento do valor pois aí se falaria en obrigação comum. OUTROS: ART 1418 CC; ART 576 CC.
PRÍNCIPIOS TRADICIONAIS DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES:
Princípio da autonomia da vontade: As partes tem liberdade para fazer tudo que a lei não proíbe, inclusive vincular-se pela manifestação da vontade.
Princípio da liberdade em contratar: Qualquer contrato é possível, desde que não haja má-fé.
Princípio da obrigatoriedade do pacto: O contrato é o lex inter partis, em observação ao princípio 'pacto sumt cervanda' (os pactos devem ser cumpridos)
Princípio da intangibilidade do contrato: O contrato é intangivel e adstrito as partes, nada pode interferir no contrato.
Teoria da imprevisão: Havendo mudanças nas circunstancias do NJ (ART 104 CC) a execução da obrigação contratual, não sera exigida sob as condições pactuadas antes da mudança. Elemento de justiça social.
Clausula: É o instrumento de ajuste do contrato, o contrato é ajustado à nova realidade. (ART 317 CC) 
Princípio da boa-fe: os contratantes devem se comportar de acordo com a boa-fé e as obrigações são regidas por este princípio
Princípio do adimplemento substancial das obrigações repele a resolução do negócio se o adimplemento foi realizado de modo substancial, visa impedir o uso desequilibrado do direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da preservação da avença, quando for viável e de interesse dos contraentes, mediante ponderação.
Duty to mitigate the losses (dever de mitigas as perdas): O objetivo primordial dessa teoria é fazer com que o credor de uma obrigação colabore com o devedor, sendo lhe imposto que tome todas as medidas cabíveis para evitar a ocorrência do dano ou para minimizar os seus efeitos, para que atinja menores proporções possíveis.
Obrigações alternativas:
As obrigações podem ser simples ou compostas. Sendo que a obrigação simples é aquela em que há apenas um credor, um devedor e uma prestação, isto é, caracteriza-se pela existência de apenas um de cada tipo de elemento da obrigação. No caso de haver a faculdade de troca de uma prestação por outra, teremos uma obrigação facultativa. Importante destacar que a prestação prevista desde o inicio é uma só, havendo apenas a eventual possibilidade de troca.
Ao contrário, a obrigação composta é aquela em que pode haver não só a pluralidade de objeto (prestações), como também de sujeitos (credores e devedores).
Quando há a pluralidade de objetos, ou seja, mais de uma prestação. A obrigação poderá ser: cumulativa ou também chamada de conjuntiva, neste caso para o adimplemento da obrigação deverá o credor cumprir as duas ou mais prestações cumulativamente; ou, alternativa ou disjuntiva, em que o devedor para cumprir a obrigação deverá adimplir com uma ou outra prestação prevista desde o início pelos sujeitos da obrigação.
Vale para as obrigações alternativas as mesmas regras pertinentes à escolha da coisa se tratando de obrigação de dar coisa incerta, ou seja, caberá a escolha dentre as prestações devidas aquele a quem foi incumbido no contrato firmado entre as partes e se esse for omisso, a escolha caberá ao devedor que não poderá obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
Obrigações divisíveis e indivisíveis:
As prestações divisíveis são aquelas que pode haver o fracionamento da prestação ou do próprio objeto da prestação, sendo que nesta hipótese havendo mais de um credor ou mais de um devedor de uma obrigação divisível, esta será dividida em obrigações iguais e distintas de acordo com o número de credores ou devedores.
Já as obrigações indivisíveis como o próprio nome aduz a prestação é única, não podendo ser dividida entre seus credores e devedores, seja pela própria natureza do bem, por motivo de ordem econômica ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Neste caso, quando da existência de dois ou mais devedores e ante a impossibilidade de divisão da prestação, cada um dos devedores será obrigado pela dívida inteira, sendo que sub-rogara-se no direito do credor aquele que pagar a divida integralmente, ou seja, podendo exigi-la dos outros coobrigados.
Se a pluralidade for de credores a estes também caberá exigir a divida toda, hipótese em que o devedor deverá pagar todos conjuntamente ou apenas um, exigindo deste que dê caução de ratificação dos demais credores, desobrigando-se o devedor e em contrapartida obrigando o credor que recebeu a prestação por inteiro a parte devida aos demais credores.
No caso de um dos credores remitir a dívida, ou seja, perdoar, não há que se falar na extinção de obrigação para os demais credores, que poderão exigir a prestação mediante o desconto da quota pertencente ao credor remitente.
Obrigações solidárias:
Quando em uma obrigação concorrer mais de um devedor ou mais de um credor, haverá a solidariedade, sendo que cada um destes estará obrigado ou com direito, respectivamente, à dívida toda.
A lei é expressa ao determinar que a solidariedade não se presume, apenas resulta da lei ou da vontade das partes.
A solidariedade ativa é aquela em que há a pluralidade de credores, podendo estes receberem o pagamento na integralidade. O código civil traz no bojo dos artigos 267 a 274 algumas regras importantes nesse sentido:
a) Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro (art. 267);
b) Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, o devedor poderá pagar a qualquer um deles (art. 268);
c) O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago (art. 269);
d) Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário (a não ser que a obrigação seja indivisível e não possa ser cindida) (art. 270)
e) Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade (art. 271);
f) O credor que tiver perdoado (remitido) a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272);
g) O devedor não pode opor, a um dos credores solidários, as exceções pessoais oponíveis aos outros (art. 273);
h) O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; já o julgamento favorável lhes aproveita (a não ser que esteja fundado em exceção pessoal ao credor que o obteve) (art. 274).
Necessária se faz também a análise das regras cabíveis quando da solidariedade passiva, em que há a pluralidade de devedores, sendo que poderá o credor exigir, que um devedor, individualmente, honre com a totalidade da dívida. Neste sentido, os artigos 275 a 285 do Código Civil:
a) O credor tem o direito de exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum (art. 275)
b) Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto (art. 275);
c) Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo único);
d) Se um dos devedores solidários morrer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário (salvo se a obrigação for indivisível); mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores (art. 276);
e) O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada (art. 277);
f) Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes (art. 278);
g) Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente – mas pelas perdas e danos só responde o culpado (art. 279);
h) Todos osdevedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um – mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida (art. 280);
i) O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos, não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor (art. 281);
j) O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores (art. 282);
k) Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais (art. 282, parágrafo único);
l) O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores (art. 283);
m) No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente (art. 284);
n) Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar (art. 285).
A solidariedade mista verifica-se quando concorrem na mesma obrigação vários credores e vários devedores. Há pluralidade de sujeitos de sujeito, tanto do lado ativo como do passivo. 
A solidariedade mista não é prevista na lei. Nada impede, sem embargo, que se constitui pela vontade das partes. Submete-se, intuitivamente, às regras que regulam a solidariedade ativa e passiva, aplicáveis respectivamente.
[...] Na vida prática raramente se encontra um caso de solidariedade recíproca. Aplicam-se-lhe as normas expressamente previstas para a solidariedade ativa e a solidariedade passiva, de cuja cominação é resultante. (Gonçalves, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. 2. v. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 139).
Na solidariedade mista, ou seja, quando há simultaneamente solidariedade entre credores e devedores, aplicam-se os princípios da solidariedade ativa e da solidariedade passiva.
Transmissão das obrigações:
RESUMO
Inicialmente faz uma abordagem sobre o conceito das partes na cessão de crédito, quando iniciam suas funções e a importância delas nessa relação obrigacional. Dessa forma destacando que um bom conhecimento desse negócio jurídico ajuda no uso dessa ferramenta para a resolução de conflitos. 
1 INTRODUÇÃO
Quando ocorre uma cessão de crédito, surge a figura do cedente e cessionário. Estas partes têm suas competências, direitos e obrigações definidas. A falta de conhecimento destes e outros aspectos podem provocar prejuízos aos indivíduos interessados, iniciando um conflito entre as partes.
A Cessão, segundo Flávio Tartuce[1], “pode ser conceituada como um negócio jurídico bilateral ou sinalagmático, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor de uma obrigação transfere a outrem, no todo ou em parte, sua posição de sujeito ativo na relação obrigacional”. Assim, pode-se dizer que a cessão de crédito “Enfoca a substituição, por ato entre vivos, da figura do credor” (Venosa, 2006, p. 145). Embora possa haver transmissão de direitos e obrigações por causa de morte, a cessão de crédito se dá somente entre vivos, pois exige das partes vontade para que se cumpra.
Sobre as partes, para a efetivação desse negócio jurídico, o art. 104 do Código Civil[2] declara que validade do negócio jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. Ou seja, todos os preceitos requeridos a qualquer outro negócio jurídico. Dessa forma, qualquer direito é suscetível de cessão, “desde que disponível, ou não sofra as contingências ou limitações de ordem pública ou convencional[3]”. Entretanto, os direitos chamados personalíssimos não são passíveis desse negócio, como o caso da pensão alimentícia e direitos de personalidade.
Segundo Maria Helena Diniz, “não se exige forma específica para que se efetue a cessão de crédito; logo esta se configura como um negócio não solene ou consensual, por independer de forma determinada, bastando a simples declaração de vontade[4]” das partes. Portanto, se houver acordo entre o que cederá seu crédito e aquele que o receberá, este negócio poderá ser celebrado e terá eficácia confirmada a partir do conhecimento do devedor. Em alguns casos é necessária a anuência do devedor para a validade do negócio. Mas, para que tenha “eficácia perante terceiros deverá ser celebrada mediante instrumento público ou particular, revestidos das solenidades do art. 654, § 1º, do Código Civil[5]”. Para se compreender bem esse negócio jurídico, conhecer as partes se faz necessário. A função de cada um, os direitos, obrigações e capacidades. Estudá-los é tão importante quanto conhecer o código que rege essa relação.
2 CONCEITO DAS PARTES NA CESSÃO DE CRÉDITO
Para Maria Helena Diniz, “a cessão de crédito é um negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor de uma obrigação (cedente) transfere, no todo ou em parte, a terceiro (cessionário), independentemente do consenso do devedor (cedido), sua posição na relação obrigacional...[6]”. (grifos nossos) Observa-se nesse conceito a presença distinta de todas as partes pertencentes a este negócio jurídico.
Antes da cessão de crédito ser realizada, existia a presença do credor, do devedor e da obrigação em um negócio jurídico estabelecido entre estas partes, cumprindo a forma permitida na lei. Quando a cessão ocorre, ela requer que este negócio exista, sob pena de nulidade. A partir daí, percebe-se que as partes não somente mudam de nomenclatura, mas de direitos e deveres. A mudança ocorre a partir do consentimento de cada parte envolvida nesse novo negócio. Assim, temos:
2.1 Cedente, Cessionário, Cedido e Objeto;
Antes conhecidos como credor e terceiro, no momento da cessão de crédito tomam nome e forma de cedente e cessionário. Não podemos deixar de mencionar que o devedor também muda de nome, embora sua participação permaneça quase inalterada na obrigação, passa a ser chamado de cedido.
O credor por vontade decide transferir seu crédito a outro, na sua totalidade ou apenas parte dele, evidentemente, se o objeto assim o permitir; de forma onerosa, recebendo pela transferência do crédito alguma compensação, ou gratuita, sem nada receber em troca. Ele será intitulado de cedente, a partir dessa relação. Aquele que cede seu direito de receber a coisa certa.
O Terceiro, que não se relacionava com as partes até o momento da cessão, passa a figurar como o cessionário. Aquele que, por vontade, recebe “o crédito, tal como se encontra, substituindo o cedente na relação obrigacional[7]”. A partir desse momento o cessionário assume, para o devedor, a vez do credor, cabendo-lhe todos os direitos respectivos do antigo credor.
O cedido é tão somente o devedor, aquele que deve cumprir uma obrigação. Flávio Tartuce não recomenda o uso desse termo, “pois a pessoa não se transmite, mas tão somente a sua dívida[8]”. É chamado assim por ser o sujeito a executá-la. Sua participação no processo de cessão é secundária, entretanto, sua existência é fundamental, pois o objeto da cessão só existe em virtude do devedor.
Ao contrário do que normalmente se pensa, o objeto não é o devedor e, portanto, não é o cedido. O objeto da cessão é simplesmente o crédito que um credor qualquer tem com um devedor, que pode ser de dar, fazer ou não fazer a coisa certa. É este crédito que é transferido a um terceiro no momento da cessão e que não recebe outro nome depois da mudança. O objeto da obrigação é o mesmo bem. Ele pode ser fracionado no momento da cessão, certo que o credor pode transferir seu direito de crédito apenas parcialmente.
2.2 Relação dos conceitos.
Entendendo o conceito das partes na cessão de crédito é possível vislumbrar melhor como esse negócio jurídico funciona, pois um sujeito detentor de um crédito resolve, em vez de cobrá-lo do devedor, transferi-lo a um terceiro, que de sua parte aceita esse crédito. Essa transferência pode ou nãoter um bônus ao credor primitivo. Se houver, um ônus é transferido ao novo credor que se anulará pelo recebimento do devedor. Este por sua vez mantém seu dever na obrigação, mudando apenas o sujeito a quem deverá quitar seu débito. Por fim, o débito, que será transferido a um terceiro (ou mais de um), permanece o mesmo.
Portanto, percebemos que “os créditos são circuláveis. Nada há que impeça sua transferência. Envolvendo conteúdo de natureza patrimonial, reconhece-se a total disponibilidade, dizendo respeito ao direito de propriedade[9]”. Seus requisitos são comuns a todos os contratos, como diz Arnaldo Rizzardo[10], e, enquadrando-o assim, será regido pelo Código Civil Brasileiro com seus respectivos requisitos. Cada parte com sua função específica a fim de conceder o máximo de segurança jurídica a este negócio.
3 FUNÇÃO DAS PARTES NA OBRIGAÇÃO
A lei permite a cessão de créditos, excluindo-se os inalienáveis por natureza, pela própria lei, ou convenção com o devedor. Conhecendo as partes que agora são chamadas de cedente, cessionário e cedido, conheçamos suas funções básicas nesse negócio jurídico:
ESPÉCIES:
 A transmissibilidade das várias posições obrigacionais pode decorrer, presentes os requisitos para a sua eficácia.
 São requisitos para a transmissibilidade da obrigação:
 i) cessão de crédito – pela qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional;
 ii) cessão de débito – que constitui negócio jurídico pelo qual o devedor transfere a outrem a sua posição na relação jurídica, sem novar, ou seja, sem acarretar a criação de obrigação nova e a extinção da anterior;
 iii) cessão de contrato – em que se procede à transmissão, ao cessionário, da inteira posição contratual do cedente.
3.1 Função do Cedente
O art. 286 do atual Código Civil prevê que “o credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; da obrigação.” Percebe-se então que cabe o credor a responsabilidade sobre o crédito cedido, inclusive sua existência. Segundo Maria Helena Diniz:
“A cessão produz efeitos entre as partes, ou seja, entre cedente e cessionário. O cedente, independentemente de declaração expressa, assumirá a responsabilidade perante o cessionário pela existência do crédito (nomem verum) ao tempo em que lhe cedeu, se se tratar de cessão por título oneroso, ou de cessão por título gratuito, se procedeu de má-fé[11]”.
Na ausência do objeto de cessão, comenta Silvio de Salvo Venosa, “haveria burla e enriquecimento injusto. Por outro lado, na cessão gratuita de crédito, por se tratar de uma liberalidade, não existe tal responsabilidade[12]”. Ainda sobre cessão gratuita, “o cedente só responde pela existência do crédito se agiu com má-fé. Sempre é conveniente recordar que a má-fé não se presume e deve ser cabalmente provada[13]”.
Não é função do cedente responder pela solvência do devedor, conforme o art. 296, do CC, mas se a cessão for pro solvendo “aquela em que a transferência do crédito é feita com o intuito de extinguir a obrigação apenas quando o crédito for efetivamente cobrado[14]”, o cedente tem a responsabilidade da solvência do devedor ou ele mesmo assumir o débito diante do cessionário. No caso da cessão pro soluto, o cedente fica exonerado dessa função.
3.2 Função do Cessionário
Apesar de parecer que a função do cessionário é tão somente receber o cumprimento da obrigação, ou seja, do crédito que adquire, Arnaldo Rizzardo afirma que a ele “assegura-se o uso dos remédios judiciais admissíveis para a defesa do seu crédito[15]”. A partir do momento da cessão, aquilo que cabia ao credor primitivo é transferido junto ao crédito para o cessionário[16], no que conclui o pensamento de Arnaldo Rizzardo: “Se este apresentava vícios; ou se a prazo, a termo; se dependente de condição resolutiva ou suspensiva; se contratado para pagamento no domicílio do cedente, o cessionário sujeita-se a tais percalços ou deficiências[17]”.
É função do cessionário não somente receber o bônus do crédito que adquiriu, mas, sobretudo, respeitar as condições que foram contratadas entre o cedente e cedido no ato da origem da obrigação.
Apesar da lei não mencionar, é no mínimo razoável que o cessionário tenha interesse em informar o devedor sobre a cessão de crédito, pois o Código Civil diz que:
“A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita[18]”.
“Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação[19]”.
Maria Helena Diniz[20] explica que é importante que o devedor seja notificado da cessão antes de efetuado o pagamento do débito, pois este poderá fazê-lo ao credor primitivo, cabendo ao cessionário apenas uma ação contra o cedente.
3.3 Funções do Devedor.
Como dito acima, a participação do devedor no processo de cessão é secundária, mas tem o direito de tomar conhecimento, pois a eficácia do negócio jurídico dependerá de sua notificação.
A função principal do devedor é pagar a dívida. Todo o fundamento da transmissão de crédito pauta-se no fato de haver este débito. Logo, ocorrendo ou não a cessão, a extinção da obrigação se dá pelo pagamento por parte do devedor. Entretanto, uma vez que o credor decide transferir seu crédito a um terceiro, então ao devedor resta, quando notificado, saldar seu débito com o cessionário, não havendo para ele qualquer mudança quanto aos seus direitos.
Portanto, é do devedor o direito de opor exceções, pois, “o devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha com o cedente[21]”. Maria Helena Diniz afirma que o este “não perderá, com a cessão de crédito, o direito de opor ao cessionário as exceções (defesas) que lhes competirem e as que tinham contra o cedente no instante da notificação da cessão[22]”. Todos os direitos do devedor ante ao credor primitivo são transferidos junto ao crédito para o cessionário.
4 CONCLUSÃO
A cessão de crédito, como qualquer transmissão de obrigações “deve ser encarada diante dos princípios sociais obrigacionais e contratuais, particularmente a boa-fé objetiva e a função social[23]”. O estudo e aplicação dessa ferramenta contribui para o bom andamento da sociedade, pois procura fornecer aos indivíduos mais uma possibilidade de resolução de conflitos.
Também permite que, numa sociedade capitalista de livre comércio, na transferência de crédito, o indivíduo possa dispor de seus direitos, fazendo uso deles, assegurado pelo próprio Estado.
Arnaldo Rizzardo[24] diz que os créditos são circuláveis e que não há nada que impeça a sua transferência. Daí a importância de se conhecer bem as partes envolvidas nesse negócio jurídico. Quando se detém o conhecimento sobre os direitos e deveres, das ferramentas e consequências de seu uso, contribui-se para que a sociedade permaneça em seu curso de progresso e crescimento.
Tal conhecimento perderia sua função se não houvesse a matéria sobre a qual estudar, daí a importância da lei que versa sobre a cessão de crédito. Permite-se que ela defina as formas do exercício dos direitos adquiridos, confiando que suas diretrizes conduzem a um resultado satisfatório às partes envolvidas.
Adimplemento:
Adimplemento é um gênero, que muitas vezes será usado como sinônimo de pagamento, porém não são sinônimas, pois existem varias situações em que a extinção da obrigação não decorre do pagamento, por exemplo, a da ação em pagamento, que é quando o devedor não tem dinheiro para pagar a obrigação, mas tem um imóvel que pode ser dado em troca da extinção da obrigação, então a obrigação é adimplida.
Pagamento
Éo cumprimento da prestação devida exatamente como havia sido prometido, então o pagamento passa a ser, a partir de agora, o correspondente ao que o devedor prometeu entregar. O pagamento é estudado sob dois pontos de vista: subjetivo e objetivo.
Do ponto de vista subjetivo vê-se quem paga a divida, quem pode pagar e depois quem recebe e quem pode receber. A partir de o artigo 313, analisa-se o que será pago.
Corrente minoritária: diz que o pagamento é um negócio jurídico. Ela defende a possibilidade de reconhecer no pagamento um negócio jurídico, pois ela acha que o pagamento depende da manifestação consciente de vontade, então, o devedor paga, pois tem consciência de que vai se liberar da obrigação e o credor aceita. 
Corrente majoritária: diz que o pagamento não é um negócio jurídico porque nem sempre depende da manifestação de vontade, então o pagamento seria um ato jurídico. (no negócio jurídico é preciso ter a manifestação consciente de vontade, ao passo em que no ato jurídico é possível obter o resultado independendo da própria consciência.) Exemplo: suponhamos que uma pessoa absolutamente incapaz que se torna devedor enquanto ainda era consciente, então o surgimento da dívida é valido, pois ele tinha consciência, porém na hora de fazer o pagamento ele já estava incapacitado, portanto não tem consciência, mas imaginemos que por razões inexplicadas, mesmo sendo incapaz, ele paga. Então, o credor recebeu exatamente o que lhe era devido e a divida teve fim, mesmo não tendo um agente consciente para fazer o pagamento, portanto tem efeitos lícitos e validos. Por conta disso, a doutrina que prevalece é a que diz que uma vez que tenha havido entrega ao credor daquilo que lhe é devido pelo devedor, houve pagamento, ato jurídico em sentido stricto, que é o ato humano desejado, mas que produz os efeitos determinados pela lei.
Entre os artigos 304 e 307 o legislador discorre sobre quem deve pagar, e, ao dizer terceiro ele se refere a alguém que não é o devedor principal, porém dentre os terceiro a lei distingue o terceiro interessado do terceiro não interessado. (exemplo: beatriz é a garantidora do sergio, portanto, o devedor é ele, ela é uma terceira que garante a obrigação dele). Para distinguir o terceiro interessado do não interessado é preciso saber que no caso de um inadimplemento o terceiro interessado é quem vai suportar as consequências, pois o interesse é jurídico. (exemplo: imaginemos que guilherme tem uma dívida e que seu pai vai querer pagar sua divida, ele não é credor interessado, ele vai pagar a dívida porque tem interesse moral e não jurídico).
-304: esta regra diz que o devedor e o terceiro interessado (que tem os mesmos direitos) poderão obrigar o credor a receber a dívida, através dos meios conducentes (ação de consignação em pagamento), e, se o terceiro interessado fizer o pagamento da dívida, ele se sub-roga (substitui) na posição do credor em relação ao devedor. Quando ocorre a sub-rogação, todas as vantagens que, por acaso, o sub-rogado tinha o sub-rogante passa a ter. Já o terceiro não interessado não tem os mesmos direitos, caso ele queira pagar, ele não se sub-roga. (exemplo: guilherme deve para gabriel. O pai do guilherme não querendo mais que ele pague juros paga o gabriel, podendo depois cobrar o guilherme, mesmo sendo terceiro não interessado. Dado isso, ele não se sub-roga. Ele pode cobrar o guilherme para evitar enriquecimento sem causa, pois ele não doou o dinheiro). A hipótese do terceiro não interessado é cobrar o que gastou, mas sem se sub-rogar, ele cobra apenas para sair do prejuízo.
Parágrafo único: o terceiro não interessado, em lugar de pagar em seu nome, pode pagar em nome do próprio devedor, não contando assim no recibo quem realmente efetuou o pagamento, pois ao fazer isso a relação jurídica não muda, portanto mantém-se originaria. (neste caso, a interpretação é de que houve uma doação, teoricamente não se deve presumir o ato gratuito, mas a corrente predominante é de que é uma doação).
Obs: tanto o credor como o devedor podem se opor ao pagamento de terceiro não interessado.
-305: o pagamento pelo terceiro não interessado pode se dar de duas maneiras. A primeira é quando o recibo fica em nome do terceiro.
Se o devedor pagar para uma pessoa que não é o credor e não tem nem procuração, nem recibo o pagamento só valerá se posteriormente o credor convalidar.
O credor incapaz pode receber o que é devido a ele e usar em seu próprio beneficio (exemplo: pagar uma conta que ele tem em um hospital), mesmo que o devedor saiba que seu credor é incapaz o pagamento é valido quando ele beneficia o incapaz. E, se o devedor ignora o fato de seu devedor ser incapaz, o pagamento é valido.
A hipótese do credor putativo (toda vez que aparecer a palavra ‘putativo’ no direito significa aparência, que merece proteção) é o caso em que você faz o pagamento para uma pessoa acreditando que estava pagando corretamente, mas o credor verdadeiro colabora para o engano. Exemplo: toda semana o devedor frequenta um determinado bar, e nesse bar ele fica sabendo que tem uma pessoa que é amiga do seu credor. Em um mês ele da o dinheiro do credor para o amigo entregar e em alguns dias ele volta com o recibo dado pelo verdadeiro credor. Como ele viu que deu certo ele faz isso por mais seis meses, pois tem a confirmação do credor (através do recibo) que o dinheiro chegou às mãos dele. Um dia ele paga o amigo do credor, porém este não da o dinheiro para o credor e quando o credor for cobrá-lo, ele diz que havia pagado para o amigo e que tem o recibo do amigo. Tem-se então uma hipótese em que o devedor acreditava que poderia continuar efetuando o pagamento daquela maneira, pois o credor colaborou emitindo o recibo anteriormente (é como se ele dissesse que autorizava que o pagamento fosse feito daquela maneira).
Então a proteção da boa-fé do direito se destina a putatividade do devedor, embora não o pagamento não tenha chegado às mãos do credor é considerado valido.
-307: o pagamento que importar em alienação (obrigação de dar) não terá eficácia se feito por quem não era dono da coisa. Porém, se a coisa era fungível e o credor a recebeu e a consumiu (usar, usufruir, vender) de boa-fé reputa-se eficaz o pagamento e do credor nada se poderá reclamar, cabendo ao terceiro, que era o verdadeiro proprietário, buscar as reparações cabíveis do devedor que entregou o que não lhe pertencia.
Exemplo: henrique vende um relógio para carol, porém este relógio é do hamid, que havia emprestado-o para ele há uma semana. Como o relógio é um bem fungível e a carol agiu apenas com boa-fé, ela não perde o que já lhe pertence, então o hamid terá que ir buscar o prejuízo que lhe foi causado com o henrique. (fungível significa que você pode trocar por outro equivalente)
-312: hipótese em que o pagamento é feito ao verdadeiro credor mas, mesmo assim, não tem eficácia, vez que o credor estava impedido legalmente de receber. A penhora retira o crédito da esfera de disponibilidade do credor, razão por que ele não pode recebê-lo. Se o devedor é intimado de penhora incidente sobre o crédito ou de impugnação judicial oposta por terceiros e, ainda assim, paga ao credor, estará pagando mal, e corre o risco de vir a ser compelido a pagar novamente. O exequente e o oponente substituem o credor por ação judicial e o pagamento deverá ser feito a eles no momento oportuno, ou por depósito judicial, livrando-se o devedor da obrigação. O objetivo do dispositivo é proteger os direitos dos credores do credor, uma vez que os créditos fazem parte de seu patrimônio e este é a garantia dos credores. O devedor, ciente da penhora ou da oposição judicial que paga o débito diretamente ao credor, será cobrado novamente pelos credores daquele, nada lhe restando fazer senão procurar reaver do seu credor o que havia pago.
Objeto do pagamento
-313: diz respeito da especialidade. O devedor não pode obrigar o credor a receber prestação diversa ainda que mais valiosa. (o devedor só se desonera da obrigação após entregar ao credor exatamenteo objeto que prometeu dar, ou realizar o ato a que se comprometeu, ou se abster da prestação, nas obrigações de não fazer. Do contrário, a obrigação converter-se-á em perdas e danos, conforme já tivemos oportunidade de explicar nos comentários anteriores).
-314: diz respeito da indivisibilidade. O credor não é obrigado a receber o pagamento parcelado, salvo tenha sido estipulado que assim fosse desde o inicio ou assentimento expresso do credor.
Extra: a literalidade do código não resolve todos os problemas, é preciso considerar também a finalidade ética e social do direito.
-315, 316 e 317: constam no código por uma razão histórica, da época das grandes inflações que o brasil passou, eles discorrem sobre os valores expressos em moeda brasileira, hoje o real, serão pagos pelo valor nominal que representão, mas se o momento que o valor foi fixado e o momento em que o pagamento será efetuado forem momentos diferentes e a moeda houver sido desvalorizada, é possível corrigir o valor da moeda (correção monetária) para que se possa ter o pagamento de forma equilibrado para o credor e para o devedor.
-317: teoria da onerosidade excessiva. O legislador autoriza o juiz a decidir e analisar se ouve fato extraordinário, se surgiu após a obrigação ser assumida e se desequilibrou muito o contrato, com fim de reequilibrar o contrato. (estes requisitos precisam estar presentes para que isso aconteça, pois se no momento da celebração do contrato já existia uma lei que previa a desvalorização, não é mais um fato extraordinário).
Exemplo: eu assumi uma obrigação hoje, portanto, hoje me tornei devedor. Vou retirar o produto hoje, mas o pagamento é só para daqui um ano. Se durante esse prazo o objeto da obrigação recebe uma desvalorização grotesca por causa de fatos imprevistos, que não estavam presentes no momento da compra, e torna o valor que eu vou pagar excessivamente oneroso o juiz poderá reequilibrar o contrato.
Obs.: excessiva onerosidade – ex.: uma prestação que a comprou por 10 e na hora de pagar vale muito menos, vale 2 ou a prestação que comprou por 10 e na hora de pagar vale muito mais, vale 17. Esse é o desequilíbrio, a excessiva onerosidade.
Ex.: o sujeito está empregado quando assume a dívida para comprar um carro, e aí ele perde o emprego. Quando ele estava empregado, os 200 reais que ele pagaria por mês estavam compatíveis com a renda dele. Quando ele está desempregado, 200 reais é uma fortuna. O art. 317 não se aplica a esse caso, porque a expressão excessiva onerosidade tem a ver com a prestação e aquilo que você pagou por ela. Pelo equilíbrio das prestações. Se a pessoa está desemprega, 200 é caro, mas a prestação não vale mais ou menos por causa disso. A prestação vale a mesma coisa, se os juros faziam com que a pessoa pagasse 200 reais por mês, os juros não mudaram, a taxa é a mesma, a situação pessoal da pessoa é que foi modificada.
Quando se fala da excessiva onerosidade do art. 317, se fala da prestação e da contraprestação, nunca da condição pessoal do devedor.
-318: tem o objetivo de impedir as pessoas de usar o ouro ou moeda estrangeira como referencia de correção monetária no brasil.
Objeto do pagamento prova do pagamento
Arts. 319 e 320 – o devedor pode recusar o pagamento se o credor se recusar a dar o recibo para ele. Se ele recusar a dar o recibo, o devedor entra com uma ação de consignação de pagamento.
Prova do pagamento – quitação. A prova do pagamento pode sempre ser dada por instrumento particular.
Existe um jeito de fazer a prova do pagamento que é outorgando escritura pública, ou seja, indo ao cartório de notas e pedindo para ser feito um documento que é a quitação (instrumento público), mas também pode ser feita uma prova de pagamento/quitação/recibo por um instrumento particular, que é aquele feito no “papel de caderno”.
Quitação – prova do pagamento em regra é escrita (instrumento particular ou escritura pública), mas é possível a prova do pagamento ser feita por testemunhas, que se chama prova verbal do pagamento.
Obs: você pode provar só por testemunhas se o valor pago for inferior do que 10 salários mínimos. Se o valor pago superar isso, pode provar por testemunha desde que tenha princípio de prova documental, tem que ter um começo de prova documental e completa com testemunhas (art. 229). Completa a prova documental com testemunhas, mas essa prova não poderia ser feita só com testemunhas, se não tivesse um principio (começo) de prova documental.
Art. 321: alguns débitos são representados por documentos e estão de tal modo presos ao título/documento, que só podem ser pagos a quem tiver o documento em suas mãos. Fisicamente precisa ter o documento. Em outros casos, você pode ter o documento fisicamente, mas não necessariamente a posse física do documento é necessária.
Ex.: se eu fizer um documento confessando uma divida numa escritura pública, numa escritura feita no cartório de notas, esse documento não vai circular, ele fica no cartório, o que eu recebo é uma cópia fiel do que está lá, mas o documento não sai do cartório. Se quiser pagar o credor, ele dá um recibo, cujo original fica no cartório e esse recibo é suficiente para se ele cobrar a divida outra vez, a pessoa se livrar mostrando o recibo. Mesmo que haja uma divida confessada por escritura pública, o recibo pode ser por instrumento particular. A prova do pagamento sempre pode ser feita por instrumento particular (sem exceção) sem que seja necessária escritura pública para provar.
Alguns títulos, alguns documentos que provam a existência da dívida estão ligados ao documento fisicamente, por exemplo, cheque, nota promissória. Esses documentos, se foram entregues a alguém, na hora de pagar, o original precisa ser resgatado pelo devedor. Se o credor der um recibo, ele prova que o devedor foi pago, mas o devedor pode ter pago mal (ex.: cheque endossado), o devedor seria obrigado a pagar de novo.
Existem documentos que não são escritura pública, mas também não são documentos que são titulo de credito (prova do crédito representada por um documento literal, autônomo e abstrato). (se é um título de crédito, aquele papel vale tudo o que está envolvido na negociação). Ex.: cheque, duplicata, nota promissória (esses documentos representam o crédito). Se a pessoa paga qualquer um desses, titulo de volta. Se continuar circulando e estiver na mão de alguém de boa fé, vai ter que pagar de novo.
Art. 322 – cotas periódicas: tenho uma obrigação dividida em parcelas (ex.: empréstimo – 10 parcelas de 1.000). O legislador considera que se você tem o recibo da 6ª parcela é porque as demais foram pagas. A prova do pagamento de uma parcela, se for sucessiva, gera presunção de que as anteriores estão pagas. A lógica é que ninguém aceita receber a sexta parcela se as anteriores não foram pagas – presunção. A presunção é extrair de um fato conhecido, uma conclusão aplicável a um fato que a pessoa não conhece. Pegar um fato, uma verdade que eu conheço e aplicar a um fato que eu não conheço.
Presunção absoluta: paga e pronto. Não permite prova em sentido contrário. Presunção relativa: presumo que a pessoa é culpada, mas dou a chance dela provar que não foi culpada. Permite prova em sentido contrário.
Correção monetária significa corrigir o valor da moeda. Correção monetária não é juros. É um instrumento diferente dos juros. Juros são fruto do capital, como o aluguel é fruto do imóvel.
Fruto – da coisa principal extrai-se algo produzido por ela.
Frutos industriais – produzidos pela manipulação humana; frutos naturais – decorre da própria força geradora do bem principal; frutos civis – são produzidos porque a pessoa entrega algo da sua propriedade para ser usado por outra pessoa.
Ex.: aluguel. Imóvel – principal. Aluguel – fruto civil do capital.
Capital – incluída a correção monetária (próprio capital sem se desvalorizar). Juros – acessório do principal (acessório segue o principal).
Ex: se eu tenho um recibo com o valor principal pago, entende-se que os juros foram pagos também.
Art. 324: título de crédito: devolveuo título, está pago. Se for outro documento, a quitação faz prova (precisa do recibo).
Cota periódica – o pagamento da ultima presume o pagamento das anteriores.
Capital quitado – presume a quitação dos juros.
- bilhete de caderno (confissão de dívida): não é título de crédito e não é instrumento de quitação, porém se volta para o devedor é porque provavelmente ele pagou a dívida – presunção de pagamento.
Parágrafo único: não fala título de crédito, fala título do crédito, porque se for título de crédito, pego de volta. Título do crédito é o documento privado.
Ex.: adriana não tem a quitação (recebi...), mas está com o bilhete de caderno (confissão de dívida), então presume-se que ela pagou. Porém, ela não pagou e furtou o papel do eduardo. Ele tem sessenta dias para derrubar a presunção (e provar que ela não pagou).
Art. 326: pagamento de quantia em medida ou peso, sem especificar qual é, considera-se que será usado o critério de medida ou peso do lugar em que o negócio foi feito, no lugar onde se der a execução (o pagamento). – regra supletiva (se houver divergência ou não for claro, utiliza-se a regra do lugar onde será pago).
Lugar do pagamento
Arts. 327, 328, 329 e 330 – onde a obrigação será cumprida.
As partes podem escolher o lugar onde será feito o pagamento, elas estão autorizados a dizer onde será feito o pagamento. Pode ser na casa do credor, na casa do devedor, no banco.. Onde elas escolherem. Porém, se elas não disserem nada, será sempre o domicílio do devedor. Sempre que houver silencio – domicilio do devedor.
Se o pagamento consiste na entrega de um imóvel, o lugar do pagamento será onde está o imóvel.
As duas últimas regras são as que admitem que o lugar escolhido pelas partes para ser feito o pagamento varie, mude. Os arts. 329 e 330 oferecem duas possibilidades de mudar o lugar de pagar. Ou o lugar é o domicilio do devedor ou é escolhido pelas partes, mas pode haver mudança tácita (mudança ditada pelo comportamento das partes) no lugar de pagamento. O comportamento significa aceitação de que o lugar deixou de ser um e passou a ser outro.
Ocorrendo motivo que impossibilite o pagamento no lugar determinado, ele pode ser feito em outro, desde que respeitados os limites da lei e não sendo prejudicial ao credor. Ex.: adriana não consegue ir na casa do eduardo fazer o pagamento porque há uma barreira que impossibilita sua ida até a casa e ela deposita o dinheiro na conta dele. Não é prejudicial ao credor, pois o dinheiro estava na conta dele na data combinada. Portanto, pode ser feito dessa maneira.

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