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Panificação De acordo com o autor de vários livros da Academie d’art culinaire de Paris, para entender e produzir os produtos da panificação é necessário compreender todas as reações que ocorrem durante a mistura e o assamento dos derivados dos grãos. O primeiro dos cuidados que se deve ter é em relação ao processo de mistura da massa. Durante este processo, se destacam a formação de bolhas e a hidratação dos componentes. As bolhas de ar consistem em espaços vazios circundados por uma película elástica feita de proteínas como o glúten dos cereais e a albumina do ovo. Essas, são visíveis na parte interna das massas (miolo) e dão a ela uma textura porosa. A hidratação é o processo de absorção de água. As moléculas de água unem-se a superfície dos grânulos de amido, formando uma espécie de cápsula ao seu redor. Como já mencionado, a adição de água também ocasiona a formação do glúten. Além disso, desencadeia uma série de reações permitindo que ingredientes como o sal, o açúcar e os fermentos, promovam as suas funções. O controle do desenvolvimento do glúten é essencial para se obter algum produto específico. Entre fatores que influenciam tal desenvolvimento está a escolha da farinha, os lipídeos, a água e o método de mistura. As farinhas de trigo, tanto as fortes quanto as fracas, formam um glúten resistente e elástico, as proteínas do centeio formam um de baixa qualidade, e outros grãos nem ao menos contém as proteínas do glúten. As gorduras são responsáveis por encurtar as redes de glúten. Elas envolvem suas partículas, lubrificando-as de modo que não fiquem grudadas umas nas outras, funcionando, portanto, como um amaciante. Um biscoito ou torta, por exemplo, muito quebradiça se deve ao alto teor de gordura e pouco desenvolvimento do glúten. A água funciona de forma parecida, visto que privar as proteínas de água, impede o desenvolvimento do glúten. Já ao misturar a massa, o tempo excessivo de sova da mistura pode fazer com que as redes de glúten se quebrem e a massa se torne pegajosa e borrachuda, tornando o produto assim sem forma e rígido, quando pronto. Além disso, é essencial deixar a massa “descansar” pois durante este período a rede de glúten se habitua ao seu novo tamanho e formato, tornando-se menos tensa. Durante o assamento ocorrem os diversos estágios descritos a seguir. O derretimento das gorduras, que liberam os gases e a água que estavam aprisionando. A formação de gases, liberados pela ação de fermentos e a expansão de alguns gases que já haviam sido incorporados à massa durante o processo de mistura. Estes gases, são aprisionados pela rede elástica de proteína (glúten ou proteínas do ovo). Ocorre também a coagulação das proteínas, que irão se tornar firmes e darão a estrutura do produto final. Enquanto isso, a água ligada a elas evapora ou então é absorvida pelo amido. O amido, ao se ligar às moléculas de água, sofre a gelatinização dando origem à um produto final mais seco que a massa. Assim, ele dará sustentação à estrutura formada pelas proteínas. Vale constar que se não houver quantidade de água o suficiente, nem todo o amido se gelatiniza. Além disso, quando a massa começa a secar se inicia o processo de formação da casca. A sua coloração dourada é obtida através da reação de caramelização, que se refere ao cozimento dos açúcares presentes na mistura, e principalmente, da reação de Maillard. Esta ocorre devido a presença de açúcares e proteínas na massa, além da adição de calor (GISSLEN, 2011). Victoria Diniz Shimizu
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