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INTRODUÇÃO A PSICOLOGIA

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Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO À 
PSICOLOGIA
Professora Me. Carmen L. Cuenca
Graduação
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Comercial, de Expansão e 
Novos Negócios
Marcos Gois
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Coordenação de Sistemas
Fabrício ricardo Lazilha
Coordenação de Polos
reginaldo Carneiro
Coordenação de Pós-Graduação, Extensão 
e Produção de Materiais
renato dutra
Coordenação de Graduação
Kátia Coelho
Coordenação Administrativa/Serviços 
Compartilhados
Evandro Bolsoni
Gerência de Inteligência de Mercado/Digital
Bruno Jorge
Gerência de Marketing
Harrisson Brait
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nalva aparecida da rosa Moura
Supervisão de Materiais
Nádila de almeida Toledo 
Design Educacional
rossana Costa Giani 
Fernando Henrique Mendes
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Editoração
Humberto Garcia da Silva
Revisão Textual
Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria 
Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara 
Valenciano, rhaysa ricci Correa, Susana Inácio
Ilustração
robson Yuiti Saito
 CENTro uNIVErSITÁrIo dE MarINGÁ. Núcleo de Educação a 
distância:
C397 
 Introdução à Psicologia / Carmen L. Cuenca. 
 reimpressão revista e atualizada, Maringá - Pr, 2014. 
 163 p.
“Graduação - Ead”.
 
 1. Psicologia. 2. Personalidade . 3. Processos Gerenciais 4. Inteli-
gência Emocional. 5. relações Interpessoais
 Ead. I. Título.
 ISBN 978-85-8084-654-6
Cdd - 22 ed. 150
CIP - NBr 12899 - aaCr/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CrB-8 - 6828
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. a busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro universitário Cesumar – 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
diante disso, o Centro universitário Cesumar al-
meja ser reconhecida como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. de que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
o Centro universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro universitário Cesumar lhe possi-
bilita. ou seja, acesse regularmente o aVa – ambiente 
Virtual de aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Professora Me. Carmen Lucia Cuenca
Sou psicóloga e, desde 1998, formada pela universidade Estadual de Maringá, 
com pós-graduação em administração pela mesma Instituição e mestrado 
em Ergonomia pela universidade Federal de Santa Catarina. Trabalho com 
a psicologia das organizações e do trabalho, que tem como foco o homem, 
suas relações e seu ambiente de trabalho.
A
U
TO
RE
S
SEjA bEM VINDO(A)!
Prezado(a) aluno(a), é com grande satisfação que apresento a você as boas-vindas da 
nossa disciplina Introdução à Psicologia. Sou a professora Carmen Lucia Cuenca e a pre-
parei com muita dedicação para que você possa conhecer-se mais e também aos seus 
pares.
Meu objetivo ao escrever esse livro foi fornecer informações sobre o desenvolvimento 
humano, a formação da personalidade, as distinções de percepção, o papel das emo-
ções e das relações no ambiente de trabalho. No decorrer de suas leituras, procure in-
teragir com os textos, fazer anotações, responder as atividades de autoestudo, anotar 
suas dúvidas, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos 
tratados, pois, com certeza, não será possível esgotá-lo em apenas um livro. 
Para iniciar, na primeira unidade vamos esclarecer o que é a personalidade, como ela 
se constitui e seus principais pensadores. após entender a dinâmica do ciclo da vida 
e da formação da personalidade, você poderá conhecer a sua aplicabilidade no meio 
organizacional.
ao compreender a dinâmica da personalidade que garante a individualidade, vamos 
adentrar, na unidade II, ao mundo da percepção que nos auxilia a lidar com as diferenças 
de opiniões e a praticar a compreensão empática.
Mas como somos seres humanos, não poderíamos deixar de mencionar na unidade III o 
papel das emoções e da inteligência emocional na construção da resiliência e sua apli-
cabilidade no contexto organizacional.
Na unidade IV, nosso diálogo será sobre as relações produtivas e satisfatórias no am-
biente de trabalho. Quando as pessoas vão para as organizações, compartilham uma 
grande variedade de interconexões. Essas conexões fazem das relações interpessoais 
um aspecto muito importante da vida organizacional. apresento a você a socialização 
como um processo onde o ser humano aprende e interioriza os componentessociocul-
turais do meio no qual está inserido, adaptando-os à sua personalidade.
Finalizando, chegamos à quinta unidade na qual a ideia é considerar os aspectos traba-
lhados nas unidades anteriores e relacioná-los com o comportamento humano nas or-
ganizações. a gestão das relações interpessoais e os fatores ambientais que contribuem 
para a produtividade efetiva.
Percebeu como temos coisas para discutir em nossa aula? Tenho o objetivo de ampliar 
a sua compreensão sobre si mesmo(a) e sobre seus pares. Para que tenhamos sucesso, 
é preciso aprender a observar a pessoa em seu ambiente, no contexto de sua situação 
e nos problemas que está enfrentando. o julgamento e os valores nem sempre levam 
a uma interpretação objetiva do mundo, portanto deve-se tomar muito cuidado com 
a forma de perceber o mundo, pois ela é determinante para o comportamento e na 
formação das atitudes. 
Quero você olhando para além do campo de visão. Com isso, aperfeiçoando suas rela-
ções humanas no ambiente de trabalho.
Bons estudos!
ApresentAção
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA
uNIdadE I
A PERSONALIDADE: PARA COMPREENDER AS DIFERENÇAS 
INDIVIDUAIS
15 Introdução
16 o Que é a personalidade? 
17 Como Determinar a personalidade? 
20 os traços de personalidade 
24 os tipos de personalidade 
31 o Desenvolvimento da personalidade 
37 Aplicações da psicologia da personalidade 
38 Considerações Finais 
uNIdadE II
A PERCEPÇÃO PARA COMPREENDER AS DIFERENÇAS DE OPINIÃO
45 Introdução
46 A percepção: para Compreender as Diferenças de opinião 
47 objetividade e a subjetividade 
49 A origem do Conhecimento: o empirismo e o Inatismo 
51 percebendo Formas, padrões e objetos 
53 processo perceptivo 
54 percepção e Atribuições: Interpretando o Mundo à nossa Volta 
59 Aplicação da psicologia da percepção: a empatia 
63 Considerações Finais 
SUMáRIO
uNIdadE III
EMOÇÕES E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NA CONSTRUÇÃO DA 
RESILIÊNCIA
69 Introdução
70 emoções 
71 Como podemos entender as emoções? 
72 emoções sentidas Versus emoções Demonstradas 
74 Contribuições das emoções no estudo do Comportamento organizacional 
78 Inteligência emocional: a Diferença entre QI e Qe 
82 A Inteligência emocional (Ie) e o Gerenciamento Inteligente 
92 resiliência 
101 Considerações Finais 
uNIdadE IV
RELAÇÕES PRODUTIVAS E SATISFATÓRIAS NO AMbIENTE DE 
TRAbALHO
107 Introdução
107 A Dinâmica da relação Humana 
109 Você sabe o que são relações Humanas? 
112 o processo de socialização organizacional 
121 trocar Feedback positivo 
123 praticar a escuta Ativa 
SUMáRIO
125 Administrar Adequadamente os Conflitos 
130 o Assédio psicológico (Moral) no Ambiente de trabalho 
133 Considerações Finais 
uNIdadE V
O PAPEL DO GESTOR NA MELHORIA DAS RELAÇÕES DE TRAbALHO
139 Introdução
139 Gestão das relações Interpessoais 
141 exigências de Cargo 
143 Fatores Ambientais 
156 Considerações Finais
159 Conclusão 
161 Referências 
U
N
ID
A
D
E I
Professora Me. Carmen L. Cuenca
A personALIDADe: 
pArA CoMpreenDer As 
DIFerençAs InDIVIDUAIs
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Entender o significado da expressão personalidade dentro da 
concepção psicológica.
 ■ Compreender os determinantes da personalidade.
 ■ analisar os tipos de personalidade e sua influência no ambiente de 
trabalho.
 ■ Entender o desenvolvimento da personalidade.
 ■ Conhecer as aplicações da psicologia da personalidade no campo 
organizacional.
Plano de Estudo
a seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ o que é personalidade
 ■ Como determinar a personalidade
 ■ os traços de personalidade
 ■ os tipos de personalidade
 ■ o desenvolvimento da personalidade
 ■ as etapas do desenvolvimento de Jung
 ■ os estágios psicossociais do desenvolvimento e forças básicas
 ■ aplicações da psicologia da personalidade
14 - 15
INTRODUÇÃO
A palavra personalidade está dentro do nosso vocabulário o tempo todo. 
Descrevemos nosso colega de trabalho como divertido, alegre, sério, sisudo. 
Achamos que estamos, genericamente, descrevendo sua personalidade. Mas está 
errado. Não se define a personalidade por uma ou duas características, mas sim 
com um conjunto de características ou capacidades.
Por isso, acredito que você precisa ler esta unidade para entender melhor e 
não falar bobagem quando se referir ao modo de ser ou de agir de uma pessoa 
que trabalha com você ou faz parte do seu grupo social.
Nossa personalidade determina nosso comportamento. Como todo gestor 
precisa entender o comportamento de seus colaboradores, é importante que ele 
conheça um pouco sobre personalidade.
Nesta unidade quero trazer para você uma pequena parte das pesquisas 
sobre a personalidade, como ela é determinada, quais os modelos mais usuais 
no ambiente organizacional.
Vamos conversar sobre o desenvolvimento da personalidade sob o olhar 
de Carl Gustav Jung e Erik Erikson, para que possa comparar e analisar as duas 
teorias e assim despertar seu olhar crítico para as teorias e sua aplicabilidade 
nas organizações.
Você já deve ter se perguntado por que algumas pessoas se apresentam cal-
mas e outras são tão agitadas. Existem pessoas que se adaptam a diversidades 
com mais facilidade e outras são resistentes ao novo. Há resposta para sua per-
gunta, porém, vamos começar respondendo uma pergunta bem pequena, mas 
complexa: O que é a personalidade?
A partir deste momento sua pergunta começará a ser respondida, da forma 
mais didática e tranquila, sem pressa e com todas as explicações possíveis, que 
serão complementadas com nossas aulas.
Aqui começa a transformação de suas ideias!
Introdução
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O QUE é A PERSONALIDADE?
“Personalidade vem da palavra latina persona, 
que se refere à máscara utilizada pelos atores em 
uma peça” (SCHULTZ, 2002, p. 8). Nesse sentido, 
a personalidade diria respeito às nossas caracte-
rísticas externas e visíveis, aqueles aspectos que 
os outros podem ver, ou seja, aquilo que aparen-
tamos ser.
A personalidade refere-se ao modo relativa-
mente constante e peculiar de perceber, pensar, 
sentir e agir do indivíduo. Constitui um conceito 
que não pode ser desconsiderado pelos gestores 
e por todas as pessoas que buscam compreender 
as atitudes e os comportamentos das pessoas no 
interior das organizações.
A compreensão da personalidade possibilita aos gestores aproveitar as dife-
renças individuais que incluem: habilidades, atitudes, crenças, emoções, desejos, 
o modo de comportar-se e, inclusive, os aspectos físicos do indivíduo, para faci-
litar o trabalho em equipe, para favorecer o desenvolvimento das competências 
e melhorar o desempenho. 
Morin e Aubé (2009, p. 13) nos trazem a definição de Bloch et al. (2002) 
sobre a personalidade: “Um conjunto de características afetivas, emocionais e 
dinâmicas relativamente estáveis e habituais da maneira de ser de uma pes-
soa e seu modo de reagir às situações nas quais se encontra”. Por essa definição 
é possível compreender que a personalidade é o componente que nos diferen-
cia uns dos outros.
Por que essas características são descritas como relativamente estáveis e 
habituais? O advérbio relativamente mostra a necessidade do indivíduo de 
adaptar ou ajustar seu modo de ser às exigências contingenciais. O termo está-
vel mostra que esta característica tende a se manter no tempo permitindo, até 
certo ponto, prever determinadas reações em certas situações. Por fim, o habi-
tual traz a conotação da repetição na maioria das situações vivenciadas.©
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A PERSONALIDADE: PARA COMPREENDER AS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
16 - 17I
A resposta não parece simples, e não é. Uma das primeiras discussões sobre 
o estudo da personalidade pairou sobre a definição: se ela é resultado da heredi-
tariedade ou do meio ambiente. Nem uma nem outra parece ser a resposta certa. 
A personalidade parece ser resultado da combinação de ambas as influências. 
Você pensa que decifrou a personalidade? Não, não. Diante dos estudos 
constatou-se uma terceira influência: a situação. Vamos entender melhor essas 
influências mediante a compreensão mais detalhada dos determinantes da 
personalidade.
COMO DETERMINAR A PERSONALIDADE?
Considere uma pessoa adulta, com seus hábitos, costumes e crenças. Essa pes-
soa pode ser considerada como resultado dos fatores ambientais, hereditários e 
regulados pelas condições situacionais (ROBBINS, 2005, p. 78).
Hereditariedade: refere-se a todos os fatores definidos na concepção e que 
se fazem presentes no nascimento e desenvolvimento biológico. A altura que 
você tem, o seu temperamento, a sua força e flexibilidade muscular e os ritmos 
biológicos são algumas das características herdadas geneticamente. Imagine se 
a hereditariedade fosse o único fator responsável pela determinação da nossa 
personalidade, teríamos que admitir que ela fosse imutável. Mas as caracterís-
ticas não são completamente ditadas pela hereditariedade, o ambiente tem sua 
contribuição.
Ambiente: a cultura na qual fomos criados, as condições da nossa infância, 
as normas e regras vigentes no nosso grupo familiar, nossos amigos e todas as 
outras pessoas e grupos com os quais entramos em contato também exercem 
influência sobre nossa personalidade. A cultura é responsável por estabelecer nor-
mas e valores que são passados de uma geração a outra, e cria uma consistência 
no decorrer do tempo. Portanto, a hereditariedade determina os parâmetros ou 
limites, “mas o potencial total de um indivíduo será determinado pelo seu ajuste 
às demandas e exigências do ambiente” (ROBBINS, 2005, p. 79).
Como determinar a Personalidade?
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Situação: um terceiro fator que influencia os efeitos da hereditariedade e do 
ambiente sobre a personalidade. A nossa personalidade pode mudar em determi-
nadas situações. Você já percebeu que algumas pessoas parecem tão diferentes, 
quase irreconhecíveis, quando estão em situações diferentes? As diferentes exi-
gências de dadas situações trazem à tona aspectos distintos da personalidade 
do indivíduo. 
Cada um de nós tem personalidade própria, apesar de alguns de nós termos 
características semelhantes no que se refere à personalidade, ela não se repete 
na íntegra em outro individuo. Somos únicos. 
O primeiro estudo formal da personalidade foi a psicanálise com Sigmund 
Freud (1856-1939), no final do século XIX. Ele enfatizava as forças do incons-
ciente (forças que não podemos ver ou controlar), os impulsos biológicos e os 
conflitos inevitáveis da infância como formadores da personalidade. Esta era 
formada até os cinco anos de idade.
Carl Gustav Jung (1875-1961), discípulo de Freud, elaborou uma explicação 
da natureza humana que se diferenciava da psicanálise, a qual ele nominou de 
psicologia analítica. Ele afirma que nossa personalidade é formada a partir das 
experiências primitivas herdadas, “combinou ideias de história, mitologia, antro-
pologia e religião para formar a sua imagem da natureza humana” (SCHULTZ, 
2002, p. 88).
Para Alfred Adler (1870-1937), cada um de nós é um ser social. Para ele nossa 
personalidade é moldada pelo ambiente em que estamos inseridos e pelas inte-
rações sociais “peculiares”. O consciente é o centro da personalidade. “Em vez 
de sermos impulsionados por forças que não podemos ver ou controlar, estamos 
“olhe para dentro, para suas profundezas, aprenda primeiro a se conhecer”.
Sigmund Freud
A PERSONALIDADE: PARA COMPREENDER AS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
18 - 19I
ativamente envolvidos na criação do nosso self (eu mesmo) e no direcionamento 
do nosso futuro” (SCHULTZ, 2002, p. 116).
Karen Danielsen Horney (1885-1952), de posição feminista, acreditava que 
as pessoas eram motivadas pelas necessidades de segurança e amor. Nessa busca 
é que a personalidade era moldada (SCHULTZ, 2002).
Com uma preocupação mais histórica, Erich Fromm (1900-1980) enfatiza 
que a personalidade é influenciada pelas forças sociais e culturais que afetam o 
indivíduo numa cultura e pelas forças universais que veem influenciando a huma-
nidade durante toda a sua evolução histórica (SCHULTZ, 2002).
Pesquisador acadêmico e não clínico como seus antecessores, Henry Murray 
(1893-1988) “elaborou uma abordagem da personalidade que inclui forças cons-
cientes e inconscientes: a influência do passado, presente e futuro, e o impacto 
dos fatores fisiológicos e sociológicos” (SCHULTZ, 2002, p. 182).
Discípulo de Freud e treinado pela Anna Freud (filha de S. Freud), Erik 
Erikson (1902-1994) enfatizava que a personalidade continua a se desenvol-
ver numa sucessão de oito etapas (estágios) durante toda a evolução da vida. Os 
fatores biológicos, inatos, que operam na infância, não são os únicos que regem 
nossa formação da personalidade (SCHULTZ, 2002).
Em 1937, tivemos a publicação do livro Personality: a psychological interpre-
tation. Seu autor, Gordon Allport (1897-1967), trouxe a teoria do desenvolvimento 
da personalidade para o centro da psicologia e formulou sua teoria dando sig-
nificativa importância aos traços. “Allport disse que não somos prisioneiros de 
conflitos da infância e experiências passadas, como Freud achava. Em vez disso 
somos mais guiados pelo presente e pela nossa visão do futuro” (SCHULTZ, 2002, 
p. 236). Ele defende que a personalidade é específica e particular de cada um.
Numa abordagem rigorosamente científica, sem o objetivo de tratar, mas 
apenas de pesquisar, Raymond B. Cattel (1905-1998) submetia seus dados de 
pesquisa ao procedimento estatístico denominado análise fatorial. Seu estudo 
da personalidade demonstrou a influência significativa da hereditariedade sobre 
a inteligência e outros traços (SCHULTZ, 2002).
Vamos ver com mais calma como funciona a teoria dos traços?
Como determinar a Personalidade?
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OS TRAÇOS DE PERSONALIDADE
Cattel (apud SCHULTZ, 2002) desenvolveu vários testes para avaliar a perso-
nalidade. O mais conhecido deles é o 16PF, que se baseia nos 16 traços originais 
mais importantes. O questionário 16PF foi elaborado recorrendo a análises 
fatoriais sucessivas. A primeira versão original deste questionário foi escrita e 
validada por meio de sucessivas análises fatoriais realizadas nos anos 1940. Trinta 
anos depois, este foi considerado um instrumento útil entre os pesquisadores 
da personalidade, sendo também utilizado nas práticas dos psicólogos clínicos, 
educacionais e organizacionais. 
O quadro a seguir apresenta uma descrição resumida da tipologia de per-
sonalidade baseada no questionário 16 PF.
FAtor AtrIbUtos prInCIpAIs
a (Expansivo) afetivo, condescendente, participante
B (Inteligente) Pensamento abstrato, maior capacidade mental
C (Emocionalmente Estável) Enfrenta a realidade, calmo, amadurecido
E (afirmativo) Independente, agressivo, obstinado
F (despreocupado)Impulsivamente animado, alegre, entusiasta
G (Consciencioso) Perseverante, circunspeto, preso a normas
H (desenvolto) desembaraçado, ousado, espontâneo
I (Brando) Terno, dependente, superprotegido, sensível
L (desconfiado) obstinado em sua opinião, difícil de enganar
M (Imaginoso) Voltado para o interior, descuidado de assuntos práti-
cos, boêmio
N (requintado) Esmerado, apurado, sagaz
o (apreensivo) Preocupado, deprimido, perturbado
Q1(Experimentador) renovador, criativo, liberal, analisador, mente aberta
©shutterstock
A PERSONALIDADE: PARA COMPREENDER AS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
20 - 21I
FAtor AtrIbUtos prInCIpAIs
Q2(autossuficiente) Prefere próprias decisões, basta-se a si próprio
Q3(Controlado) Socialmente correto, comandado por sua autoimagem
Q4(Tenso) Frustrado, impulsivo, irritado
Quadro 1: Descrição da Tipologia de Personalidade (16PF) de R. B. Cattell
Fonte: adaptado de Gouveia e Pietro (2004, p. 218)
Muitos outros problemas foram levantados no campo da pesquisa em perso-
nalidade. Por exemplo, Guilford (1975 apud SCHULTZ, 2002), a respeito da 
elaboração do 16PF, levanta duas objeções: (1) os itens usados evidenciam car-
gas fatoriais baixas por fator, e (2) os itens heterogêneos saturam no mesmo fator, 
frequentemente pontuando em direções opostas. Seguindo a perspectiva da psi-
cometria convencional, unicamente, itens homogêneos facilitam a segurança de 
uma solução fatorial com estrutura simples.
Atualmente temos pesquisas que não admitem mais do que cinco fatores de 
personalidade. Robert McCrae e Paul Costa “iniciaram um extensivo programa 
de pesquisas que identificou os chamados cinco grandes fatores” (SCHULTZ, 
2002, p. 275).
Morin e Aubé (2009,p. 16) nos apresentam um quadro explicitando cada 
um dos cinco fatores de personalidade que pode “figurar em um continuum que 
vai de ‘muito presente’ a ‘muito pouco presente’ em um indivíduo. Você notará, 
entretanto, que os dois polos de um mesmo fator não constituem necessaria-
mente posições opostas”.
Características de um in-
divíduo em que este fator 
está muito presente
Fatores
Características de um 
indivíduo em que 
este fator está muito 
pouco presente
Sociável, ativo, volúvel, 
otimista, caloroso etc.
Extroversão/Introversão
avalia a quantidade e a intensida-
de da interação interpessoal, do 
nível de atividade, da necessidade 
de estímulo e da capacidade de se 
divertir.
reservado, moderado, 
discreto etc.
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Características de um in-
divíduo em que este fator 
está muito presente
Fatores
Características de um 
indivíduo em que 
este fator está muito 
pouco presente
Calmo, relaxado, sereno 
etc.
Estabilidade emocional/Neurose
avalia a adaptação do indivíduo. 
Permite identificar as pessoas 
sujeitas ao desamparo psicológico, 
às ideias irrealistas, às necessida-
des ou aos desejos excessivos e às 
estratégias de adaptação inade-
quadas.
Inquieto, nervoso, sen-
timento de inadequa-
ção etc.
Curioso, criativo, possui-
dor de um espírito aberto, 
não tradicional, tolerante, 
original etc.
Abertura à experiência
avalia a pró-atividade e a capaci-
dade de que o indivíduo dá prova 
de julgar as experiências, avalia a 
capacidade de tolerar o desconhe-
cido e a capacidade de explorar.
Convencional, con-
servador, terra a terra, 
campos de interesse 
restritos etc.
Sensível, íntegro, correto, 
honesto, altruísta, capaz 
de perdoar, inclinado a de-
monstrar compaixão etc.
Afabilidade/Desafabilidade
avalia a qualidade da orientação 
interpessoal de um indivíduo ao 
longo de um continuum que vai 
da compaixão ao antagonismo nas 
ideias, nos sentimentos e nos atos.
Cínico, rude, suspei-
toso, competitivo, 
vingativo, irritável, 
manipulador etc.
organizado, metódico, 
confiável, trabalhador, 
disciplinado, pontual, 
escrupuloso, ambicioso, 
perseverante etc.
Caráter consciencioso/Negligen-
te
avalia o grau de organização, de 
perseverança e de assiduidade do 
indivíduo. Compara o indivíduo 
confiável e minucioso, ao que dá 
mostras de indolência e de negli-
gência.
Irresponsável, 
preguiçoso, apático, 
negligente, fraco, sem 
vontade, hedonista etc.
Quadro 2: Os cinco fatores da personalidade
Fonte: Adaptado de Morin e Aubé (2009, p. 16)
De acordo com esse modelo, a extroversão traz a ideia de que os extrovertidos 
tendem a ser ativos, entusiasmados, dominantes, sociáveis, eloquentes (falantes). 
Ela está ligada com energia, dominância e expressividade positiva. Os extrover-
tidos buscam agitação e têm características alegres. Por outro lado, indivíduos 
introvertidos tendem a ser retraídos, submissos e quietos. Precisam da soli-
dão, são mais inibidos. Não significa que sejam, necessariamente, tímidos, eles 
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Reprodução proibida. A
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possuem suas habilidades sociais (MORIN; AUBÉ, 2009, p. 16).
Segundo Rolland (2004 apud MORIN; AUBÉ, 2009, pp. 16-17), “o fator ‘esta-
bilidade emocional’ se relaciona com um sistema percepção de ameaça, real ou 
simbólica, e com a reatividade a essa ameaça”. Pessoas com esse traço apresen-
tam-se calmas e ponderadas, podendo parecer despreocupadas e indiferentes. 
O lado oposto traz a preocupação excessiva, baixa valorização de si mesma, os 
afetos negativos como medo, vergonha e tristeza são frequentes.
Pessoas com alta pontuação no fator “abertura á experiência” tendem a ser 
francas, imaginativas, espirituosas, originais e artísticas. Não pode ser visto 
como sinônimo de inteligência. Elas preferem as situações de mudança à rotina. 
Serem confundidas com rebeldes é muito comum. Segundo Rolland (2004 apud 
MORIN; AUBÉ, 2009, p. 17), “os indivíduos pouco abertos à experiência, pelo 
contrário, são atraídos pelas atividades concretas e práticas. Dada sua preferên-
cia marcante pela estabilidade, essas pessoas podem parecer rígidas”.
A amabilidade pode ser chamada de agradabilidade ou sociabilidade. 
Portanto, essas pessoas são agradáveis, amáveis, altruístas, modestas e afetuosas. 
A desafabilidade traz características de frieza, egocentricidade e baixa empatia, 
portanto essas pessoas tendem a ser mais competitivas.
Finalizando a explicação dessa teoria, temos o caráter consciencioso, que 
revela uma característica para o controle dos impulsos com seu comportamento 
direcionado a um objetivo específico. “As dimensões de competência, organiza-
ção, sentido do dever, procura do êxito, autodisciplina e deliberação”. A rigidez 
pode se fazer presente nas atividades laborais. Por outro lado, o negligente apre-
sentará uma tendência à procrastinação, tenderá a deixar para depois as tarefas 
consideradas difíceis ou chatas. Passa a imagem de pouco confiável.
Morin e Aubé (2009) destacam diversas pesquisas realizadas com a finali-
dade de validar os testes e avaliações que tinham a função de predizer os cinco 
fatores da personalidade. Ficou constatado que, em contexto organizacional, os 
diferentes fatores de personalidade permitiriam prever o rendimento indivi-
dual do colaborador.
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OS TIPOS DE PERSONALIDADE
As tipologias da personalidade não fornecem, assim como a teoria dos traços, 
um modelo para todas elas, mas simvários modelos para descrever os indiví-
duos. Um dos modelos mais conhecidos é a teoria dos tipos psicológicos de Jung. 
Nós já conversamos sobre o Carl Gustav Jung, lembra? Pois bem, agora vamos 
explicitar mais detalhadamente a teoria dos tipos psicológicos dele.
Carl Gustav Jung nasceu em 1875, na Suíça, e estudou medicina na 
Universidade de Basel, onde se especializou em psiquiatria. Inicialmente dedicou-
se ao estudo da esquizofrenia e, paralelamente, ao estudo do teste de associações 
de palavras de Francis Galton (desenvolvido em 1880), o qual consiste em uma 
série de palavras sem relação aparente entre si, às quais a pessoa deve respon-
der com a primeira palavra que lhe vier à cabeça (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002).
Na introdução da obra “Tipos Psicológicos”, Jung afirma: 
quando observamos o desenrolar de uma vida humana, vemos que o 
destino de alguns é mais determinado pelos objetos de seu interesse e o 
de outros mais pelo seu interior, pelo subjetivo. E como todos nós pen-
demos mais para este ou aquele lado, estamos naturalmente inclinados 
a entender tudo sob a ótica de nosso próprio tipo ( JUNG, 1991a, p. 19 
apud SCHULTZ; SCHULTZ, 2002, p. 90).
Ao fazer a descrição da personalidade, Jung recorre a dois conceitos: as atitudes 
tipo e as funções psicológicas. “Uma atitude tipo é a orientação, o direciona-
mento da energia de uma pessoa diante de um acontecimento ou de um estímulo” 
(MORIN; AUBÉ, 2009, p. 18). A função psicológica é a maneira como essa ener-
gia é estruturada e/ou organizada. Para sua teoria, ele determinou duas atitudes 
tipo: Introversão e Extroversão; e quatro funções psicológicas: a Sensação, o 
Pensamento, a Intuição e o Sentimento.
Possuímos duas atitudes mentais opostas de Introversão e Extroversão. “Jung 
achava que a energia psíquica pode ser canalizada externamente, para o mundo 
exterior, ou internamente para o self ” (si mesmo) (SCHULTZ; SCHULTZ 2002, 
p. 93). Pode-se definir energia psíquica por atitude, na qual uma determinada 
pessoa prefere focar a sua atenção.
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24 - 25I
Segundo Jung (apud SCHULTZ, 2002), sempre haverá a predominância de uma 
atitude sobre a outra, mas todos nós temos a capacidade para ambas as atitu-
des. O introvertido se comporta timidamente, se concentrando em si mesmo, 
nos seus pensamentos e sentimentos. O indivíduo introvertido compreende o 
mundo antes de experimentá-lo, isto causa certa hesitação quanto à vida. Suas 
maiores habilidades estão no campo da escrita. O extrovertido, ao contrário, 
comporta-se de modo aberto, é mais sociável. O interesse está voltado para o 
mundo externo, ou seja, pessoas, fatos e objetos. 
Nada é definitivo ou estanque. Uma pessoa em que predomine a atitude 
extrovertida, não significa que se comportará o tempo todo segundo o esquema 
extrovertido, assim como aquela que predomina uma atitude introvertida não 
direcionará o tempo todo a sua atenção para os fatores subjetivos. 
Antes de entrarmos para as funções psicológicas, quero apresentar para você 
um quadro comparativo das duas atitudes citadas. 
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Extroversão
uma atitude da psique caracterizada por uma orientação para o mundo ex-
terior e outras pessoas.
Introversão
uma atitude da psique caracterizada por uma orientação para as ideias e 
sensações da própria pessoa.
eXtroVersão IntroVersão
1. os que pensam depois. Não con-
seguem entender a vida a não ser 
depois de vivê-la.
2. atitude relaxada e confiante. Espe-
ram que as águas provem ser rasas 
e mergulham prontamente em 
experiências novas e não tentadas.
3. Mentes dirigidas para o exterior, o 
interesse e a atenção seguem os 
acontecimentos objetivos, primei-
ramente aqueles mais próximos. o 
seu verdadeiro mundo é, portanto, 
o mundo exterior das pessoas e 
coisas.
4. o gênio civilizador, pessoas de 
ação e conquistas práticas, que 
seguem do fazer para o pensar e 
voltam a fazer.
5. a conduta em assuntos essenciais 
é sempre governada por condi-
ções objetivas.
6. dedicam-se generosamente às 
demandas externas e às condições 
que para eles significam a vida.
7. Compreensíveis e acessíveis, 
frequentemente sociáveis, muito 
mais à vontade no mundo das 
pessoas e das coisas que no mun-
do das ideias. 
8. Expansivos e menos passionais, 
descarregam suas emoções à 
medida que vão surgindo.
9. uma fraqueza típica é a tendência 
à superficialidade intelectual, mui-
to forte em tipos extremos.
10. a sua saúde e integridade depen-
dem do desenvolvimento razoável 
da introversão equilibradora.
1. os que pensam antes. Não conse-
guem viver a vida a não ser depois 
de entendê-la.
2. atitude reservada e questionadora. 
Esperam que as águas provem ser 
profundas e fazem uma pausa para 
sondar o novo.
3. Mentes dirigidas para dentro, 
frequentemente inconscientes do 
ambiente. objetivo, interesse e 
atenção aumentados pelos eventos 
internos. o seu verdadeiro mundo 
é, portanto, o mundo das ideias e da 
compreensão.
4. o gênio cultural, pessoas de ideias 
e invenções abstratas, que seguem 
do pensar para o fazer e voltam a 
pensar.
5. a conduta em assuntos essenciais 
é sempre governada por valores 
subjetivos.
6. defendem-se quanto podem das 
demandas e condições externas em 
favor de sua vida interior.
7. Sutis e impenetráveis, frequente-
mente taciturnos e tímidos, muito 
mais à vontade no mundo das ideias 
que no mundo das pessoas e coisas.
8. Intensos e passionais, reprimem suas 
emoções e as guardam com cuidado 
como altamente explosivas.
9. uma fraqueza típica é a tendência 
à impraticabilidade, muito forte em 
tipos extremos.
10. a sua saúde e integridade depen-
dem do desenvolvimento razoável 
da extroversão equilibradora.
Quadro 3: Atitudes Mentais
Fonte: adaptado de Morin e Aubé (2009)
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“Quando Jung reconheceu que havia 
tipos diferentes de extrovertidos e introver-
tidos, propôs distinções adicionais entre as 
pessoas com base no que ele chamou de fun-
ções psicológicas” (SCHULTZ, 2002, p. 93). 
Segundo ele, as funções psíquicas são 
a sensação, o pensamento, o sentimento e 
a intuição. Elas permitem a cada pessoa 
adaptar-se ao seu meio e, assim, desenvol-
ver sua personalidade. Estando essas quatro 
funções presentes no caráter de todas as 
pessoas (MORIN; AUBÉ, 2009). 
Jung identificou quatro funções psi-
cológicas que chamou de fundamentais: 
pensamento, sentimento, sensação e intui-
ção. E cada uma dessas funções pode ser experienciada tanto de maneira 
introvertida quanto extrovertida.
Jung agrupou a sensação e a intuição juntas como não racionais, seriam as 
formas de apreender informações, diferentemente das formas de tomar decisões.
A. A SENSAÇÃO
A Sensação se refere a um enfoque na experiência direta, na percepção de deta-
lhes, de fatos concretos. A Sensação reporta-se ao que uma pessoa pode ver, 
tocar, cheirar, reproduz uma experiência por meio dos sentidos. É a experiência 
concreta e tem sempre prioridade sobre a discussão ou a análise da experiência.
Os tipos sensitivos tendem a lidar de forma eficiente com todos os tipos de 
crises e emergências. Em geral eles estão sempre prontos para o momento atual, 
adaptam-se facilmente às emergências do cotidiano, trabalham melhor com ins-
trumentos, aparelhos, veículos e utensílios do que qualquer um dos outros tipos 
(SCHULTZ,2002). 
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b. A INTUIÇÃO
A Intuição não surge diretamente de um estímulo externo, é uma forma de 
processar informações em termos de experiência passada, objetivos futuros e 
processos inconscientes. Pessoas intuitivas dão significado às suas percepções 
com tamanha rapidez que encontram dificuldades para separar suas interpreta-
ções conscientes dos dados sensoriais brutos obtidos (SCHULTZ, 2002). 
Uma característica muito importante dos intuitivos é que processam infor-
mações muito depressa e relacionam, de forma automática, a experiência passada 
com as informações relevantes da experiência imediata. 
O pensamento e o sentimento são funções racionais que envolvem avaliar 
e julgar nossas experiências. “Têm como objetivo tornar os padrões de com-
portamento conformes aos valores objetivos estabelecidos na história humana”. 
Caracterizam-se pela reflexão, razão e julgamento (MORIN; AUBÉ, 2009, p. 21).
C. O PENSAMENTO
O Pensamento está relacionado com a verdade, com julgamentos derivados 
de critérios impessoais, lógicos e objetivos. As pessoas nas quais predomina a 
função do Pensamento são chamadas de Reflexivas. “Pensar envolve julgar cons-
cientemente se uma experiência é verdadeira ou falsa” (SCHULTZ, 2002, p. 93). 
Esses tipos reflexivos são grandes planejadores e tendem a se agarrar a seus 
planos e teorias, ainda que sejam confrontados com contraditória evidência.
D. O SENTIMENTO
Ao contrário do que você pode pensar, o Sentimento também é uma função 
racional. A consistência e princípios abstratos são altamente valorizados pela 
pessoa sentimental. Para ela, tomar decisões deve ser de acordo com julgamen-
tos de valores próprios, a avaliação é expressa em termos de gostar ou não gostar, 
agrado ou desagrado (SCHULTZ, 2002). 
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Assim, “sensação” e “intuição” seriam as duas maneiras de se receber infor-
mação sobre algo; e “pensamento” e “sentimento”, as duas maneiras de se avaliar 
algo. A preferência pelas funções independe das atitudes, portanto, pode-se ter 
como exemplo pessoas “extrovertidas” com preferência pela “sensação” e outras 
com preferência pela “intuição”, a mesma coisa acontecendo com as funções 
“pensamento” e “sentimento” (MORIN; AUBÉ, 2009, p. 21).
Você deve estar se perguntando: como vou saber o tipo psicológico? Como 
agrupar essas atitudes e funções?
Como a nossa personalidade comporta ambas as atitudes, Introversão e 
Extroversão, temos a capacidade para as quatro funções psicológicas. “Da mesma 
forma que temos só uma atitude dominante, apenas uma função predomina, as 
outras ficam no inconsciente pessoal” (SCHULTZ, 2002, p. 93).
 Jung propôs oito tipos psicológicos com base nas interações das duas atitudes 
e das quatro funções, conforme descrito no quadro a seguir:
tIpo psICoLóGICo CArACterístICAs
Extrovertido Pensamento Lógico, objetivo, dogmático.
Extrovertido Sentimento Emotivo, sensível, sociável, mais típico das mu-
lheres que dos homens.
Extrovertido Sensação Extrovertido, busca o prazer, adaptável.
Extrovertido Intuitivo Criativo, capaz de motivar os outros e aproveitar 
oportunidades.
Introvertido Pensamento Mais interessado em ideias do que nas pessoas.
Introvertido Sentimento reservado, não demonstra, mas é capaz de 
emoções profundas.
Inconsciente pessoal: o reservatório de material que já foi consciente, mas 
foi esquecido ou reprimido.
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tIpo psICoLóGICo CArACterístICAs
Introvertido Sensação Sem interesse pelo exterior, expressa-se em 
buscas estéticas.
Introvertido Intuitivo Mais preocupado com o inconsciente do que 
com a realidade cotidiana.
Quadro 4: Os tipos psicológicos de Jung
Fonte: Schultz (2002, p. 94)
Vou propor uma breve explicação de cada um dos oito tipos psicológicos apre-
sentados no quadro anterior. Essa explicação é uma transcrição do livro Teorias 
da Personalidade, cujos autores venho referenciando, Duane P. Schultz e Sydnei 
Ellen Schultz.
Tipo extrovertido pensamento: vive estritamente de acordo com as regras 
da sociedade, tende a reprimir os sentimentos e as emoções, ser objetivo em 
todos os aspectos da vida e ser dogmático nas ideias e opiniões. Ele pode ser 
considerado rígido e frio. As pessoas desse tipo são bons cientistas, porque se 
concentram em adquirir conhecimento sobre o mundo exterior e utilizar regras 
lógicas para descrevê-lo e entendê-lo.
Tipo extrovertido sentimento: tende a reprimir o modo pensamento e ser 
extremamente emotivo. Ele respeita os valores tradicionais e códigos morais 
que lhe foram ensinados, é imensamente sensível às opiniões e expectativas dos 
outros, é compassivo e faz amigos facilmente, além de tender a ser sociável e vivaz.
Tipo extrovertido sensação: concentra-se no prazer, na felicidade e na busca 
de novas experiências. São pessoas muito voltadas para o mundo real e se adaptam 
a tipos de pessoas diferentes e situações mutáveis. Como não são dadas à intros-
pecção, tendem a ser extrovertidas com grande capacidade de aproveitar a vida.
Tipo extrovertido intuitivo: encontra sucesso nos negócios e na política 
devido à sua grande habilidade de explorar oportunidades. Estas pessoas sen-
tem-se atraídas por novas ideias e tendem a ser criativas; elas conseguem inspirar 
outros a realizar e a conquistar e também tendem a ser volúveis, mudando de 
uma ideia ou aventura para outra, e a tomar decisões baseando-se mais em pal-
pites do que na reflexão. Suas decisões, no entanto, geralmente são corretas.
Tipo introvertido pensamento: não se dá bem com os outros e tem difi-
culdade em transmitir ideias. Estas pessoas concentram-se mais no raciocínio 
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do que nos sentimentos e não têm bom senso prático. Extremamente preocu-
pas com a privacidade, preferem lidar com abstrações e teorias e se concentram 
mais em entender a si próprias do que as outras pessoas. Os outros as conside-
ram teimosas, indiferentes, arrogantes e sem consideração.
Tipo introvertido sentimento: reprime o pensamento racional. Essas pessoas 
são capazes de emoções profundas, mas evitam qualquer manifestação externa 
delas. Elas parecem misteriosas, inacessíveis, tendem a ser quietas, modestas e 
infantis; tem pouca consideração pelos sentimentos e ideias dos outros e pare-
cem tímidas, frias e autoconfiantes.
Tipo introvertido sensação: parece passivo, calmo, desligado do mundo 
cotidiano. Estas pessoas encaram a maioria das atividades humanas com bene-
volência e deleite. Elas são esteticamente sensíveis, expressando-se na arte ou na 
música, e tendem a reprimir a sua intuição.
Tipo introvertido intuitivo: concentra-se intensamente na intuição; são 
pessoas que têm pouco contato com a realidade, são visionárias e utopistas, indi-
ferentes, não preocupadas com assuntos práticos e pouco compreendidas pelos 
outros. Consideradas estranhas e excêntricas, elas têm dificuldade em lidar com 
a vida diária e fazer planejamento para o futuro.
Descrever a personalidade nos auxilia na identificação das diferenças indivi-
duais em um determinado momento e em um dado contexto. Mas a personalidade 
está em constante movimento,evolui, muda e se transforma conforme nossa cro-
nologia e etapas da vida (MORIN; AUBÉ, 2009). 
Por esse motivo, convido você a caminhar mais um pouco comigo para jun-
tos desvendarmos como se desenvolve a personalidade e, assim, teremos uma 
ideia das direções que tomarão os indivíduos.
O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE
Das teorias citadas, vamos nos apropriar de duas delas para explicar o desenvol-
vimento da personalidade. Vamos conversar sobre a teoria de Carl Gustav Jung, 
o desenvolvimento da Personalidade
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considerado um neopsicanalista, e Erik Erikson, que se concentra no desenvol-
vimento da personalidade durante toda a vida do indivíduo.
AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE jUNG
“Jung propôs que a personalidade é determinada pelo que esperamos ser e pelo 
que fomos [...]. Acreditava que nos desenvolvemos e crescemos independente-
mente da idade e estamos sempre indo para um grau mais completo de realização 
do self ” (SCHULTZ, 2002, p. 99).
 ■ Da infância ao início da idade adulta
O ego (personalidade) começa a se formar no início da infância. Nessa fase, é 
um “reflexo da personalidade dos pais” que influenciam a formação da persona-
lidade da criança. A maneira como se comportam com a criança pode ampliar 
ou impedir o desenvolvimento adequado da personalidade.
A formação do ego se dá a partir da diferenciação que a criança faz das outras 
pessoas ou objetos presentes no seu contexto. A adolescência é considerada como 
o nosso nascimento psíquico, marcada por dificuldades e por necessidades de 
se adaptar. As preocupações pairam em concluir a formação escolar, iniciar a 
carreira, casar e formar uma família. O foco é no mundo externo, a atitude pre-
dominante é a extroversão. O início da vida adulta é repleto de desafios, novos 
horizontes e realizações.
 ■ Meia Idade
Período compreendido dos 35 aos 40 anos. Considerada uma fase de crise pessoal. 
“Jung perguntou por que, quando se obtém sucesso, as pessoas são acometidas 
pelo desespero e pela sensação de não ter valor?” (SCHULTZ, 2002, p. 101). 
Seus pacientes relatavam que a vida havia perdido o sentido, a emoção e o pra-
zer haviam desaparecido.
A meia idade é um novo período de transição, a personalidade passa por 
mudanças necessárias e benéficas. De forma irônica as mudanças ocorrem com as 
pessoas que foram bem-sucedidas na sua tarefa de atender as demandas da vida.
A PERSONALIDADE: PARA COMPREENDER AS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS
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Ao passarem pela idade adulta investindo nos desafios da vida e chegarem 
aos 40 anos com a missão cumprida, continuam com energia que agora não tem 
para onde ir, necessitando ser recanalizada para atividades diferentes.
A atitude muda de extroversão para introversão. Para Jung, “nossos inte-
resses devem mudar do físico e material para o espiritual, filosófico e intuitivo” 
(SCHULTZ, 2002, p. 101).
“Se formos bem-sucedidos na tarefa de integrar o inconsciente com o cons-
ciente, estamos em condições de atingir um novo nível de saúde psicológica 
positiva, um estado que Jung chamava de individuação” (SCHULTZ, 2002, p. 101).
Para entender melhor os caminhos percorridos por Jung no desenvolvi-
mento de sua teoria, indico o filme Jornada da Alma.
ESTáGIOS PSICOSSOCIAIS DO DESENVOLVIMENTO E FORÇAS 
báSICAS
Erikson dividiu o desenvolvimento da personalidade em oito estágios que ele 
chamou de psicossociais, onde ele descreveu algumas crises pelas quais o ego 
passa ao longo do ciclo vital. 
Na teoria de Erikson, o desenvolvimento humano envolve uma série de 
conflitos pessoais. [...] Cada confronto com o ambiente é denominado 
de crise, a qual envolve uma mudança de perspectiva, que requer que re-
concentremos a nossa energia instintiva de acordo com as necessidades 
de cada estágio do ciclo da vida (SCHULTZ, 2002, p. 207).
Estas crises permitem o desenvolvimento de nossas forças básicas ou virtudes. 
A pessoa sairia com um ego mais fortalecido ou mais frágil, de acordo com sua 
vivência do conflito. A maneira como ela sai de cada estágio influenciará dire-
tamente o próximo estágio, de forma que o crescimento e o desenvolvimento do 
indivíduo estariam completamente imbricados no seu contexto social.
De forma bastante sucinta, você conhecerá cada um dos oito estágios desen-
volvidos por Erik Erikson:
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estáGIo
IDADes AproXI-
MADAs
ForMAs posItIVAs VersUs 
ForMAs neGAtIVAs De reAGIr
ForçAs 
básICAs
oral - sensorial Nascimento - 1 ano Confiança versus desconfiança Esperança
Muscular - anal 1 – 3 anos autonomia versus dúvida, ver-
gonha
Vontade
Locomotora - 
genital
3 – 5 anos Iniciativa versus culpa objetivo
Latência 6 – 11 anos
até a puberdade
diligência versus inferioridade Competên-
cia
adolescência 12 – 18 anos Coesão da identidade versus 
confusão de papéis
Fidelidade
Idade jovem 
adulta
18 – 35 anos Intimidade versus isolamento amor
adulto 35 – 55 anos Preocupação com as próximas 
gerações versus estagnação
Carinho
Maturidade e 
velhice
+ 55 anos Integridade versus desespero Sabedoria
Quadro 5: Estágios do desenvolvimento de Erik Erikson
Fonte: adaptado de Schultz e Schultz (2002, p. 208)
 ■ Confiança X Desconfiança (até um ano de idade)
“A criança vive por meio da boca e ama com ela” (SCHULTZ, 2002, p. 207). 
Durante o primeiro ano de vida a criança é substancialmente dependente das 
pessoas que cuidam dela, requerendo cuidado quanto à alimentação, higiene, 
locomoção, aprendizado de palavras e seus significados, bem como estimulação 
para perceber que existe um mundo em movimento ao seu redor. É um relacio-
namento biológico e social. 
Se a mãe corresponder de forma satisfatória às necessidades físicas e sociais 
do bebê, ele desenvolverá um senso de confiança. O amadurecimento ocorrerá 
de forma adequada se a criança sentir que tem amor, segurança e afeto, adqui-
rindo confiança nas pessoas e nas relações sociais. 
A força básica é a esperança, que se traduz na crença de que nossos desejos 
serão satisfeitos, nasce o sentimento de confiança.
 ■ Autonomia X Vergonha e Dúvida (segundo e terceiro ano)
Neste período a criança desenvolve uma série de habilidades físicas e mentais, 
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passa a ter controle de suas necessidades fisiológicas e responder por sua higiene 
pessoal, o que dá a ela grande autonomia, confiança e liberdade para tentar novas 
coisas sem medo de errar. 
Durante este estágio, elas aprendem a se comunicar mais eficazmente e a 
andar, sobem e descem, empurram e puxam, seguram e largam objetos, assim 
a criança vai aprender quais os seus privilégios, obrigações e limitações. Sente a 
necessidade de autocontrole e de aceitar o controle exercido pelos adultos, garan-
tindo, assim, o desenvolvimento do senso de autonomia (SCHULTZ, 2002). 
Se, ao contrário, for criticada ou ridicularizada desenvolverá vergonha e 
dúvida quanto a sua capacidade de ser autônoma, provocando uma regressão 
ao estágio anterior, ou seja, à dependência. 
“A força básica que surge da autonomia é a vontade, que envolve a determi-
nação de exercer a liberdade de escolha e autolimitação diante das demandas da 
sociedade” (SCHULTZ, 2002, p. 209).■ Iniciativa X Culpa (quarto e quinto ano)
A iniciativa poderá se desenvolver na forma de fantasias, imaginações. Se a sua 
curiosidade “sexual” e intelectual natural for reprimida e castigada, poderá desen-
volver, de forma permanente, sentimentos de culpa e diminuir sua iniciativa de 
explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos.
Nesta fase, as capacidades motora e mental continuam se desenvolvendo, a 
criança encontra-se nitidamente mais avançada e mais organizada. Demonstra 
capacidade para tomar iniciativa, de planejar as suas tarefas e metas. É a força 
básica chamada objetivo.
 ■ Diligência X Inferioridade (dos 6 aos 11 anos)
Neste período a criança tem seu raciocínio dedutivo aumentado, está frequentando 
a escola, o que a coloca em exposição a novas influências sociais. Os aprendiza-
dos de bons hábitos de estudo a levam a conseguir elogios e obter a satisfação 
por meio das tarefas realizadas (reconhecimento). 
O prazer de brincar e o interesse pelos seus brinquedos são gradualmente 
desviados para interesses por algo mais produtivo, utilizando outro tipo de ins-
trumento para a realização de suas tarefas.
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Também neste estágio existe um perigo iminente que se caracteriza pelo 
sentimento de inferioridade, as repreensões, rejeições e a ridicularização desen-
volvem sentimentos de inferioridade e inadequação.
“A força básica que surge é a competência. Ela envolve o exercício da habili-
dade e da inteligência na busca e conclusão de tarefas” (SCHULTZ, 2002, p. 210).
 ■ Coesão da Identidade X Confusão de Papéis (dos 12 aos 18 anos): a crise 
de identidade
Este estágio é marcado pela formação da nossa autoimagem, a integração de 
ideias sobre nós mesmos e muito sobre o que os outros pensam sobre nós. “Os 
adolescentes fazem experiências com vários papéis e ideologias na tentativa de 
determinar os mais compatíveis para eles” (SCHULTZ, 2002, p. 211).
Você já percebeu como os grupos são importantes para os adolescentes? 
Eles impactam fortemente no desenvolvimento da identidade do ego, sendo 
que uma associação excessiva com grupos e cultos fanáticos, ou uma identifica-
ção obsessiva com ícones da cultura pode ser limitador para o desenvolvimento 
da personalidade.
A força básica que emerge é a fidelidade, resultado de uma identidade de 
ego coesa, que resulta em sinceridade, senso de dever no relacionamento com 
as demais pessoas.
 ■ Intimidade X Isolamento (jovem adulto)
Para Erikson, esta seria a etapa mais longa, estendendo-se até os 35 anos. Nesse 
momento, o interesse, além de profissional, gira em torno do estabelecimento 
de relações profundas e duradouras, podendo vivenciar momentos de grande 
intimidade e entrega afetiva. 
“Aqueles que não conseguem estabelecer essas intimidades no início da fase 
adulta desenvolvem uma sensação de isolamento. Eles evitam contatos sociais, 
rejeitam as outras pessoas e podem até se tornar agressivos em relação a elas” 
(SCHULTZ, 2002, p. 212).
A força básica aqui é o amor, considerada por Erikson como a maior vir-
tude da humanidade, descreve o amor como “a fusão de uma pessoa com outra”.
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 ■ Generatividade X Estagnação (meia-idade)
Chamada de idade adulta, estende-se dos 35 aos 55 anos, aproximadamente. Fase 
da maturidade, do envolvimento com o ensino e orientação da próxima geração, 
preocupação que se estende a toda sociedade e não apenas à família.
“Quando as pessoas de meia-idade não conseguem ou não procuram uma 
vazão para a preocupação com as próximas gerações, elas podem ser tomadas por 
‘estagnação, tédio e empobrecimento interpessoal’” (SCHULTZ, 2002, p. 213).
O ato de cuidar define a força básica desse estágio. É a preocupação ampla 
pelos outros num processo de formação da própria identidade.
 ■ Integridade do ego X Desespero (velhice)
Esta última idade ocorre frequentemente a partir dos 60 anos. Fase final do 
desenvolvimento psicossocial, a maturidade e a velhice são marcadas por um 
olhar retrospectivo que faz com que, ao nos aproximar do final da vida, tenha-
mos a necessidade de avaliar o que dela fizemos, revendo escolhas, realizações, 
opções e fracassos. 
Se o envelhecimento ocorre com sentimento de produtividade e valorização do 
que foi vivido, sem arrependimentos e lamentações sobre oportunidades perdidas 
ou erros cometidos, haverá integridade e ganhos. A força básica, sabedoria, surge 
da integridade do ego e é transmitida às próximas gerações como uma “herança”.
Quando apresento essas correntes teóricas para você, não pretendo afirmar 
que são as melhores ou mais adequadas, apenas as mais conhecidas no meio 
organizacional. Críticas são feitas a todas elas, assim como os elogios. Para saber 
mais sobre as teorias da personalidade indico o livro Teorias da personalidade 
apresentado a seguir.
APLICAÇÕES DA PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE
“A personalidade constitui um determinante importante da satisfação no trabalho 
e em certa medida da performance” (MORIN; AUBÉ, 2009, p. 38). A coerência 
aplicações da Psicologia da Personalidade
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entre a nossa personalidade e o nosso ambiente de trabalho determina a satis-
fação e consequente motivação laboral.
Por esse motivo, a personalidade deve ser considerada no contexto organiza-
cional, principalmente quando falamos de seleção de pessoas e escolha da carreira.
A adequação entre o candidato e o ambiente de trabalho permite que as tare-
fas sejam realizadas utilizando da melhor forma possível as aptidões naturais do 
colaborador. Lembra-se de Taylor, a teoria da administração científica? Ele já se 
preocupava com essa adequação.
Hoje estendemos essa preocupação para além da tarefa, a adequação entre 
o candidato e o seu provável grupo de trabalho e a adequação entre o candidato 
e o funcionamento da organização.
A avaliação do grau de adequação pode se dar por diferentes métodos, como 
a entrevista, os dados biográficos, os testes psicométricos, os inventários de per-
sonalidade e testes de situação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da unidade I. Quantas vezes a palavra personalidade povoou 
nossa mente ao estudarmos esse conteúdo? Mas era essa a intenção, levar à “exaus-
tão”, apesar de não esgotar a discussão. A intenção é abrir sua mente para novas 
informações, instigar sua curiosidade, fazer você se inquietar, levantar dúvidas.
Começamos trazendo o conceito de personalidade na visão de diferentes 
pesquisadores. Escolha o seu conceito, pesquise outros, mas o mais importante, 
saia do senso comum. Agora você tem variadas maneiras de se referir à persona-
lidade, mas todas embasadas cientificamente, é isso que nos difere dos demais, 
temos conhecimento e por isso podemos debater.
A personalidade não brota no jardim, ela tem seus determinantes que são 
estudados desde o início do século XX, será o ambiente, será a hereditariedade 
ou será a situação? Pode ser uma combinação de todos os determinantes? Isso 
vai depender do autor que você escolher para se juntar à discussão. Nem por isso 
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dizemos que um pesquisador é melhor que o outro. Precisamos contextualizar suas 
pesquisas notempo e no espaço em que estes pesquisadores estavam inseridos.
Não existe apenas um tipo de personalidade, mas aqui fiz um recorte textual 
e apresentei os Tipos Psicológicos de Jung. A escolha se deu devido à sua aplica-
bilidade nas organizações e uma maior facilidade de identificação por meio de 
instrumentos reconhecidos pelo Conselho Federal de Psicologia.
E, por fim, você pôde entender como se desenvolve a personalidade na con-
cepção de dois renomados pesquisadores: Jung e Erikson. Considerando que 
ambos sofrem críticas, seja por desconsiderarem alguns fatos sociais e se pauta-
rem de forma mais conservadora, como é o caso do Erikson, ou por deixarem 
lacunas que se preenchem pelo que alguns criticam e chamam de misticismo, 
como é o caso do Jung.
Tenho certeza de que você pôde entender melhor como funciona a persona-
lidade humana e como podemos tirar proveito deste conhecimento dentro das 
nossas organizações, trazendo pessoas compatíveis com o cargo e com a orga-
nização em si, não se esquecendo das relações interpessoais.
Considerações Finais
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1. Em que medida você acredita que as pessoas mantêm uma iden-
tidade estável e coerente ao longo da vida? Em que medida elas 
mudam a cada estágio do desenvolvimento?
2. a partir da teoria de reik Erikson, apresente os fatores impor-
tantes para a formação de relacionamentos satisfatórios na vida 
adulta.
3. Sabemos que Freud foi um dos precursores das teorias da perso-
nalidade. Jung veio como um estudioso orientado por ele, mas 
que se distanciou e elaborou sua própria teoria. Explique como 
Jung constituiu sua teoria da personalidade.
Dirigido por: roberto Faenza
Elenco: Emilia Fox, Iain Glen, Craig Ferguson
Ano: 2003
País: França, reino unido, Itália
Gênero: drama
Duração: (1h e 29min)
Sinopse
Em 1905, Sabina (Emilia Fox), uma jovem russa de 19 anos 
que sofre de histeria, recebe tratamento em um hospital 
psiquiátrico de Zurique, na Suíça. Seu médico, o jovem 
Carl Gustav Jung (Iain Glen), aproveita o caso para aplicar 
pela primeira vez as teorias do mestre Sigmund Freud. a 
cura de Sabina vem acompanhada de um relacionamento 
amoroso com Jung. após alguns anos ela volta à rússia, 
tornando-se também psicanalista e montando a primeira 
creche que usa noções de psicanálise para crianças. 
décadas após sua morte, ela tem sua trajetória resgatada 
por dois pesquisadores.
Material CoMpleMentar
Material Complementar
Teorias da Personalidade – Tradução da 9ª edição norte-americana
Autor: Sydney Ellen Schultz, duane P. Schultz
Editora: Cengage Learning
Ano: 2010
Teorias da Personalidade - tradução da 9ª edição norte-americana - é uma obra abrangente que 
enfoca as teorias de diversos cientistas, desenvolvidas ao longo do último século. de Sigmund 
Freud a Erikson, passando por adler, Maslow, entre outros, são apresentadas teorias que analisam 
diversas influências (como idade, sexo, raça, etnia, religião e orientação sexual) na definição das 
características de personalidade do ser humano, e como essas 
características determinam o comportamento dos indivíduos. 
Este livro apresenta um texto didático, dinâmico, atualizado 
e eficaz, pois reflete a evolução científica na área e estimula 
o leitor a procurar um aprofundamento no tema, levando as 
teorias para a vida dos estudantes e apontando caminhos 
para suas pesquisas. a obra cobre os principais cientistas que 
representam as teorias psicanalíticas, humanistas, cognitivistas, 
comportamentais, entre outras, bem como os trabalhos clínicos 
e experimentais realizados por eles. os autores mostram como 
o desenvolvimento de determinadas teorias foi influenciado 
por acontecimentos da vida pessoal e profissional dos teóricos 
da personalidade nelas envolvidos.
Fonte: <http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/3045789/
teorias-da-personalidade-traducao-da-9-edicao-norte-
americana>. acesso em: 30 de agosto de 2013.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Professora Me. Carmen L. Cuenca
A perCepção pArA 
CoMpreenDer As 
DIFerençAs De opInIão
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Entender a diferença entre objetividade e subjetividade no 
comportamento humano.
 ■ Compreender os processos perceptivos na mente humana.
 ■ analisar as interpretações decorrentes da interação do indivíduo com 
seu meio.
 ■ Entender como e por que ocorrem os erros de percepção.
 ■ Conhecer formas de aplicação da psicologia da percepção por meio 
do uso da empatia.
Plano de Estudo
a seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ a objetividade e a subjetividade
 ■ a origem do conhecimento: o empirismo e o inatismo
 ■ Percebendo formas, padrões e objetos
 ■ o processo perceptivo
 ■ Percepção e atribuições: interpretando o mundo a nossa volta
 ■ Erros de atribuição
 ■ aplicação da psicologia da percepção: a empatia
44 - 45
INTRODUÇÃO
Neste momento, levo você a explorar a percepção e seus mecanismos de ação na 
nossa vida cotidiana. A todo o momento a percepção está ocorrendo com você, 
influenciando suas decisões e seus relacionamentos. Acredito que compreender 
como ela funciona vai auxiliá-lo(a) na eficácia das suas relações interpessoais.
Vamos entender que a percepção é única e intransferível, apesar das ações 
de sugestionamentos. Podemos sugerir ou induzir que a outra pessoa veja da 
maneira como estamos vendo, porém será impossível que ela perceba de forma 
idêntica. Você vai saber por que isso acontece no decorrer do estudo.
Os fatores como subjetividade e objetividade estão presentes no nosso dia 
a dia. Acredita-se que a pessoa com tendência à objetividade estaria livre de 
inferências pessoais, enquanto aquela com influência da subjetividade teria um 
envolvimento maior, com conotações imaginativas. Será que é certo pensar assim?
A origem do conhecimento sobre a percepção nasceu na Alemanha e vou 
apresentar a você a Teoria da Gestalt ou da Boa Forma, de onde emergem as 
Leis da Gestalt que nos auxiliam na compreensão dos fenômenos perceptivos. 
Trabalhando com a objetividade e subjetividade em alternância, seria natural 
que ocorressem erros e distorções da realidade. Erros estes que podem tra-
zer prejuízos nas relações humanas e nas relações que se estabelecem no meio 
organizacional.
A empatia vem como um recurso a ser utilizado sem contraindicações para 
diminuir os equívocos e garantir uma relação harmoniosa e saudável. Não é um 
recurso fácil de ser utilizado, mas é possível, viável e extremamente útil na pre-
venção de conflitos decorrentes dos erros de percepção.
Aproveite o material, anote suas dúvidas, faça as leituras complementares e 
delicie-se com as novas informações que estão contidas nesta unidade, e organize-
se para colocá-las em prática, tornando-se assim uma pessoa de conhecimento.
Introdução
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A PERCEPÇÃO: PARA COMPREENDER AS DIFERENÇAS 
DE OPINIÃO 
Você já se deparou com uma pessoa relatando sobre um filme ou um acidente e 
logo depois ouve outra versão da mesma situação? Vem a pergunta: quem está 
falando a verdade? Não é uma questão de falar a verdade ou mentir sobre um 
fato, mas sim a maneira como cada um interpreta este fato. Cada pessoa usa seus 
“planos pessoais” ao se deparar com uma realidade.
Dentro da organização, temos uma função muito importante que é a tomada 
de decisão. Neste momento, o que mais importa é a objetividadeda decisão. 
Mas como podemos ter certeza dessa objetividade? Dentro da empresa traba-
lham grupos de pessoas, cada um com sua personalidade e sua maneira de ver 
o mundo. Ocorre, portanto, uma interpretação dos fatos e é ela que influencia 
a tomada de decisão.
Percepção é o processo pelo qual os indivíduos selecionam, organizam, arma-
zenam e recuperam informações. Os seres humanos dispõem de cinco sentidos 
pelos quais experimentam o mundo ao seu redor: visão, audição, tato, olfato e 
paladar. A maioria de nós “confia em nossos sentidos”, e às vezes essa fé cega pode 
nos fazer acreditar que nossas percepções são um reflexo perfeito da realidade. As 
pessoas reagem àquilo que 
percebem, e suas percepções 
nem sempre refletem a rea-
lidade objetiva. Esse é um 
problema importante, por-
que à medida que aumenta 
a diferença entre a reali-
dade percebida e a objetiva, 
aumenta também a possibi-
lidade de incompreensão, 
frustração e conflito. 
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A PERCEPÇÃO PARA COMPREENDER AS DIFERENÇAS DE OPINIÃO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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ObjETIVIDADE E A SUbjETIVIDADE
Morin e Aubé (2009) nos apresentam que o problema da objetividade e subjeti-
vidade continua a ser muito discutido no ambiente de trabalho, principalmente 
quando se pensa na tomada de decisão. Eles postulam que o problema reside na 
crença de que a objetividade está ligada à neutralidade e imparcialidade, enquanto 
que a subjetividade estaria ligada ao arbitrário, ao desigual e à imaginação.
Para não ficarmos no senso comum, vamos trazer alguns autores para cola-
borarem com nosso entendimento sobre objetividade e subjetividade. O primeiro 
deles é Silvya Constant Vergara.
Ao definir subjetividade, Davel e Vergara (2012), relacionando-a ao campo 
da gestão de pessoas, apontam que essa é parte de um espaço interior, uma expe-
riência vivenciada, que é individual, particular e intransferível. Um espaço que 
agrega a razão, a intuição, o sentimento e o afeto, interiorizados com aspectos 
externos. Complementam que é nessa interação entre o interno e externo que o 
indivíduo dá “corpo e luz” à sua subjetividade. De fato, esse argumento faz sen-
tido, sendo bem aceito no meio científico. Portanto, considerar a subjetividade 
significa considerar que o indivíduo está em constante movimento de ação e 
interação social.
Conforme apresentada por Davel e Vergara (2012), a subjetividade é a con-
dição para que a objetividade ocorra, porque corresponde à existência de uma 
essência subjacente à experiên-
cia humana.
O que é verdade e o 
que é “imaginação”? Morin 
e Aubé (2009, p. 54) nos 
dizem que a pessoa não 
pode estar absolutamente 
certa de alguma coisa, ape-
sar do senso comum apontar 
“que se pode estar certo de 
alguma coisa mesmo quando 
essa certeza não é absoluta”.
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objetividade e a Subjetividade
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Para Denis (1989 apud MORIN; AUBÉ, 2009), o problema não está no 
verdadeiro ou falso, mas saber se o uso que o indivíduo faz para regular seu com-
portamento é eficaz ou não.
Você já ouviu falar do mito “Caverna de Platão”? É uma narrativa que conta 
como o indivíduo, para conhecer e explicar, se baseia em sua percepção. Sendo 
assim, ele confia na aparência das coisas tal como as percebe.
Nessa alegoria pode-se apreender que as aparências servem como hipóte-
ses da realidade. A ilusão da certeza é explicada tanto pelo plano psicológico 
quanto pelo plano biológico.
Segundo Dixon (1985 apud MORIN; AUBÉ, 2009, p. 55), “a consciência 
produzida pela percepção gera fatalmente o sentimento de objetividade”, e três 
fatores explicariam esta ilusão:
I. O indivíduo não tem conhecimento de todas as atividades do sistema 
nervoso. Ele não consegue identificar os dados sensoriais que estimu-
lam os neurônios.
II. O indivíduo, ao perceber alguma coisa, não tem conhecimento das infor-
mações memorizadas que se juntaram aos dados sensórios para lhe dar 
a forma.
III. O indivíduo desconhece os mecanismos da percepção subliminar.
Vamos detalhar melhor como se dá esse processo da percepção que se inicia no 
processo conhecido como sensação. 
A sensação é a resposta dos sentidos. Nosso organismo é equipado com 
sistemas especiais de captação de informações, que denominamos Sentidos ou 
Sistemas Sensoriais. São eles que nos capacitam a colher dados de maneira que 
Leia mais a respeito do mito em:
<http://www.psicoloucos.com/Platao/alegoria-da-caverna-platao.html>.
A PERCEPÇÃO PARA COMPREENDER AS DIFERENÇAS DE OPINIÃO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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possamos planejar e controlar nosso comportamento e nos movimentar.
Os sentidos detectam, realizam transdução (conversão) e transmitem infor-
mações sensoriais. Cada sentido tem um elemento de detecção denominado 
Receptor, que é composto por uma única célula ou um grupo de células especi-
ficamente responsável por um determinado tipo de energia.
As pessoas variam um pouco quanto à maneira de ver as cores, distinguir 
os tons, assim como de cheirar e provar. As experiências, expectativas, motiva-
ção e emoções também influenciam o que é percebido. Em suma, a percepção é 
um processo muito mais individualista do que se crê comumente.
Definimos a percepção como o processo de organizar e interpretar dados 
sensoriais recebidos (sensação) para desenvolvermos a consciência do ambiente 
que nos cerca e de nós mesmos. A percepção implica interpretação.
A percepção é uma operação ativa e complicada, algumas aptidões são necessá-
rias à percepção, sobretudo a atenção. Às vezes, supõe-se que a percepção forneça 
um reflexo perfeitamente exato da realidade. A percepção não é um espelho.
Em primeiro lugar, nossos sentidos humanos não respondem a muitos aspec-
tos do ambiente que nos cerca. Não temos a capacidade de ouvir sons de alta 
frequência registrados pelos morcegos. Não reagimos a forças magnéticas ou 
elétricas como certos insetos, peixes e pássaros. As percepções humanas depen-
dem de expectativas, motivações e experiências anteriores.
Existe grande quantidade de estudos sobre o que dirige a atenção das pessoas. 
Necessidades, interesses e valores têm sido citados como influências importan-
tes sobre a atenção.
A ORIGEM DO CONHECIMENTO: O EMPIRISMO E O 
INATISMO
Esta forma de compreender o processo mental não é recente. Para Descartes 
(1596-1650), apenas os elementos psicofísicos constituem a fonte do conheci-
mento. Para ele, o que vale é a informação objetiva, aquela captada pelos órgãos 
a origem do Conhecimento: o Empirismo e o Inatismo
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dos sentidos (MORIN; AUBÉ, 2009).
“Para os empiristas como Locke (1632-1704) e Hume (1711-1776), a percep-
ção faz associações de dados sensoriais regidas por leis de similitude (parecido/
diferente) e de contiguidade espacial-temporal (acontecimentos simultâneos). 
Essas leis seriam aprendidas no decorrer das experiências do indivíduo em seu 
ambiente” (MORIN; AUBÉ, 2009, p. 56).
Kant (1724-1804) afirma que o indivíduo só percebe algo após deter algum 
conhecimento sobre ele. “Existiriam então ideias, conhecimentos inatos tais como 
a unidade, a totalidade, a reciprocidade e, especialmente, o espaço e o tempo” 
(MORIN; AUBÉ, 2009, p. 56).
Aproximadamente em 1870, pesquisadores alemães pesquisavam a percepção 
humana, em especial a visão. As obras de arte eram o seu material

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