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60 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Unidade III Unidade III 5 Equinocultura Equinocultura significa produção de equinos (cavalos). A produção de equinos no Brasil no tipo zootécnico cela é destinada para várias modalidades esportivas, lazer e lida com o gado. Pensando neste último fator, a maior concentração de equinos no País está próxima à produção de bovinos de corte. No modelo tração, há poucas raças manejadas no Brasil. 5.1 introdução e importância econômica No Brasil, há cerca de seis milhões de equinos, principalmente, nas regiões Centro-Oeste e Sul do País. Em seguida, há a pecuária bovina, que no Brasil é representada por quase 200 milhões de animais. Como importância econômica, os equinos são utilizados para trabalho, como na lida com o gado, tração animal e cultivo da terra. Também são utilizados em esportes, como pólo, hipismo, enduro, cavalgada, rodeio, vaquejada, turfe (corrida de cavalos); há também utilização pelo exército e polícia. Finalmente, os equinos estão na produção de leite para fabricação de cosméticos e bebida láctea russa, chama de Kuomy. O leite equino contém três vezes menos gordura que o da vaca, possuindo cerca de 1,2% de gordura, ao passo que o de vaca contém cerca de 3,6% . A criação de equinos está ligada à produção de carnes, havendo consumo na Europa. A carne de equino é considerada como carne vermelha e possui menor quantidade de gordura e maior quantidade de proteína. Esse tipo de carne é popular na Bélgica, França e na Suécia. Nesses países, a carne de cavalo é mais vendida que a de cordeiro. Os maiores exportadores de carne equina são Argentina, Canadá, Polônia, EUA e Brasil, havendo aqui um grande frigorífico em Araguari, MG. 5.1.1 Produção de soro antiofídico O cavalo é utilizado para produção de soro antiofídico pelo fato de ter um rendimento maior na produção de anticorpos (células de defesa) que os outros mamíferos. O cavalo recebe o veneno em pequenas e sucessivas doses, que não prejudicam a sua saúde. Após 10 dias, amostras de sangue são coletadas dos cavalos até se constatar que o animal já possui anticorpos suficientes. Geralmente, leva em média 15 dias para haver produção suficiente de anticorpos. Após a coleta, o sangue é centrifugado, separando-se o plasma, onde se concentram os anticorpos. Em seguida, o plasma é purificado e diluído, estando pronto para uso. 61 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Cadeias Produtivas ii 5.2 instalações para os equinos 5.2.1 Curral O curral é a unidade de serviço, local para realizar manejo sanitário, rufiação e manejo geral, por exemplo, casqueamento corretivo, cabresteamento, corte da crina, curativos, doma racional. No curral pode haver também pavilhão de baias e cocheiras para fornecimento de concentrado (1,5% de peso vivo). Ele deve ter cocho de ração, de sal, bebedouro, cama de maravalha, feno, palha de arroz, areia, balança para controlar o desenvolvimento dos potros. Deve apresentar também lavador e local para o animal secar, redondeo para adestramento, dentre outros. 5.2.2 Piquetes, formação de pastagens e plantas tóxicas Quanto aos piquetes, eles devem ser dividido em diferentes lotes, tais como piquete para égua solteira, égua com potro ao pé, maternidade, potros do desmame ao sobreano (6 a 18 meses), potros com mais de 1,5 ano e garanhão. Para este último, não deve haver nenhum ângulo de 90º no piquete, pois o animal o destrói. O ideal é fazer pontas arredondadas. As cercas podem ser de arame liso ou tábua para haras. Quanto aos tipos de pastagens, como gramíneas, há, principalmente, as de crescimento estolonífero (rente ao solo), tais como coast cross, estrela e Tifton. Como leguminosas, há principalmente alfafa e guandu. Pode-se utilizar pastagem consorciada bovino/equino, desde que as exigências mínimas para os equinos sejam atendidas. Em piquetes com processo de degradação (aparece o solo), devem-se retirar os animais e adubar o solo, pois a degradação estimula o desenvolvimento de Brachiaria. Esta não é ideal para equino, principalmente para potros, por ser quelante de cálcio, prejudicando no crescimento do animal. A Brachiaria tem oxalato, que se liga ao cálcio no intestino, formando oxalato de cálcio, que torna o cálcio indisponível para os animais. A relação ideal de cálcio/fósforo é de 2:1. Sendo assim, o cálcio começa a ser retirado dos ossos e lançado à corrente sanguínea, trazendo distúrbios na formação óssea, como por exemplo, osteodistrofias. Em relação às plantas tóxicas para equinos, temos Pteridium aquilinum (samambaia do campo) que pode ser tóxica, pois contém tiaminase, que degrada a tiamina (vitamina B1), importante para o bom funcionamento do sistema nervoso. Sendo assim, a samambaia do campo pode trazer sintomatologia nervosa em equinos. A principal planta tóxica para equinos é a cavalinha, da espécie Equisetum arvensii, também possui tiaminase e traz sintomatologia nervosa. Essa planta é comum em áreas alagadas. 62 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Unidade III 5.3 Manejo de potros 5.3.1 Gestação e parto Em éguas, a duração da gestação é de 11 meses. Em jumentas, é de 12 meses e, em égua muladeira (prenhe de jumento), é de 11,5 meses. Quanto ao parto, 99% das vezes ocorre de noite. O ideal é que o potro levante e mame na primeira hora de vida. Para o potro, é vital mamar o colostro nas primeiras seis horas. Deve-se eliminar o mecônio nas primeiras 24 horas e é considerado como neonato o potro com até sete dias de idade. Quanto à maternidade, o ideal é que seja um local plano e sem buracos, o piquete deve ser limpo, sem excesso de arbustos, de fácil acesso e observação. Também existem baias maternidade. 5.3.2 Potro e doenças Como principais doenças, há a isoeritrólise neonatal, que é a anemia hemolítica do recém-nascido. Nesta doença, ocorre incompatibilidade sanguínea entre a mãe e o feto; ela deve ser observada no segundo dia de vida, tendo como principal sinal clínico a anemia. Para tratar, com hematócrito até 20% deverá ser realizada transfusão sanguínea, fornecer colostro do banco de colostro e após sete dias retornar o potro à mãe. Outras doenças comuns em potros são a retenção de mecônio, úlceras gastroduodenais, poliartrite séptica e rodococose equina. 5.3.3 Manejo geral do potro Para a alimentação do potro, também existe creep feeding, assim como para bezerros. Em piquetes maternidade, a última régua deve ser mais baixa possível para o potro não sair do piquete. Éguas não têm o costume de deixar outros potros mamarem. Então, deve haver um banco de colostro. observação Para os potros, assim como para os bovinos e outras espécies de ruminantes, é utilizada uma forma diferenciada de manejo alimentar, chamada de creep feeding. 5.3.4 Programa de vacinação As principais doenças contra as quais os equinos devem ser vacinados são influenza (primeira dose aos cinco meses e reforço após 30 dias), tétano e encefalomielite (ambas, primeira dose aos 63 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Cadeias Produtivas ii seis meses e reforço após sete dias para encefalomielite e 30 dias para tétano e revacinação anual). Há também leptospirose, raiva, aborto equino a vírus e Herpesvirus (primeira dose com seis meses e revacinação anual). Para éguas prenhes, aborto equino a virus e Herpesvirus devem ser realizadas no quinto, sétimo e nono meses de gestação. 5.3.5 Manejo do desmame O ideal é que os potros sejam desmamados nomáximo até seis meses e tenham acesso ao piquete com éguas velhas e mansas para madrinha. Deve ser iniciada a doma com cabresteamento. Ao sobreano, devem ser separados por sexo. A doma racional é realizada com cerca de 2,5 anos. 5.3.6 Aspectos gerais do manejo reprodutivo A reprodução corresponde a mais de 50% do manejo de um haras. A égua tem ciclo tipo poliéstrico estacional, entre 18 e 22 dias, épocas de fotoperíodo crescente, de setembro a março. O cio dura cerca de seis dias, devendo realizar a cobertura em dias alternados, como segundo, quarto e sexto dia de cio. As éguas entram em cio até oito dias após o parto. 5.3.7 Cuidados com éguas gestantes Pode-se ou não utilizar éguas prenhes? Equinos em sua origem são vistos como presas, sendo adaptados a fugir e, antigamente, quando um predador chegava, as éguas prenhes precisavam acompanhar o restante da tropa, o que, com o tempo e adaptação, mostra que éguas prenhes podem ser utilizadas, desde que não se exija muito esforço e as atividades sobre elas sejam reduzidas à medida que a gestação avance, até cessar, cerca de alguns meses antes do parto. 5.4 Melhoramento genético em equinos 5.4.1 Introdução A princípio, o tipo zootécnico dos equinos é sela e tração. Com a crescente demanda de cavalos, principalmente para esporte e lazer, tem ocorrido aumento do interesse sobre programas de melhoramento genético nesta espécie. Como já mencionado, na Europa, existe consumo de carne de equinos, o que não é comum no Brasil e há uma bebida láctea russa feita com leite de equino, chamada de Kuomy. Contudo, a escolha de um critério de seleção tem sido um grande problema. Os critérios de seleção mais utilizados têm sido o tempo de corrida, idade para a primeira prova, agilidade, conformação morfológica e desempenho no trabalho, por exemplo. 64 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Unidade III 5.4.2 Hibridação Hibridação é a reprodução entre animais de espécies diferentes. Cruzamento é a reprodução entre animais da mesma espécie, porém, de raças diferentes. Já acasalamento é a reprodução entre animais da mesma espécie e também da mesma raça. Na hibridação, os filhotes machos serão estéreis (não produzem espermatogônias) e as fêmeas ocasionalmente férteis. O que interessa é a reprodução do jumento com a égua, resultando no burro ou na mula. O inverso, ou seja, a reprodução entre o garanhão com a jumenta resulta no bardoto. Zebra X égua ou jumenta = Zebroide. No Brasil, destinavam as piores éguas para a reprodução com jumentos, e eram mantidas nos piores pastos, resultando em burros e mulas ruins, devendo, no mínimo, pagar o preço da renda da terra, caso o proprietário não fosse o dono. O custo é de 25 reais/cabeça animal/mês. Como a gestação é de 11 a 12 meses e mais uns 8 meses para desmamar, ficará no mínimo 20 meses no pasto, fora gastos com vermífugo e veterinário. O animal desmamado precisa ter um custo que, no mínimo, tenha retorno em termos de custo–benefício para o produtor. Contudo, a situação mudou. Hoje, reproduzem jumentos com éguas quarto de milha, campolina, e nascem animais com bom desenvolvimento para a lida no campo. Figura 14 – Burro, produto da hibridação observação Burros e mulas são animais híbridos muito utilizados para a lida com o gado 65 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Cadeias Produtivas ii 5.4.3 Escolha da égua A égua deve ter anca larga e garupa longa. Ou seja, deve-se ter um osso coxal bem desenvolvido, pois assim é possível realizar o parto de um potro forte, o que não se pode esperar de uma égua de anca estreita e garupa curta. A égua deve ter aprumos satisfatórios. Outros cuidados de manejo que devemos ter com a égua são: boa nutrição para que o feto possa nascer sadio; cuidados com o potro e a lactação, ou seja, a égua deve ter boa habilidade materna (cuidar bem da cria). Éguas velhas deverão ser retiradas de reprodução, pois, devido ao desgaste dos dentes, elas se alimentam pior, nutrem mal o potro e o recém-nascido, dando produtos fenotipicamente piores. Devem-se usar éguas mansas e não aquelas indomadas, pois, não conhecemos seu temperamento. Grandes, porém, não muito altas, embora a maioria dos partos seja deitada. Dependendo do motivo de suposto descarte da égua, poderá ser utilizada para produção muladeira, pois, são fáceis de serem vendidos os produtos. 5.4.4 Marcas • Frente aberta: mancha branca larga (porém, sem cobrir os olhos) que se estende além do focinho. • Malacara: mancha branca bem larga, que cobre os olhos ou não, cobre todo o focinho ou grande parte dele. • Estrela: mancha branca na região frontal. • Lista ou estrela corrida: estreita mancha branca sobre a cara do animal. • Mancha ou ladre: mancha branca entre as narinas. • Calçado: mancha branca na pata, podendo ser baixo ou a meia canela. Para quarto de milha, só se aceita até a canela. • Lista de mula: linha preta que corre ao longo da espinha. Figura 15 – Equino com frente aberta 66 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Unidade III 5.4.5 Cores • Alazão: corpo laranja desbotado, indo do avermelhado ao ouro. A crina tende a ter a mesma cor do corpo. • Albino: falta total de pigmentação. Apresenta olhos azuis claros. O correto é chamar de albinoide, pois albino é letal. • Branco: branco com crina branca, sem apresentar olhos azuis. • Apaloosa: apresenta manchas escuras sobre uma pele branca, ou manchas brancas sobre uma pele escura, seja parcialmente ou no corpo todo do animal. • Baio: geralmente animal bege claro ou escuro, com crinas e caudas pretas. • Castanho: cor marrom escura geralmente, com crinas e cauda preta. • Palomino: cor creme ou bege, com crina e cauda branca. • Pampa: animal pintado, equivalente ao bovino malhado. • Preto: animal preto, sendo permitido marcas brancas nas pernas ou na face. • Tordilho: animal com pele preta, porém, a pelagem tem uma mistura entre pelos brancos e pretos. Ocorre, geralmente, quando potros são cinza escuros e vão ficando mais claros com a idade. Pode apresentar manchas, confundindo com Apaloosa. 5.5 Principais raças: tipo sela/tração 5.5.1 Tipo sela 5.5.1.1 Mangalarga: raça nacional Há dois tipos de Mangalarga: o Mangalarga Marchador e o Mangalarga Paulista. Junto com o Quarto de Milha, o Mangalarga Marchador é hoje uma das raças mais difundidas no Brasil. O Mangalarga Marchador é originário de Minas Gerais, tem porte médio e quase todas as pelagens. Como andamento, tem marcha batida, bem confortável para o cavaleiro e não desgasta tanto o cavalo. O animal anda no chamado tríplice apoio, os rastros dos membros posteriores ultrapassam os dos anteriores. O Mangalarga Marchador é um cavalo muito utilizado em enduro, menos que o Árabe, mas também é muito utilizado. O Mangalarga Paulista é muito usado na lida com o gado. É comum em todas as pelagens, as mais comum são a alazã, a castanha e a tordilha. 67 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Cadeias Produtivas ii 5.5.1.2 Quarto de Milha Os Quarto de Milhas recebem esse nome porque, antigamente, eram usados para correr um quarto de milha. A milha tem 1608 metros, ou seja, um quarto de milha tem 402 m. Hoje, eles são voltados para correr distâncias curtas, porém, mais rápido que qualquer outra raça e também são usados na lida com o gado. O lombo do animal é curto, o que facilita rápidas mudanças de direção, ele tem muita força, porém, ele tem “pouco pulmão”,por isso, tem pouco fôlego. É um cavalo rústico, de trote, perfil retilíneo. Não são aceitos animais brancos para registro, nem pintados e nem pampas. 5.5.1.3 Puro Sangue Inglês (PSI) As cores mais comuns para o Sangue Puro Inglês é a castanha e a alazã. O lombo é comprido e a cernelha alta. Cobre corridas de longas distâncias. Tem temperamento bastante nervoso. É muito utilizado para a formação de animais meio sangue, para isso, usam animais mais calmos para a reprodução, que, geralmente, não são bons para corrida. 5.5.1.4 Árabe Apresentam uma vértebra a menos. É a raça equina mais antiga que se conhece. Sua principal característica é a cauda em bandeira. São animais de porte médio, com cabeça pequena e fina. É um cavalo muito dócil e resistente, sendo utilizado para enduro (prova de resistência). Figura 16 – Equino da raça Árabe 5.5.1.5 Anglo Árabe É a cruza do PSI e Árabe, resultando em animais dóceis e com velocidade. Porte médio a grande. 68 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Unidade III 5.5.1.6 Andaluz Animal com pescoço forte e arqueado. É elegante e utilizado para sela. Figura 17 – Equino da raça Andaluz 5.5.1.7 Apaloosa É um animal troncudo como o Quarto de Milha e com pelagem característica. Cavalo de boa índole, muito utilizado para trabalho. Assim como o Quarto de Milha, apresenta um andar mais duro. 5.5.1.8 BH (Brasileiro de Hipismo) É um cavalo de porte grande utilizado para salto. 5.5.1.9 Campolina O Campolina é um animal de grande estatura e é marchador. De origem brasileira, pode aparecer em qualquer pelagem, sendo as principais a baia e a castanha. Ele é muito utilizado para a reprodução com o jumento para a obtenção de animais maiores (muares). A orelha é bem maior que das demais raças. 5.5.1.10 Crioulo Há a linhagem gaúcha, argentina e chilena. É um animal muito utilizado para a lida com o gado; é dócil e resistente. Todas as pelagens são aceitas e seu tamanho é de porte pequeno ao médio. 69 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Cadeias Produtivas ii Figura 18 – Equino da raça Crioulo 5.5.1.11 Paint Horse Animal de porte médio, também é usado para a lida com o gado. Há duas variedades: overo e tobiano. O overo ou oveiro tem a cabeça com sinais malacara, pelo menos uma pata escura, e o branco não atravessa o dorso. Já no tobiano, o branco atravessa a região dorsal. lembrete A maioria das raças de equinos no Brasil são tipo cela, voltados para trabalho e esporte. 5.5.2 Raças de tração São raças utilizadas para força e, normalmente, são importadas. 5.5.2.1 Bretão Animal de porte médio, com temperamento dócil e de fácil manejo; apresentam o pescoço forte. 70 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Unidade III Figura 19 – Equinos da raça Bretão 5.5.2.2 Shire Modelo de tração pesada, apresenta porte grande. 5.5.2.3 Percheron A pelagem predominante é tordilha. É um animal de alto peso, por volta de 900 kg. 5.5.3 Raças de pônei 5.5.3.1 Mini Horse Altura máxima de 95 cm. Figura 20 – Mini Horse 71 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Cadeias Produtivas ii 5.5.3.2 Pônei Brasileiro Altura máxima de 1,10 m. Todas as pelagens são aceitas. 5.5.3.3 Piquira Pertence à família dos pôneis, é um animal de origem nacional, bastante rústico. Preferencialmente, do tipo marchador. O que o destaca dos demais pôneis é a docilidade. Todas as cores são aceitas e ele é mais alto que os outros pôneis. 5.5.4 Raças de asininos 5.5.4.1 Catalão É um animal grande de pelagem escura. . Voltado para tração. 5.5.4.2 Pêga Voltado para sela, é mais difundido no Brasil para hibridação. Possui faixa crucial na paleta e lista de burro no dorso. A pelagem mais comum é a “pelo de rato”. Figura 21 – Jumento da raça Pêga Saiba mais Para saber mais sobre a criação de jumentos, consulte o site da Associação Brasileira dos Criadores de Jumento Pêga: <www.jumentopegabrasil.com.br>. 72 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Unidade III 5.5.4.3 Jumento Brasileiro (Jeguinho Nordestino) São animais de pequeno porte, que possuem em média 1 metro. É um animal de tração, extremamente forte e rústico. Correspondem a 90% dos jumentos que existem no País. Em 2014, eram por volta de 900 mil jumentos, entre eles, os Jeguinhos Nordestinos, que correspondem a 810 mil. 6 aquicultura 6.1 introdução Aquicultura é o processo de produção em cativeiro de organismos com habitat predominantemente aquático. 6.2 tipos de aquicultura • Piscicultura: produção de organismos que habitam águas doces continentais. • Carcinocultura: produção de camarão. • Ranicultura: produção de rãs. • Ostricicultura: produção de ostras. • Salmonicultura: produção de salmão. 6.3 tipos de piscicultura • Alevinagem: manejo de peixes filhotes, feito hoje por empresas que possuem matrizes com alto potencial genético. • Recria: manejo de crescimento de alevinos até ficarem juvenis. São geralmente adquiridos de criatórios de alevinos e, em seguida, enviados para engorda. • Engorda: manejo até o abate. 6.4 Principais espécies 6.4.1 Peixes tropicais • Tilápia: é excelente para rápido povoamento no viveiro, pois atinge a maturidade sexual muito cedo, com cerca de quatro meses. O peso comercial é ao redor de 400 a 500 g, ganhando 1 kg de peso por ano se for o caso. • Carpa (Cyprinos carpia): a mais cultivada é a húngara, atingindo maturidade sexual entre 8 e 12 meses ganham cerca de 1 kg por ano. 73 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Cadeias Produtivas ii • Pacu (Piaractus mesopotamicus): peixe precoce e rústico. • Tambaqui; • Tambacu: resultado do cruzamento entre Tambaqui (fêmea) e Pacu (macho), visa unir características de resistência ao frio do Pacu com qualidade de carne e crescimento do Tambaqui. • Surubim: alto ganho de peso. • Matrinchã; • Piau; • Curimba (Prochilodus scrofa): costuma se alimentar do fundo do tanque, como de lodo, por exemplo; como vantagem, necessita de pouca ração. 6.4.2 Peixes de clima temperado A Truta, no Brasil, predomina em Santa Catarina e na região serrana no Sudeste. 6.4.3 Peixes ornamentais Os peixes ornamentais são voltados para aquários, como Kinguio, Paulistinha, Neon. A produção desses peixes predomina em São Paulo e Minas Gerais. 6.4.4 Características gerais 6.4.4.1 pH e temperatura A temperatura da água ideal varia entre 25 e 30 ºC para os peixes tropicais e entre 8 e 18 ºC para a Truta. O pH ideal é entre 6,5 e 8. Caso esteja abaixo do normal, deve-se renovar parte da água e colocar 1.000 a 1.500 kg/há de área alagada de calcáreo. 6.4.4.2 Hábitos alimentares • Carnívoros: Surubim e Truta. Aceitam ração balanceada como principal alimento. • Não carnívoros: são os demais peixes; alimentam-se de plâncton (algas microscópicas que desenvolvem-se graças à matéria orgânica) e ração. 6.4.5 Características do local de criação A criação deve ser próxima do mercado consumidor. 74 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Unidade III Em relação à qualidade e disponibilidade de água, se possível, utilizarnascentes e não lançar agentes contaminantes, pois provocam sabor desagradável e causam intoxicação aos peixes e ao homem após o consumo. Em relação ao solo, os de tipo arenoso são muito permeáveis e pobres em nutrientes. Já os argilosos apresentam menor perda de água, têm bom teor de matéria orgânica e fixação de nutrientes. É ideal que o local permita o abastecimento de água por gravidade. 6.4.6 Sistemas de produção 6.4.6.1 Sistema extensivo É realizado em represas construídas que apenas barram a água, ou lagos naturais. Geralmente essa coleção de água ainda é utilizada como bebedouro para outros animais. Há pouquíssimo retorno financeiro. Não é preciso alimentar os animais, há lenta taxa de crescimento. Esse modelo é bom para “pesque e pague”. A captura dos peixes é, geralmente, com rede. 6.4.6.2 Sistema semi-intensivo Pode ser realizado em represas ou viveiros. Deve-se fornecer ração, porém, utilizar também alimentos naturais. 6.4.6.3 Sistema intensivo É realizado em viveiros, há alta densidade animal, chegando a 10 animais por m2 dependendo da espécie. Visa à elevada produção e geralmente utiliza um espécie/viveiro (monocultivo). Com esse modelo consegue cerca de 10.000 kg de peixe/ha/ano. 6.4.6.4 Sistema superintensivo Igual ao intensivo, porém, com densidade ainda maior. Há, por exemplo, os viveiros circulares (para trutas) e tanques rede (Tilápia e Surubim) que conseguem produtividade ao redor de 40.000 kg/ha/ano. 6.4.7 Manejo geral da criação Ao tirar os peixes do viveiro, deve-se retirar toda a água. Em seguida, colocar calcário e adubar com esterco de bovino ou suíno e, depois, encher com água. Após cheio, esperar cerca de cinco dias para a formação satisfatória de plâncton. O descanso do viveiro é ao redor de 5 a 8 dias. 6.4.7.1 Manejo na fase de recria e engorda A soltura deve ser realizada em horários menos quentes. Os peixes são transportados em caixas isotérmicas ou em sacolas plásticas transparentes com água e oxigênio. As sacolas são colocadas para 75 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Cadeias Produtivas ii flutuar no viveiro por pelo menos 15 minutos. Em cada sacola, a água do viveiro deve ser colocada aos poucos e os animais devem ser soltos quando a diferença maior de temperatura for de 2 ºC. Para Tilápia, a densidade é de 10 alevinos/m2 e Surubim, 1/m2. A ração deve ser fornecida na forma farelada, cerca de três vezes ao dia. A quantidade de ração é dada de acordo com o peso dos peixes, então, deve-se realizar a biometria (pesagem dos peixes). No caso das Tilápias, deverão ser transferidas para tanques de engorda em horas menos quentes do dia quando pesarem cerca de 25 g. O Surubim deve ser transferido quando pesar cerca de 250 g. As carpas ficam cerca de dois meses na recria até atingirem esse peso e o Surubim fica cerca de 6 a 8 meses. Em relação à engorda, segue-se o mesmo modelo anterior. A Tilápia fica cerca de quatro meses para sair com 400 g e o Surubim, 18 a 20 meses para sair com cerca de 2,5 kg. As trutas são criadas, geralmente, em tanques circulares (modelo superintensivo), com grande movimentação de água, pois, elas necessitam de maior taxa de oxigênio. A densidade para as trutas são de 200 alevinos/m2 e na engorda 90 trutas juvenis/m2. 6.4.8 Abate Após a captura, os animais devem ficar no tanque de depuração (limpeza) em jejum por 24h. Para o abate, são colocados em caixa com água e gelo. lembrete A maior produção de peixes ocorre no modelo superintensivo. Saiba mais Para saber mais sobre a criação de peixes, consulte o site: <www.abrappesq.com.br>. resumo A produção de peixes ainda é importante. O modelo de produção que apresenta maior rentabilidade é o superintensivo, realizado em tanques. 76 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Unidade III A equinocultura também é expressiva e nos últimos anos tem crescido, em função da maior demanda dos cavalos para esporte e lazer. Além da sua grande utilização na lida com o gado e tração. Pensando nesses fatores, para o trabalho em campo para manejo de bovinos são utilizados equinos tipo sela, assim como para esportes e lazer. Já para a tração, são utilizadas principalmente aquelas raças voltadas para tração e que apresentam grande peso. Exercícios Questão 1. (Enade 2013) A cólica em equinos é uma das mais frequentes causas de óbito, principalmente em animais mantidos estabulados. Entre os fatores predisponentes à sua ocorrência incluem-se: mudanças bruscas na dieta, excesso de amido na alimentação, arraçoamento após longo período de jejum, uso de ingredientes de má qualidade, entre outros. Acerca da cólica em equinos, avalie as afirmativas a seguir. I – O fornecimento de concentrado em cochos coletivos constitui-se em fator predisponente à ocorrência de cólica, recomendando-se o arraçoamento individual. II – O fornecimento de volumosos com alto teor de lignina pode predispor a ocorrência de cólica, devido ao aumento da fermentação cecal. III – Devido à alta demanda energética após o exercício, recomenda-se o pronto fornecimento, ad libitum, de dieta de alta energia no intuito de evitar o catabolismo muscular e a cólica. IV – Um correto programa sanitário, que inclua desverminações periódicas, contribui para diminuir a ocorrência de cólica. V – O fornecimento de água logo após o exercício é recomendado em razão da necessidade de reposição hídrica nesse momento, além de prevenir a ocorrência de cólica. É correto apenas o que se afirma em: A) II e III. B) I, II e IV. C) I, II e V. D) III, IV e V. 77 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Cadeias Produtivas ii E) I, III, IV e V. Resposta correta: alternativa B. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: o arraçoamento individual na estabulação em grupo fica dificultado. Se alguns animais são afastados do cocho por haver animais muito gulosos no grupo e competição, ou quando existem animais subdesenvolvidos num grupo de potros, todos os animais têm de ser amarrados durante a alimentação em locais individuais. Estes têm de ser separados por paredes divisórias se os animais recebem seu concentrado em baldes que são colocados de maneira similar ao saco de manjedoura (BAIA..., [s.d.]). II – Afirmativa correta. Justificativa: a presença de lignina reduz a digestibilidade das fibras, o que pode levar a cólicas. Para que o equino mantenha fermentação microbiana adequada no TD é necessário promover aporte de fibra, em quantidades adequadas para favorecer a fermentação. Dietas com nível inadequado de fibra e elevado de amido deprimem a fermentação. Assim, sugere-se a utilização de dietas baseadas em volumoso de boa qualidade e a inclusão de fontes de fibra com alta disponibilidade de energia (polpa cítrica, polpa de beterraba, casca de soja). O menor aporte de amido para o equino pode prevenir a ocorrência de distúrbios digestivos e metabólicos. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: o estômago equino é muito pequeno e sua entrada é formada de um esfíncter chamado cárdia, que permanece sempre fechado impedindo o refluxo, qualquer regurgitação de gás ou líquido – e assim o cavalo não pode vomitar. Então, se por acaso ele absorve uma quantidade grande demais de água ou comida após o exercício, o estômago pode distender-se e o cárdia fechar-se, o que provoca uma grande dor, podendo ocorrer ruptura estomacal com consequente morte do animal. IV – Afirmativa correta. Justificativa: várias são as doenças infectocontagiosas que atingem equinos e muitassão possíveis de serem prevenidas através da vacinação, garantindo-se bons resultados e evitando-se perda de animais e excessivos gastos produtivos (TIPOS..., [s.d.]). V – Afirmativa incorreta. Justificativa: se houver a ingestão de grande quantidade de água após o exercício, seu estômago irá distender-se, podendo gerar cólicas no animal. 78 AG R - Re vi sã o: M ar in a - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 9/ 05 /2 01 5 Unidade III Questão 2. (Enade 2013) A anemia infecciosa equina é uma doença cosmopolita causada por um RNA-vírus que atinge equinos, asininos e muares. Uma vez instalado no organismo do animal, esse vírus permanece por toda a vida, mesmo quando sintomas não são manifestados. É uma doença essencialmente crônica, embora possa apresentar-se em fases hiperaguda, aguda e subaguda. A transmissão ocorre por meio da picada de mutucas e das moscas dos estábulos, materiais contaminados com sangue infectado, além da placenta, colostro e acasalamento com animais portadores. Para a entrada de equinos em eventos agropecuários, são requisitos obrigatórios para o controle e erradicação da anemia infecciosa equina a apresentação: I – Da Guia de Trânsito Animal. II – Do exame negativo para anemia infecciosa equina. III – Do comprovante de vacinação contra a anemia infecciosa equina. Somente está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): A) II. B) III. C) I e II. D) I e III. E) I, II e III. Resolução desta questão na plataforma.