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MICROBIOLOGIA DOS ALIMENTOS DOENÇAS VEINCULADAS POR ALIMENTOS São doenças provenientes de contaminantes de natureza biológica (microrganismo), química (agrotóxicos, toxinas, alérgenos: soja, amendoim, frutos do mar) ou física (vidros, madeira, metais), ou uma condição do alimento, que podem causar danos à saúde ou à integridade do consumidor. Classificação das Doenças • Doenças Infecciosas: causadas por agentes bacterianos, virais e parasitários que têm a capacidade de causar infecções (Salmonella typhi, Streptococcus, vírus da hepatite infecciosa) • Doenças Toxinogênicas (Toxinoses): têm como agente toxinas microbianas. O que diferencia esse grupo de agentes do anterior, é que neste a toxina é o agente ingerido e não as células viáveis do microrganismo patogênico. Um bom exemplo é a toxina botulínica. • Toxinfecção: decorrente da ingestão do microrganismo e posteriormente da toxina. Por exemplo, a toxinfecção por C. perfringens tipo A ocorre após a ingestão de números elevados desta bactéria na forma vegetativa; durante a esporulação, que ocorre “in vivo”, ocorre também a liberação da toxina. • Doenças Tóxicas: são síndromes que têm como agente uma toxina ou uma substância química (agrotóxicos, resíduos de drogas veterinárias, metais pesados, produtos de limpeza, toxinas biológicas, aditivos). Algumas DTA's Clostridium perfringes • Morfologia: gram-positivo, com esporos, anaeróbia estrita. • pH: 6-7 • Aw mínimo: 0,93-0,97 • Hábitat natural: solo, intestino humano e animal. • Transmissão: contato da água e dos alimentos com o solo e a poeira • Alimentos preferidos: feijoada, carnes, molhos • Sintomas: diarréia, gases, cólica (8 a 22h) • Medidas Preventivas: boas práticas, controle da temperatura, evitar preparos antecipados. Vibrio parahaemolyticus • Morfologia: gram-negativos, anaeróbios facultativos • pH: 7,5-8,5 • Aw mínimo: 0,94 • Hábitat natural: estuários • Transmissão: contato com frutos do mar contaminados • Alimentos preferidos: frutos do mar crus, mal cozidos ou prontos. • Sintomas: dor abdominal, cefaleia, náuseas, vômito, diarreia (12 a 18 h) • Medidas Preventivas: boas práticas, controle da temperatura, evitar consumir alimentos crus. Vibrio cholarae • Morfologia: gram-negativos, anaeróbios facultativos • pH: 5-9,6 • Aw mínimo: 0,97 • Hábitat natural: forma de vida livre ou aderido a superfícies de plantas, algas verdes filamentosas, zooplâncton, crustáceos e insetos. • Transmissão: através de água contaminada por fezes e contaminação cruzada. • Alimentos preferidos: água, saladas cruas, algumas frutas, pescados. • Sintomas: cólera, desconforto abdominal e diarreia moderada; evolui para diarreia aquosa, dores abdominais, vômito e desidratação, podendo levar à morte (1 a 3 dias) • Medidas Preventivas: saneamento básico, boas práticas e tratamento térmico. Listeria monocytogenes • Morfologia: gram-positiva, anaeróbia facultativa, • pH: 4,3-9,4 • Aw mínimo: 0,92 • Hábitat natural: solo, água, sedimentos marinhos e vegetais • Transmissão: alimentos, água e contaminação cruzada • Alimentos preferidos: queijos, produtos cárneos industrializados, leite, sorvetes, pescados crus, entre outros • Sintomas: desde um leve resfriado, diarreia, febre e mal-estar, até quadros mais graves como meningite, aborto e septicemia • Medidas Preventivas: boas práticas, seleção de fornecedores, tratamento térmico. Vírus entéricos (Rotavirus, Agente Norwalk e outros) • Fontes: fezes humanas. • Transmissão: direta (pessoa-pessoa), água e contaminação cruzada. • Alimentos preferidos: mariscos, frutas e verduras cruas, saladas mistas e com carnes e pescados • Sintomas: diarreia, febre, vômito, cólica, problemas respiratórios e outros • Medidas Preventivas: boas práticas, tratamento térmico e da água. Entamoeba histolytica • Morfologia: protozoário • Fontes: fezes e água • Transmissão: direta (pessoa-pessoa), água e contaminação cruzada. • Alimentos preferidos: frutas, verduras, legumes e água • Sintomas: cólica, diarreia, constipação, cefaleia, sonolência, úlcera (1 a várias semanas) • Medidas Preventivas: saneamento básico, seleção de fornecedores, boas práticas. Giardia intestinalis • Morfologia: é um protozoário • Fontes: fezes humanas e de animais • Transmissão: direta (pessoa-pessoa), água e contaminação cruzada. • Alimentos preferidos: saladas cruas, algumas frutas e água não tratada • Sintomas: diarreia gordurosa e com muco, cólicas e perda de peso (1 a 6 semanas) • Medidas Preventivas: saneamento básico, seleção de fornecedores, boas práticas. Os parasitos podem ser eliminados através das técnicas de congelamento, lavagem com ação mecânica e calor. Porém, sobrevivem quando submetidos a cloração. As formas vegetativas são eliminadas, em sua maioria. Já as formas esporuladas e toxinas podem persistir. Toxinas Marinhas Nos peixes, as de maior destaque são a Ciguatoxina (barracuda) e a Tetrodotoxina (baiacu). Logo, é indicado selecionar fornecedores e controlar a evisceração. Nos moluscos, temos: • Saxitoxinas :toxina paralisante de moluscos bivalves, pode causar formigamento, sensação de ardência e entumescimento ao redor dos lábios e das pontas dos dedos, sonolência, torpor, fala incoerente, paralisia respiratória. Os sinais podem aparecer de 30 minutos a 2 horas após o consumo do alimento. • Brevetoxinas: toxina neurotóxica de moluscos bivalves: sensação alternada de frio e calor, tremores, entumescimento de lábios, língua e garganta, dores musculares, vertigem, diarreia e vômito. Tempo de aparecimento de 2 a 5 min. a 3 a 4 horas após o consumo. • Toxinas dinophysis, ácido osadaico, pectenotoxina e yessotoxina: toxinas diarreicas de moluscos bivalves, causam náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, calafrios e febre. Pode aparecer de 30 min. a 2-3 horas. • Ácido domóico: toxina amnésica de moluscos bivalves- vômitos, diarreia, dor abdominal, confusão mental, perda de memória, desorientação, derrame cerebral, coma. O tempo de aparecimento é de 24 horas (quadro gastrintestinal) ou 48 horas (quadro neurológico). OBS: Nos cogumelos selvagens, pode haver a produção da toxina muscarina pela Amanita muscaria (causa tremores nas mãos, palpitação). É importante selecionar fornecedores. Aminas Biogênicas A degradação de pescados pode produzir a histamina e aminas vasopressoras e a de queijos e algumas frutas, tiraminas. O controle da temperatura é indicado. Micotoxinas São substâncias tóxicas e cancerígenas termoestáveis que se acumulam no organismo (fígado). Exemplos: • Aflatoxina (A. flavus e A. parasiticus): observada no milho e no amendoim • Ocratoxina (A.alutaceus, Penicillium): ocorrência em feijão e café • Patulina (P. expansum): pode estar presente em frutas em deterioração e sucos, principalmente de maçã. • Zearelenona (Fusarium): observada em alguns grãos (milho, cevada, trigo, aveia) e pode aumentar a produção de estrógeno. É importante controlar umidade relativa, o tempo e a temperatura, além de selecionar fornecedores. Contaminação Química Por meio de detergentes e desinfetantes, agrotóxicos (inseticidas, fungicidas), metais pesados (Mercúrio, Chumbo, Cobre), aditivos químicos (conservantes, corantes, vitaminas) tendo como medidas preventivas: • Utilizar produtos aprovados e em concentração adequada. • Otimizar sistema de limpeza. • Treinar os funcionários. • Armazenar separadamente • Manter a integridade das embalagens metálicas. (lata amassada pode indicar contaminação por Mercúrio) • Evitar o uso de nitritos • Calibrar e ajustar os equipamentosusados na dosagem Alérgenos Substâncias que podem produzir alergias ou reações de intolerância em indivíduos sensíveis (soja, amendoim, nozes e castanhas, frutos do mar, leite, ovo). • Rotular adequadamente os produtos • Higienizar os equipamentos de produção • Treinar os manipuladores na produção. OBS: Chamar atenção para os resíduos de drogas veterinárias, como antibióticos e hormônios, que podem causar alergias e efeitos tóxicos.
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