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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR AULA 04 Prof.ª Mariana Monfort Barboza 2 CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo à quarta rota sobre o comportamento do consumidor. Nas outras aulas você aprendeu como criar valor a partir do entendimento da psicologia do cliente, compreendeu como a experiência de consumo pode ser fundamental para a satisfação do consumidor e ainda teve contato com o processo de compra, que tem início no reconhecimento de uma necessidade e se encerra com o descarte dos resíduos do consumo. A partir de agora, vamos detalhar um pouco mais os mecanismos que estão presentes no processo de compra. Você vai ver que existem diversos papéis que os indivíduos desempenham quando as realizam. Vai aprender também que esses papéis e o próprio processo de compra podem se alterar dependendo do tipo de decisão de compra em questão. Também vamos mostrar como elementos do ponto de venda (PDV) e fatores motivacionais do indivíduo são poderosos influenciadores no momento do consumo. E ainda, discutiremos algumas metodologias e técnicas para coletar e interpretar informações a respeito do consumidor. Esperamos que você tenha uma boa leitura e possa construir novos conhecimentos sobre o comportamento do consumidor ao longo desta rota. CONTEXTUALIZANDO Problematização Você já ouviu falar ou assistiu algum episódio de Mad Man? Trata-se de uma série da televisão americana que mostra o dia a dia de uma agência de publicidade de Nova York na década de 1960. A série foi um sucesso de crítica e de audiência, venceu o Globo de Ouro como melhor série dramática em 2008, 2009 e 2010, e na mesma categoria foi premiada no Emmy nos anos 2010 e 2011. Acesse o link a seguir e assista a um trecho de episódio de Mad Man, que está relacionado com o assunto da aula de hoje. https://www.youtube.com/watch?v=gUmSMT64mHM As cenas que você assistiu demonstram uma técnica de pesquisa em marketing chamada focus group (grupo de foco) que é um tipo de entrevista grupal, com aproximadamente 7 ou 10 pessoas, com certas características 3 desejadas representando um determinado público-alvo (LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2004). No caso, o grupo de foco foi realizado com jovens mulheres com o objetivo de entender a rotina de beleza de cada uma. Provavelmente a empresa que estava pagando a pesquisa queria descobrir o comportamento delas para desenvolver uma nova linha de produtos de beleza, ou então, um tipo de comunicação de marketing que influenciasse as suas decisões de compra. A partir do conhecimento que você já tem sobre o comportamento do consumidor e do vídeo assistido, responda: além do focus group, que outras técnicas podem ser usadas para coletar informações sobre o consumidor e qual a importância delas para o trabalho dos profissionais de marketing? Feedback da professora: Existem diversas técnicas de pesquisa como: entrevista, survey, pesquisa eletrônica, focus group, entre outras. O fundamental dessa problematização é que você consiga entender a importância da pesquisa com o consumidor e a compreensão de seu comportamento para a área de marketing. TEMA 1: OS PAPÉIS NO PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA O processo de compra é formado por um complexo conjunto de etapas. Entender esse processo é fundamental para os gestores de marketing, pois em cada momento da compra o consumidor está agindo de acordo com diferentes necessidades, estímulos e percepções. Ainda é necessário salientar que nem sempre a pessoa que reconhece uma necessidade será a mesma que realiza a compra. Dessa maneira, precisamos compreender quais são os diversos papéis que os indivíduos desempenham nos processos de decisão de compra. De acordo com Engel, Blackwell e Miniard (2000), as decisões de consumo envolvem pelo menos cinco papéis diferentes, que podem ser assumidos em uma família pelo marido, pela esposa, pelos filhos ou por outros indivíduos que estão fora do núcleo familiar. Os papéis são de iniciador, influenciador, decisor, comprador e usuário. PINHEIRO et al. (2011) apontam um sexto papel, o avaliador, que também será estudado nesta rota. 4 Iniciador é a pessoa que reconhece uma necessidade e inicia o pensamento sobre a compra de produtos e serviços para satisfazê-la, bem como a coleta informações iniciais que ajudam na decisão. Influenciador é o indivíduo cujas opiniões são procuradas quando precisa- se tomar uma decisão a respeito de quais produtos ou marcas mais se ajustam às necessidades identificadas. Decisor é a pessoa que tem autoridade e/ou poder financeiro para escolher como o dinheiro da família ou de um grupo será gasto em produtos e serviços. Comprador é o indivíduo que atua como realizador das compras. É ele quem visita a loja, acessa o site, liga para os fornecedores, assina o contrato de compra/venda, realiza o pagamento, leva o produto até a casa e assim por diante. Usuário (ou consumidor) é a pessoa, ou o grupo de pessoas, que utiliza o produto ou serviço comprado. Avaliador é o indivíduo que promove a avaliação do produto no que tange à satisfação da necessidade. Vale lembrar que os papéis assumidos durante o processo de compra não são excludentes, isto é, podem ser desempenhados por diferentes pessoas ou também ser acumulados por um ou mais membros de um grupo, como a família (PINHEIRO et al., 2011). Para entender melhor cada um dos papéis vamos analisar alguns exemplos: Exemplo 1: Fraldas descartáveis Geralmente o iniciador no processo de compra de fraldas descartáveis é quem cuida do bebê. Vamos supor que quem mais tem contato com criança é a babá, pois os pais trabalham o dia todo, logo é ela quem reconhecerá a necessidades de compra quando acabarem as fraldas descartáveis. A babá avisa os pais da criança que é necessário comprar fraldas e a mãe se lembra que a sua irmã mais velha lhe disse que a marca X é a melhor do mercado. 5 Nesse caso a irmã mais velha estaria assumindo o papel de influenciadora. A mãe decide seguir o conselho da irmã e pede que o marido se lembre das fraldas quando for ao supermercado comprar carne e bebidas para o churrasco do fim de semana. Podemos ver que a mãe incorporou o papel de decisor e o pai de comprador. Ao final do processo, o bebê é o consumidor da fralda descartável, mas quem avalia a compra não é ele, esse papel (avaliador) cabe aos pais ou mesmo à babá que verificam se a fralda mantém a criança seca e confortável durante o dia. Exemplo 2: Imóvel Um jovem casal está pagando aluguel há algum tempo quando decidem que é o momento de comprar a casa própria. Podemos ver que neste caso, o papel de iniciador é desenvolvido por duas pessoas. O marido prefere comprar uma casa antiga, por ser mais espaçosa, já a esposa é filha de empreiteiros e quer seguir o conselho do pai: comprar um apartamento na planta, pois sabe que apesar de menor, acaba saindo mais barato. É possível notar que o marido e a mulher são influenciadores nessa decisão, assim como a família da esposa. O casal decide em conjunto que o melhor é comprar um apartamento mais antigo, atendendo em parte as necessidades dos dois, mas como não têm dinheiro suficiente, a compra é realizada pelos pais do marido, são eles que assinam o contrato com a imobiliária, tornando-se os compradores. Quem mora no apartamento é o casal, logo eles são os consumidores, e o papel de avaliação fica a cargo de várias pessoas, como os próprios moradores, suas famílias que fazem visitas aos fins de semana e os amigos. Como é possívelver nos exemplos, o processo decisório de compra pode ser complexo, cheio de influências e com sobreposição de papéis, mas se o gestor de marketing conseguir responder às seguintes perguntas é possível identificar relacionamentos diferentes de comprador/consumidor (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD): 1. Quem está comprando para quem? 2. Quem são os principais participantes do processo? 3. Quem quer? Quer o que? Quer quando? 6 4. O que podemos pressupor a partir disso? Respondendo a essas perguntas, o profissional de marketing consegue identificar os cenários em que algumas compras podem ter mais de um tomador de decisão, ou mais consumidores. (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). Podendo, então, adaptar suas estratégias para atender melhor o público-alvo de sua empresa. Leitura obrigatória: PAIXÃO, M.V. A Influência do Consumidor nas Decisões de Marketing. Curitiba: Intersaberes, 2012, Cap. 3. Saiba mais: Leia o artigo “Tamanho é documento! E beleza é fundamental? Explorando a influência de compra na relação empregada doméstica e patroa”, disponível no link a seguir. http://www.mackenzie.br/dhtm/seer/index.php/jovenspesquisadores/articl e/view/818 Esse estudo publicado em uma revista da Universidade Mackenzie mostra como a relação entre patroa e empregada reflete no comportamento de consumo das duas partes no que concerne o consumo de produtos de limpeza, alimentação e saúde. TEMA 2: TIPOS DE DECISÃO DE COMPRA Existe um processo semiestruturado para as decisões de compra que tomamos nas nossas vidas. Esse processo pode ser dividido nas seguintes fases: Reconhecimento de necessidade Busca de informações Avaliação de alternativas Decisão de compra Avaliação pós-compra 7 Descarte Porém, em algumas situações, os indivíduos podem encurtar ou prolongar esse processo; gastar mais tempo em alguma etapa ou mesmo pular uma das atividades do processo de compra. Isso acontece, pois, o processo de compra depende do tipo e do significado do produto ou serviço para o consumidor. É fácil perceber que existem diferenças entre os processos de decisão de compra de uma lâmina de barbear e de um notebook. Pode-se dizer que o primeiro processo é motivado por uma necessidade corriqueira, é uma ocasião de compra de baixo envolvimento, enquanto o segundo processo geralmente é mais complexo e demorado, devido ao alto grau de envolvimento nesse tipo de compra. Considerando-se a existência de uma escala contínua de complexidade na decisão de compra, pode-se dizer que existem três categorias principais do processo de compra com base no envolvimento do consumidor e no conhecimento do produto (PINHEIRO et al., 2011; SOLOMON, 2008): Decisão de rotina, decisão limitada e decisão estendida. Decisão de rotina As decisões de rotina são escolhas feitas com pouco ou nenhum esforço consciente do consumidor. Alguns exemplos de compra rotineira: produtos de higiene pessoal, alimentos no supermercado, o posto para abastecer o carro, etc. SOLOMON (2008) alerta que apesar de ser benéfico para os consumidores, que despendem menos tempo e energia na tomada de decisão, compras habituais viram um problema quando as empresas tentam introduzir um novo modo de realizar uma velha tarefa ou um novo produto para o cliente. O fato de uma decisão ser habitual não impede que os profissionais de marketing se esforcem para atender os consumidores nesse tipo de compra. A matéria a seguir é exemplo disso, ela mostra como a rede de supermercados “Pão de Açúcar” está investindo nas decisões rotineiras dos consumidores, abrindo lojas “minuto” em shoppings e centros comerciais. http://www.aconteceemalphaville.com.br/destaque/650 8 Decisão limitada A decisão limitada exige um pouco mais de esforço consciente do que a decisão rotineira, porém os indivíduos geralmente utilizam regras de decisão para escolher entre as alternativas propostas. Essas regras são atalhos cognitivos que possibilitam ao consumidor recorrer às linhas gerais em vez de recomeçar do zero toda vez que uma decisão de compra é necessária (SOLOMON, 2008). Alguns exemplos: escolha de restaurante para o almoço de domingo, compra de uma torradeira nova, compra de uma calça jeans, etc. Decisão estendida Também chamada de decisão ampliada, a decisão estendida é o tipo de situação em que geralmente o consumidor percorre os seis estágios do processo de compra, por exemplo na aquisição de automóveis, imóveis, aparelhos eletrônicos de alto valor, investimentos em ações e títulos, etc. A figura a seguir demonstra as principais diferenças entre as compras rotineiras e as que exigem decisões estendidas. Confira! Fonte: Adaptado de SOLOMON, 2008. Como é possível notar na figura sobre os tipos de decisão, um elemento muito importante em qualquer decisão, seja ela rotineira, limitada ou ampliada, é uso de informações. Os consumidores podem buscar informações com amigos, na internet, com vendedores, em livros ou até mesmo no seu próprio “repositório” de experiências, isto é, no seu conhecimento prévio sobre um produto ou serviço. O tipo de informação procurada geralmente depende da compra a ser realizada. 9 LAMB, HAIR e MCDANIEL (2004) apontam que existem dois tipos gerais de busca de informações: busca interna e busca externa. A busca interna de informações é o processo de recuperar as informações armazenadas na memória. Por exemplo, suponha que você esteja no supermercado à procura de uma mistura para bolo; você irá buscar na memória o nome da marca que comprou da última vez e tentará recordar se tinha um bom sabor, se agradou seus familiares e se era fácil de preparar. A busca interna de informações geralmente é mais usada em decisões rotineiras e na maior parte das decisões limitadas de compra. A busca externa de informações ocorre por meio de pesquisa de informações no ambiente externo. O contato com as informações no ambiente externo pode se dar por meio de ações controladas pelo marketing ou fontes de informações não controladas pelo marketing. As fontes de informações não controladas pelo marketing incluem as opiniões de membros de grupos de referência, como família, amigos e colegas de trabalho ou os resultados de pesquisas de institutos que regulamentam a utilização de produtos, como o INMETRO e a ANVISA. Já as fontes de informações controladas pelo marketing abrangem a publicidade (no rádio, jornais, televisão, revistas e internet), o pessoal de vendas, os rótulos e as embalagens de produtos. Imagine que você está pensando em comprar uma televisão de 60 polegadas, com tecnologia smart (que se conecta à internet) e que possua imagem 3D. Um produto desse tipo exige um certo investimento, dessa maneira é provável que você procure informações externas não controladas pelo marketing (como a opinião de um amigo que comprou um aparelho parecido há alguns meses) e informações controladas (como a ajuda de um vendedor que te explicará melhor as características técnicas do produto antes de se decidir pela compra). Leitura obrigatória: PAIXÃO, M.V. A Influência do Consumidor nas Decisões de Marketing. Curitiba: Intersaberes, 2012, Cap. 3. 10 Saiba mais: A matéria, disponível a seguir, discute como a facilidade de acesso a informações tem deixado o consumidor cada vez mais exigente na hora da compra. Um dos resultados dessa tendência é que as marcas estão utilizando cada vez mais informações científicas em suas comunicações para convencer o cliente. http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v61n1/a06v61n1.pdfTEMA 3: MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Alguma vez você foi parado enquanto caminhava na rua por uma pessoa que queria te fazer perguntas sobre seus hábitos de consumo? Já respondeu algumas perguntas para ganhar descontos em compras de lojas online? Ficou na linha após o atendimento telefônico para responder a uma pesquisa de satisfação? Se a sua resposta foi SIM para qualquer uma dessas perguntas, você já teve contato direto com técnicas de pesquisa do comportamento do consumidor. Empresas e pesquisadores investem bastante tempo e dinheiro para entender o comportamento de compra dos consumidores. Como uma empresa pode saber se os clientes de sua loja foram atraídos pelos últimos anúncios veiculados no rádio? Como os pesquisadores determinam quais são as etapas de um processo de compra? Qual a maneira de descobrir se uma propaganda terá efeito positivo sobre o público-alvo? Essas e muitas outras questões são respondidas por meio de coleta de dados utilizando-se diversos métodos de pesquisa. Neste tópico analisaremos métodos tradicionais de pesquisa com o consumidor como a pesquisa de levantamento, as entrevistas, os experimentos e os grupos de foco. Mas também vamos conversar sobre algumas novidades nas pesquisas sobre consumo, por exemplo, os estudos etnográficos, a técnica do eyetracking, o coolhunting e os avanços trazidos pelo neuromarketing. 11 Métodos tradicionais Tradicionalmente existem duas vertentes de pesquisas com o consumidor: pesquisas qualitativas e pesquisas quantitativas. Pesquisas qualitativas são caracterizadas por um contato mais profundo com o objeto de estudo (consumidor). Nesse tipo de pesquisa, geralmente busca-se entender algum comportamento específico do cliente. Os materiais de coleta de dados são desenvolvidos para oferecer respostas sobre como e por que o cliente utiliza determinado produto ou serviço. São exemplos de pesquisa qualitativa: entrevistas em profundidade, grupos de foco (focus group) e técnicas projetivas (SCHIFFMAN; KANUK, 2009). Entrevista em Profundidade: são entrevistas que levam geralmente de 30 minutos a uma hora. Nelas pesquisadores altamente treinados estimulam o consumidor a falar livremente sobre suas atividades, atitudes e interesses, além da categoria ou da marca do produto em estudo. Gravações de áudio e vídeo podem ser utilizadas, desde que sejam aceitas pelo entrevistado, para que o pesquisador possa analisar a entrevista detalhadamente. Esses estudos proporcionam aos profissionais de marketing indicações valiosas sobre os projetos de novos produtos e fornecem ideias para posicionar ou reposicionar uma marca, por exemplo (SCHIFFMAN; KANUK, 2009). Grupos de Foco: você se lembra do vídeo que assistiu na problematização desta rota? Pois bem, as cenas retratavam a realização de um grupo de foco (focus group). Esse tipo de pesquisa envolve a realização de entrevistas em grupo. As entrevistas normalmente são realizadas em salas de reuniões especialmente projetadas com espelhos para que os profissionais de marketing possam observar as sessões sem perturbar ou inibir os participantes. Os respondentes são estimulados a discutir seus interesses, atitudes, estilos de vida, sentimentos sobre um produto ou categoria de produto, experiência de uso e assim por diante (SCHIFFMAN; KANUK, 2009). Apesar de ser uma fonte importante de informações sobre os clientes, os grupos de foco exigem o desembolso de recursos financeiros consideráveis, primeiro devido à estrutura requerida para a realização e segundo pela contratação de mão de obra especializada (condutor da discussão, equipe de marketing que analisa as entrevistas, etc.). Assim, é necessário determinar se sua empresa realmente 12 precisa dessa técnica para conseguir informações ou se a mesma pode ser obtida utilizando-se outras técnicas de pesquisa. Técnicas Projetivas: as técnicas projetivas podem ser utilizadas em conjunto com entrevistas em profundidade ou durante grupos de foco. Consistem em uma variedade de testes disfarçados como frases incompletas, desenhos sem título, borrões de tinta e testes de associação que se destinam a descobrir motivações subjacentes dos indivíduos apesar de suas racionalizações ou esforços de ocultação consciente (SCHIFFMAN; KANUK, 2009). Geralmente faz-se necessária a ajuda de um psicólogo para a aplicação dessas técnicas. Além das pesquisas qualitativas, existem as pesquisas quantitativas de comportamento de consumo que visam descrever um mercado- alvo. O objetivo é generalizar resultados, no sentido de poder aplicar os achados da pesquisa para uma grande quantidade de clientes. Os questionários desenvolvidos para esses tipos de pesquisas geralmente visam estabelecer relações entre variáveis investigadas. Por exemplo: existe relação entre o ambiente da loja e o processo de compra do consumidor? São pesquisas de cunho quantitativo: a pesquisa observacional, os levantamentos (surveys) e os experimentos. Pesquisa Observacional: a pesquisa observacional é um importante método de estudo do consumidor pois por meio dela é possível obter um conhecimento detalhado do relacionamento que as pessoas têm com os produtos. Grandes empresas e agências de propagandas utilizam pesquisadores treinados para observar compradores em lojas, shoppings e até mesmo em casa. Existe também a possibilidade de observação mecânica, que nada mais é do que a utilização de um dispositivo eletrônico (uma câmera, por exemplo) para registrar os comportamentos de compra e consumo de produtos e serviços (SCHIFFMAN; KANUK, 2009). Imagine que uma empresa produtora de purificadores de ar esteja com problemas de venda na sua nova linha de produtos com aromas cítricos. Para tentar descobrir o que está provocando a não adoção dos novos produtos, a empresa seleciona alguns voluntários para testar os novos aromas e o aroma antigo, de lavanda. Após algumas semanas de teste a empresa recebe os resultados: a maior parte dos voluntários, quando usava o purificador com aroma cítrico deixava a porta do banheiro fechada após o uso, mas quando usavam o purificador de lavanda, mantinham a porta aberta 13 ao sair do lavabo. Perguntados a respeito do motivo dessas ações, houve unanimidade a respeito do cheiro “sufocante” do aroma cítrico, assim era melhor manter a porta fechada para que o cheiro não se espalhasse para a casa inteira. Esse é um exemplo de como a pesquisa observacional pode ajudar gestores de marketing no seu dia a dia de trabalho. Experimentos: são pesquisas em que é possível determinar um nexo causal entre duas variáveis investigadas (LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2004). Aplicação do método funciona da seguinte forma: algumas variáveis são escolhidas para serem manipuladas, isto é, para serem controladas pelos desenvolvedores da pesquisa. Por exemplo: se quiséssemos saber se a música ambiente influencia o ritmo de compra dos indivíduos, os tipos de músicas seriam nossas variáveis independentes (manipuladas). Uma pesquisa de experimento também precisa de variáveis dependentes, aquelas que dependem das variáveis manipuladas. No nosso exemplo fictício, se os tipos de música são variáveis independentes, o tempo gasto pelo cliente na loja seria nossa variável dependente. Dessa forma, seria necessário medir o tempo que as pessoas permanecem na loja quando cada tipo de música é tocado nos alto-falantes para determinar se existe uma relação causal entre música (variável independente) e ritmo de compra (variável dependente). Levantamentos: são pesquisas realizadas com o auxílio de questionários. O pesquisadorpode coletar dados pessoalmente com o consumidor (entrevista estruturada), por telefone, por correio ou por meio de questionários online. Esse tipo de pesquisa é usado quando pretende-se coletar dados com grande quantidade de indivíduos. Pode ser desenvolvida por meio do censo (todos os indivíduos pertencentes à população respondem o questionário) ou amostragem (quando uma amostra representativa da população é selecionada para responder as perguntas). O quadro a seguir resume algumas características de levantamentos utilizando telefone, correio, internet e entrevistas pessoais. Cada empresa deve considerar suas necessidades e recursos disponíveis para determinar qual desses levantamentos é o mais visável de ser realizado. 14 Além dos métodos tradicionais, algumas técnicas têm chamado a atenção de empresários e pesquisadores pelas novas possibilidades oferecidas na coleta de informações sobre o cliente. Uma das tendências atuais na área de comportamento do consumidor é o uso de pesquisas etnográficas. O objetivo desse tipo de pesquisa é fazer a descrição mais completa e detalhada possível dos hábitos de consumo dos mais diferentes segmentos de consumidores. A etnografia (que surgiu no campo de estudos de Sociologia) exige trabalho de campo, observação direta e, muitas vezes, a participação do pesquisador na rotina de consumo, buscando melhores vias de acesso às informações sobre os consumidores (PINHEIRO et al., 2011). Outro método de pesquisa em voga é o coolhunting. Surgiu na década de 1990 quando jovens com idades em torno dos 25 anos começaram a ser pesquisados por profissionais atentos às novas tendências e a tudo de interessante que acontecia nas ruas. O trabalho do coolhunter, ou caçador de tendências, é coletar materiais sobre o que lhe chama a atenção e enviá-los a um centro de estudos, que repassa a pesquisa às empresas clientes. O caçador de tendências trabalha em busca de fotografias, músicas, anúncios ou páginas na web, jamais realiza entrevistas com consumidores. O coolhunter é um observador, não entra em contato direto com o objeto de sua pesquisa (PINHEIRO et al., 2011). A evolução tecnológica também possibilitou avanços na pesquisa sobre o comportamento de compra. Na tentativa de superar o gap entre a intenção de compra (aquilo que o consumidor declara, por exemplo em pesquisas tradicionais) e o comportamento de compra (atitude real do consumidor) tem-se apostado em um novo método de pesquisa, conhecido como neuromarketing. Por meio das pesquisas em neuromarketing procura-se entender as bases anatômicas e fisiológicas do funcionamento cerebral envolvidas nas decisões de compra (PINHEIRO et al., 2011). É possível por exemplo, por meio de imagens 15 cerebrais, saber quais áreas da cabeça do consumidor são acionadas quando ele realiza compras ou assiste propagandas. Outra técnica que só surgiu graças às novidades tecnológicas é o Eye-tracking. Você já ouviu falar dela? É basicamente o monitoramento do olho humano enquanto o indivíduo realiza compras! Fantástico, não é? Leia a matéria a seguir, nela é possível conferir mais detalhes sobre o método de Eye-tracking, como o que pode ser medido com essa técnica de pesquisa e o que é possível analisar a partir dos dados coletados. https://pgpneuromarketing.wordpress.com/sabia-que/eye-tracking-o-que- e/ Leitura obrigatória: MADY, E. B. Pesquisa de Mercado. Curitiba: Intersaberes, 2014. Saiba mais Você já teve a experiência de montar um questionário? Neste site existem várias dicas para elaborar um deles. É só você clicar no tipo de questionário que deseja criar na aba “exemplos” e pronto, é só começar. O plano básico do site, que é de graça, possibilita que você elabore um questionário e gere um link para mandá-lo por e-mail para quem você quiser. https://pt.surveymonkey.com/mp/how-to-create-surveys/?repeat=w3tc TEMA 03: MOTIVAÇÃO E VALORES, ATITUDES E PERSUASÃO Agora vamos aprofundar a discussão sobre os fatores psicológicos que influenciam o consumidor. Apresentaremos a você os conceitos de motivação, valores e atitudes e explicaremos porque eles são importantes para os profissionais de marketing. Por exemplo, você acha que é possível persuadir os consumidores a mudarem de atitude em relação à uma marca ou a um produto? Para responder a essa pergunta precisamos entender o que faz com que os consumidores sintam a necessidade de comprar um produto ou serviço, isto é, precisamos entender suas motivações. 16 Segundo CROCCO et al. (2010), o motivo é um estímulo que faz com que indivíduo aja de determinada maneira. Para SOLOMON (2008) esse estímulo é o reconhecimento de uma necessidade, então, assim que a necessidade é ativada o indivíduo entra em um estado de tensão que o impulsiona a tentar reduzi-la ou eliminá-la. As empresas se esforçam para que os consumidores satisfaçam as necessidades que os impulsionam utilizando seus produtos ou serviços. Observe essa comunicação do McDonald’s®. Ela informa aos consumidores que o cardápio do restaurante também oferece café da manhã e os convidam a experimentar o pão na chapa e o cappuccino. Agora pense: Que tipo de necessidade temos pela manhã antes de iniciarmos um dia de trabalho ou estudo? Alimentação, não é? A maioria das pessoas sente fome pela manhã e é comum tomarmos um café, comer um pão ou uma fruta antes de iniciarmos nossas atividades diárias. Podemos dizer, então, que o McDonald’s, conhecendo uma necessidade fisiológica das pessoas, está oferecendo uma solução na forma de produto. Por mais que uma pessoa seja influenciada por suas necessidades, geralmente as ações que o consumidor toma para satisfazê-las estão relacionadas ao seu conjunto de valores. De acordo com SHETH, MITTAL E NEWMAN (2001), quando uma pessoa pensa sobre o que é importante em sua vida, ela está sob a influência de seus valores, que refletem os objetivos pelos quais as pessoas vivem. Você deve estar se perguntando: o que os valores individuais têm a ver com o comportamento de consumo? Para responder a essa pergunta, vamos analisar um exemplo a seguir. Suponha que você está abrindo um restaurante em uma área comercial com grande concentração de lojas judaicas. Antes de elaborar o cardápio para seus clientes talvez seja interessante você pesquisar os hábitos de consumo do povo judeu. Você sabia que a maioria dos judeus segue a tradição de não comer carne e leite em uma mesma refeição? Dessa forma, se seu restaurante oferecesse strogonoff de carne, lasanha de presunto e queijo, torta de frango com catupiry ou qualquer outro prato de origem animal misturado com leite ou derivados provavelmente deixaria seus consumidores insatisfeitos ou até revoltados com seu estabelecimento. 17 Vale destacar que os valores dos indivíduos geralmente estão relacionados com a cultura na qual eles estão inseridos. Isso explica, por exemplo, porque algumas empresas têm enorme sucesso em seus países de origem, mas quando abrem filiais em outras localidades mostram-se verdadeiros fracassos de vendas (SOLOMON, 2008). O que geralmente ocorre é um choque de valores, pois apesar de terem necessidades semelhantes, países diferentes possuem habitantes com hábitos de consumo diferentes. Para enfrentar esse tipo de influência, o McDonald’s®, apesar de ser uma cadeia mundial de fast food, faz adaptações em seus cardápios para se adequar aos valores de cada região onde está instalado. As motivações dos consumidores, impulsionadas por suas necessidades e direcionadas por seus valores, nos levam à discussão das atitudes dos clientesperante produtos e marcas. Segundo CROCCO et al. (2010, p.46) atitudes são “predisposições aprendidas para responder a alguma coisa de forma conscientemente favorável ou desfavorável”. Nesse sentido, SHETH, MITTAL e NEWMAN (2001) argumentam que as atitudes são aprendidas, ou seja, formam- se com base em alguma experiência ou informação sobre os produtos ou serviços, residem na mente dos consumidores e produzem o comportamento de compra, sendo assim, altamente relevantes para os profissionais de marketing. As atitudes são formadas basicamente por nossos pensamentos, sentimentos e ações. Dizendo de outro modo, as atitudes possuem três componentes: O componente cognitivo é resultado de nossas opiniões e julgamentos e refletem nossas crenças sobre determinados produtos ou serviços (CROCCO et al., 2010). É possível, por exemplo, que você julgue os produtos da Apple® como muito caros, pois acredita que outras marcas oferecem as mesmas soluções por um preço mais baixo. Assim, você assume uma atitude negativa em relação à marca. O componente afetivo diz respeito aos sentimentos de uma pessoa em relação a algo (CROCCO et al., 2010). Vamos supor que desde de pequeno sua mãe preparava seu leite no café da manhã utilizando achocolatado Nescau®. Você associou a marca do produto a sentimentos como amor e felicidade, assim, é provável que quando seus filhos pedirem alguma bebida achocolatada, você lembre-se do Nescau ao invés do Toddy®, mesmo o segundo estando mais 18 barato. Esse é um exemplo de como sua mente pode adotar uma postura favorável tendo como base um aspecto cognitivo. O componente conativo refere-se às tendências de ação de uma pessoa em relação a algo (CROCCO et al., 2010). Assim, retomando os exemplos anteriores em que por julgamento você considera a marca Apple® muita cara e por sentimento você lembra do achocolatado Nescau®, o seu comportamento de compra será reflexo desses estados mentais, logo, é provável que você opte por um notebook da Samsung® quando entrar em uma loja de eletrônicos, e leve o Nescau® na próxima visita ao supermercado. Sabendo que as atitudes dos consumidores são aprendidas, os gestores de marketing podem trabalhar no sentido de modificá-las. O processo de mudança de atitudes é chamado de persuasão e geralmente ocorre por meio da comunicação, por exemplo com propagandas, pelo “papo” do vendedor, por folhetos no ponto de vendas ou por meio da embalagem do produto (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). A mudança da atitude vai depender de quanto pensamento o consumidor se dedica à questão, isto é, da quantidade de elaboração ocorrida na mente do indivíduo no momento em que ele processa a mensagem da comunicação. O ponto de venda é um momento muito importante para a mudança de atitudes do cliente, no próximo tópico abordaremos os fatores sensoriais do PDV que podem ajudar os gestores de marketing a influenciar o comportamento de compra dos consumidores. Leitura obrigatória: PAIXÃO, M.V. A Influência do Consumidor nas Decisões de Marketing. Curitiba: Intersaberes, 2012, Cap. 2. Saiba mais Você já assistiu ao filme “Chocolate”? Ele conta a história de uma empreendedora que abre uma loja de chocolates em uma pequena cidade da França e encontra resistências do povoado em relação aos seus produtos, obrigando-a a persuadir os habitantes a conhecer e desfrutar dos deliciosos 19 doces vendidos por ela. O filme aponta dificuldades que vão além da tradicional concorrência de mercado para destacar atitudes e comportamentos individuais que afetam o consumo. A seguir, está disponível o trailer (em inglês) dessa obra. Vale a pena conferir! www.youtube.com/watch?v=zH3dNtJGcn8 TEMA 4: ELEMENTOS SENSORIAIS NO PDV A atitude de um consumidor perante um produto pode ser modificada por meio de elementos persuasivos elaborados pelos profissionais de marketing. Uma das possibilidades destacadas é o uso de propagandas que fazem o consumidor reprocessar os argumentos favoráveis à determinada marca e optar pela compra. Outra maneira bastante efetiva para mudar a atitude do consumidor é o investimento no ponto de venda (PDV). O layout do ponto de venda, aliado à exposição dos produtos (cores, iluminação, posição na gôndola) e à atmosfera geral do ambiente do varejo, são fatores que condicionam fortemente o comportamento de compra (PINHEIRO et al., 2011; ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). No ponto de venda pode-se estimular os receptores sensoriais (olhos, ouvidos, nariz, boca e dedos) dos consumidores. A partir do momento em que são captados e processados pelos consumidores, esses estímulos podem desencadear uma infinidade de emoções que impulsionam o desejo pelas compras. UNDERHILL (2009) destaca que a oportunidade de ver, tocar, experimentar, provar e cheirar objetos desejáveis faz toda a diferença no montante de vendas no varejo. Em tempos de crescimento do comércio eletrônico, um meio de atrair consumidores para as lojas é investir em experiências sensoriais que transformem o ato de compra no mais agradável e prazeroso possível (PINHEIRO et al., 2011). A partir do conhecimento das características do consumidor, pode-se construir uma qualidade sensorial única para uma loja, produto ou marca, desempenhando assim um papel importante em frente aos concorrentes (SOLOMON, 2008). 20 Estímulos sensoriais no ponto de venda são captados pelos consumidores por meio da visão, do olfato, da audição, do tato e do paladar (SOLOMON, 2008). Vamos analisar cada sistema sensorial separadamente. Visão Os gestores de marketing apostam muito em elementos visuais no design de lojas e embalagens, pois diversos significados e informações são transmitidos aos consumidores por meio da cor, do tamanho e do estilo dos produtos (SOLOMON, 2008). As cores dentro de uma loja são fontes de influência potencial tanto nas percepções quanto nos comportamentos dos consumidores. Por exemplo, cores quentes, como o vermelho e o amarelo são mais indicadas para o exterior de lojas ou para vitrines, pois costumam atrair mais clientes para dentro do estabelecimento (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). Olfato Um recurso bastante utilizado para envolver emocionalmente o consumidor é a utilização de aromas. Algumas marcas colocam essências exclusivas nos sistemas de ventilação de suas lojas para difundir um perfume próprio do estabelecimento (PINHEIRO et al., 2011). Segundo SOLOMON (2008) algumas das reações dos consumidores a aromas provêm de antigas associações que evocam sensações boas ou ruins, logo, algumas empresas tentam descobrir essas reações e explorar as conexões entre aromas, memórias e estados de espírito de seus clientes. O olfato pode ser bastante utilizado em supermercados, por exemplo. Quando o estabelecimento conta com uma padaria, o cheiro de pão feito na hora se espalha pelo ambiente e desperta sensações boas nas pessoas. Mesmo que um cliente esteja na seção de produtos de limpeza pode ser pego pensando: “preciso comprar pão”. E melhor, o cheiro vindo da padaria, pode estimular as glândulas salivares dos consumidores, aumentando a venda de outros produtos alimentícios (UNDERHILL, 2009). Veja na reportagem a seguir como os profissionais de marketing têm utilizado o olfato dos consumidores para alavancar as vendas. 21 http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/marketing-olfativo-se- estabelece-como-alavanca-de-vendas Audição Muitas empresas gastam milhões de reais todos os anos em gravações sonoras, você sabe porquê? De acordo com SOLOMON (2008) os jingles de propagandasmantêm a consciência das marcas, e no ponto de venda os fundos musicais criam estados de espírito desejados para compras, pois muitos aspectos do som afetam os sentimentos e comportamentos das pessoas. Confira a matéria publicada no The Wall Street Journal e entenda como a utilização de músicas incrementam as vendas em diversos setores comerciais. Observe também que a seleção de áudios não pode ser aleatória, ela deve levar em consideração as características pessoais, sociais e demográficas do público- alvo das lojas. http://br.wsj.com/articles/SB100014240527023039325045792546540784 14802 Tato Apesar de poucas pesquisas relacionadas a esse sentido serem desenvolvidas por pesquisadores, parece ser consenso entre empresários que o tato é um canal sensorial extremamente importante no varejo (SOLOMON, 2008). UNDERHILL (2009) considera a possibilidade de o cliente tocar os produtos como essencial para a concretização das vendas. Segundo o autor, todos os seres humanos têm uma necessidade primitiva de realizar contato por meio da pele, sendo que a partir do tato os consumidores desenvolveriam maior “apego” pelo produto e acabariam realizando a compra. Paladar Por último, mas não menos importante, nossos receptores de paladar obviamente contribuem para as experiências que temos com muitos produtos (SOLOMON, 2008). Para se ter uma ideia de como o paladar é importante, UNDERHILL (2009) destaca que quase 90% dos novos produtos alimentícios 22 fracassam, não porque as pessoas não tenham gostado dele, mas porque nunca os experimentaram. É por isso que muitas vezes encontramos representantes nos oferecendo diversos tipos de amostra grátis em supermercados. O que levaria um consumidor a trocar a marca de iogurte que constuma comprar por uma nova? O fato de haver a oferta de um produto substituto pode não ser suficiente para induzir a troca. Pensando nisso, a empresa Vigor resolveu levar a degustação grátis além do ponto de venda tradicional. Acesse o link a seguir e confira a estratégia utilizada pela marca para promover o seu iogurte grego como um aliado da dieta saudável. https://www.youtube.com/watch?v=1rQpWXjeXgg Vale ressaltar que se a empresa não possui um produto que atenda às necessidades dos clientes, investir em elementos sensoriais no ambiente de loja não ajudará no aumento das vendas. Por isso é necessário que os profissionais de marketing realizem pesquisas para entender as motivações, valores e atitudes do consumidor, podendo então desenvolver estratégias de ponto de venda que induzam os consumidores à concretização das compras. Leitura obrigatória SAMARA, B.S.; MORSCH, M.A. Comportamento do Consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005 – Capítulo 05. Saiba mais O vídeo a seguir foi elaborado por estudantes de Administração da Universidade Federal do Paraná. Os autores falam sobre o marketing sensorial e sua recente popularização. O conteúdo é recheado de exemplos que podem enriquecer seu entendimento sobre as aplicações práticas dos conceitos discutidos nesta rota. Não deixe de assistir! https://www.youtube.com/watch?v=UsuazQ9MEOg 23 TROCANDO IDEIAS Um dos assuntos abordados nesta rota de aprendizagem foi a persuasão. Aprendemos que é possível mudar as atitudes dos consumidores perante as marcas a partir de esforços de marketing, não é mesmo? Você sabia que algumas empresas se utilizam de mensagens subliminares para tentar persuadir os consumidores a comprarem seus produtos? Você sabe o que é mensagem subliminar? Assista ao vídeo a seguir para entender melhor. https://www.youtube.com/watch?v=Co7Kw-7fx64 No Brasil, não existe nenhuma lei que proíba expressamente qualquer modalidade de propaganda subliminar. Em casos assim, é proposto que se aplique o artigo 20 do Código de Ética dos Publicitários, que declara que as mensagens devem ser ostensivas e assumidas, assim como também o artigo 36 do Código de Defesa do Consumidor, que proíbe anúncios disfarçados. Já na União Europeia e nos Estados Unidos, há legislação proibindo alguns gêneros de subliminares. Agora, sugerimos que você procure mais informações sobre as mensagens subliminares em propagandas e expresse sua opinião sobre o assunto para os demais colegas no fórum. Apresente exemplos que você encontrou para defender sua posição. NA PRÁTICA Considere a seguinte formação familiar: Pai: Manoel (56 anos) – Arquiteto, é tradicional e gosta de passar datas especiais com a família, para ele não há nada melhor do que reunir a família em volta da mesa. Mãe: Patrícia (49 anos) – Jornalista, tem a mente aberta e é extremamente inteligente. Filho: João (27 anos) – Estudante de Direito, solteiro, não mora mais com os pais e estudou dois anos na Europa. Filha: Camila (24 anos) – Psicóloga, trabalha em um hospital, mas mora com os pais. 24 Agora, leia o trecho da reportagem a seguir: https://www.omelhordosuldeminas.com/cafe-em-capsulas-ganha- mercado-em-minas-gerais/ Levando em consideração a família apresentada e a matéria sobre cafés especiais: (a) Suponha que Manoel, João e Camila querem comprar uma máquina de café especial de presente de aniversário para Patrícia. Quais são os papéis que cada membro desenvolveria no processo de compra desse presente tendo como base as informações disponibilizadas? E a que tipo de compra corresponde a busca por uma máquina de café especial? Justifique sua resposta. (b) Imagine que você é o gestor de marketing da Dolce Gusto e esteja à frente de um projeto para a produção de novos tipos de aroma de café. Que tipo de pesquisa com consumidor você realizaria para descobrir quais são os aromas que teriam maior aceitação com o grande público? (c) Suponha também que a família de Patrícia vá à uma loja para comprar a máquina de café especial. Que tipo de elementos sensoriais a empresa poderia administrar para convencê-los a comprar o produto? Dê exemplos. Depois de formular a sua resposta, analise o feedback da professora Mariana. Feedback da professora: A atividade visa unir todo o conteúdo discutido nesta rota para que o estudante tenha uma visão abrangente de como os tópicos tratados estão interligados. Não existe uma única resposta certa, mas espera-se que você consiga avaliar os tipos de papéis no processo de compra de acordo com as características individuais de cada personagem e com as especificações do produto em questão. Também é necessário que você se lembre dos tipos de pesquisa com o consumidor apresentados para determinar como seria possível coletar informações sobre os consumidores de café. Para finalizar, você deve sobrepor informações sobre a família e a indústria de café para determinar como ocorreria a influência dos elementos sensoriais no ponto de venda. 25 SÍNTESE Encerramos mais uma rota de aprendizagem sobre comportamento do consumidor. Agora você já sabe que o processo de decisão de compra, além de contar com diversas etapas, pode ser diferente dependendo do tipo de compra que está sendo realizada e também que diversos papéis são desempenhados pelas pessoas ao comprar produtos e serviços. Entender as diversas nuances sobre o processo de compra é importante, pois cada indivíduo tem necessidades específicas que o motiva comprar e também tem valores pessoais que determinam as suas atitudes perante os produtos e serviços. Entender todos esses fatores relacionados aos consumidores é tarefa dos profissionais de marketing, que podem se utilizar de diversas técnicas de pesquisapara obter informações sobre os clientes. Nesta rota discutimos as técnicas tradicionais de pesquisa com o consumidor como o focus group e os levantamentos, além disso apresentamos as técnicas que estão surgindo com o advento de novas tecnologias, como o método de Eye-tracking. Tendo como aporte todo esse conhecimento, você está pronto para avançar ainda mais nos estudos sobre o comportamento do consumidor. Na próxima rota de aprendizagem vamos discutir os mecanismos por trás das relações entre clientes e marcas. Até lá! REFERÊNCIAS BELK, R. “Possessions and the Extended Self”. Journal of Consumer Research, Vol. 15, September 1988. P.139-168. CHETOCHINE, Georges. O blues do consumidor: por que seu cliente não está satisfeito. São Paulo: Financial Times - Prentice Hall, 2006. COSTA DA SILVA, Carlos Henrique. O tempo e o espaço do comércio 24 horas na metrópole paulista. 2003. 229 f. Dissertação de Mestrado - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" Instituto de Geociências e Ciências Exatas. Rio Claro. HIRSCHMAN, Elizabeth C.; HOLBROOK, Morris B. (1982), 'Hedonic Consumption: Emerging Concepts, Methods and Propositions.’ Journal of Marketing, 46 (3), 92-101. 26 HOLBROOK, Morris B. (1987), ‘What Is Consumer Research?’ Journal of Consumer Research, 14 (June), 128–32 MACINNIS, Deborah J.; FOLKES, Valerie S. The disciplinary status of consumer behavior: A sociology of science perspective on key controversies. Journal of Consumer Research, v. 36, n. 6, p. 899-914, 2010. PAIXÃO, Márcia Valéria. A influência do consumidor nas decisões de marketing. Curitiba: InterSaberes, 2012. SAMARA, Beatriz Santos; MORSCH, Marco Aurélio. Comportamento do consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Prentice Hall, 2005. SANTOS, T.; LIMA, M. V. V.; BRUNETA, D.; FABRIS, C.; SELEME, Acyr. Desenvolvimento do Marketing: Uma perspectiva Histórica. REGE. Revista de Gestão USP, v. 16, p. 89-102, 2009. SIQUEIRA, Fernando Mariano de. Sessenta anos de televisão sob a ótica de especialistas. Comunicação & Inovação, São Caetano do Sul, v. 12, n. 23: (93-96), jul-dez 2011. Disponível em: <http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_comunicacao_inovacao/article/viewFi le/1499/1097>. Acesso em: 25 jul. 2015. SOLOMON, Michael R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. WOLFF, Fabiane. Simbolismo no Comportamento do Consumidor: Construindo uma Nova Escala. In: XXVI ENANPAD_ Encontro Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração. 2002, Salvador. Anais do XXVI ENANPAD_ Encontro Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração. Belo Horizonte: Associação Nacional dos Programas de Pós- Graduação em Administração. 2002. v. 1.
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