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Anatomia Topográfica-Aula 1 A anatomia regional ou topográfica contempla a organização do corpo humano em partes principais ou segmentos: cabeça, pescoço, tronco (subdivido em tórax, abdome, dorso e pelve/períneo) e membros superiores e inferiores. Todas as partes principais podem ainda ser subdivididas em áreas e regiões, por exemplo: cabeça (parte principal), face (área da parte principal) e órbita ou olho (região específica da área). De uma forma geral, a divisão do corpo humano em segmentos leva em consideração: - CONTEÚDO de cada região - LIMITE de cada região - RELAÇÕES entre as regiões É importante ressaltar que o conteúdo, limite e relações independem dos sistemas que estejam contribuindo para a formação do segmento estudado. CABEÇA A cabeça é a parte superior do corpo que está fixada ao tronco através do pescoço, sendo dividida em: - CRÂNIO - FACE O crânio se subdivide em: - CALOTA ou CALVÁRIA CRANIANA: é formada pelos OSSOS FRONTAL E OCCIPITAL, OSSOS PARIETAIS E TEMPORAIS DIREITOS E ESQUERDOS; - BASE DO CRÂNIO: é formado pelos OSSOS TEMPORAIS DIREITO E ESQUERDO, OSSO ESFENOIDE, OSSO ETMOIDE, OSSO FRONTAL E OSSO OCCIPITAL; Os espaços entre a Calota Craniana e a Base do Crânio se dividem em regiões intracranianas e extracranianas. REGIÕES INTRACRANIANAS REGIÕES EXTRACRANIANAS LOJA HIPOFISÁRIA REGIÃO FRONTAL LOJA TRIGEMINAL REGIÃO PARIETAL LOJA CEREBELAR REGIÃO TEMPORAL LOJA CEREBRAL REGIÃO OCCIPITAL As lojas das regiões intracranianas são compartimentalizadas por estruturas meníngeas e as regiões extracranianas recebem seu nome de acordo com o osso que compõe a camada músculo-esquelética da estratigrafia do crânio, sendo que essas regiões estão mais relacionadas com a calota craniana. A Base do Crânio é dividida em 3 áreas ou fossas: - FOSSA ANTERIOR DO CRÂNIO: onde repousa o lobo frontal de cérebro, sendo formada pelos ossos frontal, etmoide e corpo e asas menores do esfenoide; Obs: No osso etmoide, encontra-se LÂMINA CRIBRIFORME DO ETMOIDE, por onde passa o NC I - FOSSA MÉDIA DO CRÂNIO: onde repousa o lobo temporal, sendo sua parte central formada pela Sela Turca no corpo do esfenoide e grandes partes laterais, que se delimitam com a fossa anterior pela CRISTA ESFENOIDAL e com a fossa posterior pela MARGEM SUPERIOR DA PARTE PETROSA DO TEMPORAL; Obs: Na fossa média, encontram-se os seguintes forames e aberturas: - CANAIS ÓPTICOS: por onde passam os nervos ópticos (NC II) e as artérias oftálmicas; - FISSURA ORBITAL SUPERIOR: por onde passam os nervos cranianos Oculomotor (NC III), Troclear (NC IV) e Abducente (NC VI), além do componente V1 do Trigêmeo (nervo oftálmico NC V1) e das veias oftálmicas; - FORAME REDONDO: por onde passa o componente V2 do Trigêmeo (nervo maxilar NC V2); - FORAME OVAL: por onde passam o componente V3 do Trigêmeo (nervo mandibular NC V3) e a artéria meníngea acessória; - FORAME ESPINHOSO: por onde passam as artérias e veias meníngeas médias e o ramo meníngeo do NC V3; - FOSSA POSTERIOR DO CRÂNIO: onde repousa o cerebelo e o tronco encefálico (ponte e bulbo), sendo formada principalmente pelo occipital; Obs: Na fossa posterior, encontram-se as seguintes aberturas e forames: - FORAME MAGNO: o seu conteúdo é formado pelo bulbo e meninges, artérias vertebrais, NC XI (Nervo espinhal acessório), veias durais e artérias espinais anterior e posterior; - FORAME JUGULAR: por onde passam os nervos cranianos Glossofaríngeo (NC IX), Vago (NC X) e Espinhal Acessório (NC XI), a veia jugular interna, seios petroso inferior e sigmóideo, e ramos meníngeos das artérias faríngea ascendente e occipital; - CANAL DO NERVO HIPOGLOSSO: por onde passa o nervo craniano Hipoglosso (NC XII); Uma passagem importante, também, na base do crânio é o CONDUTO AUDITIVO INTERNO, por onde passam os Nervos Cranianos Facial (NC VII) e Vestibulococlear (NC VII). ESTRATIGRAFIA DA CALOTA CRANIANA A estratigrafia do crânio é importante para o acesso neurocirúrgico, em uma craniotomia, subdividindo-se em: - ESCALPE: é o conjunto de tecidos moles que revestem a calota craniana externamente, assim, temos: (S) PELE (C) TECIDO CONJUNTIVO SUBDÉRMICO (A) PLANO MÚSCULO-APONEURÓTICO (mas só há músculos em pequenas quantidades nas regiões frontal, temporal e occipital) (L) TECIDO CONECTIVO PROFUNDO (ou baixo) (P) PERICRÂNIO (periósteo dos ossos cranianos) - TÁBUA EXTERNA: primeira camada de osso cortical que está voltada para o escalpe; - DIPLOE: camada de osso medular entre as camadas de osso cortical, por onde correm as veias diplóicas; - TÁBUA INTERNA: segunda camada de osso cortical que está voltada para as meninges; - DURAMÁTER: forra internamente a tábua interna em toda sua extensão, assim, não permitindo a formação do espaço peridural, exceto em condições patológicas; - ESPAÇO SUBDURAL - ARACNÓIDE - ESPAÇO SUBARACNOIDEO: esse espaço já está em contato com as circunvoluções cerebrais, que são revestidas por piamáter; -PIAMÁTER - ESPAÇO SUB-PIAL: por onde penetram os vasos que vão se aprofundar no encéfalo através dos espaços perivasculares; Obs.: 1. Na coluna vertebral, existe o ESPAÇO PERIDURAL, que contem gordura e vasos, além do saco dural, onde se encontra a dura-máter. 2. As veias emissárias conectam o sangue venoso de dentro da cabeça com o sangue que está no escalpe ao cruzar as tábuas externa e interna. 3. As granulações da aracnoide são responsáveis pela reabsorção do líquido cefalorraquidiano (LCR), devolvendo-o ao sistema venoso. 4. No carcinoma de plexo coroide, ocorre crescimento do plexo, fazendo com que aumente a produção de LCR. 5. A hidrocefalia ocorre por problemas de reabsorção de LCR, seja por obstrução dos ventrículos (no Forame Interventricular, no Aqueduto Cerebral e nas Aberturas Medianas e Laterais), por dificuldade de passagem do LCR pela meninge (meningite) ou pelo aumento da pressão venosa intracraniana, que pode ocorrer pela estenose da jugular – estreitamento do forame jugular – provocando dilatação do ventrículo, ou por trombose do seio venoso. 6. Hematoma epidural (espaço epidural patológico): ocorre entre a Duramáter e a Tábua Interna, tem formato de lente e é constituído por sangue arterial. 7. Hematoma subdural: ocorre no espaço subdural (entre a Duramáter e Aracnóide), a sua forma acompanha a curvatura do hemisfério cerebral, está relacionado com fraturas ósseas, é constituído por sangue venoso, sendo sua instalação lenta devido às características de complacência e elastância do cérebro. CAVIDADES CRANIANAS As cavidades cranianas são segmentadas pela meninge dural, assim, temos: -FOICE DO CÉREBRO: divide a LOJA CEREBRAL em hemisfério esquerdo e direito; -TENDA DO CEREBELO: separa a LOJA DO CEREBELO da LOJA CEREBRAL; Obs: A tenda do cerebelo pode ser chamada, também, de TENTÓRIO DO CEREBELO, classificando a Loja Cerebral em SUPRATENTORIAL e a Loja de Cerebelo em INFRATENTORIAL. -DIAFRAGMA SELAR: forma o limite superior da LOJA HIPOFISÁRIA, estendendo-se da borda posterior da sela até a borda anterior da sela; - LOJA TRIGEMINAL ou CAVO DE MECKEL: é formado por projeções da dura-máter e da aracnoide na fossa média do crânio; LOJA HIPOFISÁRIA É formada por um assoalho ósseo da Sela Turca e limitada superiormente por uma prega da dura-máter (diafragma selar) que se estende da borda posterior da sela a borda anterior da sela. A Sela Turca é a formação óssea em formato de sela situada sobre a face superior do corpo do esfenoide, que é circundada pelos processos clinoides anteriores e posteriores. A Sela possui 3 partes: o Tubérculo Selar (limite anterior), a Loja ou Fossa Hipofisial (assento da sela que acomoda a hipófise) e Dorso da Sela (limite posterior, juntamente com ângulossuperolaterais proeminentes – os processo clinoides posteriores). Na parte rostral dos processos, ocorre a fixação da tenda do cerebelo. Existem vários formatos de sela turca: podem ser rasas, em jota... As relações anatômicas da Sela Turca são: CORPO MAMILAR, QUIASMA ÓPTICO, TUBERCINÉREO e HIPÓFISE. A Hipófise se divide em ADENOHIPÓFISE (anterior) e NEUROHIPÓFISE (posterior), sendo a adenohipófise derivada de uma parte especializada da mucosa faringe e a neurohipófise é derivada de uma lobulação do hipotálamo (ou diencéfalo). Tanto a adenohipófise, quanto a neurohipófise, estão relacionadas com função glandular, assim, produzindo hormônios. No caso da neurohipófise, tem-se a produção de ADH e OCITOCINA. Já na adenohipófise, tem-se a produção de PROLACTINA, HORMÔNIOS DO CRESCIMENTO, GONADOTRÓFICOS e ADENOCORTICOTRÓFICOS. A Haste Hipifosária liga a neurohipófise com o hipotálamo, sendo que a parte da haste hipofisária que se prende ao hipotálamo é denominada de Tubercinéreo. Obs: A Hipófise e Glândula Pineal não possuem proteção da Barreira Hematoencefálica, devido à produção hormonal, dessa forma, através de contraste endovenoso, é possível sua visualização na tomografia e ressonância magnética. As relações da Loja Hipofisária são: Superiores: QUIASMA ÓPTICO e TUBERCINÉREO Inferior: SEIO ESFENOIDAL Anterior: FOSSA ANTERIOR DA BASE DO CRÂNIO Posterior: CLIVUS DO OCCIPITAL Laterais: SEIOS VENOSOS DA DURAMÁTER (seios cavernosos e intercavernosos) No Seio Cavernoso, passam importantes estruturas. Por ele, cruzam as Artérias Carótidas Internas e o Nervo Craniano Abducente (NC VI). Próximo a ele, em sua margem, passam os Nervos Cranianos Oculomotor (NC III) e Troclear (NC IV), além dos componentes V1 e V2 do Nervo Trigêmeo (Nervo Oftálmico – NC V1 – e Nervo Maxilar – NC V2). Os Nervos Cranianos NC VI, NC III e NC IV passam pela fissura orbitária superior e vão para a margem do seio cavernoso, já o componente V2 passa pelo forame redondo. Numa disfunção por um processo expansivo do seio cavernoso, todos os nervos supracitados serão atingidos. LOJA TRIGEMINAL Imediatamente ao lado e atrás da Sela Turca existe uma caixa de duramáter que abriga o gânglio do nervo trigêmeo ou de Gasser. Essa caixa de duramáter, com participação da aracnoide, formam na fossa média do crânio a Loja Trigeminal ou Cavo de Meckel. O nervo trigêmeo é misto, sendo responsável pela sensação geral da face e pelos músculos da mastigação. V1 (oftálmico): passa pela fissura orbitária superior e inerva o terço superior da face NERVO TRIGÊMEO GÂNGLIO TRIGEMINAL V2 (maxilar): passa pelo forame oval e inerva o terço médio da face V3 (mandibular): passa pelo forame redondo e inerva o terço inferior da face As regiões intracranianas se comunicam tanto com a face, quanto com o pescoço. Com a face, tem-se as relações intracranianas com a ÓRBITA, que possui 3 saídas ósseas: - 2 voltadas para o Crânio: FISSURA ORBITÁRIA SUPERIOR: onde passam os Nervos Cranianos Oculomotor (NC III), Troclear (NC IV) e Abducente (NC VI), além do componente V1 do Nervo Trigêmeo, da Veia Oftálmica e dos tendões musculares dos músculos do olho; CANAL ÓPTICO: onde passam o Nervo Craniano Óptico (NC II) e a Artéria Oftálmica; - 1 voltada para a Face: FISSURA ORBITÁRIA INFERIOR: onde passa a Veia Oftálmica Inferior (naquelas pessoas que a possuem). MÚSCULOS EXTRÍNSECOS DO BULBO DO OLHO Os músculos são 4 retos (movimentos horizontais e verticais) e 2 oblíquos (movimentos giratórios), além do levantador da pálpebra superior: MÚSCULO AÇÃO INERVAÇÃO RETO SUPERIOR é coligado com o Levantador da Pálpebra Superior, fazendo a elevação do olho e da pálpebra NERVO OCULOMOTOR RETO LATERAL move o olho para o lado externo NERVO ABDUCENTE RETO MEDIAL move o olho para o lado interno NERVO OCULOMOTOR RETO INFERIOR abaixa o olho NERVO OCULOMOTOR OBLÍQUO SUPERIOR gira medialmente o bulbo do olho NERVO TROCLEAR OBLÍQUO INFERIOR gira lateralmente o bulbo do olho NERVO OCULOMOTOR LEVANTADOR DA PÁLPEBRA SUPERIOR eleva a pálpebra superior NERVO OCULOMOTOR Na órbita, há 4 regiões, são elas: -ESPAÇO EXTRACONAL: situa-se entre a musculatura e osso, fora do cone de músculo; -ESPAÇO INTRACONAL: situa-se dentro do cone de músculo; -NERVO ÓPTICO E SUA BAINHA: o nervo óptico encontra-se dentro do espaço intraconal, mas não é considerado pertencente a este espaço por estar envolto pela Bainha do Nervo Óptico; -GLOBO OCULAR Obs: 1. A fissura orbitária superior faz ligações com os tendões musculares dos músculos da órbita ocular. 2. Na região súperolateral do espaço extraconal, encontra-se a Glândula Lacrimal, dentro da Fossa Lacrimal. 3. A artéria central da retina é a única que corre por dentro de um nervo, neste caso, o nervo óptico, até atingir a retina. 4. As artéria etmoideas irrigam as células etmoideas, cruzam a parede da lâmina papirácea (nome dado a parede medial da órbita) e se comunicam com a irrigação arterial orbitária. 5. Na sinusite bacteriana etmoidal, as bactérias podem invadir a órbita ao acompanharem as artérias etmoideas anterior e posterior. 6. O sangue venoso da órbita é drenado, principalmente, pelo seio cavernoso, através da veia oftálmica superior, mas também pode ser drenado pelas veias faciais através de veias comunicantes e pelo Plexo Venoso Pterigoideo. GLOBO OCULAR O globo ocular tem forma de esfera e possui diâmetro de 2 a 3 cm, sendo dividido em camadas: -TÚNICA EXTERNA FIBROSA; -TÚNICA MÉDIA VASCULAR; -TÚNICA INTERNA NERVOSA; As camadas estão dispostas em: 1/6 ANTERIOR: - CÓRNEA (Túnica Fibrosa Translúcida) - ÍRIS (Túnica Média Vascular/no centro da íris, há um Diafragma Muscular, a PUPILA, composto por músculo intrínsecos do olho, que possui inervação do sistema nervoso autônomo) - CRISTALINO 5/6 POSTERIORES: - ESCLERA (Túnica Fibrosa Esbranquiçada) - CORÓIDE (Túnica Média Vascular Marrom-Vermelhada) - RETINA (divide-se em porção lateral e porção medial) A porção de 1/6 anterior é banhado por um fluido, o HUMOR AQUOSO, que circula nas Câmaras Anterior (entre a córnea e a íris) e Posterior (entre a íris e a lente). Já na porção de 5/6 posteriores, o HUMOR VÍTREO ou COLÓIDE forra a cavidade ocular internamente. Obs: 1. Na vida intrauterina, há a artéria hialoide na câmara vítrea. Após o nascimento, a artéria regride, mas deixa seu canal, o CANAL HIALÓIDE. 2. A porção central da retina é responsável pela visão fina. APARATO NASOLACRIMAL A lágrima forra o globo ocular, evitando um atrito excessivo com a mucosa conjuntiva, que reveste a órbita internamente. A glândula lacrimal produz lágrima que chega a órbita através dos ductos lacrimais, sendo que o excesso de lágrima produzido é drenado para o saco lacrimal pelos ductos lacrimais. O saco lacrimal se situa na porção medial da órbita próximo ao ápice nasal e desemboca no meato nasal inferior através do ducto nasolacrimal. Obs: Os meatos nasais são divididos em superior, médio e inferior. O seio esfenoidal e as células etmoidais posteriores fazem comunicação com o meato nasal superior. Já as células etmoidais anteriores e médias e os seios frontal e maxilares se comunicam com o meato nasal médio. Como supracitado, o meato nasal inferior se comunica com o ducto nasolacrimal.
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