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1 Professor: Marcelo Lopes Química Metalúrgica – Aula 3 Universidade Federal Fluminense Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda Termoquímica A termoquímica consiste no estudo da transferência de calor, da sua natureza e da sua capacidade de produzir trabalho durante uma reação química e algumas transformações físicas. Desta forma, uma reação química sempre será acompanhada de uma liberação ou absorção de energia. Portanto: * Se a energia dos produtos for menor que a energia dos reagentes, a reação liberará calor; * Se a energia dos produtos for maior que a energia dos reagentes, a reação absorverá calor. Em qualquer caso, a quantidade de energia liberada ou absorvida expressa a variação da energia na reação química (de acordo com a lei da conservação de energia) 2 Lei da Conservação de Energia Em um sistema é possível ganhar ou perder energia. Sistema é uma parte do universo que desejamos estudar termodinamicamente. Vizinhança é o resto do universo. Existem duas formas para o sistema ganhar ou perder energia: calor e trabalho Calor é a transferência de energia entre dois objetos. Dentro de um sistema, o calor (q) será positivo (q>0) se houver absorção de calor da vizinhança -processo endotérmico. Se o sistema perder calor para a vizinhança, o calor será negativo (q<0) - processo exotérmico. 3 Trabalho (w) é o produto da força aplicada em um objeto pela distância (w=f.d). O trabalho (w) será positivo (w>0) se a vizinhança realizar trabalho sobre o sistema. Se o sistema realizar trabalho sobre a vizinhança, o trabalho será negativo (w<0) OBS: No caso de expansão (por exemplo de um pistão), o sistema realiza trabalho (w será < 0). Já na compressão, o trabalho é feito sobre o sistema (w será > 0). Unidades de Energia Joule - J (SI); = kg.m²/s² = Nm. Unidade mais utilizada Caloria: 1 cal = 4,184 J (quantidade de calor necessária para elevar a temperatura em 1oC de 1 mol de água) Obs: Uma caloria nutricional: 1 cal = 1.000 cal = 1 kcal 4 Trabalho Mecânico O trabalho mecânico de expansão a pressão constante (isobárico) pode ser definido (utilizando as equações w=F.d, F=p.A e d=dv.A) como: w = - pdv ou w = - pv, ou ainda, w = - p (v2 – v1), ou seja a variação de volume é que determina o valor do trabalho. O trabalho também pode ser realizado em condições isotérmicas, resultando em um trabalho máximo (wmax) que pode ser expresso pela equação: wmax = - p dv, para gás temos a lei dos gases ideais: pv = nRT (constante), substituindo temos: wmax = - nRTdv/v ou wmax = - nRT ln V2/V1 ou wmax = nRT lnP2/P1 (pois V1/V2 = P2/P1) 5 Energia Interna (U ou E) 6 É a soma das energias cinéticas dos átomos e moléculas no interior de um sistema e das energias potenciaisassociadas às suas mútuas interações. É a energia total contida num sistema fechado. A energia do sistema pode ser aumentada ou diminuída de acordo com o calor e o trabalho. Dessa forma, a variação da energia interna é a soma do calor e do trabalho de um sistema. E ou U = q + w (Equação da 1ª Lei da Termodinâmica) Quando um sistema sofre qualquer mudança física ou química, a variação obtida em sua energia interna (E ou U), é dada pelo calor (q) adicionado ou liberado pelo sistema, mais o trabalho (w) realizado pelo ou sobre o sistema. Função de Estado 7 Função de estado: depende somente dos estados inicial e final do sistema, e não de como a energia é utilizada. Energia Interna (U ou E) A energia absoluta de um sistema não pode ser mensurada em face da impossibilidade de se medir as energias cinética, potencial, nucleares ou outras energias intra-atômicas do próprio sistema. Entretanto, sua variação é mensurável. Desta forma, podemos expressar a variação da energia como: U = Ufinal – Uinicial Se nenhum trabalho for realizado (w = 0 vol = cte ), a variação de energia do sistema será igual ao calor transferido, ou seja: U = q (calor absorvido a volume constante). Por outro lado, se não houver troca de calor (q = 0), a variação da energia do sistema será igual ao trabalho realizado, ou seja: U = w 8 Energia Interna (U ou E) Exemplo1: 4,0 kj de calor são fornecidos a uma quantidade de ar. Calcule U para o ar se: a) Nenhum trabalho é realizado pelo ar b) O ar se expande e realiza 0,5 kJ de trabalho c) 1,0 kJ de trabalho é realizado na compressão do ar ao mesmo tempo que ele é aquecido. 9 Energia Interna (U ou E) Resposta Ex.1: a) U= q + w = 4 kj (calor fornecido) + 0 = 4,0 kJ b) U= q + w = 4,0 kJ - 0,5 kJ (expansão- sistema realizou trabalho) = 3,5 kJ c) U= q + w = 4,0 kJ + 1,0 kJ (compressão-trabalho foi fornecido ao sistema) = 5,0 kJ 10 Entalpia (H) Em geral os processos a volume constante são menos importantes que os processos a pressão constante (laboratórios). Assim sendo define-se uma nova função de estado chamada entalpia, onde o calor (q) é representado pela variação de entalpia (H) do sistema, isto é: q = H ( à pressão constante), e por isso: H = U – w A entalpia deve ser expressa também em joules (J), ou caloria (cal). 11 Entalpia (H) 12 Entalpia é o calor transferido entre o sistema e a vizinhança realizado sob pressão constante. Entalpia é uma função de estado. Entalpia de Reação (H) 13 A entalpia é uma propriedade extensiva (a ordem de grandeza do H é diretamente proporcional à quantidade): Exemplo CH4(g) + 2O2(g) CO2(g) + 2H2O(l) H = - 890 kJ 2CH4(g) + 4O2(g) 2CO2(g) + 4H2O(g) H = -1780 kJ Quando invertemos uma reação (exemplo acima), alteramos o sinal do H: CO2(g) + 2H2O(l) CH4(g) + 2O2(g) H = +890 kJ A variação na entalpia depende do estado físico: H2O(g) H2O(l) H = - 88 kJ Entalpia Padrão de Formação (Ho f) Durante a formação de uma substância, a partir de seus elementos, o calor liberado ou absorvido denomina-se calor de formação da substância. Se esta formação ocorre a 25 oC (298K), 1 atm e 1mol, este calor é definido como sendo o calor padrão de formação da substância. O calor de formação de um elemento puro é zero (0); Já os calores de formação das substâncias são tabelados 14 Lei de Hess A variação da entalpia (H) de qualquer reação é igual a soma das entalpias de formação de todos os produtos menos a soma das entalpias de formação de todos os reagentes, independendo do números de etapas do processo ou da maneira como é realizada a reação. H reação final = H (produtos) - H (reagentes) Exemplo de H0f : Calcule o valor da entalpia padrão (H0f) para as reações: a) SO2(g) + ½ O2(g) SO3(g) b) 2SO3(g) + S(s) 3SO2(g) Dados: H0f em kJ/mol do SO2(g) = - 296,8 H0f em kJ/mol do SO3(g) = - 395,7 15 Desta forma a expressão para a Lei de Hess pode ser escrita da seguinte forma: Resposta do Exemplo H0f : a) – 395,7 – (-296,8) = - 98,9 kJ b) 3x(-296,8) – 2x(-395,7) = - 99,0 kJ Exemplo 2 da Lei de Hess: Se o calor de combustão do hexano (C6H14) a 25 oC é -4163 kJ/mol, qual é o calor padrão de formação do hexano nesta temperatura? C6H14 + O2 CO2 + H2O (balancear) Dados: H0f em kJ/mol do H2O(g) = - 241,8 do CO2(g) = - 393,5 Exercícios Resposta do exemplo da Lei de Hess: C6H14 + 19/2 O2 6CO2 + 7H2O, H reação final = H (produtos) - H (reagentes) 4163 = 7(-241,8) + 6(-393,5) – 19/2(0) -(-)H0f C6H14 H0f C6H14 = - 109,4 kJ/mol Capacidade Calorífica (C) Para se calcular a quantidade de calor liberada ou absorvida durante a reação, é necessário conhecermos a capacidade calorífica, que é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um sistema em 1°C. Assim: dq = n.C.dT, onde: q = quantidade de calor, n= quantidade de mols, C = capacidade calorífica e T = temperatura. Unidade= J/molK, cal/gK ou cal/molK. O calor específico molar pode ser definido sob dois aspectos: * Volume constante (CV) * Pressão constante (CP) 18 Volume constante CV = (dU/dT), pois: dqV = dUV ; U = n.CV.T; Pressão constante CP = (dH/dT), pois: dqP = dHP, H = n.CP. T; Exemplo de “C”: Calcule a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de 1,0 g de ferro de 1,6 para 92,8 oC. Dados : Cfe = 25,1 J/molK. K = oC + 273 Massa Atômica Fe = 55,85 u 19 Capacidade Calorífica (C) Capacidade Calorífica (C) Resposta do Exemplo de “C”: n = 1/55,85 = 0,018 mol q = n.C.T q = 0,018x25,1x(365,8-274,6) = 41,2 J A variação da capacidade calorífica de uma reação química é dada pela soma algébrica das capacidades caloríficas dos reagentes e dos produtos. Por exemplo para a reação: A + B C + D, tem-se: CP = CP (C) + CP (D) - CP (A) - CP (B), CP = CP (produtos) - CP (reagentes). 20 Lei de Kirchhoff – Variação de Entalpia Variação da entalpia com a temperatura: se H = f (T), então dHP = CPdT, integrando a equação entre T1 e T2 temos: É importante novamente frisar que como a entalpia é uma função de estado, não importa o caminho pela qual a reação ocorra, bastando saber o estado inicial e final para que se possa calcular o valor da variação da entalpia (H). 21 Exercício de Entalpia Exemplo: Um calorímetro, em volume constante, mostrou que a perda de calor que acompanha a combustão de 1,0 mol de glicose na reação; C6H12O6(s) + 6 O2 (g) → 6 CO2 (g) + 6 H2O(g) é 2.559 kJ em 298 K, ou seja, ∆U = − 2.559 kJ. Considerar gases ideais. Qual é a variação de entalpia da mesma reação? Dado: R = 8,3145 J⋅K ̄ ¹⋅mol ̄ ¹ Lembrando que: H = U + PV Lei de gases ideais: PV = nRT Resposta do Exercício ∆n gás de ∆n gás = n final − n inicial ∆n gás = 12 − 6 mol = +6 mol Substituindo os dados: ∆H = ∆U + ∆n gás . R . T ∆H = − 2.559 kJ + [(6 mol) × (8,3145 J⋅K ̄ ¹⋅mol ̄ ¹) × (298 K)] ∆H = − 2.559 kJ + 15 kJ ∆H = − 2.544 kJ Energia Livre de Gibbs (G) Para se verificar se uma dada reação química é espontânea quando realizada à temperatura e pressão constantes, deve-se calcular a variação de energia livre do sistema - G. “S” (entropia) é uma grandeza termodinâmica relacionada com o grau de desordem dos sistemas. Exemplo - Uma reação química apresentou, a 27°C, uma variação de entalpia igual a -224,52 kcal e uma variação de entropia igual a 1,5 cal/ Kmol. A variação da energia livre de Gibbs para essa reação é: Dado: 0°C = 273 K G = H-T·S ® DG =DH-T·DS Energia Livre de Gibbs (G) Resposta do Exemplo Δ G = Δ H- T Δ S Δ G = -224,52 - (300 . 0,0015) Δ G = -224,52 - 0,45 Δ G = -224,97 kcal/mol. Energia Livre de Gibbs (G) Quando a concentração dos reagentes não se encontra no estado padrão deve-se considerar que: G = Gfo + RT ln Keq, G < 0 → liberação de energia livre → reação espontânea G > 0 → absorção de energia livre → reação não-espontânea G = 0 → equilíbrio, então ∆G0 = - R.T.lnKeq, assim: Keq = e - (∆Gf0/RT) Exercício de Energia Livre de Gibbs (G) Considere a reação: CO(g) + H2O(g) H2 (g) + CO2 (g) Calcule a constante de equilíbrio a 800 K. Obs :Energia de Gibbs em equilíbrio. Dados: ΔH°f CO2 (g) : -393,5 kJ.mol ̄ ¹ ΔH°f H2O (g) : -110,5 kJ.mol ̄ ¹ ΔH°f CO (g): - 241,82 kJ.mol ̄ ¹ ΔS°f H2 (g) : 213,7 J.K ̄ ¹.mol ̄ ¹ ΔS°f CO2 (g): 130,7 J.K ̄ ¹.mol ̄ ¹ ΔS°f H2O (g): 197,7 J.K ̄ ¹.mol ̄ ¹ ΔS°f CO (g): 188,8 J.K ̄ ¹.mol ̄ ¹ R = 8,314 Resposta do Exercício ΔH°f= ∑ n. ΔH°f (produtos) - ∑ n. ΔH°f (reagentes) ΔH°f=n.ΔH°f H2(g) + n.ΔH°f CO2(g) –n.ΔH°f H2O(g) –n.ΔH°f CO(g) ΔH°f =0 + (- 393,5) -[-110,5 +(-241,82)] kJ.mol ̄ ¹ =-41,18 kJ.mol ̄ ¹ ΔH°f = - 41,18x10³ J.mol ̄ ¹ ΔS°f= ∑ n. ΔS°f (produtos) - ∑ n. ΔS°f (reagentes) ΔS°f= n. ΔS°f H2 (g) + n. ΔS°f CO2 (g) – n. ΔS°f H2O (g) – n. ΔS°f CO (g) = 213,7 + 130,7 - (197,7 + 188,8) J.K ̄ ¹.mol ̄ ¹ = - 42,1 J.K ̄ ¹.mol ̄ ¹ ΔG°f = ΔH°f –T. ΔS°f = - R.T.lnKp ΔG°f = -41,18x103 -800x(-42,1) J.mol ̄ ¹ = -7500 J.mol ̄ ¹ Kp= e - ΔG°f/RT = e -(-7500 /8,314x800) ...............Kp = 3,09 Entropia (S) Entropia é uma grandeza termodinâmica relacionada com o grau de desordem dos sistemas. maior desordem maior entropia menor desordem menor entropia SA (g) > SA (l) > SA (s) S aumenta com a temperatura. 29 Entropia (S) Entropia (S): equivale à diferença entre H e G e reflete a complexidade do arranjo atômico das moléculas. G = H – TS ou ainda: ∆G = ∆H – T ∆S Alterações moleculares internas irão ocorrer espontaneamente somente se for acompanhada da diminuição de energia livre química do sistema: G < 0. Padrão de Formação: ∆Gf° = ∆Hf° – T ∆Sf° Entropia (S) Exercício: Uma reação química, à pressão constante e em temperatura ambiente de 27°C, gerou um calor de -224,52 kcal e uma variação de Energia Livre de Gibbs de -224,97 kcal/mol. A variação da Entropia para essa reação é: Dado: 0°C = 273 K Entropia (S) Resposta do Exercício: Δ G = Δ H- T Δ S -224,97 kcal/mol = -224,52 - (300 . Δ S) Δ S = (-224,97 + 224,52) / 300 Δ S = 1,5 cal/mol. 33 A energia livre (G) liberada numa reação é a energia máxima que é livre para produzir trabalho útil. ∆G = ∆H – T ∆S DH DS DG + - + (sempre) - + - (sempre) + + + - quandoDH > T·DS quandoDH < T·DS - - + - quando|DH| < |T·DS| quando|DH| > |T·DS| 34 Teste Qual é a energia necessária para que 1,0 kg de sacarose, inicialmente a 25 °C, chegue à temperatura de fusão (462 K)? Dados: q = n . C . ∆T 0°C = 273 K C sacarose = 425 J.K ̄ ¹mol ̄ ¹ Massa Molar da sacarose (M) = 342 g/mol 35 Resposta do Teste A energia será transferida à sacarose através de q: ∆T = 462 K - 298 K ∆T = 164 K Atenção: repare na unidade do valor de C sacarose; temos que encontrar o equivalente, em mol, para 1,0 Kg de sacarose. Então, usando a fórmula n =m/M: n = 1000 g / 342 g/mol n = 2,92 mols Agora, basta calcular o calor (q) envolvido no processo: q = n . C . ∆T = 2,92 mol x 425 J.K ̄ ¹mol ̄ ¹ x 164 K q = 203,52 kJ
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