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FISIOPATOLOGIA E TERAPIA NUTRICIONAL NAS DOENÇAS RENAIS Profa. Dra. Fabiani Beal Funções renais ! Rins " órgãos reguladores, excretores e endócrinos ! Funções: # Regulação da osmolaridade, do volume dos líquidos corpóreos # Regulação do equilíbrio eletrolítico ! Na, K, Cl, HCO3, H, Ca, PO4 # Regulação do equilíbrio ácido-básico ! Pulmão-fígado-rins # Excreção dos metabólitos orgânicos e substâncias estranhas ! Uréia, ácido úrico, creatinina e medicamentos (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005) # Produção e secreção de hormônios ! Eritropoietina ! Calcitriol ! Renina # Metabolismo endócrino ! Gliconeogênese " a partir da glutamina ! Síntese de carnitina # Amina transportadora de AG para sua oxidação na mitocôndria # Removedora de compostos do metabolismo intermediário (ácidos orgânicos, grupamentos acil, etc...) Funções renais (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005) Córtex renal Medula renal Cápsula fibrosa Papilas renais Pirâmides renais Cálices menores Cálices maiores Pelve renal Depósitos de gordura Cálices menores Ureter MICROANATOMIA DO RIM DIREITO O córtex e a medula são compostos pelos néfrons, vasos sanguíneos e nervos (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005) Formação do Ultrafiltrado Membrana de filtração ! Membrana do capilar é formada por: # Podócitos # Membrana basal # Endotélio (fenestrado) ! Barreira de filtração # Tamanho # Carga elétrica Endotélio Mem. basal Podócitos Fendas de filtração (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005)) ! Endotélio fenestrado # Livremente permeável a água, sódio, uréia, glicose, pequenas proteínas e solutos. # Mas NÃO permeável à células e proteínas médias e grandes. ! Tamanho e carga # Moléculas neutras menores que 20 Å " livremente filtradas # Moléculas maiores que 42 Å " não são filtradas # Moléculas entre 20 a 42 Å com carga ! Moléculas catiônicas ! Moléculas aniônicas Formação do Ultrafiltrado (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005)) Alterações metabólicas na doença renal ! Metabolismo do carboidratos # Resistência à insulina # Distúrbios na secreção de insulina # Redução da degradação de insulina # Aumento dos níveis de glucagon # Nefropatia diabética ! Metabolismo dos lipídeos Doença renal VLDL IDL LDL HDL Lp(a) Síndrome nefrótica ↑ ↑ ↑ ↑ ↑ ↑ ⇔ ↓ ↑ ↑ ↑ IRC ↑ ↑ ↓ ↓ ↑ Hemodiálise ↑ ↑ ↑ ↑ ↓ ↓ ↑ ↑ DP ↑ ↑ ↑ ↑ ⇔ ↑ ↑ ↑ Transplante renal ↑ - ↑ ⇔ ⇔ (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005) ! Metabolismo das proteínas # Diminuição da síntese de proteínas ! Resistência à GH/IGF-1 ! Hemodiálise e diálise peritoneal ! Baixa ingestão # Aumento da degradação/oxidação de proteínas ! Cortisol ! Resistência à insulina # Redução dietética ! anorexia Alterações metabólicas na doença renal (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005) ! Vitaminas e oligoelementos podem ser perdidos ou acumulados, de acordo com a doença. # Degradação ou produção diminuída pelos rins # Perdas pela diálise # Excreção urinária aumentada # Interação droga-nutriente # Ingestão reduzida # Desnutrição Alterações de microelementos na doença renal (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005) ! Anormalidades endócrinas ! Alterações comuns: # Resistência à insulina, GH # Hiperparatireoidismo # Hiperglucagonemia # Aumento síntese cortisol # Redução da atividade física # Alterações dietéticas # Tratamento hemodiálise e DP # Microinflamação ! ↑ citocinas pró-inflamatórias (IL-1, IL-6, TNFα) Alterações metabólicas na doença renal Quadro de desnutrição • Redução massa magra • Redução de reservas energéticas • Redução de ptns viscerais • Anorexia e caquexia ↑ Taxa de infecções ↑ Morbi-mortalidade Piora reabilitação Piora qualidade de vida (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005) Avaliação da função renal ! Para diagnóstico de doença renal crônica: ! Albuminúria e/ou RFG < 60mL/min por mais de 3 meses (SBN, 2004) Exame sérico ÍNDICE DE REFERÊNCIA Uréia Adulto: 10-45 mg/dL Criança: 10-40 Hemodiálise: 130-200 mg/dL Diálise peritoneal: 100-150 mg/dL Transplante: 15-50 mg/dL Creatinina Adulto e transplante: 0,6-1,2 mg/dL Criança: 0,3-1,0 Diálise: 7-1,2 mg/dL RFG RFG > 90 mL/min (estágio 1) RFG 60-89 (estágio 2) RFG 30-59 (estágio 3) RFG 15-29 (estágio 4) RFG < 15 (estágio 5) (SBN,2004) Avaliação da função renal Clearance Creatinina (mL/min) = [140 - Idade (anos)] X Peso (kg) Creat Plasm (mg/dL) X 72 Homens: valor multiplicado por 1.00 Mulheres: valor multiplicado por 0.85 Valor de referência: 80 a 125mL/min ↓ 60 " IRC Cockcroft DW e Gault MH "Prediction of creatinine clearance from serum creatinine". Nephron 16: 31-41, 1976 (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005) ! Antropometria # Peso – cuidar com retenção hídrica ! Pesar sempre depois da hemodiálise ! DP – descontar líquido dialítico infundido no abdome # IMC # Peso ideal ! usados na estimativa das necessidades energia, proteínas e outros nutrientes dos pacientes com DRC # Pregas cutâneas e circunferências do braço podem também ser empregadas na avaliação antropométrica e devem ser tomadas sempre no lado contrário ao do acesso vascular. Avaliação Nutricional - objetiva (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005) ! Bioquímico # Creatinina (é marcador de massa muscular) # Uréia (reflete a ingestão de proteínas) # Colesterol (reflete a ingestão de gorduras) " Indicam desnutrição energético-protéica e/ou redução no consumo alimentar. # Proteínas viscerais (albumina, transferrina, pré-albumina) # CTL ! (% linfócitos x leucócitos/100) ! Condição crônica de deficiência do sistema imunológico de pacientes com DRC pode comprometer a interpretação Avaliação Nutricional - objetiva (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005) Avaliação Nutricional - objetiva Parâmetro Valores desejáveis Limitações Albumina > 4,0 g/dL - Meia vida média longa (20 dias), insensível a mudanças recentes do estado nutricional Transferrina 180 - 400 mg/dL - Diminui na presença de inflamação - Meia vida mais curta (8-10 dias) que a da albumina e, portanto, mais sensível na avaliação nutricional - Aumenta na deficiência de ferro e diminui na sua sobrecarga Contagem Total de Linfócitos 1500 - 5000 mm3 - Aumenta nas infecções agudas virais - Diminui nas doenças relacionadas a deficiência do sistema imunológico e com o uso de corticóides. Valores menores que 1200 podem ser significativos na DRC (Berne & Levy, 1998; Riella & Martins, 2001; Cuppari, 2005) LITÍASE RENAL ! Presença de cristais inorgânicos preciptados nos rins e/ou vias urinárias formando cálculos ou “pedras nos rins”. ! Doença característica do séc. XX ! Cerca de até 20% da população pode apresentar sintomas em alguma fase da vida. ! A faixa etária mais acometida " 20 e 50 anos. ! Patologia multifatorial " participação variável de fatores genéticos, familiares, individuais, ambientais, metabólicos, anatômicos, infecciosos, etc. Cuppari, 2005; Riella e Martins, 2001 ! As causas mais comuns # Anormalidades metabólicas primárias " hipercalciúria idiopática é a causa em 60% dos casos # Apenas em 5% dos doentes existe uma doença sistêmicacomo causa. ! Formação cálculo # Fatores de risco da litogênese X ausência de fatores protetores ou inibidores # Dieta é um dos fatores mais importantes LITÍASE RENAL Cuppari, 2005; Riella e Martins, 2001 Ácido úrico, cálcio, oxalato, ptns, sódio, ↓ líquidos Citrato, magnésio, ↑ líquidos ! Fatores intrínsecos # Doença medular renal; defeitos no metabolismo; fatores genéticos; predisposição anatômica ou fisiológica para o desenvolvimento do cálculo urinário. ! Nefrolitíase X Alimentação (fator extrínseco) # Distúrbios no metabolismo do cálcio # Tipo mais comum de cálculo " cálcio e oxalatos de cálcio ! Tratamento atual # Trata os sintomas da doença e não as causas # Terapia nutricional " prevenir episódios recorrentes LITÍASE RENAL Cuppari, 2005; Riella e Martins, 2001 ! Sintomas: # Os cálculos, especialmente os pequenos, podem ser assintomáticos. # Os cálculos vesicais podem causar dor na região abdominal inferior. # Os cálculos que obstruem o ureter, a pelve renal ou qualquer um dos seus tubos de drenagem podem causar dor lombar ou uma dor tipo cólica intensa (cólica renal ou nefrítica). A cólica renal caracteriza-se por uma dor intermitente e excruciante, habitualmente no flanco, a qual irradia para o abdômen e, frequentemente, até a área genital e a face medial (interna) da coxa. # Outros sintomas incluem a náusea, o vômito, a distensão abdominal, calafrios, a febre e a presença de sangue na urina. O indivíduo pode apresentar desejo frequente de urinar, sobretudo durante a passagem de um cálculo pelo ureter. LITÍASE RENAL Manual Merck, 2002 ! Consumo de ptns em pacientes litiásicos # 0,8-1,2 g/ptn/dia (50% AVB) ! Evitar: vitela, bacon, cabrito, carneiro, miúdos em geral, sardinha, anchova, ovas de peixe, marisco, peru, porco, galeto, coelho, pato, ganso. ! Evitar (purinas): aspargos, couve-flor, leguminosas, espinafre, farelo trigo, carnes e peixes em geral. LITÍASE RENAL Cuppari, 2005; Riella e Martins, 2001 ! Líquidos # ↑ consumo de líquidos " ↑ volume urinário e ↓ concentração de componentes litogênicos " ↓ formação de cálculos. # Indicado: 30 mL/Kg/dia # Preferencialmente água, sucos limão e laranja (alto teor citrato), chás de frutas, flores e ervas. # Evitar chás mate e chá preto: alto teor de oxalato # Bebidas isotônicas: cuidar com excesso de sal (média 0,5 g/ garrafa) # Bebidas alcoólicas fermentadas: contém purinas (trigo e cevada) # Bebidas ricas em cafeínas e alcoólicas: inibem ADH " urina diluída LITÍASE RENAL Cuppari, 2005; Riella e Martins, 2001 ! Recomendações nutricionais # Dieta individualizada de acordo com distúrbio metabólico # Evitar restrição de cálcio # Ingestão de cálcio e oxalato devem ser balanceadas # Adequar ingestão de proteínas animal # Evitar alimentos ricos em purinas # Evitar ingestão excessiva de sal # Aumentar líquidos para produzir 2 L urina/dia LITÍASE RENAL Cuppari, 2005; Riella e Martins, 2001 Distúrbios renais ! Disúria: dor à micção ! Poliúria: ↑ volume urinário (>2.500 ml/dia) ! Oligúria: ↓ volume urinário (400 - 500 ml/dia) ! Anúria: ↓ volume urinário (≤ 100 ml/dia) ! Polaciúria: ↑ frequência de micção ! Nictúria: micção noturna ! Piúria: presença de pus ! Hematúria: presença de sangue ! Proteinúria: presença de ptn ! Albuminúria: presença de albumina ! Lipidúria: presença de lipídios ! Colúria: coloração escurecida da urina Síndrome urêmica ou Uremia ! Acúmulo no sangue de produtos da excreção, como a uréia, desencadeando condições tóxicas da uremia. (KOPPLE & MASSRY, 2006) ! Síndrome tóxica causada por grave insuficiência glomerular associada a distúrbios nas funções tubulares e endócrinas renais. ! Caracteriza-se por retenção de metabólitos tóxicos, alteração no volume e composição dos líquidos corporais e alterações na síntese de hormônios. ! Comum em pacientes com IRC. ! Manifestações clínicas: # Sistema nervoso: alterações de consciência, cefaléia, fadiga, convulsões, alteração comportamental (encefalopatia urêmica). # Sistema gastrintestinal: anorexia, náuseas e vômitos, hemorragia digestiva, diarréia, salivação excessiva, epigastralgia. # Sistema endócrino: intolerância a glicose, hiperlipidemia, hiperparatireoidismo, retardo de crescimento. # Sistema cardiovascular: ICC, edema, hipertensão, miocardite, pericardite. # Sistema respiratório: pleurite, edema agudo de pulmão. # Outros: doenças óssea, anemia, acidose metabólica, sangramento, prurido, palidez, imunodepressão. Síndrome urêmica ou Uremia (Cuppari,2005) ! Dietoterapia: ! Restrição proteica reduz geração de produtos nitrogenados tóxicos e íons inorgânicos responsáveis pelas manifestações clinicas da uremia. ! Restrição proteica reduz risco de morte e prolonga tempo para entrada em diálise. ! 0,8 a 1,0 g/ptn/kg/dia ! Assegurar ingestão de calorias na forma de CHO para manter o EN. Síndrome urêmica ou Uremia (Cuppari,2005) Síndrome nefrótica ! Doença cujas manifestações comuns derivam da perda de barreira filtrante glomerular para proteínas. ! Proteínuria ↑ 3,5 g/dia e hipoalbuminemia ↓ 3 g/dL. ! 95% associados: DM, LES, amiloidose e doenças renais. ! Sintomas: # Edema (pode ser generalizado " anasarca) # Mobilização de lipoproteínas " hiperlipidemia e lipidúria (Kopple e Massry, 2006; Krause, 2002) Proteinúria e ↓ pressão coloidosmótica ↑LDL ↓ ⇔ HDL ↑Lp ! Perda da barreira filtrante para proteínas ! Proteinúria (75 a 90% albumina) ! ↓ pressão oncótica ! Extravasamento de liquido para o meio extracelular ! Hipovolemia ! ↑ concentração de Na sérico Síndrome nefrótica (Kopple e Massry, 2006; Krause, 2002, Riella e Martins, 2001) Síndrome nefrótica ADULTO CRIANÇA Kcal/kg/dia 30 - 35 100 - 150 CHO Preferir chos complexos LIP No máximo 30% (10% sat – 300mg colesterol) PTN 0,8 – 1,0 g/kg 1,0 – 2,0 g/kg NaCl 3,0 g 3,0 g K Restrição se houver hipercalemia 1 a 3g/dia Ca - 10 – 20 mg/kg Vit.D 1.500 UI Líquidos De acordo com balanço hídrico (Krause, 2002, Riella e Martins, 2001) ! Sempre usar o peso seco devido a presença de edema. ! Ptn de alto valor biológico (60 a 75%) ! Acrescentar 1g de ptn para cada grama perdida na urina. ! Estudos indicam proteína de soja (30-50g/dia) " reduz proteínuria e pressão sanguínea, reduz lipídios séricos (Colesterol total e LDL) ! Cuidar com anorexia. Síndrome nefrótica (Krause, 2002, Riella e Martins, 2001) Insuficiência Renal Aguda ! Síndrome caracterizada pela deterioração rápida da função renal que pode durar horas ou dias. ! Resulta em desequilíbrio hidroeletrolítico e acúmulo de produtos do metabolismo nitrogenado (uréia e creatinina). ! Durante este período é necessário diálise até que os rins voltem a funcionar. ! IRA " intenso catabolismo ! Sobrevida de 60% dos pacientes com IRA. (Kopple e Massry, 2006; Krause, 2002, Riella e Martins, 2001) ! Causas mais comuns # Pré-renal " perfusão renal inadequada ! ICC, hemorragias, cirurgias, catabolismo intenso (queimados, sepse, peritonite, pancreatite). # Intrínseca " doenças do parênquima renal ! Glomerulonefrites, nefrotoxicidade, HAS, oclusão de vasos renais, estados trombóticos, necrose cortical do néfron. # Pós-renal " obstrução do ureter ou uretra ! Cálculos, coágulos, tumores, fibrose tecidual. (Kopple e Massry, 2006; Krause, 2002, Riella e Martins, 2001) Insuficiência Renal Aguda Características da doença ! Relacionado com tipo de causa da doença ! Catabolismo " balanço nitrogenadonegativo associado com resposta inflamatória ! Gliconeogênese " ↑ ação de enzimas hepáticas associado a resistência à insulina " hiperglicemia ! Dislipidemia: ↑ TG, Col T e ↓ HDL ! Uremia e estresse oxidativo ! Oligúria é comum. (Kopple e Massry, 2006; Krause, 2002, Riella e Martins, 2001) Insuficiência Renal Aguda Insuficiência Renal Aguda NUTRIENTE RECOMENDAÇÃO VET !20 a 30% TMB (Riella e Martins, 2001) 25 a 40 kcal/kg (Krause, 2002 e Cuppari, 2003) CHO 50 a 60% (complexos) (! gliconeogênese e resistência à insulina) LIP Ptn Até 30% 0,6 g/ptn/kg 1,0 a 1,4 g/ptn/kg (diálise) K 2340 mg/dia (< 60 mEq/dia) se hipercalemia Na fase oligúria: 230 a 460 mg/dia (10 a 20 mEq/dia) fase poliúria: 920 a 2070 mg/dia (40 a 90 mEq/dia) Líquido 500ml + diurese Suplem. AAE, cetoácidos Insuficiência renal crônica ! Síndrome clínica decorrente da perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais. ! Causas: glomerulonefrite crônica, IRA, HAS grave, DM, processos obstrutivos crônicos, LES. # Mais comuns: DM e HAS # Obesidade: ↑ 87% as chance de DRC Proteinúria como marcador (ambulatório de nefrologia – UERJ) ! Quadro clínico mais comum " uremia + acidose metabólica ! Alterações na síntese de hormônios renais causam: # Anemia (eritropoietina) # Doenças ósseas (calcitriol) # HAS (sistema renina-angiotensina) ! Razões gerais da desnutrição de pacientes em diálise # Anorexia # Ingestão reduzida de nutrientes # Função renal residual # Citocinas # Hipercatabolismo # Acidose metabólica # Perda de nutrientes pela diálise Insuficiência renal crônica Insuficiência renal crônica ESTÁGIO RFG (ml/min) GRAU DE IR 0 > 90 Grupos de risco DRC Ausência de lesão renal 1 > 90 Lesão renal c/ função renal normal 2 60-89 Lesão renal com FG levemente diminuída (IR leve ou funcional) 3 30-59 Lesão renal com FG moderadamente diminuída (IR moderada ou laboratorial) 4 15-29 Lesão renal com FG severamente diminuída (IR severa ou clínica) 5 < 15 Falência renal (IR terminal ou dialítica) (Soc. Bras. Nefr., 2004) Insuficiência renal crônica ! Nutrição na progressão da IRC ! Tipicamente a IRC progride até que seja necessário diálise ou transplante. ! Objetivo do manejo nutricional na IRC " # Prevenir desnutrição e manter EN # Reduzir toxicidade urêmica # Controlar distúrbios hidroeletrolíticos # Retardar a progressão da doença # Reduzir mortalidade e retardar entrada no tratamento dialítico Tratamento conservador Insuficiência renal crônica ! Dietoterapia tratamento conservador ! Peso: # Reposição: 30-45 kcal/kg # Manutenção: 35 kcal/kg # Redução: 20-30 kcal/kg (obesidade) # Idoso: 30 kcal/kg ! Chos: 50-65% ! Lip: 25-35% ou restante das calorias estimadas # Saturado: 10% # Mono: 10-15% # Poli:10% Insuficiência renal crônica ! Dietoterapia tratamento conservador ! Proteína: # Repleção : 0,8-1,0 g/Kg/dia # Manutenção: 0,6-0,8 g/Kg/dia (60-80% AVB) # FG ↑ 60: 0,8-1,0 g/Kg/dia # FG 25-60: 0,6-0,8 g/Kg/dia # FG ↓ 25: ! Dieta hipoprotéica convencional: 0,6 g/Kg/dia (50-60% AVB) ! Dieta muito restrita em proteína: 0,3 g/Kg/dia + aas essenciais ou cetoácidos # Sem TFG: 0,6 g/Kg/dia # Proteinúria e diabetes descompensado: 0,8 g/Kg/dia ! Cetoácidos: são análogos dos aa essenciais (AAE) sem N ! Recebem nitrogênio no fígado " AAE (transaminação) ! Supre as necessidades de AAE e ↓ níveis de N circulante ! Redução sintomas da uremia e acidose metabólica ! Controle rígido dietético " necessita adesão da dieta para evitar oxidação dos cetoácidos ! Ex: Ketosteril®, Fresenius Kabi – alto custo ! Dose recomendada: 1 comprimido de cetoácido / 5 Kg Insuficiência renal crônica ! Atravessam a membrana # Moléculas pequenas: uréia, glicose, Na e K # Também são perdidos: peptídeos e aa’s, vitaminas hidrossolúveis ! Não atravessam a membrana # Moléculas grandes: Ptn’s, céls sangúíneas ! Cuidar com: # Diabéticos: risco de hipoglicemia # Albumina: fator de morbi-mortalidade para IRC Hemodiálise " Ingestão energética e protéica; Acidose metabólica; Processo inflamatório; Hemodiluição (edemas, retenção hídrica); Perdas durante a diálise. Cuidar ao usar como indicador do EN Hemodiálise Kcal/Kg de P Repleção 35 – 50 Manutenção 32 – 38 Redução 25 – 30 Proteína (g/Kg) Repleção 1,2 – 1,4 (2/3 AVB) Manutenção 1,2 (2/3 AVB) Chos 50 – 60 % do VET Lipídios 25 – 35 % do VET Fibras 20 – 25 g Sódio 1 – 3 g (individualizado) Potássio 1 – 3 g (individualizado) Líquido 500 ml + diurese Fósforo 800 – 1200 mg ! Cuidar com: ! Peritonite (↑ permeabilidade da membrana) ! Perda de nutrientes na diálise (ptn, vit) ! Distensão abdominal ! Sensação de plenitude gástrica ! Absorção de glicose " 60 a 80% da glicose do dialisato é absorvida, cerca de 100 a 150 g/dia Diálise peritoneal Kcal/Kg de P (incluindo a glicose do dialisato) Repleção 35 – 50 Manutenção 25 – 35 Redução 20 – 25 Proteína (g/Kg) Repleção e peritonite 1,4 - 1,6 (2/3 AVB) Manutenção 1,2 - 1,3 (2/3 AVB) Chos (incluindo a glicose do dialisato) 60% do VET Lipídios 35% do VET Fibras 20 – 25 g Sódio 3 – 4 g (individualizado) Potássio Restringir só se hipercalemia Líquido Balanço hídrico e PA Fósforo 1000 – 1200 mg