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Gestão estratégica da inovação 5

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AULA 5 
GESTÃO ESTRATÉGICA DA 
INOVAÇÃO
Prof. Ubirajara Morgado 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
 O sistema capitalista prevaleceu. Assim sendo, o progresso técnico foi 
considerado o motor para que isso ocorresse. Progresso técnico confunde-se 
com tecnologia, e esta tecnologia é responsável pelo crescimento e pela riqueza 
e dinâmica das nações. 
 Os processos de globalização trazem inúmeros desafios relacionados 
diretamente a este tema. O esforço tecnológico tem várias dimensões críticas e, 
ao analisar a origem e a natureza das inovações, muitos autores (Dornellas, 
2005; Coutinho, 1992) concluem que as inovações transformam não apenas a 
economia, mas afetam profundamente toda a sociedade. 
 Teremos em uma aula na qual o expoente máximo da inovação terá 
participação de honra: Schumpeter. Veremos também o estudo de como a teoria 
econômica influencia o entendimento da inovação tecnológica e seus efeitos 
sobre a sociedade. Enfim, esta aula trabalhará a importância dos sistemas de 
inovação em nossa sociedade. A inovação como conceito fundamental para que 
o desenvolvimento da sociedade ocorra. 
CONTEXTUALIZANDO 
 Em 1946, surgiu o primeiro computador digital: o Eniac (sigla em inglês 
para “computador e integrador numérico eletrônico”), que o exército americano 
desenvolveu para calcular a trajetória de mísseis. Foi considerada a maior 
maravilha tecnológica da época. Imaginem que ele pesava algo em torno de 30 
toneladas e tinha 18 mil válvulas eletrônicas. Que calor devia ser gerado naquele 
ambiente com 18 mil válvulas. Às vezes, mariposas e outros bichinhos se 
enfiavam entre elas, o que fazia a máquina travar – o que deu origem à 
expressão bug (inseto, em inglês). 
 Tem-se 1971 como um ano de mudança para esta área, visto que um 
colaborador da empresa Intel, chamado Ted Hoff, havia criado algo chamado de 
“microprocessador”. O que era aquilo? Algo que simplesmente substituía as 18 
mil válvulas do Eniac, por meio de circuitos chamados transistores. Agora, em 
vez de amplas salas, poderíamos ter equipamentos com a mesma capacidade 
em pequenos espaços. Um exemplo é que 2.300 transistores poderiam caber 
em uma unha. 
 
 
03 
 Cronologicamente, a quantidade de transistores dobrou a cada 18 meses 
e, consequentemente, sua potência também. O exemplo para esta potência se 
encontra em um produto icônico em nossos dias, o chamado iPhone, que tem 
um chip com uma rapidez superior 1.300 vezes ao da nave espacial Apollo 11, a 
nave que levou o primeiro homem para a Lua. 
 Sim, mas isso é apenas o começo de uma revolução que ainda se 
avizinha: o chamado chip quântico, que terá uma capacidade de até 35 mil 
vezes mais rapidez que os atuais existentes. Quer mais? 
TEMA 1 – ECONOMIA E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA 
Segundo Dornellas (2005) 
Para os economistas, a produção da riqueza de uma sociedade 
depende de inúmeros de fatores. Ela é determinada, 
fundamentalmente, pela disponibilidade de recursos naturais, estoque 
de capital disponível (máquinas, equipamentos, instalações, etc.), 
volume e grau de qualificação de sua mão de obra. 
Afirma ainda o mesmo autor que 
para as teorias mais tradicionais da economia, a tecnologia estabelece 
como estes fatores poderão ser combinados para a produção de bens 
e serviços. De fato, para os modelos mais conhecidos de 
desenvolvimento econômico, como o famoso trabalho de Robert Solow, 
a tecnologia é um fator exógeno ao desenvolvimento, estando 
relacionado à simples e natural evolução dos mercados, que 
respondem ao crescimento da poupança e do investimento. 
 Já para os autores schumpeterianos, aqueles que seguem processos 
específicos baseados na teoria de Schumpeter, 
essa visão neoclássica reduz a importância que a tecnologia 
efetivamente tem como motivadora do desenvolvimento, sendo 
considerada uma variável endógena na economia. De fato, para a 
escola de pensamento schumpeteriana, tecnologia é a principal arma 
dos empresários e do próprio governo para a promoção de 
competitividade e progresso social. (Coutinho, 1992) 
Segundo Dornellas, 
na década dos 40, considerava-se que as inovações seguiam um 
modelo linear conhecido como science push (em inglês impulso pela 
ciência). As atividades de pesquisa davam lugar a desenvolvimentos 
tecnológicos que por sua vez levavam à produção industrial e posterior 
comercialização dos produtos da inovação. É um modelo linear de 
inovação. 
 
 
04 
 Segundo o mesmo autor, “na década dos anos 60, foi proposto o modelo 
demand pull (em inglês, demanda de mercado). Neste, o processo de inovação 
iniciava-se da percepção de uma necessidade ou demanda do mercado”. 
 Infelizmente, ao analisarmos as duas abordagens citadas, e segundo a 
doutrina, ambas apresentam sérios problemas. Para a primeira, a direção é 
distorcida para o processo de geração de conhecimento. O que acontece com 
isso? O distanciamento da inovação. Não existiria uma garantia de que o 
conhecimento adquirido culminasse no processo de inovação e, muito menos 
ainda, de que tudo isso estaria correlacionado com os dados ou sinalizações do 
mercado. Incertezas permeiam o processo de conhecimento, e este 
conhecimento é plural e multidisciplinar, pressupondo a existência de uma 
estrutura ainda mais complexa entre o ambiente econômico e a mudança 
tecnológica. 
 A observação que podemos fazer para a segunda abordagem, a chamada 
demand pull também conflita com outras críticas, pois estes mesmos críticos 
afirmam que as mudanças tecnológicas seriam meramente passivas e, diante 
das mudanças do mercado, teriam uma reação puramente mecânica. Pronto: 
assim sendo, teríamos pela frente um novo problema, com a negligência 
ocorrida com o conhecimento adquirido no decorrer do tempo e que ocorreu 
cumulativamente 
 O processo depurativo levou a um novo modelo, este chamado de chain-
linked. 
 O modelo mais aceito atualmente é o chamado chain-linked (do inglês, 
modelo em cadeia), que traz a representação da inovação por meio da atividade 
do design ou do projeto. 
 Para esse enfoque, derivado da literatura neoschumpeteriana, uma 
inovação científica e tecnológica consiste, basicamente, na transformação de 
uma ideia em produto novo ou aperfeiçoado, introduzido com sucesso no 
mercado. O processo de inovação tecnológica é complexo e requer a interação 
de um conjunto de instituições e de competências. 
TEMA 2 – A ABORDAGEM DE SCHUMPETER 
 Uma representação da contribuição da tecnologia interferindo na estrutura 
dos mercados pode ser visualizada por meio do Fluxo Circular da Renda, o qual 
 
 
05 
pode demonstrar um equilíbrio entre o fluxo de recursos, o consumo, os gastos 
do governo, tecnologia e outros. 
 O equilibro citado refere-se a um fluxo não dinâmico entre a produção e a 
distribuição de renda. Schumpeter gostava de denominar este fluxo como 
norma, e o advento da inovação tecnológica seria o motivo para a quebra desta 
norma pelo simples fato de que ela interfere na dinâmica de geração de renda 
das empresas. Se interfere na renda, interfere também no processo produtivo, 
na rentabilidade e, no final de tudo, na aceitação do produto pelo mercado. 
Importante frisar que a quebra desta norma se dá pela importância que a 
inovação tecnológica tem na cabeça do empresário como caminho para 
obtenção de maiores lucros para o seu negócio. 
 As inovações geram fenômenos dinâmicos na economia, tanto nos seus 
aspectos macro quanto microeconômicos. No plano macroeconômico, as 
inovações para serem efetivadas demandam a aplicação de recursos para 
investimentos produtivos (Dornellas, 2005). 
 Quando uma empresa decide mudar seu processo produtivo, terá que 
arcar com o aporte de recursospara tal mudança. Isso também ocorre com a 
inovação, em que uma ordem de investimentos se fará necessária para a 
aplicação de novas tecnologias. 
 Quando tocamos no importante assunto chamado de estratégia, 
definimos que existe autonomia empresarial para sua definição, mas também 
que os cenários, e aqui em particular o cenário externo, reduz drasticamente as 
alternativas competitivas viáveis. 
 Todas as organizações buscam se diferenciar da concorrência. Isso por si 
só justifica que elas busquem, freneticamente, a inovação, seja para se tornar 
mais produtiva (menores custos, maior produtividade, melhor qualidade) ou 
mesmo sendo a detentora de patentes inovadoras. Isso traz o resultado 
esperado: o lucro e, possivelmente, o monopólio. 
 O lucro não é proibido. Aliás, é ele que propicia maiores investimentos, 
tanto na estrutura quanto no seu pessoal. Por isso estas mesmas empresas 
buscam ser diferentes dos seus concorrentes. Aqui entra Schumpeter com seu 
postulado de que a empresa inovadora é a que se apropria deste lucro (ganho) 
extraordinário. 
 Sendo diferente, uma organização aumenta seu potencial de lucro. 
Agindo assim, ela defende vorazmente as leis que versam sobre patentes 
 
 
06 
relacionadas aos produtos inovadores e aos seus segredos industriais. São 
caminhos para prolongar a duração do lucro obtido por meio da inovação. 
 Quem possui maior fôlego financeiro, neste caso oriundo das inovações, 
poderá investir mais e pesadamente em pesquisa e desenvolvimento (P&D). 
Poderá se valer de estratégias diferenciadas (ousadas e ofensivas) para o 
desenvolvimento tecnológico. 
 Quem não puder ser o criador, terá que ser o copiador. Essa é a teoria do 
benchmarking, ou seja, copiar do inovador. Seguir o novo. Não podem e não 
devem ficar muito defasadas dos líderes inovadores, não buscando somente o 
aprendizado da estratégia usada pelo líder, mas também acompanhar sua 
trajetória, promovendo a mudança em seus produtos e processos. O efeito, após 
um período de tempo, é que a difusão da inovação tende a anular os lucros 
extraordinários obtidos pelos inovadores e pressupõe que estas mesmas 
empresas inovadoras nunca parem de inovar, pois a posição de liderança de 
hoje não será a posição de amanhã. A liderança não é duradoura. 
 A busca pela inovação deve ser uma obsessão. Deve ser permanente. 
Todas as empresas que se encontram no mercado estão em busca da 
diferenciação, do novo. Esta inovação traz o “pote de ouro no final do arco-íris”, 
o tão almejado lucro e diferenciação técnica e no processo produtivo. 
 Mas o processo inovativo não implica somente em criar tecnologias, mas 
colocar esta nova tecnologia atrelada ao processo econômico. Às vezes, esta 
inovação ou ideia pode não ser um invento genuíno, ou seja, uma invenção não 
se transformar em inovação. Existem muitas formas de inovar. 
 Quando falamos especificamente em inovação de produto, devemos ter 
claramente em mente que os consumidores destes produtos deverão ser 
reeducados para o consumo efetivo destes produtos inovadores. E, conforme os 
ensinamentos de Schumpeter, as consequências das inovações tecnológicas, 
sejam elas incrementais ou radicais, seriam melhorar o modo como um produto 
pode ser obtido em uma economia. 
 Já para as inovações relativas a processos, estas afetam a forma como 
os agentes combinam os fatores de produção. 
 As novas combinações realizadas devem o desenvolvimento econômico 
para o processo, para o novo uso e emprego que se faz. Da mesma forma, a 
abertura de novos mercados e a criação de novas formas de comercialização de 
produtos também pode ser resultado do progresso técnico. 
 
 
07 
 Atenção para uma informação importante: nem toda a inovação tem o 
poder de transformar a realidade econômica e social. Uma inovação isolada 
nada afeta o social e o econômico. No mundo contemporâneo, podemos citar as 
mudanças na informática e na microeletrônica como exemplos de inovações 
revolucionárias que modificam a realidade, tanto da economia quanto do social. 
Segundo Dornellas (2005), 
O surgimento de inovações nas duas últimas décadas, sobretudo as 
ligadas ao surgimento e introdução dos semicondutores e circuitos 
integrados, revolucionou de maneira radical todos os setores da 
economia. Este exemplo fidedigno de inovação tecnológica encontra-se 
associada à emergência do advento de um novo e extremamente 
poderoso paradigma baseado no que se convencionou chamar de 
'tecnologia da informação'. Paradigma este que se define exatamente 
pelo poder de penetrar, por capilaridade, em todos os segmentos 
produtivos e de consumo das sociedades modernas, particularmente 
após o advento da internet e dos novos meios de telecomunicações. 
 As formas mais antigas de produção são dominadas pelas inovações 
tecnológicas, podendo também que esta inovação tecnológica tenha convivência 
com outras inovações. 
TEMA 3 – DETERMINANTES DA INOVAÇÃO 
Com base nos escritos de Dornellas (2005), o 
processo de busca permanente por inovações, as empresas trabalham 
com determinações externas e internas à própria empresa. Entre as 
determinações externas mais importantes destacam-se: o ambiente 
econômico, o paradigma tecnológico e o setor de atividade industrial ao 
qual a empresa pertence. Entre as determinações internas encontram-
se na trajetória da empresa e sua estratégia. Cada um desses 
elementos será brevemente analisado a seguir. 
3.1 Fatores externos (segundo Dornellas, 2005) 
O ambiente econômico é o grande cenário no qual a empresa se 
encontra e se movimenta. Porém, esse ambiente também encontra-se 
em permanente movimento, ele não é estático, e isso exige que a 
empresa tenha uma percepção desse ambiente e que promova a 
adequação de seu posicionamento segundo as mudanças do ambiente 
econômico, externo à empresa. 
Num plano mais geral, está o ambiente macroeconômico, o qual é 
extremamente relevante, pois a inovação envolve decisões de 
investimento de longo prazo. Assim, um ambiente macroeconômico 
que gera incertezas nos agentes econômicos, tende a reprimir as 
decisões relativas ao desenvolvimento tecnológico que sejam mais 
ambiciosas, que envolvam volumes mais elevados de recursos. 
 
 
 
08 
 Um país com uma economia superaquecida e, consequentemente, com 
aumento considerável no plano salarial pode ter uma indução no 
desenvolvimento tecnológico poupador de mão de obra, impulsionando a direção 
dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. 
 Assim, os novos paradigmas, também por serem um padrão tecnológico, 
apresentam maiores perspectivas de desenvolvimento no futuro e apresentam 
as melhores alternativas de sucesso. 
 Toda a empresa tem o poder de decisão quanto à convivência dos 
paradigmas, ou seja, se um velho convive com um novo. Entretanto, o novo 
tenderá a prevalecer sobre o antigo pelas condições de evolução ao longo do 
tempo. 
 Assim, as empresas que buscam manter e reproduzir as condições de 
liderança de mercado sempre procuram incorporar novas tecnologias que se 
encontram atualizadas em relação aos paradigmas vigentes. Então, os 
paradigmas tecnológicos reduzem o número de alternativas tecnológicas 
relevantes para a empresa. 
 Os setores de atividade industrial também impõem alguns determinantes 
externos para o comportamento das empresas. Pavitt, por meio de um estudo 
empírico, identificou quatro padrões setoriais de inovação: 
1. O primeiro deles pode ser denominado de setores receptores de 
progresso técnico, pois são setores industriais nos quais as principais 
inovações foram geradas fora desses mesmos setores, sobretudo na 
indústria de máquinas e equipamentos e de insumos. Um exemplo, é a 
indústria têxtil em que os teares eas fibras, grosso modo, definem o 
padrão tecnológico da indústria. Estando a tecnologia incorporada em 
outras mercadorias é mais livre o acesso às tecnologias. 
2. Um segundo tipo de padrão de inovação é constituído por setores 
intensivos em escala, nos quais é necessário o domínio de um conjunto 
de conhecimentos relativamente amplo, abrangendo a tecnologia de 
processo e a tecnologia de produtos. As inovações são tanto de 
processos, objetivando a redução de custos de produção, quanto de 
produtos, principalmente nos segmentos em que a diferenciação e a 
produção de produtos especiais são aspectos relevantes na 
concorrência. Nestes setores as inovações são geradas tanto 
internamente às empresas como em cooperação com fornecedores, 
principalmente de bens de capital. Estes mercados são mais 
concentrados tanto pela escala de plantas e de empresas quanto pelas 
economias de escala derivadas do aprendizado tecnológico. 
3. Um terceiro grupo de setores é constituído pelas indústrias 
produtoras de máquinas e equipamentos e de instrumentação, 
consideradas como ofertantes especializados. Neste segmento deter 
tecnologia de produto é estratégico, pois o principal fator de 
concorrência nesses mercados é a performance dos produtos. Por 
serem ofertantes especializados não exigem escalas tão elevadas 
quanto em bens de consumo, admitindo a participação de empresas de 
pequeno e médio porte, porém muito capacitadas tecnologicamente 
nos seus segmentos de mercado. As inovações são geradas 
 
 
09 
internamente às empresas e em cooperação com seus grandes 
clientes. 
4. Por fim estão os setores baseados em ciência, cujo desenvolvimento 
tecnológico é de fronteira, utilizando-se também os conhecimentos 
científicos que se encontram na fronteira das ciências básicas. São 
exemplos os complexos químico e eletroeletrônico. As inovações 
relevantes buscam o lançamento de novos produtos e novos processos 
de produção que reduzem os custos. Geralmente são grandes 
empresas, com escala de faturamento, que investem elevados 
volumes de recursos em pesquisa e desenvolvimento. Algumas 
dessas empresas se envolvem com programas de pesquisa científica 
orientada que exigem longo prazo de maturação. Para amortizar esses 
investimentos elevados, é necessário que as empresas estejam 
presentes em mercados globais. (Pavitt, 1984) 
Para Dornellas (2005), 
Essa tipologia permite algumas conclusões importantes para serem 
consideradas na definição de estratégias empresariais e mesmo de 
desenvolvimento nacional: mostra que os setores de atuação das 
empresas impõem determinados comportamentos empresariais; 
mostra que os setores também guardam assimetrias entre si, revelando 
a importância da dimensão setorial para uma consideração analítica; 
indica que não apenas os setores industriais são diferentes como 
existe uma certa hierarquia entre eles na medida em que alguns 
setores geram e transmitem conhecimentos técnicos e outros são 
receptores de progresso técnico. 
3.2 Fatores internos 
 Ao longo da história, uma empresa/organização adquire determinadas 
competências de determinam sua trajetória. Com base nessa afirmação, o 
progresso técnico passa a ser um processo cumulativo nesta história, 
decorrentes de decisões anteriormente tomadas e que definirão seu presente e 
suas possibilidades de futuro. Conforme Dornellas (2005), 
Desta forma, a empresa vive um processo evolutivo que resulta de 
suas decisões próprias, correspondendo ao que se poderia chamar de 
evolução natural e de estímulos ou pressões geradas no ambiente 
externo à empresa. O paralelo com a biologia é muito claro, e este 
pensamento constitui o cerne da teoria evolucionista da firma que tem 
em Nelson & Winter. Esta teoria evolucionista é o marco teórico mais 
importante ao afirmar que a empresa mesmo que deseje alcançar 
patamares tecnológicos superiores e que pretenda desenvolver 
tecnologias que estejam no centro do novo paradigma pode não ter 
condições para fazê-lo na medida em que sua trajetória passada limita 
e condiciona suas opções no presente. A capacitação tecnológica 
obtida pela empresa ao longo de sua trajetória lhe concede uma 
característica específica, que a diferencia de todas as outras empresas. 
 As opções da empresa em relação a seus objetivos e suas metas 
constituem sua estratégia tecnológica. Freeman (1975), estudando o tema das 
estratégias empresariais, encontrou tipos diferentes: 
 
 
010 
1. O mais inovador é o tipo de empresa que sempre objetiva manter a 
liderança técnica e econômica no seu mercado; portanto, investe 
pesadamente em pesquisa e desenvolvimento e a tecnologia é um de 
seus principais fatores de concorrência. 
2. Outra estratégia é a defensiva que também é muito inovadora, 
porém busca aprender com a estratégia da empresa ofensiva e busca 
diferenciar a sua tecnologia em relação à ofensiva. 
 Empresas com esses dois tipos de estratégia compõem aquelas que são 
verdadeiramente inovadoras. 
 As estratégias vistas nos dois tópicos acima implicam numa boa 
capacidade de produzir, isto é, as empresas devem possuir capacitação em 
engenharia de produção, porém ou licenciam ou copiam ou ainda dependem de 
desenhos e projetos desenvolvidos pelas empresas que demandam seus 
produtos. Este conjunto de empresas normalmente fica defasado em relação às 
duas primeiras estratégias, contudo as vantagens competitivas destas empresas 
estão em produzir com vantagens de custos, e não com tecnologia avançada. As 
vantagens de custos podem estar nos baixos salários, na disponibilidade de 
matérias-primas e insumos com baixos custos, ou na proteção de mercado que 
permite a convivência de custos mais elevados com baixo investimento em 
desenvolvimento tecnológico (Baptista, 1997). 
Segundo Coutinho (1997), 
Existem outros dois tipos de estratégias, as que não privilegiam a 
tecnologia no conjunto da estratégia empresarial, e as oportunistas que 
sobrevivem em função da exploração de um nicho de mercado, mesmo 
que sem privilegiar a variável tecnológica. Nota-se que as duas 
primeiras estratégias implicam em grande capacidade de inovação. As 
duas seguintes (que licenciam tecnologia ou que dependem de projetos 
de outras empresas) exigem boa capacidade de manufatura, de 
produção. E as duas finais não concedem importância para a 
tecnologia, sendo o tipo de empresa que enfrenta dificuldade de 
sobrevivência, são aquelas empresas que surgem e desaparecem com 
muita facilidade. 
 Capacitação é a chave e condição para que as empresas inovem e 
sobrevivam. Mas certifique-se que, além disso, elas estejam utilizando 
estratégias tanto ofensivas quanto defensivas na busca da liderança. Se isso 
não estiver sendo praticado, só resta a defasagem. 
 Dornellas afirma ainda que 
a probabilidade de sobrevivência e liderança das empresas depende 
do grau de maturidade do progresso técnico nos respectivos setores 
industriais. Aqueles setores que apresentam paradigmas tecnológicos 
maduros demonstram maior tolerância com as empresas menos 
inovadoras, porém com capacitação produtiva. Os setores que 
convivem com novos paradigmas, nos quais é acelerado o ritmo de 
incorporação de novos produtos e novos processos, exigem que as 
 
 
011 
empresas adotem estratégias mais ousadas, mais intensivas em P&D 
para que sejam competitivas em seus mercados. 
 Resumindo, são destacados os seguintes pontos, relevantes para a 
análise posterior e para a discussão sobre a inovação tecnológica: 
1. As grandes inovações, que redefinem o paradigma tecnológico, são 
responsáveis por uma onda de investimentos que caracterizam um 
período de prosperidade da economia; 
2. Esse período transforma toda a realidade econômica e social, aumenta o 
nível de renda e gera acumulação de riqueza; 
3. As inovaçõessão responsáveis pela obtenção de lucros extraordinários 
para as empresas, as quais aumentam seu potencial de crescimento ao 
longo do tempo; 
4. A difusão, sem novas grandes inovações, tende a reduzir os lucros 
extraordinários, reduzindo o dinamismo econômico; 
5. As empresas estão permanentemente buscando inovações, 
caracterizando o processo de concorrência como um processo de disputa 
em torno de inovações; 
6. Nesse processo as empresas dependem do ambiente econômico, do 
caminho do paradigma vigente e do setor de atividade industrial. As 
empresas se defrontam com restrições e condicionantes externos ao 
longo do processo de busca permanente de inovações; 
7. As empresas também se defrontam com determinantes internos, como a 
sua trajetória tecnológica e a estratégia da empresa; 
8. A trajetória da empresa define um conjunto de capacitações que tipificam 
cada empresa, determinando as possibilidades quanto ao futuro; 
9. As estratégias empresariais podem tentar alterar a trajetória da empresa, 
assim como o ambiente externo pode induzir e estimular a busca por 
inovações. 
FINALIZANDO 
 Neste módulo fomos mais a fundo na doutrina do que chamamos de 
inovação, resgatando um teórico que, durante muito tempo, ficou esquecido: 
Schumpeter. Hoje temos este teórico como foco do estudo em inovação na 
chamada teoria schupeteriana. 
 
 
012 
 Concluímos que as inovações trazem muitos benefícios à sociedade, tais 
como uma profusão de investimentos e consequente período de prosperidade, 
com possibilidade de aumento na renda e acumulação de riqueza. 
Leitura obrigatória 
MCCRAW, T. K. O profeta da inovação. Tradução de Clóvis Marques. Rio de 
Janeiro: Record, 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
013 
REFERÊNCIAS 
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normativos e implicações para a política industrial. 145 f. Tese (Doutorado em 
Economia) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1997. 
BASTOS, E. M. C. Ciência, tecnologia e indústria no Brasil dos anos oitenta 
– o colapso das políticas estruturantes. 262 f. Tese (Doutorado em Economia) – 
Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1994. 
COUTINHO, L. G. A terceira revolução industrial e tecnológica. In: Revista 
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da indústria brasileira. In: Revista Economia Contemporânea, Edição Especial 
– O Futuro da Indústria. Rio de Janeiro: ed. UFRJ, 2001. 
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IPEA: Rio de Janeiro, 1993. 
FREEMAN, C. La Teoría Económica de la Innovación Industrial. Madrid: 
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GUIMARÃES, E. A. A política industrial do governo Collor: uma 
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1999. 
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014 
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(Ed.). Ensaios sobre economia política moderna: teoria e história do 
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SCHUMPETER, J. A. (1971). Capitalismo, socialismo e democracia. Madrid: 
Aguilar, 1971. 
_____. Teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 
1982. (Coleção Os Economistas). 
VERMULM, R. Estratégias empresariais no setor de máquinas-ferramenta 
no Brasil na década de 80. São Paulo, 1994. Mimeo.