Prévia do material em texto
2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS E HIERARQUIA DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL OBJETIVO DO CAPÍTULO Serão apresentados os princípios constitucionais tributários e também a hierarquia das leis brasileiras, com a explicação sobre o que significa cada tipo de normativo. Ao final do capítulo, será possível: a.Identificar e compreender a importância dos princípios constitucionais tributários, associando-os a alguns casos aplicáveis no sistema tributário vigente. b.Entender como funciona o processo de edição de normativos e a função específica de cada um deles. 2.1OS PRINCÍPIOS COMO BASE PARA AS DEMAIS NORMAS JURÍDICAS Os princípios constitucionais tributários prevalecem sobre todas as normas jurídicas, sendo que as mesmas somente são válidas se editadas em rigorosa consonância com eles. A seguir, serão apresentados estes princípios, que foram definidos na Constituição de 1988, dentro do capítulo do Sistema Tributário Nacional. 2.1.1PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Somente será possível exigir ou aumentar tributos por meio de Lei que o estabeleça. Assim, não é possível aumentar tributo, seja pela elevação de alíquota, seja pela ampliação de base de cálculo, via fontes chamadas secundárias (instruções normativas, decretos, portarias, atos declaratórios e outras). Todavia, o § 1o do art. 153 da Constituição diz que o Poder Executivo poderá, desde que atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos seguintes impostos: II, IE, IOF e IPI. Portanto, fica de fora da aplicação do princípio da legalidade uma eventual elevação da alíquota destes impostos. Alterações na base de cálculo e no fato gerador têm que ser feitas por lei. 2.1.2PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA É proibido cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Em resumo, uma lei que proponha o aumento da alíquota do Imposto de Importação para sucos de frutas a partir de 1o de janeiro de 2017 não poderá ser publicada em data posterior. Se for publicada, por exemplo, no dia 17 de janeiro de 2017, o aumento somente teria validade para os fatos geradores ocorridos a partir desta data. 2.1.3PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE Não é permitido que uma lei aumente ou institua um tributo no mesmo ano de sua edição. Assim, um aumento no imposto de renda definido em lei publicada no ano de 2016 somente terá validade a partir de 1o de janeiro de 2017. Esta regra não se aplica aos impostos sobre comércio exterior, IPI e IOF. Já as contribuições sociais (PIS, COFINS, CSLL e CPMF) só podem ser criadas ou aumentadas após completar 90 dias da publicação da Lei. A Emenda Constitucional no 42/03 promoveu modificações nas regras referentes ao princípio da anterioridade, acrescentando o prazo de 90 dias para alguns impostos. Assim, é possível dizer que o princípio da anterioridade tem dois desdobramentos: ANUALIDADE, indicando que os tributos NÃO podem ser aumentados, seja por elevação de base ou por aumento de alíquota, no mesmo ano da publicação da lei. Assim, aumento no dia 15/FEV ou no dia 15/DEZ só entrará em vigor em janeiro do ano seguinte. NOVENTENA ou NONAGESIMAL, indicando que a lei que aumentou tributo só entrará em vigor no mês seguinte após completar 90 dias de sua publicação. Assim, o aumento de alíquota da COFINS em 15/FEV entrará em vigor a partir de junho do mesmo ano, enquanto aquele aumento de 15/DEZ só entraria em vigor em abril do ano seguinte. Tributos com fato gerador semanal, como era o caso da CPMF, entram em vigor na semana seguinte à semana em que completar 90 dias de prazo da publicação da lei. Por exemplo, se a contribuição fosse recriada em 2017, com o normativo publicado no dia 2/MAI/17, completaria 90 dias em 30/JUL/17 e entraria em vigor no dia 1o/AGO/17, que é a semana subsequente. As contribuições sociais não seguem as regras da ANUALIDADE, seguindo, no entanto, o princípio NONAGESIMAL. Para alguns impostos e as taxas, que seguem as duas regras, deve ser aplicado o prazo mais longo de entrada em vigor do aumento. A Lei Complementar no 116, publicada em 31/JUL/03, entrou em vigor em JAN/04. Se tivesse sido publicada no dia 30/NOV do mesmo ano, seria aplicada a regra nonagesimal, com o aumento na lista de serviços valendo apenas a partir do mês de MAR/04. Para melhor compreensão da aplicação dessas regras em relação aos principais impostos cobrados no Sistema Tributário Nacional, veja o quadro a seguir, elaborado pelos sócios da empresa de consultoria tributária Gaia, Silva, Gaede & Associados, unidade do Rio de Janeiro, e gentilmente cedido pelo amigo Gérson Stocco: REGRAS PARA VALIDADE DE NORMATIVOS PROPONDO AUMENTOS EM TRIBUTOS (SEJA POR AMPLIAÇÃO DE BASE OU AUMENTO DE ALÍQUOTAS) ANUALIDADE E NOVENTENA APENAS ANUALIDADE APENAS NOVENTENA EM VIGOR IMEDIATAMENTE »Taxas »Contribuição de Melhoria »ITBI e ITD »ICMS e ISS »IPTU e IPVA (exceto B. Cálculo) »ITR e IGF »Contribuições, exceto Seg. Social »IR »Base de Cálculo do IPTU e IPVA »IPI »CSLL »COFINS »CPMF »INSS »PIS/PASEP »II e IE »IOF »Empréstimo »Compulsório Fonte: Gérson Stocco e Gustavo Damázio, sócios da Gaia, Silva, Gaede & Associados. 2.1.3.1MEDIDA PROVISÓRIA E OS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E ANTERIORIDADE A medida provisória tem força de lei, desde sua publicação. A conversão em lei deve ser feita no prazo máximo de 120 dias, sendo 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias. Se não houver sua conversão, a MP perde seus efeitos desde o início de sua publicação. Se houver mudança substancial na conversão em lei, o prazo para fins de princípio da anterioridade e noventena passa a ser a data da publicação da lei e não da MP. Com o advento da Emenda Constitucional no 32/01, a Constituição Federal passou a prever que, ressalvados os impostos sobre comércio exterior, IPI e IOF, a medida provisória que implique majoração de impostos só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se convertida em lei até o último dia útil do ano. Importante alertar que essa regra vale apenas para os IMPOSTOS, não valendo para as demais espécies tributárias, como as contribuições. Exemplos hipotéticos: »Alíquotas do IR e CSLL majoradas na MP no X, de 15/OUT/15, convertida na Lei no W, de 19/JAN/16. •ENTRADA EM VIGOR DO AUMENTO NA ALÍQUOTA DO IR → JAN/17. •ENTRADA EM VIGOR DO AUMENTO NA ALÍQUOTA DA CSLL → FEV/16. »Alíquotas do IR e da CSLL majoradas na MP no X, de 17/NOV/15, convertida na Lei no W, de 19/DEZ/15. •ENTRADA EM VIGOR DO AUMENTO NA ALÍQUOTA DO IR → JAN/16. •ENTRADA EM VIGOR DO AUMENTO NA ALÍQUOTA DA CSLL → MAR/16. 2.1.4PRINCÍPIO DA ISONOMIA TRIBUTÁRIA É proibido instituir tratamento desigual entre contribuintes com situação equivalente, sendo proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. Este princípio não significa que todos os contribuintes devem ser submetidos ao mesmo tratamento tributário. Um contribuinte com renda de R$ 10 mil pode ser tributado pelo IR com alíquota superior a outro contribuinte, cuja renda seja R$ 2 mil. Neste caso, não há que se falar em ofensa ao princípio da isonomia tributária. O aumento da alíquota de CSLL de 9% para 15% (e depois para 20%) exclusivamente para algumas empresas, como instituições financeiras e seguradoras, determinado pela Lei no 11.727/08, ofende ao princípio da isonomia tributária, apesar da previsão expressa na Emenda Constitucional no 47/05, autorizando a cobrança de alíquotas diferenciadas em razão do porte e da atividade econômica da empresa. 2.1.5PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA A Constituição define expressamente quais impostos podem ser cobrados pela União, pelos estados e pelos municípios, sendo esta divisão denominada competência tributária. Assim, a União não pode, por exemplo, cobrar impostos incidentes sobre serviços, pois esta é uma competência atribuída, regra geral, aos municípios e, em parte, aos estados. AConstituição de 1988 autorizou a União a cobrar imposto sobre grandes fortunas. Contudo, até o momento (DEZ/16), não houve lei federal instituindo o imposto. Admita que o município de Búzios-RJ, por exemplo, institua o Imposto sobre Grandes Fortunas, cobrando-o dos moradores do balneário que sejam proprietários de imóveis com avaliação acima de R$ 2 milhões. A criação seria inconstitucional, pois o imposto é de competência da União. 2.1.6PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA Este é um dos princípios mais questionados pelos contribuintes, embora seja muito subjetivo. Diz ele que os tributos devem ser graduados conforme a capacidade econômica do contribuinte. De fato, muitos contribuintes argumentam que não suportam arcar com o ônus tributário imposto pelas autoridades fazendárias. Em alguns casos, o argumento vai para o detalhe mais específico. Por exemplo, as empresas distribuidoras de energia elétrica reclamam na justiça o pagamento do PIS e da COFINS sobre as faturas emitidas para clientes inadimplentes. No momento da emissão da fatura, é configurada a receita, sendo esta considerada base para diversos tributos, entre eles PIS e COFINS, cujo vencimento se dá no mês seguinte. Ocorre que, em muitos casos, a receita não se materializou, ou seja, o dinheiro não foi nem será recebido, não cabendo, na opinião das empresas, o pagamento das contribuições. 2.1.7RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR Cabe à Lei Complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre a definição dos tributos e de suas espécies, bem como em relação aos impostos discriminados na Constituição Federal e a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculos e contribuintes. A exigência é justificada pela relevância do assunto, já que a aprovação de uma Lei Complementar exige um quórum mais qualificado (maioria absoluta) que a aprovação de uma Lei Ordinária (maioria simples). A Carta Magna definiu, inteligentemente, o seguinte: para estruturar um tributo, ou seja, definir sua base de cálculo e seu fato gerador, metade do povo deve concordar, já que este tributo será cobrado de toda a sociedade. E o povo estará representado, caso metade do congresso aprove uma lei complementar. A diferença entre maioria simples e maioria absoluta é que a primeira é alcançada com 50% mais um dos deputados e/ou senadores presentes à sessão de cada casa do Congresso Nacional (Senado Federal e Câmara dos Deputados). Já a maioria absoluta somente acontece quando há aprovação de 50% mais um do total de membros de cada casa. No Senado Federal, por exemplo, a maioria absoluta só acontece com voto favorável de 41 senadores. A competência residual que consta no art. 154 da Constituição de 1988 diz que a União poderá instituir outros impostos, com base e natureza diferentes dos demais impostos autorizados pela Carta Magna, que sejam não cumulativos e criados por lei complementar. A lógica é que, com a exigência de lei complementar, a Constituição assegurou que a maioria absoluta do povo tenha concordado, via representação parlamentar, com a criação de um tributo não especificado pela Carta Magna. 2.1.8RESERVA DE LEI PARA ANISTIA Significa que qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal. Se o tributo tem origem no povo, via Constituição Federal, qualquer redução de tributo específico para um segmento ou pessoa, física ou jurídica, tem que ser através da lei, que é o instrumento no qual o povo está, teoricamente, representado. 2.2HIERARQUIA DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Como os normativos serão citados em todo o livro, torna-se relevante conhecer o significado de cada um deles e a hierarquia da legislação brasileira, particularmente em relação a aspectos tributários. 2.2.1CONSTITUIÇÃO FEDERAL É a Carta Magna do País que constitui, define e estrutura o Estado de direito. A Constituição atual é a de 1988. Prevalece sobre todas as demais leis. Só pode ser alterada via Emenda Constitucional, exceto para as chamadas cláusulas pétreas, que não podem ser modificadas. A divisão federativa do país em unidades autônomas (União, estados, Distrito Federal e municípios) é um exemplo de cláusula pétrea. A Constituição define também a competência tributária de cada ente, apresentando os impostos e contribuições que podem ser criados e cobrados por cada um. Por exemplo, os estados não podem cobrar impostos sobre a renda, pois esta atribuição é exclusiva da União. 2.2.2EMENDA CONSTITUCIONAL É o único instrumento legal permitido para se proceder a modificações na Constituição. As Emendas podem ser propostas por: a.um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; b.Presidente da República; ou c.mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Para ser publicada, uma Emenda Constitucional deve ter aprovação de três quintos dos componentes de cada uma das casas do Congresso Nacional. No Senado Federal, por exemplo, uma Emenda só será aprovada com 49 votos, pois como são 81 senadores, três quintos representariam 48,6 Senadores. A Constituição de 1988 já teve 95 Emendas até 2016, sendo pelo menos um quarto referente a mudanças no sistema tributário nacional. Fazendo conta simples, dá uma Emenda Constitucional a cada 100 dias, desde a publicação da Constituição em OUT/88. A Constituição atual perdeu seu sentido. É necessário refazê-la e com qualidade, para que não sejam necessárias tantas emendas. 2.2.3LEI COMPLEMENTAR As leis complementares apareceram no Brasil em 1965 com a Emenda no 18. A ideia original do legislador foi criar um modelo de lei que tivesse abrangência sobre os interesses nacionais, com um quórum diferenciado em relação às leis ordinárias. A lei complementar não é hierarquicamente superior à lei ordinária. Ou seja, uma lei ordinária, comum, poderá ser aprovada e ter sua aplicação, independentemente de lei complementar. Contudo, a Constituição enumera os temas que devem ser tratados por lei complementar, restando, por exclusão, os demais temas a serem regulados por lei ordinária. No campo tributário, restringe-se à lei complementar a criação e regulamentação de tributos (desde que permitida pela Constituição), a definição de base de cálculo e fato gerador. No Brasil, temos exemplos de uso de lei complementar na área tributária: »LC 5.172/66, que representa o Código Tributário Nacional; »LC 7/70, que criou o PIS; »LC 8/70, que criou o PASEP; »LC 70/91, que criou a COFINS; »LC 87/96, que definiu as regras básicas do ICMS; »LC 116/2003, que redefiniu os serviços alcançados pelo ISS; e »LC 123/2003, que instituiu o SUPERSIMPLES. Por outro lado, estados e municípios enfrentam problemas para regulamentar o ITD e o ITBI, respectivamente, que apresentam arrecadação tímida, justificada, entre outros problemas, pela falta de lei complementar definindo a estrutura de cobrança e o controle destes impostos. 2.2.4LEIS ORDINÁRIAS São as leis que regulamentam o dia a dia. No campo tributário, são as leis que trazem as definições básicas sobre os tributos. A Constituição Federal não cria tributos, apenas direciona de forma impositiva a competência para sua instituição. As leis ordinárias de cada ente (estados, municípios e a União) é que instituem e regulamentam os tributos, alterando também sua cobrança ao longo do tempo. Em alguns casos, a Constituição impõe a criação de tributos por lei complementar. A lei ordinária não precisa de quórum qualificado como a lei complementar e também não tem hierarquia entre os entes, ou seja, uma lei federal não vale mais que uma lei estadual ou municipal e vice-versa. As leis ordinárias são leis próprias de cada ente da Federação e têm poder de normatização apenas dentro dos limites de sua competência tributária. 2.2.5MEDIDAS PROVISÓRIAS A Medida Provisória (MP)nasceu na Constituição de 1988, para substituir o Decreto-Lei. Representam assuntos referentes a casos de relevância e urgência, que podem ser adotados pelo Presidente da República, com força de lei. Originalmente, as MP deveriam ser aprovadas pelo Congresso Nacional no prazo de 30 dias, para não perder eficácia desde a data da edição. Entretanto, adotou-se a prática da simples reedição, o que levou algumas Medidas Provisórias a serem reeditadas mais de cem vezes. A Emenda Constitucional no 32/01 proibiu esta prática. As Medidas Provisórias devem ser votadas e aprovadas no prazo de 60 dias, prorrogável uma única vez, por mais 60 dias, não cabendo reedição. Caso uma MP não seja aprovada neste prazo, perde sua eficácia e não poderá ser reeditada. Causa-nos vergonha saber que diversos dispositivos em vigor no sistema tributário nacional, como a tributação de PIS e COFINS das entidades imunes e isentas, sejam regulados, até os dias atuais, por Medida Provisória. A Medida Provisória no 2.158, em sua 35areedição, está em vigor e ainda não foi convertida em lei. Imagine o caos jurídico que seria se o Congresso Nacional resolvesse votar contra a conversão desta MP 2.158, agora em 2017. 2.2.6DECRETO LEGISLATIVO Tem a função de promulgar leis que independam da sanção por parte do Poder Executivo. Por exemplo, os tratados e convenções internacionais celebrados pelo Presidente da República são aprovados em decreto legislativo. Pode ser usado também para promulgar lei que, vetada total ou parcialmente pelo Executivo, retorna ao Legislativo. Caso o Legislativo derrube o veto presidencial, a forma de promulgação será via Decreto Legislativo. Por exemplo, a Lei no 10.637/02 sofreu vários vetos pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso. Caso o Poder Legislativo decidisse derrubar o veto presidencial, faria a promulgação desta lei por decreto legislativo. 2.2.7DECRETO REGULAMENTAR É ato jurídico elaborado e promulgado pelo Chefe do Poder Executivo. Normalmente é utilizado para consolidar a legislação acumulada sobre determinado assunto. É possível citar como exemplo o Decreto no 3.000/99, que consolida a legislação do imposto de renda. O decreto regulamentar não pode inovar em relação ao texto legal, seja ampliando ou restringindo seu alcance e conteúdo. Em suma, o Decreto não cria uma única linha normativa nova, sendo apenas uma combinação de normativos anteriores ou ajuste de itens direcionados por lei. 2.2.8RESOLUÇÕES São instrumentos legais emanados pelo Senado Federal, com objetivo de: a.eliminar da ordem jurídica norma declarada como inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como exemplo, pode-se citar a Resolução no 49/95, que declarou inconstitucionais os Decretos-Leis nos 445/88 e 449/88 (aumentaram indevidamente a base do PIS); e b.estabelecer os limites das alíquotas dos impostos sobre transmissão, circulação de mercadorias e serviços. 2.2.9TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS Representam acordos celebrados pelo Poder Executivo de dois Estados soberanos, com efeitos nos territórios dos dois países. Esses tratados e convenções, firmados pelo Poder Executivo (art. 84, VII, da CF), devem ser aprovados pelo Congresso Nacional (art. 49, I, da CF), produzindo seus efeitos no âmbito interno após sua promulgação por Decreto do Presidente da República. 2.2.10INSTRUÇÃO NORMATIVA Como o próprio nome diz, instrui de forma mais detalhada os artigos da lei. Por exemplo: a Lei no 9.249/95 determinou que o resultado não operacional negativo apurado em determinado ano somente seria dedutível com resultado não operacional positivo nos anos seguintes. Da forma como a lei definiu, parecia que o resultado não operacional seria tratado de forma separada do resultado operacional, fazendo o contribuinte apurar dois cálculos separados para o imposto de renda. A Instrução Normativa SRF no 11/96 esclareceu melhor o texto da lei, explicando que o resultado não operacional negativo poderia ser compensado com resultados operacionais positivos, desde que no mesmo ano. A instrução normativa, por outro lado, não tem poder para aumentar a base dos tributos, embora isso tenha ocorrido em algumas situações. A IN 390/04 da RFB, por exemplo, ampliou a base da CSLL, exigindo adição de valores que, originalmente, eram exigidos apenas na base do IR. Esta IN poderá ser contestada pelos contribuintes que se sentirem prejudicados. 2.2.11ATO DECLARATÓRIO Tem a função de interpretar pontos obscuros dos instrumentos legais, além de ampliar o raio de ação desses instrumentos. É ato departamental. 2.3ABSORÇÃO DA LEITURA: DEZ QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA Recomenda-se fazer as questões pelo menos um dia depois da leitura do capítulo. Q1 – Câmara Municipal de Cantagalo – Contador – FESP/03 (Adaptada pelo autor) O Princípio da anterioridade, em relação apenas a anualidade, se aplica ao: (A)Imposto sobre Produtos Industrializados. (B)Imposto s/Operações Financeiras. (C)Imposto de Exportação. (D)Imposto de Renda. Q2 – CESGRANRIO – PETROBRAS – Contador Pleno – 2005 A aprovação de uma Lei Complementar, como a definição do fato gerador do imposto de renda, depende de um quórum mínimo no Congresso Nacional para aprovação. Este quórum representa: (A)Unanimidade. (B)Dois terços. (C)Três quintos. (D)Maioria simples. (E)Maioria absoluta. Q3 Uma Lei que aumente a alíquota da COFINS e seja publicada no Diário Oficial da União no dia 13/ABR/16 deverá entrar em vigor: (A)A partir do mês de MAI/16. (B)A partir do mês de JUL/16. (C)A partir do mês de AGO/16. (D)Apenas a partir do 1o dia do mês de JAN/17. (E)Imediatamente. Q4 O princípio constitucional que determina a exigência de lei específica para definição de fato gerador e base de cálculo de um tributo é o princípio da: (A)Legalidade. (B)Irretroatividade. (C)Reserva de Lei para Anistia. (D)Reserva de Lei Complementar. (E)Isonomia Tributária. Q5 – PETROBRAS, 2011 A Constituição Federal é a Carta Magna do País que constitui, define e estrutura o Estado de Direito. A constituição define também a competência tributária de cada ente, apresentando os impostos e contribuições que podem ser criados e cobrados por cada um. Ela prevalece sobre todas as demais leis e só pode ser alterada, exceto para as chamadas cláusulas pétreas, por Emenda Constitucional. Segundo o texto da Constituição, uma Emenda Constitucional para ser publicada deve ser aprovada por: (A)Maioria absoluta dos componentes do Senado Federal. (B)Maioria absoluta dos componentes da Câmara Federal. (C)Cinquenta por cento dos componentes de cada uma das casas do Congresso Nacional. (D)Cinquenta por cento mais um dos componentes de cada uma das casas do Congresso Nacional. (E)Sessenta por cento dos componentes de cada uma das casas do Congresso Nacional. Q6 Representa exemplo de ofensa ao princípio constitucional da isonomia tributária: (A)O aumento na alíquota de CSLL apenas para as instituições financeiras e empresas equiparadas, de 9% para 15%. (B)A cobrança de alíquota de IPVA de 4% para automóveis a gasolina, enquanto os automóveis a álcool pagam 2%. (C)A cobrança de alíquota progressiva no IRPF, cuja tributação é gravada entre 7,5% e 27,5%, conforme a renda líquida tributável. (D)A cobrança de COFINS em todas as etapas do processo produtivo, sem possibilidade de dedução dos valores pagos anteriormente. (E)A cobrança de alíquota de 4% de ISS em um município, enquanto o mesmo serviço é tributado em município vizinho com alíquota de 5%. Q7 A Constituição Federal foi promulgada em 1988 e, desde então, já foi emendada mais de 90 vezes até 2016. A Emenda Constitucional é o único instrumento legal permitido para se proceder a modificações na Constituição. As Emendas podem ser propostas por: (A)Dois terços, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. (B)Dois terços, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. (C)Três quintos, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. (D)Três quintos, no mínimo, dos membros daCâmara dos Deputados e do Senado Federal. (E)Um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. Q8 – CESGRANRIO – PETROBRAS – Auditor – 2008 A competência tributária envolve não só o poder de fiscalizar e cobrar tributos, mas também o de legislar a respeito. Não tem competência tributária o ente público desprovido de poder legislativo. Assim, a competência tributária, em sentido legal, pertence, exclusivamente, (A)À União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. (B)Às Câmaras Estaduais, Municipais e Federais. (C)Às Unidades Federativas, aos Estados e à União. (D)Aos poderes Legislativo e Judiciário. (E)Aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal. Q9 Uma Medida Provisória, publicada no dia 2/NOV/15, que aumente as alíquotas de COFINS e do Imposto de Renda, foi convertida em lei apenas no dia 1o/MAR/16. Em relação à aplicação dos princípios da anterioridade e da noventena, o aumento das alíquotas entrarão em vigor: (A)A COFINS em FEV/16 e o IR em JAN/16. (B)A COFINS em FEV/16 e o IR em JAN/17. (C)A COFINS em FEV/16 e o IR em FEV/16. (D)A COFINS em JAN/17 e o IR em FEV/17. (E)A COFINS em JAN/17 e o IR em JAN/17. Q10 Alguns impostos seguem o princípio da anterioridade, em que o aumento do tributo só entrará em vigor no ano seguinte ao da publicação da lei. Já outros impostos seguem a regra da noventena, que impõe o período de 90 dias para entrada em vigor de lei que aumente tributo, seja via alíquota, fato gerador ou base de cálculo. E outros seguem, cumulativamente, o princípio da anterioridade e a regra da noventena, quando vale o prazo mais longo de entrada em vigor, dentre os dois itens. São exemplos de impostos que seguem a anterioridade e a noventena: (A)IPI, ISS e IOF. (B)IPI, ICMS e ITBI. (C)IOF, IPI e ISS. (D)ICMS, ISS e ITBI. (E)IOF, ITBI e ICMS.