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Módulo Controle da Incidência Tributária 
 
SEMINÁRIO VI – CONTRIBUIÇÕES 
 
Questões 
1) A respeito das contribuições responda as seguintes perguntas, 
justificando suas respostas. 
(a) Definir o conceito de “contribuição”. 
(b) Quais são as espécies de contribuição existentes na CF/88? 
(c) A destinação do produto da arrecadação tributária é relevante para a 
classificação jurídica das contribuições como espécie autônoma de tributo? 
(d) Se os valores arrecadados a título de contribuição não forem aplicados 
na destinação prescrita na lei, pode o contribuinte requerer restituição do 
tributo pago? Sob qual fundamento? 
 
A interpretação de "contribuição" pode variar conforme a teoria adotada para 
classificar os tributos. Para os defensores da teoria tripartite, as contribuições 
podem ser categorizadas como impostos ou taxas, de acordo com a 
materialidade e a base de cálculo envolvidas. 
 
Por outro lado, a teoria quinquipartite vê as contribuições como uma categoria 
autônoma de tributos, classificadas a partir de critérios que consideram, além da 
materialidade, a destinação e a possibilidade de restituição. Sob essa ótica, 
entende-se que as contribuições são tributos ligados a atividades específicas do 
Estado, com foco na atuação social, na intervenção econômica e/ou no apoio a 
categorias profissionais ou econômicas. 
 
Assim, as contribuições podem ser (i) de melhoria (art. 145, III/CF), (ii) sociais para 
(ii.1) seguridade social (art. 194, 195 e 195, §4º/CF) ou (ii.2) salário-educação (art. 
212, §5º), ou ainda (iii) especiais (art. 149/CF), (iii.1) de intervenção no domínio 
econômico ou (iii.2) de interesse de categorias profissionais ou econômicas. Essa 
classificação tem como base a destinação do produto arrecadado, tornando esse 
critério essencial. 
 
As contribuições para o âmbito social também são chamadas de contribuições 
sociais e dividem-se em gerais e específicas para o custeio da seguridade social. 
As contribuições gerais abrangem setores como educação, habitação, 
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infraestrutura de transportes, sistema S, etc., conforme os art. 212, §5º, 177, §4º, 
239 e 240/CF, enquanto as específicas custeiam a saúde, previdência e assistência 
social, previstas no art. 195/CF, incidindo sobre salários e rendimentos dos 
trabalhadores. 
 
As contribuições de intervenção no domínio econômico afetam a importação de 
produtos e serviços, sem incidirem sobre a exportação, visando a proteção do 
mercado nacional (art. 149, §2º), permitindo a atuação do Estado na atividade 
privada. Já as contribuições voltadas para o interesse de categorias profissionais 
ou sindicais, conhecidas como corporativas, destinam-se ao apoio a certas 
entidades, como anuidades de conselhos profissionais (art. 8º/CF e 3º/CTN). 
 
Segundo a teoria quinquipartite, adotada pelo legislador, as contribuições se 
distinguem dos demais tributos pela obrigatoriedade de destinação do produto 
arrecadado. Essa destinação é condição essencial para o exercício da 
competência do ente que instituir a contribuição (art. 149 e 195/CF) (TANIDA, 
2015).1 
 
Assim, o critério da destinação deve ser rigorosamente observado; caso a 
destinação não esteja explicitada, a lei que institui a contribuição pode ser 
considerada inconstitucional, tornando ilegal sua cobrança. Ou seja, a norma que 
estabelece a contribuição deve prever a aplicação específica de sua receita, sob 
risco de descaracterização da competência constitucional atribuída. A regra que 
institui o tributo deve, portanto, prever explicitamente a destinação do montante 
arrecadado (TANIDA, 2015).2 
 
Caso os valores arrecadados sejam utilizados de forma desvinculada, surge a 
questão sobre a restituição das quantias. Inicialmente, entende-se que o sujeito 
passivo não possui legitimidade para solicitar a devolução, pois não existe relação 
de contraprestação, como ocorre com as taxas. Além disso, como a 
inconstitucionalidade decorre da destinação inadequada, o tributo ainda é 
 
1 TANIDA, Carla Cristina. Contribuições Especiais: Desvirtuamento do Destino do Produto da 
Arrecadação. IBET: Curitiba. 2015. 
 
2 TANIDA, Carla Cristina. Contribuições Especiais: Desvirtuamento do Destino do Produto da 
Arrecadação. IBET: Curitiba. 2015. 
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devido pelo contribuinte, sendo cabível a restauração da destinação correta, em 
vez da suspensão da contribuição. 
 
Esse entendimento foi consolidado pelo STF no julgamento do RE 566.007/RS3: 
 
"A questão nuclear deste recurso extraordinário não é se o art. 76 do 
ADCT ofenderia norma permanente da Constituição, mas se a eventual 
inconstitucionalidade conferiria à Recorrente o direito à desoneração 
proporcional à desvinculação das contribuições sociais recolhidas." 
 
Conforme a Relatora Min. Carmen Lúcia: 
 
"Se a inconstitucionalidade fosse da desvinculação, a única 
consequência cabível seria o retorno à situação anterior, ou seja, a 
observância da vinculação originalmente estabelecida pela 
Constituição. Não é possível concluir que a inconstitucionalidade da 
desvinculação parcial das receitas das contribuições sociais resultaria 
em devolução ao contribuinte do montante correspondente ao 
percentual desvinculado (...)." 
 
Portanto, não cabe a restituição do tributo. 
 
2) Sobre a hipótese de incidência das contribuições, pergunta-se: 
(a) A União pode, na criação de contribuição com fundamento no art. 149 da 
CF, utilizar uma das materialidades que lhe foram atribuídas 
constitucionalmente para a instituição de impostos? 
 
O art. 149 da CF/88 estabelece que compete à União instituir contribuições 
sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias 
profissionais ou econômicas. Contudo, o texto constitucional não previu um rol 
de fatos geradores e bases de cálculo para a instituição desses tributos. Em 2001, 
a EC n. 33 estipulou um rol de bases de cálculo que poderiam ser utilizadas: 
faturamento, receita bruta, valor da operação e valor aduaneiro. Esse rol gerou 
controvérsia, levantando a questão se era taxativo ou exemplificativo. Se 
considerado taxativo, haveria revogação tácita de todas as contribuições sociais 
gerais e CIDE’s, além do reconhecimento da inconstitucionalidade das 
contribuições editadas após a emenda constitucional cujas bases de cálculo não 
 
3 RE 566.007/RS. STF - Plenário. Re l. Min. Cárm en Lúcia. DJe 11/0 2/2015. 
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fossem aquelas indicadas no art. 149. No entanto, o STF, nos julgamentos dos RE 
603.624/SC e 630.898, determinou que o rol é exemplificativo, indicando que a 
União pode instituir contribuições sobre bases de cálculo além das previstas. 
 
CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁR IO. CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS AO 
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS 
(SEBRAE), À AGÊNCIA BRASILEIRA DE PROMOÇÃO DE EXPORTAÇÕES 
E INVESTIMENTOS (APEX) E À AGÊNCI A BRASILEIRA DE 
DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (ABDI). RECEPÇÃO PELA EMENDA 
CONSTITUCIONAL 33/2001. DESPROVIMENTO DO RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO. 1.O acréscimo realizado pela EC 33/2001 no art. 
149, § 2º, III, da Constituição Federal não operou uma delimitação 
exaustiva das bases econômicas passíveis de tributação por toda 
e qualquer contribuição social e de intervenção no domínio 
econômico. 2.O emprego, pelo art. 149, § 2º, III, da CF, do 
modo verbal “ poderão ter alíquotas” demonstra tratar -se de 
elenco exemplificativo em relação à presente hipótese. 
Legitimidade da exigência de contribuição ao SEBRAE - APEX - 
ABDI incidente sobre a folha de salários, nos moldes das Leis 
8.029/1990, 8.154/1990, 10.668/2003 e 11.080/2004, ante a 
alteração promovida pela EC 3 3/2001 no art. 1 49 da Constituição 
Federal. 3.Recurso Extraordinário a que se nega provimento.Tema 
325, fixada a seguinte tese de repercussão geral: “As contribuições 
devidas ao SEBRAE, à APEX e à ABDI com fundamento na L ei 
8.029/1990 foram recepcionadas pela EC 33/2001". (RE 603.624/SC. 
STJ - Ple nário. Rel. Min. Rosa Weber. J. 23/09/2020) 
 
Recurso extraordinário. Repercussão geral. Tributário. Contribuição 
ao INCRA incidente sobre a folha de salários. Recepção pela CF/88. 
Natureza jurídica. Contribuição de intervenção no domínio 
econômico ( CIDE). Referibilidade. Relação indireta. Possibilidade. 
Advento da EC nº 33/01, incluindo o § 2 º, III, a, n o art. 149 da 
CF/88. Bases econômicas. Rol exemplificativo. Contribuições 
interventivas incidentes sobre a f olha d e salário. Higidez. 1. Sob 
a égide d a CF/ 88, diversos são os julgados reconhecendo a 
exigibilidade do adicional de 0, 2% r elativo à contribuição destinada 
ao INCRA incidente sobre a folha de salários. 2. A contribuição ao 
INC RA tem contornos próprios de contribuição de intervenção no 
do mínio econômico (CIDE). Trata -se de tributo especial mente 
destinado a concretizar objetivos de atuação positiva do Estado 
consistentes na promoção d a reforma agrária e da colonização, c 
om vistas a assegurar o exercício da função social da propriedade 
e a diminuir as desigualdades regionais e sociais (arts . 170, III e V II; 
e 184 da CF/88) . 3. Não descaracteriza a exação o fato de o sujeito 
passivo não se beneficiar diretamente da arrecadação, pois a Corte 
considera que a inexistência de referibilidade direta não desnatura 
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as CIDE, estando, sua instituição “ jungida aos princípios gerais da 
atividade econômica”. 4. O § 2º, II I, a, do art. 149, da Constituição, 
introduzido pela EC nº 3 3/2001, ao especificar que as contribuições 
sociais e d e intervenção no domínio econômico “ poderão ter 
alíquotas” que incidam s obre o faturamento, a receita bruta (ou o 
valor da operação) ou o valor aduane iro, não impede que o 
legislador adote outras bases econômicas para os referidos 
tributos, como a folha de salários, pois esse rol é meramente 
exemplificativo ou enunciativo. 5. É constitucional, assim, a CIDE 
destinada ao INCRA devida pelas empresas urbanas e rurais, 
inclusive, após o advento da EC n º 33/01. 6. Recurso extraordinário 
a que se nega provimento. 7. Tese fixada para o Tema nº 495: “É 
constitucional a contribuição de intervenção no domínio econômico 
destinada ao INCRA devida pelas empresas urbanas e rurais, 
inclusive após o advento da EC nº 33/2001”. (RE 630.898/RS. STF - 
Plenário. Rel. Min. Dias Toffoli. J. 08/04/2021). 
 
Nesse sentido, não estando o legislador limitado ao rol de bases de cálculo 
estabelecido pela EC n. 33 e não sendo essa uma proibição constitucional 
expressa, como a que recai sobre taxas, prevista no §2º do art. 145, a União 
poderá determinar a instituição de contribuições, inclusive, sobre a base de 
cálculo de imposto. Contudo, deverá sempre respeitar e observar os princípios 
constitucionais tributários, em especial: a legalidade, o não-confisco, a 
capacidade contributiva, a isonomia e a segurança jurídica. 
 
(b) A hipótese de incidência destas contribuições pode abranger fatos que, por 
ocasião da repartição constitucional de competências para a instituição de 
impostos, foram atribuídos como materialidades próprias dos Estados, Distrito 
Federal e Municípios? Para responder a essa pergunta leve em consideração o 
texto constitucional antes da emenda constitucional 132/2023 e pós emenda, 
diante do que dispõe o artigo 149-B4 por ela inserido ao texto constitucional. 
 
Embora não exista vedação expressa ao poder atribuído à União para a instituição 
de contribuições, não poderá o ente extrapolar a competência de outros entes. 
As competências já foram fixadas pelo constituinte, de modo que não haveria 
razão para desconstituí-las em momento posterior, permitindo que a União as 
 
4 Art. 149-B. Os tributos previstos nos arts. 156-A e 195, V, observarão as mesmas regras em 
relação a: 
I - fatos geradores, bases de cálculo, hipóteses de não incidência e sujeitos passivos; 
 
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extrapole. Nas palavras de Paulo de Barros Carvalho5: 
 
"Não haveria sentido admitir que o constituinte tenha repartido, 
pormenorizadamente, o poder de instituir tributos entre União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios para, logo após, desfigurar a 
divisão antes efetuada, concedendo à União a prerrogativa de tributar, 
de maneira indiscriminada, fatos contidos na faixa competência das 
demais pessoas jurídicas." 
 
Com o advento da EC 132/2023, foi incluído no texto constitucional o art. 149B: 
 
Art. 149-B. Os tributos previstos nos arts. 156-A e 195, V, observarão 
as mesmas regras em relação a: (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 132, de 2023) 
I - fatos geradores, bases de cálculo, hipóteses de não incidência e 
sujeitos passivos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 
2023) 
II - imunidades; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 
2023) 
III - regimes específicos, diferenciados ou favorecidos de 
tributação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023) 
IV - regras de não cumulatividade e de creditamento. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 132, de 2023) 
Parágrafo único. Os tributos de que trata o caput observarão as 
imunidades previstas no art. 150, VI, não se aplicando a ambos os 
tributos o disposto no art. 195, § 7º. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 132, de 2023) 
 
Diante disso, considerando o disposto no referido art. a regras de competência 
para definição de hipótese de incidência, passa a ser exclusiva da União. 
 
3) Por força do que prescreve o art. 195, I, “a”, da Constituição da 
República, a legislação exige que o empregador recolha contribuição sobre a 
folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a 
qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço. Neste contexto, 
pergunta-se: 
(a) Que é “salário”? E “rendimentos do trabalho”? 
 
 
5 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30ª ed. São Paulo: Saraiva Educação. 
2019 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc132.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc132.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc132.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc132.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc132.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc132.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc132.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc132.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc132.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc132.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc132.htm#art1
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O salário pode ser entendido como uma retribuição justa ao trabalhador pelo 
serviço realizado; trata-se da contraprestação paga diretamente pelo 
empregador, em função dos dias de trabalho, da disponibilidade do trabalhador 
e/ou conforme estipulado pelo contrato de trabalho. Para ser caracterizado como 
salário, é preciso que ele atenda a cinco elementos essenciais: habitualidade, 
periodicidade, quantificação, essencialidade e reciprocidade. 
 
Conforme o art. 76 da CLT, o “salário mínimo” corresponde ao valor mínimo 
necessário para cobrir as necessidades básicas de alimentação, moradia, 
vestuário, higiene e transporte do trabalhador. Adicionalmente,a legislação 
estabelece que compõem o salário, além do valor fixo pela prestação de serviço, 
as comissões e gratificações previstas na lei (art. 457/CLT), assim como a 
alimentação, habitação, vestuário e outras prestações "in natura" oferecidas 
regularmente ao empregado (art. 458/CLT). 
 
Vale ressaltar que o salário não abrange todos os ganhos do trabalhador. Nos 
termos do art. 457, a remuneração inclui, além do salário, as gorjetas, que são 
valores dados voluntariamente pelos clientes ao empregado ou valores cobrados 
pela empresa como taxa de serviço, destinados à distribuição entre os 
empregados. 
 
O §2º do mesmo artigo dispõe que certos valores, como ajuda de custo, auxílio-
alimentação (desde que não pagos em dinheiro), diárias de viagem, prêmios e 
abonos, não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao 
contrato de trabalho e não constituem base para encargos trabalhistas e 
previdenciários. 
 
Por sua vez, o conceito de “rendimentos do trabalho” é mais amplo, abrangendo 
todos os valores pagos ou creditados ao trabalhador sob qualquer título, sem a 
necessidade de um vínculo empregatício. 
 
(b) Levando em consideração sua resposta às perguntas contidas em “(a)”. 
Pergunta-se: quais das parcelas abaixo estão ou não sujeitas à incidência deste 
tributo, justifique suas respostas: (Vide anexos I, II, III e IV) 
(i) os serviços extraordinários (horas extras); (ii) terço constitucional; (iii) férias 
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indenizadas; (iv) aviso-prévio indenizado; (v) adicional de insalubridade; (vi) 
adicional de periculosidade; (vii) adicional noturno; (viii) auxílio-educação; (ix) 
auxílio-creche; (x) auxílio-doença; (xi) salário-maternidade; (xii) prêmio 
assiduidade; (xiii) vale-transporte; e (xiv) descanso remunerado. 
 
Com base nos conceitos discutidos e conforme os arts. 457 e 458 da CLT, não 
haverá incidência de contribuições sobre os rendimentos pagos ao trabalhador 
que tenham natureza indenizatória. 
 
Assim, incidirá contribuição sobre: horas extras, adicional de insalubridade, 
adicional de periculosidade e adicional noturno. 
 
Não incidirá sobre: o terço constitucional de férias, férias indenizadas, aviso 
prévio indenizado, auxílio-educação, auxílio-creche, auxílio-doença, salário-
maternidade (conforme RE 576.967), prêmio de assiduidade, vale-transporte e 
descanso remunerado. 
 
4) Com relação ao creditamento do PIS-COFINS, pergunta-se: 
(a) Estabeleça diferença entre o regime monofásico e não cumulativo. 
 
O regime monofásico, também conhecido como cumulativo, é um modelo de 
tributação em que o cálculo do imposto é baseado no faturamento total da 
empresa, sem a possibilidade de deduções, sendo então aplicado sobre o lucro 
presumido. Nesse sistema, "a carga tributária é concentrada em uma única etapa 
do ciclo produtivo e, consequentemente, suportada por um único contribuinte, 
sem a necessidade de obedecer ao princípio da não cumulatividade, característico 
do regime plurifásico" (STJ, 2021). 
 
Já o regime não cumulativo permite que a empresa deduza valores pagos em 
operações anteriores, aplicando o princípio da não cumulatividade. Nesse caso, a 
tributação incide sobre o lucro real. 
 
(b) Qual o alcance da não cumulatividade do PIS-COFINS prevista no art. 195, § 
12, da CF/88? 
 
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Dada a controvérsia em torno do tema, diversas ações judiciais foram movidas 
em relação à não cumulatividade prevista no §12 do art. 195 da CF. Nesse cenário, 
o STF, ao julgar o Tema 7566 de Repercussão Geral, decidiu que o legislador 
ordinário possui autonomia para estabelecer restrições ao crédito das 
contribuições ao PIS/Cofins no regime não cumulativo, desde que observados os 
princípios da razoabilidade, isonomia, livre concorrência e proteção à confiança. 
 
A posição firmada pelo tribunal foi a de que o legislador ordinário pode 
regulamentar a matéria, podendo negar créditos em certas situações e concedê-
los em outras, desde que respeitada a estrutura constitucional que rege essa 
tributação. 
 
(c) O que caracteriza “insumo” para fins da não cumulatividade do PIS e da 
COFINS? Valores gastos com contratação de mão de obra terceirizada geram 
créditos de PIS-COFINS? (Vide anexos V, VI, VII, VIII, IX, X e XI). 
 
As Instruções Normativas n. 247/02 e n. 404/04 (já revogadas) estabeleceram o 
conceito de insumo como “matérias-primas, produtos intermediários, materiais 
de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, como desgaste, 
dano ou perda de propriedades físicas ou químicas, em decorrência da ação 
exercida diretamente sobre o produto em fabricação”, além de “bens utilizados 
ou consumidos na prestação de serviços”. 
 
Entretanto, em uma decisão de 20187, o STJ concluiu que esse conceito não está 
em conformidade com os dispositivos do art. 3º, II da Lei 10.637/03 e da Lei 
10.833/03. O tribunal defendeu que a definição de insumo deve considerar os 
critérios de essencialidade e relevância, avaliando a imprescindibilidade ou 
importância de um determinado bem ou serviço para a atividade econômica 
realizada pelo contribuinte. 
 
Na decisão, foi esclarecido que a essencialidade se relaciona ao grau de 
dependência do bem em relação ao produto ou serviço final, destacando que a 
ausência do insumo pode resultar em perda de qualidade, quantidade ou 
 
6 RE 841.979. STF - Rel. Min. Dias Toffo li. DJe 09/02/23 
7 (REsp 1.221.170/PR - Tema 779. STJ - Primeira seção. DJe 24/04/2018. 
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suficiência. A relevância, por sua vez, está ligada à integração do bem no processo 
produtivo, seja pela singularidade da cadeia produtiva ou por imposições legais, 
mesmo que o bem não seja essencial para a elaboração do produto. 
 
Neste sentido, a Solução de Divergência Cosit n. 29/17 já definiu que os gastos 
com a contratação de mão de obra terceirizada geram créditos de PIS/Cofins. 
 
(d) A previsão do artigo 178 da Lei nº 11.033/04 é aplicada para todos 
contribuintes sujeitos à tributação monofásica? Fundamente. (Vide anexos XII 
e XIII) 
 
O artigo 17 da Lei 11.033/04 gerou interpretações contraditórias entre o fisco e 
os contribuintes. Os contribuintes argumentaram que esse artigo revogou 
tacitamente a proibição de manutenção dos créditos, conforme disposto no art. 
3º, I, b das Leis 10.637/02 e 10.833/03. Em contrapartida, o fisco sustentou que 
a situação prevista no artigo 17 não se aplica aos contribuintes que optaram pelo 
regime monofásico. 
 
O entendimento prevalente na jurisprudência se alinhou à posição dos 
contribuintes, afirmando que a norma se destina apenas às empresas que 
operam sob o regime não-cumulativo. Essa conclusão é baseada no fato de que 
não há incidência do PIS e da Cofins sobre os bens e produtos adquiridos por meio 
da sistemática monofásica, o que resulta na inexistência de créditos nessas 
operações. 
 
5) Sobre as contribuições de intervenção no domínio econômico, pergunta-
se: 
(a) Que se entende por intervenção no domínio econômico? As causas de 
intervenção estão restritas aos arts. 170 a 181 da Constituição Federal? 
 
De acordo com o art. 173 da Constituição, a exploração direta da atividade 
econômica é permitida apenas em situações que atendam à segurança nacional 
 
8 Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da 
Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos 
créditos vinculados a essas operações. 
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ou ao relevante interesse coletivo. Assim, a intervenção econômica deve ocorrer 
em caráter excepcional e visando o bem-estar da coletividade. A intervenção 
possui uma finalidade regulatória, visando à fiscalização e à criação de normas 
que regulem preços, abastecimento e o combate ao abuso do poder econômico, 
garantindo a ordemeconômica. 
 
As Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) não têm uma 
materialidade definida e são estabelecidas como instrumentos de intervenção 
estatal em setores econômicos específicos, com a arrecadação destinada ao 
custeio da intervenção desejada. Portanto, as CIDE representam uma exceção ao 
sistema constitucional, restrita aos artigos 170 e 181. 
 
(b) O produto da arrecadação da CIDE deve ser legalmente destinado à 
intervenção no setor econômico de que trata a contribuição (intervenção 
positiva), ou pode ser instituída com finalidade de desestimular determinada 
atividade, ou seja, com caráter extrafiscal (intervenção negativa)? 
 
O produto da arrecadação de tributos deve ser definido previamente no ato de 
sua instituição, sem distinção quanto ao tipo de intervenção econômica que será 
realizada. Especificamente, quando se trata de uma contribuição destinada a 
custear atividades de intervenção estatal, é crucial ressaltar que essa arrecadação 
não pode, em nenhuma circunstância, possuir um caráter extrafiscal. 
 
Isso implica que a função da arrecadação é estritamente vinculada ao 
financiamento das ações estabelecidas e não deve ser utilizada para outras 
finalidades, como o controle de comportamento do contribuinte ou a promoção 
de políticas públicas diversas. 
 
(c) A sua materialidade e o sujeito passivo devem estar relacionados com a 
destinação escolhida pelo legislador como forma de intervenção no domínio 
econômico? (Vide anexo XIV) 
 
O STF, no julgamento do RE n. 632.832, determinou que, embora o tributo seja 
vinculado, a materialidade e o sujeito passivo não precisam estar diretamente 
relacionados à destinação da contribuição. Essa decisão indica que a vinculação 
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tributária não é um requisito imprescindível para a validade do tributo. 
 
(d) A remuneração por direitos autorais e operações com o exterior se 
classificam como royalties para fins da incidência da CIDE? (Vide anexo XV) 
 
Tanto o CARF quanto o STF (REsp 1642249/SP) já se posicionaram sobre a 
matéria, firmando o entendimento de que a remuneração por direitos autorais 
em operações com o exterior se classifica como royalties 
 
CIDE. REMESSAS AO EXTERIOR. ROYALTIES. INCIDÊNCIA. 
POSSIBILIDADE. A partir de 1/1/2002, a Contribuição de 
Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) incide também sobre o 
valor de royalties, a qualquer título, que a pessoa jurídica pagar, 
creditar, entregar, empregar ou remeter a residente ou 
domiciliado no exterior, inclusive os royalties decorrentes de licença 
e direito de uso na exploração e transmissão de filmes, programas e 
eventos em televisão por assinatura. (CARF - Acórdão n° 9303-
005.293)

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