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Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
 
 
SEMINÁRIO IV - INTERPRETAÇÃO, VALIDADE, VIGÊNCIA E 
EFICÁCIA DA NORMA TRIBUTÁRIA 
 
Questões 
 
1) Que significa afirmar que uma norma “N” é válida? Diferençar: (i) 
validade, (ii) vigência; (iii) eficácia jurídica; (iv) eficácia técnica e (v) eficácia 
social. Responda, fundamentadamente, o que entende acerca da validade, 
vigência e eficácia jurídica da norma introdutora e da norma introduzida 
(Considere em sua resposta a problemática da ADC 84)1. 
 
O professor Paulo de Barros Carvalho contribui de forma sólida para a 
compreensão do tema ao afirmar: 
 
“(...) norma válida quer significar que mantém relação de 
pertinencialidade com o sistema ‘S’, ou que nele foi posta por 
órgão legitimado a produzi-la, mediante procedimento 
estabelecido para esse fim. 
A validade não é, portanto, atributo que qualifica a norma 
jurídica, tendo de relação: é o vínculo que se status estabelece 
entre a proposição normativa e o sistema do direito posto, de tal 
sorte que ao dizermos que u’a norma ‘N’ é válida, estaremos 
expressando que ela pertence ao sistema ‘S’.2 
Com base nos ensinamentos do autor, observa-se que, por se tratar de proposições 
prescritivas, as normas jurídicas devem ser avaliadas segundo os critérios de 
 
1 TRECHO DA PETIÇÃO INICIAL DA ADC 84 
No apagar das luzes de 2022, mais precisamente no dia 30 de dezembro de 2022, sem que houvesse participante do 
govern de transito, foi editado pelo então Vice-Presidente da República, no exercício do cargo de Presidente, o Decreto 
n° 11.322/2022, que reduziu a metade as alíquotas de PIS/PASEP e COFINS sobre receitas financeiras auferidas por 
pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não-cumulativa de tais contribuições. 
(...) 
Deve-se atentar ainda, para uma particularidade: não obstante o decreto tenha sido editado no dia 30 de dezembro 
(sexta-feira), havia previsão expressa, no seu artigo 2°, de que a produção de efeitos se daria a partir de 1° de Janeiro 
de 2023 (domingo e feriado nacional). 
No dia 1° de Janeiro de 2023, sobreveio o Decreto n° 11.374/2023, objeto da presente ação declaratória, que entrou em 
vigor na mesma data (artigo 4°) e revogou imediatamente as disposições do diploma anterior, repristinando, por 
conseguinte, as alíquotas de PIS/COFINS sobre as receitas financeiras constantes do Decreto n° 8.426/2015. 
O cenário, em síntese, é o seguinte: o Decreto n° 11.322/2022 entrou em vigor no dia 30/12/2022 com previsão expressa 
de produção de efeitos somente a partir de 1/1/2023, mas foi revogado pelo Decreto n° 11.374/2023, justamente nesta 
mesma data, com a manutenção do percentual das alíquotas anteriormente vigentes desde 2015. 
Não é difícil perceber que a redução de alíquota implementada pelo Decreto n° 11.322/2022 jamais chegou a se aplicar, 
porquanto revogada no mesmo dia em que se iniciaria a sua eficácia. Trata-se de uma disposição natimorta, que nao 
veio a produzir efeitos na esfera jurídica dos contribuintes. 
2 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 8. ed. São Paulo: Noeses, 
2021, p. 460. 
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validade ou invalidade, e não por categorias de verdade ou falsidade. Nesse 
sentido, dizer que uma norma é válida significa reconhecer que ela guarda 
coerência com o sistema jurídico (sistema "S") ao qual pertence, tendo sido 
introduzida por autoridade competente e conforme o procedimento previsto. 
 
(i) A validade, portanto, refere-se à conexão que se estabelece entre a 
norma e o ordenamento jurídico em que está inserida. Muitas vezes, 
confunde-se validade com existência normativa. No entanto, para que 
uma norma seja considerada existente no âmbito de um sistema, é 
necessário que também seja válida, ainda que posteriormente venha a 
perder sua eficácia por meio dos instrumentos jurídicos cabíveis. Sua 
exclusão do sistema apenas se concretiza quando for formalmente 
revogada ou declarada inconstitucional, por exemplo. 
(ii) Quanto à vigência, entende-se que a norma passa a ter aptidão para 
produzir efeitos jurídicos após o decurso da vacatio legis, respeitadas as 
condições de tempo e espaço previstas. Ou seja, trata-se do momento 
em que a norma entra em vigor e pode, efetivamente, incidir sobre os 
fatos. 
(iii) No que se refere à eficácia normativa, como mencionado anteriormente, 
é possível analisá-la sob três aspectos: a eficácia jurídica, a eficácia 
técnica e a eficácia social. 
(iv) A eficácia jurídica, conforme leciona Paulo de Barros Carvalho, 
corresponde ao “próprio mecanismo lógico da incidência”, sendo por 
meio desse processo que os efeitos da norma passam a se manifestar, 
estabelecendo relações jurídicas a partir da ocorrência do fato jurídico 
previsto. 
(v) Já a eficácia técnica diz respeito à ausência de impedimentos que 
dificultem ou inviabilizem a aplicação da norma ao mundo dos fatos. 
Isso inclui tanto a adequação técnica em termos de forma e conteúdo 
(sintaxe e semântica), quanto a inexistência de normas conflitantes que 
impeçam sua incidência ou de lacunas normativas que inviabilizem sua 
efetivação. 
(vi) Por fim, a eficácia social se revela na aceitação e cumprimento da norma 
pela coletividade. É quando os destinatários da norma reconhecem sua 
autoridade e a obedecem, fazendo com que o legislador alcance suas 
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expectativas normativas. 
 
2) Descreva o percurso gerador de sentido dos textos jurídicos explicando 
os planos: (i) dos enunciados tomados no plano da expressão (S1); (ii) dos 
conteúdos de significação dos enunciados prescritivos (S2); (iii) das 
significações normativas (S3); (iv) das relações entre normas (S4). Estabeleça 
a relação entre “fontes do direito”, “validade” e “hierarquia” das normas 
jurídicas? 
 
O ponto de partida da atividade interpretativa situa-se no plano da expressão dos 
enunciados, sendo este o primeiro contato do intérprete com o texto normativo. A 
partir desse contato inicial, inicia-se a construção dos conteúdos significativos, 
permitindo a organização e sistematização das normas jurídicas, o que possibilita 
a constituição de um campo normativo coerente. 
 
Os conteúdos de significação dos enunciados prescritivos surgem após essa 
primeira etapa interpretativa. Trata-se de uma fase intermediária, em que o 
intérprete já superou a leitura literal do texto e passa a construir o sentido da norma 
com base em sua inserção no sistema jurídico. 
 
Já as significações normativas representam o momento em que o intérprete alcança 
a compreensão efetiva do comando normativo, formulado na estrutura lógica do 
tipo hipotético-condicional. É por meio dessa formulação que se extraem as 
proposições normativas, revelando o conteúdo prescritivo das normas. 
 
Ao concluir a construção de uma norma, cabe ao intérprete situá-la dentro do 
ordenamento, estabelecendo as relações de coordenação e subordinação entre as 
normas jurídicas. Isso é essencial para compreender o sistema como um conjunto 
ordenado e hierarquizado de proposições. 
 
No tocante às fontes do direito, estas correspondem à origem do comando 
normativo. A chamada fonte real ou material diz respeito aos fatores concretos 
(sociais, políticos, econômicos) que condicionaram o surgimento da norma 
jurídica. 
A validade, por sua vez, está associada à existência de uma norma superior que 
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confere fundamento à norma inferior. Nesse sentido, conforme a doutrina de Hans 
Kelsen: 
 
“É fonte jurídica a norma superior que regula a produção da 
norma inferior. A fonte jurídica só pode ser o direito, pelo fato de 
que ele regula a sua própria criação, já que a norma inferior só 
será válida quando for criada por órgão competente e segundo 
certo procedimento previsto em norma superior. Para essa 
concepção, entende-se, também por fonte jurídica, a norma 
hipotética fundamental que confere o fundamentoúltimo de 
validade da ordem jurídica, por ser impossível encontrar na 
ordenação jurídica o fundamento positivo para a Constituição. 
Essa norma básica foi, por Kelsen, designada constituição no 
sentido lógico-jurídico, diferenciando-a assim da Constituição 
em sentido lógico-positivo. Essa norma fundamental diz apenas 
que se deve obedecer ao poder que estabelece a ordem jurídica, 
mantendo a ideia de que uma norma somente pode originar-se de 
outra, da qual retira sua validez.”3 
 
A hierarquia normativa, portanto, fundamenta-se nessa concepção: uma norma 
somente é considerada válida se deriva de outra superior, sendo essa relação de 
origem a base do seu reconhecimento dentro do ordenamento jurídico. 
 
3) Há um sentido correto para os textos jurídicos? Faça uma crítica aos 
métodos hermenêuticos tradicionais. É possível falar em interpretação 
teleológica e literal no direito tributário? E em interpretação econômica? 
Justifique sua reposta. (Vide anexos I, II e III) 
 
Segundo Paulo de Barros Carvalho, a atribuição de sentido aos textos jurídicos 
decorre do recorte feito pelo intérprete ao isolar o objeto, sendo essencial, nesse 
processo, a coerência entre as premissas e as conclusões extraídas. 
 
Nessa mesma linha, Bianor Arruda defende que é praticamente inviável identificar 
um único sentido "correto" para o texto normativo, uma vez que o significado é 
constantemente produzido pelo intérprete, cuja atuação é inevitavelmente 
influenciada por valores, ainda que de forma inconsciente. Diante disso, os 
 
3 KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Apud DINIZ, Maria Helena. Fontes do direito. PUCSP. 
São Paulo, 2017. 
 
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métodos tradicionais de interpretação, como o literal, o lógico, o teleológico e o 
sistemático, mostram-se, segundo ele, insuficientes para atingir plenamente os 
objetivos da hermenêutica jurídica. 
 
Diante do contexto contemporâneo, marcado por elevado grau de ativismo judicial, 
observa-se que a limitação intrínseca à linguagem humana impede que o 
constituinte antecipe todas as nuances dos fatos sociais nas normas que elabora. 
Dessa forma, cabe ao aplicador do direito recorrer a caminhos interpretativos que 
permitam compatibilizar os textos legais com a realidade. 
 
Sobre a interpretação literal, Paulo de Barros é categórico ao apontar seu 
esvaziamento metodológico: 
 
“O desprestígio da chamada interpretação literal é algo que 
dispensa meditações mais profundas, bastando recordar que, 
prevalecendo como método de interpretação do direito, seríamos 
forçados a admitir que os meramente alfabetizados, quem sabe 
com o auxílio de um dicionário de tecnologia jurídica, estariam 
credenciados a identificar a substância das mensagens 
legisladas, explicitando as proporções de significado da lei.”4 
 
Essa observação nos permite compreender que os fatos sociais, que servem como 
antecedentes normativos, não são capturados em sua forma bruta, mas passam por 
um processo de juridicização no interior de um sistema normativo autônomo, que 
estrutura o direito como ciência. Assim, os métodos interpretativos devem estar 
ancorados em critérios jurídicos. A utilização de parâmetros externos rompe com 
essa estrutura científica e compromete a legitimidade da interpretação normativa. 
 
A partir dessa perspectiva, ainda que se reconheça a possibilidade de empregar 
uma mesma matriz interpretativa para distintas formulações de sentido, o uso da 
interpretação econômica no âmbito do Direito Tributário mostra-se 
metodologicamente inadequado. Isso porque, como mencionado inicialmente, os 
recortes do direito não comportam a interdisciplinaridade de forma irrestrita. Esse 
entendimento é refletido no Anexo III do seminário, que reproduz o julgamento 
proferido pelo STJ no REsp 1.325.709/RJ, no qual se afirma que: 
 
4 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: Fundamentos Jurídicos da Incidência. 11. ed. 
rev. e atual. São Paulo: Noeses, 2021 
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“A interpretação das normas de Direito Tributário não se orienta 
e nem se condiciona pela expressão econômica dos fatos, por 
mais avultada que seja, do valor atribuído à demanda, ou por 
outro elemento extrajurídico; a especificidade exegética do 
Direito Tributário não deriva apenas das peculiaridades 
evidentes da matéria jurídica por ele regulada, mas sobretudo da 
singularidade dos seus princípios, sem cuja perfeita absorção e 
efetivação, o afazer judicial se confundiria com as atividades 
administrativas fiscais.” 
 
Já o Anexo I apresenta o julgamento do STF no RE 606.107/RS, no qual a Corte 
adotou uma interpretação teleológica. Todavia, com a devida vênia, essa postura 
interpretativa não me parece a mais adequada, conforme os fundamentos já 
expostos. 
 
4) Compete ao legislativo a positivação de interpretações? Existe lei 
puramente interpretativa? Tem aplicabilidade o art. 106, I, do CTN ao dispor 
que a lei tributária interpretativa se aplica ao fato pretérito? Como 
confrontar este dispositivo do CTN com o princípio da irretroatividade? (Vide 
anexos IV, V e VI). 
 
É possível afirmar que a resposta à questão inicial é positiva: o processo 
legislativo, de fato, tem origem em fatos sociais que demandam regulamentação, 
os chamados fatos juridicizados. Ao aprofundarmos o estudo sobre a positivação 
das interpretações jurídicas, torna-se evidente que essa positivação é viável, 
inclusive no âmbito do Poder Judiciário, especialmente quando este se manifesta 
por meio das normas jurídicas resultantes de suas decisões. 
 
No entanto, é fundamental reconhecer que os Poderes Legislativo, Executivo e 
Judiciário devem manter entre si uma comunicação institucional constante e 
harmônica. Portanto, não se pode admitir que a positivação do direito se concentre 
em apenas um desses poderes, sob pena de desequilíbrio no funcionamento do 
sistema. 
 
Outro ponto importante é compreender que a interpretação jurídica só se torna 
possível a partir da existência de uma norma. Isso porque interpretar é, 
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essencialmente, atribuir sentido às normas já positivadas. Nessa linha, não se 
sustenta a ideia de que uma lei possa ser meramente interpretativa. Como ensina 
Paulo de Barros, “não há texto sem contexto”, o que reforça a tese de que é a 
interpretação que atribui sentido jurídico ao texto normativo e não o contrário. 
 
Quanto ao artigo 106, inciso I, do Código Tributário Nacional, que trata da 
possibilidade de aplicação retroativa da norma interpretativa, essa regra só se 
justifica quando for para favorecer o contribuinte. Essa interpretação busca 
compatibilizar o dispositivo com o princípio da irretroatividade, resguardando, 
assim, a segurança jurídica. 
 
5) Dada a seguinte lei fictícia, responder às questões que seguem: 
 
Lei ordinária federal n. 10.007, de 10/10/2016 (DOU de 01/11/2016) 
Art. 1º Esta taxa de licenciamento de veículo tem como fato gerador a 
propriedade de veículo automotor com registro de domicílio no território 
nacional. 
Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é o valor venal do veículo. 
Parágrafo único. A alíquota é de 1%. 
Art. 3º Contribuinte é o proprietário do veículo. 
Art. 4º Dá-se a incidência dessa taxa no primeiro dia do quarto mês de cada 
exercício, devendo o contribuinte que se encontrar na situação descrita pelo 
art. 1º dessa lei, desde logo, informar até o décimo dia deste mesmo mês, em 
formulário próprio (FORMGFA043), o valor venal, o tipo, a marca, o ano e a 
cilindrada do respectivo veículo. 
Art. 5º A importância devida, a título de taxa, deve ser recolhida até o décimo 
dia do mês subsequente, sob pena de multa de 10% sobre o valor do tributo 
devido. 
Art. 6º Diante da não emissão do formulário (FORMGFA043) na data 
aprazada, poderá, a autoridade fiscal competente lavrar Auto de Infração e 
Imposição de Multa, em decorrênciada não observância dessa obrigação, 
impondo multa de 50% sobre o valor do tributo devido. 
Art. 7º. Esta lei entra em vigor no primeiro dia do exercício seguinte ao de sua 
publicação. 
 
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a) Em 01/06/2017, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em ação direta de 
inconstitucionalidade (com efeito erga omnes), pela inconstitucionalidade 
desta lei federal. Identificar nas datas abaixo fixadas, segundo os critérios 
indicados, a situação jurídica da regra que instituiu o tributo, justificando 
cada uma das situações: 
 
Critérios\datas 11/10/2016 01/11/2016 01/02/2017 01/04/2017 01/07/2019 
É válida Sim Sim Sim Sim Não 
É vigente Não Sim Sim Sim Não 
Incide Não Não Não Sim Não 
Apresenta 
eficácia jurídica 
 
Não 
 
Não 
Sim Sim Não 
 
(i) No que se refere à validade, como mencionado na primeira questão, uma norma 
é considerada válida quando mantém uma relação de compatibilidade com o 
ordenamento jurídico ao qual pertence. Assim, a lei discutida neste caso é válida 
enquanto estiver formalmente integrada ao sistema jurídico. No entanto, isso não 
implica, necessariamente, que continuará produzindo efeitos. Sua eficácia jurídica 
pode cessar, ainda que a norma permaneça formalmente válida, especialmente se 
houver modulação de efeitos que limite sua aplicação em razão de uma posterior 
declaração de inconstitucionalidade. 
 
(ii) Quanto à vigência, embora já tenha sido tratada anteriormente, vale destacar a 
definição apresentada por Aurora Tomazini, que compreende a vigência como a 
qualidade que permite à norma produzir efeitos jurídicos no tempo. Um exemplo 
claro disso é o período da vacatio legis, durante o qual a norma já existe no 
ordenamento, mas ainda não está apta a gerar efeitos concretos. O mesmo ocorre 
com a anterioridade tributária. 
 
(iii) Sobre a incidência, o próprio artigo 4º da norma traz a regra quanto ao 
momento em que ela incidirá: o primeiro dia do quarto mês de cada exercício 
financeiro. Com base nisso, a primeira incidência se deu em 1º de abril de 2017, 
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com ocorrências subsequentes em 1º de abril de 2018 e 1º de abril de 2019, até o 
julgamento de sua inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal. 
 
(iv) Por fim, no que diz respeito à eficácia, entende-se que a norma produziu efeitos 
jurídicos desde sua publicação até a data da declaração de sua 
inconstitucionalidade. Ainda assim, ela pode continuar gerando efeitos em 
determinados contextos, a depender da modulação definida pela Corte. Logo, a 
eficácia, assim como a validade, pode permanecer em certas hipóteses, conforme 
os critérios adotados pelo STF ao modular os efeitos de sua decisão. 
 
6) Uma lei inconstitucional (produzida materialmente em desacordo com 
a Constituição Federal – porém ainda não submetida ao controle de 
constitucionalidade) é válida? O vício de inconstitucionalidade pode ser 
sanado por emenda constitucional posterior? (Vide anexos VII, VIII e IX) 
 
Compreende-se que uma lei materialmente inconstitucional, isto é, elaborada em 
desacordo com a Constituição Federal, mas ainda não submetida a controle de 
constitucionalidade, mantém sua validade. Assim, continuará a produzir efeitos 
enquanto permanecer no ordenamento jurídico. Até que seja formalmente 
declarada inconstitucional, essa norma permanece apta a regular os fatos previstos 
em sua hipótese de incidência. 
 
No que se refere ao vício de inconstitucionalidade, trata-se de um defeito 
irreparável, de modo que uma lei posterior não pode convalidar uma norma 
anterior que seja inconstitucional, mesmo que isso seja tentado por meio de 
emenda constitucional. 
 
Com base nesses fundamentos, concordamos com o entendimento expresso no 
Anexo VII, que, à luz do RE n.º 346.084/PR, destaca que o ordenamento jurídico 
brasileiro não admite a figura da constitucionalidade superveniente.

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