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CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA PARA GESTÃO EMPRESARIAL Ivam Carlos Gobetti 1 Norberto Tamborlin 2 Resumo O mundo está cada vez mais globalizado, aumentando a competitividade das organizações a cada dia e a busca de novos clientes é disputada por pequenos detalhes. Os produtos oferecidos hoje pelos fabricantes são muito similares, pois a qualidade dos produtos não é mais um diferencial e sim uma obrigação dos fornecedores. Isto faz com que as organizações comecem a buscar alternativas para produzir com o mesmo nível de qualidade com o menor custo possível. Mas para manter um certo nível de qualidade existe um custo, porém muitas vezes as organizações não estão preocupadas com este custo. Portanto o objetivo geral desta pesquisa é identificar quanto custa para manter o nível de qualidade aceitável pelo cliente. O objetivo específico é identificar como está dividido os custos da qualidade, entre avaliação, prevenção e falhas internas e externas em uma determinada família de peças fabricadas pela empresa Electro Aço Altona. Palavras-chave: Custo da Qualidade, Produtividade, Melhoria no Processo e Qualidade. Introdução Em um cenário econômico cada vez mais competitivo, torna-se intensa a busca por redução de custo e troca de informações frente as novas tecnologias. Neste ambiente, para se manterem vivas e competitivas as empresas buscam produzir com qualidade o que exige um sistema de controle efetivo. A qualidade hoje é um assunto que cada vez mais está recebendo atenção no mundo todo. A competitividade e a globalização fazem com que este tema tenha prioridade, porque a qualidade não demonstra ser apenas um diferencial no produto, 1 Graduado em Administração de Empresas pelo Instituto Blumenauense de Ensino Superior – IBES. (ivam.gobetti@altona.com.br). 2 Professor Orientador. Especialista, – IBES Instituto Blumenauense de Ensino Superior. (norbin@unibes.com.br). Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br mas uma necessidade para a satisfação do mercado. Porém a qualidade não pode ser implementada a qualquer custo, o equilíbrio entre a necessidade e satisfação do cliente, e o quanto a empresa pode investir nesse processo deve ser levado em consideração. Muitas vezes o cliente não está disposto a pagar por determinado nível de qualidade. A ferramenta custo da não qualidade, tem como objetivo identificar os problemas da não qualidade de uma forma que seja possível também identificar oportunidades para redução de custos, identificando oportunidades para reduzir o número de não conformidade e reclamações dos clientes e ainda identificar o equilíbrio entre os itens que compõem o valor do nível da qualidade colocada no mercado. Na empresa na qual foi desenvolvido o trabalho, percebe-se várias oportunidades para aplicação desta ferramenta, uma vez que a empresa possui diversas certificações internacionais, e está sempre motivada na busca de melhoria no processo e reduções de custos. O que motivou o desenvolvimento deste trabalho em relação ao tema. 2 Fundamentação Qualidade é um termo usado diariamente nas empresas e na vida das pessoas. A preocupação com a qualidade não é recente. As empresas têm-se preocupado com a qualidade do produto desde os primórdios da era industrial. O que se pode considerar mais ou menos recente, conforme Robles Jr. (1996), é a preocupação com o processo. Não só com o processo fabril, mas também com todos os processos de que a empresa lança mão para atender e satisfazer os consumidores. A definição da palavra qualidade no dicionário oferece uma dúzia de significados, para Juran (1992), dois deles são de grande importância para os gerentes. As características do produto é uma dessas definições. Aos olhos dos clientes, quanto melhores as características do produto, mais alta a qualidade. A ausência de deficiências é outra importante definição de qualidade. Aos Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br olhos dos clientes, quanto menos deficiência, melhor a qualidade. Alguns clientes, em especial os consumidores, não reconhecem necessariamente a existência de duas espécies bastante diversas de qualidade. Por falta desta definição, pode ocorrer algum comentário como: Eu conheço quando vejo. Porém esta distância precisa ser reconhecida pelo gerente, uma vez que os respectivos impactos são sobre assuntos tão diversos como possibilidade de vendas e custos. Para Juran (1992, p. 9) as lições mais importantes para o gerente são: As características do produto afetam as vendas. No caso desta espécie, a qualidade mais alta normalmente custa mais caro. As deficiências do produto afetam os custos. No caso desta espécie, a qualidade mais alta normalmente custa menos. As diferenças nestas duas espécies de qualidade impossibilita que se faça a junção em uma única frase que as descreva em conjunto. Essas definições de qualidade não são de aceitação universal. Muitas empresas buscaram outras definições consistentes devido as suas necessidades. Maximiano (2000, p.) diz que “na administração, o enfoque da qualidade nasceu para resolver, em primeiro lugar o problema da uniformidade.” Isto se deu devido a expansão industrial, pois a produção em massa exigia um controle estatístico da qualidade e o menor número possível de falhas. Há muitas definições para a idéia de qualidade. Para Reeves e Bednar (1994, apud MAXIMIANO, 2000), as mais importantes são: excelência, valor, especificações, conformidade e regularidade. Iremos fazer um breve relato de cada uma delas. Excelência – onde a idéia principal é “fazer bem feito da primeira vez”, ou seja qualidade com padrão elevado de desempenho em qualquer campo de atuação. Valor – Feigenbaum (1951, apud MAXIMIANO, 2000, p.187) argumentou: “que a noção de valor era relativa e tinha que ser considerada em qualquer definição de qualidade:Qualidade não tem o sentido popular de melhor. Qualidade significa melhor para determinadas condições do cliente. Estas condições são (a) a utilização e (b) o preço de venda do produto. A qualidade não pode ser vista independentemente do custo.” Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br Portanto, a qualidade pode variar, quanto mais qualidade o produto tiver, mais alto será seu valor. Especificações – Maximiano (2000) quando se define qualidade em termos de especificações passa a ser problema dos engenheiros, pois são estes que descrevem o produto conforme sua utilidade, desempenho e atributos que possui. Conformidade – Maximiano (2000, p.188) diz que “um produto ou serviço de qualidade é aquele que está dentro das especificações planejadas. Não- conformidade significa falta de qualidade.” Então conclui-se que o produto ou serviço deve estar de acordo com as especificações do projeto. Adequação ao Uso – esta expressão, para Maximiano (2000, p.188) abrange dois significados, “qualidade do projeto e ausência de deficiências: projeto excelente, produto ou serviço de acordo com o projeto.” Outro autor, David A. Garvim, em seu trabalho mais recente (1992, apud ROBLES JR.,1996, p. 23) não definiu Qualidade, porém, propôs várias abordagens às visões de Qualidade. As abordagens de Garvim levam em conta as visões: Transcendente, do Produto, do Usuário, da Produção e do Valor. A visão Transcendente afirma que a Qualidade é sinônimo de “excelência inata”; a baseada no Produto, que enxerga a Qualidade como algo preciso e mensurável; a baseada no Usuário parte da premissa de que a Qualidade está diante dos olhos de quem observa; a da Produção, encara Qualidade como conformidade às especificações e a do Valor define Qualidade em termos de custos e preços. Pode-se concluir então que todas as abordagens tem um único foco: o consumidor, que deve ser o principal motivo para que se produza com qualidade, visando atender e satisfazer todas as suas necessidades. Custos da Qualidade As definições de custos da qualidade são variadas e dependem do entendimento de qualidade e das estratégias adotadas pela empresa, o que vai levar a diferentes aplicações e interpretações. Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br Para Juran (1992), os custos da qualidade são aqueles custos que não existiriam se o produto fosse fabricado perfeito na primeira vez, estando associados com as falhas na produção que levam a retrabalho, desperdício e perda de produtividade. Então, os custos da qualidade estão relacionados com a conformação ou ausência de conformação aos requisitos do produto ou serviços. Feigembaum (1994, p. 151) define custos da qualidade como: Os custos associados à definição e controle da qualidade assim como avaliação e realimentação de conformidade com exigência em qualidade, confiabilidade, segurança e também custos associados às conseqüências provenientes de falha, em atendimento a essas exigências, tanto no interior da fábrica como nas mãos dos clientes. Portanto custo da qualidade pode ser definido como todo gasto despendido pela empresa para obter qualidade. Os custos da qualidade podem ser qualquer despesa da fabricação ou de serviço que ultrapassem as que teria havido se o produto tivesse ou serviço tivesse sido prestado com perfeição da primeira vez. De acordo com Toledo (1987, apud ROBLES JR., 1996, p. 59): A capacidade da empresa de produzir Qualidade deve ser considerada em dois níveis: sua capacitação para gerar a qualidade de projeto e a capacitação para gerar a qualidade da conformação. Portanto, a produção com qualidade deve contar com equipamentos adequados, mão-de-obra treinada, disponibilidade de tecnologia e um aprimorado sistema de controle de qualidade. Com isto, conclui-se que ao contar com equipamentos adequados, funcionários treinados, tecnologia e controle de qualidade, o principal desafio das empresas deve ser o de produzir com qualidade a um menor custo possível. Classificação dos Custos da qualidade Quanto à classificação dos Custos, Feigenbaum (1994) o faz em dois grandes grupos: os Custos do Controle e os Custos de Falhas no Controle. Estes dois grupos se subdividem em Prevenção e Avaliação (no caso dos Custos do Controle) e em Custos de Falhas Internas e custos de Falhas Externas (relativamente aos Custos de Falhas no Controle). Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br Outra forma de classificar os custos da qualidade é através da definição de custos voluntários e custos involuntários, sendo os voluntários aqueles incorridos que podem ser controlados pela empresa (custos de prevenção e de avaliação) e os custos involuntários, os provenientes de falhas internas e falhas externas. Segundo Carvalho (1992) há três classificações principais em que os custos da qualidade e da não-qualidade normalmente são alocados: Prevenção Avaliação Falhas: Internas Externas Face esse estudo nos próximos tópicos abordaremos sobre custos da qualidade. Custos de Prevenção Ainda conforme Carvalho (1992), Custos de Prevenção são aqueles associados com os esforços para prever que ocorram defeitos e evitar gastos com erros no sistema produtivo. São classificados geralmente como custos de prevenção: ● Planejamento do sistema de qualidade; ● Revisões do projeto de novos produtos; ● Avaliação do sistema da qualidade e a capacidade tecnológica; ● Revisão de ordens de compra, para garantir o controle do processo; ● Análise e aquisição de dados para melhoria do produto; ● Estudos da capacidade de máquinas e processos; ● Planejamento e manutenção dos equipamentos de inspeção/testes; ● Controle do processo do projeto pelo pessoal operacional; ● Treinamento para os funcionários, visando promover a prevenção de defeitos; ● Avaliação e reavaliação do programa da qualidade e a ação preventiva necessária; ● Programas de melhoria da qualidade. Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br Então os custos com prevenção constituem todos os atos procedimentos necessários para que o produto tenha a qualidade esperada pelo cliente e que produtos e componentes insatisfatórios ou defeituosos não sejam produzidos. Custos de Avaliação ● Custos de Avaliação são os gastos com as atividades de inspeção e testes, antes de serem remetidos ao cliente, conforme o que diz Carvalho (1992). ● Pode-se classificar como Custos de Avaliação: ● Inspeção e testes de equipamentos e materiais utilizados; ● Testes para avaliação de protótipos, incluindo ensaios não destrutivos; ● Utilização de novos materiais; ● Testes e inspeção nos materiais comprados e nos componentes fabricados, para avaliação do projeto; ● Inspeção e auditoria durante o processo das operações de manufatura; ● Verificação de laboratórios credenciados e especialistas de segurança, visando o controle de qualidade do processo; ● Auditoria nos estoques, avaliando as danificações na matéria-prima e outros componentes em estoque; ● Custos de inspeção, treinamento de pessoal, materiais consumidos, tempo de montagem e depreciação dos equipamentos de testes; ● Testes de confiança, com revisão da Engenharia de Produtos e testes de campo dos produtos, antes da liberação para o cliente. ● Com isso conclui-se que custos com avaliação são os gastos com atividades devolvidas na identificação de unidades defeituosas ou componentes defeituosos antes de ser enviado para o cliente. Custos de Falhas Custos de Falhas são aqueles resultantes de algum erro no processo produtivo ou fora do ambiente da empresa, seja por falha humana ou mecânica. Maximiano (2000, p. Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br 190) diz que: A falta de adequação ao uso acarreta prejuízos para o cliente e para a organização e gera os custos da não-qualidade, outra idéia importante dentro do moderno enfoque da qualidade na administração. Os custos da não-qualidade também se agrupam em duas categorias custos internos e custos externos dos defeitos. Aumentar a adequação ao uso significa reduzir ou eliminar esses custos, o que implica maior eficiência dos recursosprodutivos. É por isso que mais qualidade custa menos. Portanto, conclui-se que buscar a qualidade total, tentando reduzir os custos de falhas levará a melhoria do produto acabado, o que terá um baixo custo de produção e que melhor identificará o tipo de falhas, internas ou externas, a serem eliminadas no decorrer do processo. Custos de Falhas Internas Para Maximiano (2000), os custos de falhas internas baseiam-se em: ● Perda de material e trabalho, devido a erros cometidos, que resultam na rejeição do produto, que foi classificado como refugo ou sucata; ● Recuperação de unidades defeituosas; ● Retrabalho, incluindo o tempo gasto pelo pessoal da qualidade, engenharia e fabricação; ● Custos da utilização de materiais já utilizados para recuperação de peças defeituosas; ● Tempo de reprojeto devido as falhas do projeto ou erros de produção; ● Custos de uma empresa ociosa para que ocorra as correções no material ou máquinas; ● Custos de horas extras; ● Custos de estoques adicionais ou perda de material com defeito. Com isso entende-se que custo com falhas internas são aqueles que são identificados internamente na organização entes dos produtos ser despachado para o cliente. Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br Custos de Falhas Externas Ainda Maximiano (2000) nos diz que os custos de falhas externas estão baseados nos itens abaixo: ● Custos para atendimento de reclamações do cliente, devido ao manuseio do produto; ● Correção dos produtos devolvidos e ou substituição dos mesmos no prazo de garantia; ● Custos com defeitos de fabricação e assistência técnica, refaturamento, multas por descumprimento do prazo contratual; ● Custos com viagens, estadia para inspeção e testes de campo; ● Vendas perdidas e insatisfação dos clientes também geram custos. Os custos de falhas externas entende-se que são aqueles que acontecem por problemas ocorridos após a entrega do produto ao cliente, ou seja os associados às devoluções, queixas ou reclamações dos cliente. 3 Desenvolvimento do Trabalho Os dados para a elaboração deste trabalho foram coletados no período de 01/03/06 a 31/08/06, no setor de rebarbação cinco na Unidade de Produtos Repetitivos. Durante o período de seis meses foram acompanhados os custos com a qualidade em uma família de peças que são compostas por quatro modelos, onde foram identificados como modelos “A”, “B”, “C” e “D”. Estas peças são de grande importância para o resultado geral da empresa, as mesmas demonstravam um grande número de não conformidade tanto dos clientes internos como dos clientes externos. Para o acompanhamento dos custos com a qualidade foram acompanhados os custos com Avaliação, Prevenção e Falhas Internas e Externas, conforme serão apresentado em seguida. Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br Custos de Falhas Internas Custo de falhas internas conforme Maximiano (2000) baseia-se em: Perda de material e trabalho devido a erros cometidos, que resultam na rejeição do produto que foi classificado como refugo ou sucata. Recuperação das unidades defeituosas. Retrabalho, incluindo o tempo gasto pelo pessoal da qualidade, engenharia e fabricação; Custos da utilização de materiais já utilizados para recuperação de peças defeituosas; Tempo de reprojeto devido as falhas do projeto ou erros de produção; Custos de uma empresa ociosa para que ocorra as correções no material ou máquinas; Custos de horas extras; Custos de estoques adicionais ou perda de material com defeito. Para esta pesquisa foram considerados como custo de falhas internas os seguintes itens: Retrabalho; Recuperação pelo processo de soldagem; Consumíveis para a soldagem (eletrodos); Jateamento; Refugo. Total de Falhas Internas O gráfico 1 mostra os custos totais com falhas internas, onde estão representados todos os motivos, e mostras que os com valores mais altos foram a recuperação e o retrabalho que juntos representam quase 70% do custo total com falhas internas, que tem um total para os cinco motivos R$ 1.831.154,61 (Um Milhão oitocentos e trinta e um Mil e cento e cinqüenta e quatro reais e sessenta e um centavos). Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br R$ 623.625 R$ 653.058 R$ 68.094 R$ 275.352 R$ 275.232 R$ - R$ 100.000 R$ 200.000 R$ 300.000 R$ 400.000 R$ 500.000 R$ 600.000 R$ 700.000 RECUPERAÇÃO RETRABALHO CONSUMO DE ELETRODO JATO REFUGO Motivos R $ Gráfico 1 – Custo por motivo de falhas internas mar./ago. de 2006 Fonte: Pesquisador (2006). Falhas Externas Para Maximiano (2000) os custos de falhas externas estão baseados nos itens abaixo: Custos para atendimento de reclamações do cliente, devido ao manuseio do produto; Correção dos produtos devolvidos e ou substituição dos mesmos no prazo de garantia; Custos com defeitos de fabricação e assistência técnica, refaturamento, multas por descumprimento do prazo contratual; Custos com viagens, estadia para inspeção e testes de campo; Vendas perdidas e insatisfação dos clientes também geram custos. Os custos de falhas externas entende-se que são aqueles que acontecem por problemas ocorridos após a entrega do produto ao cliente, ou seja os associados às devoluções, queixas ou reclamações dos clientes. Para elaboração desta pesquisa foram considerados os seguintes itens: Abatimento e retrabalho feito no cliente. Devoluções e custo com frete especial. Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br Total com custo de Falhas Externas A gráfico 2 mostra o custo total com falhas externas, onde apresenta que quase 100 % dos custos são com relação a abatimento e retrabalho feito pelo cliente, e apenas R$ 680,00 (Seiscentos e oitenta reais) são gastos com devoluções e frete especial, a soma deste custos apresenta um valor total de R$ 173.203,00 (Cento e setenta e três mil e duzentos e três reais). 173.203,00 620 R$ 0,0 R$ 20.000,0 R$ 40.000,0 R$ 60.000,0 R$ 80.000,0 R$ 100.000,0 R$ 120.000,0 R$ 140.000,0 R$ 160.000,0 R$ 180.000,0 Abatimento e retrabalho feito no cliente Devoluções e custo com frete especial. Gráfico 2 – Custo por motivo de falhas Externas mar./ago. de 2006 Fonte: Pesquisador (2006). Custos com Avaliação Custos com Avaliação são os gastos com as atividades de inspeção e testes que são realizadas antes de serem enviados para o cliente, Carvalho (1992) classifica como custo de Avaliação as seguintes operações: Inspeção e testes de equipamentos e materiais utilizados; Testes para avaliação de protótipos, incluindo ensaios não destrutivos; Testes e inspeção nos materiais comprados e nos componentes fabricados, para avaliação do projeto; Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIALRICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br Inspeção e auditoria durante o processo das operações de manufatura; Verificação de laboratórios credenciados e especialistas de segurança, visando o controle de qualidade do processo; Auditoria nos estoques, avaliando as danificações na matéria-prima e outros componentes em estoque; Inspeção e testes de protótipos; Para a formação dos custos com avaliação, inicialmente foram levantado junto a controladoria o custo total com relação avaliação para a Unidade de Produto Repetitivos, onde consta vinte e dois inspetores que trabalham efetivamente na Unidade. Como a pesquisa foi feita no setor de rebarbação cinco onde as peças são inspecionadas e neste setor trabalham efetivamente nove inspetores, considerou-se qual é custo total para os vinte e cinco inspetores e foi feito uma forma de rateio para os nove inspetores. (Gráfico 3) R$ 0,00 R$ 10.000,00 R$ 20.000,00 R$ 30.000,00 R$ 40.000,00 R$ 50.000,00 R$ 60.000,00 R$ 70.000,00 R$ 80.000,00 Material Direto Mão de Obra Direta Material Indireto Mão de Obra Indireta Gastos Gerais Fixos Gráfico 3 – Custo total com avaliação mar./ ago. de 2006 Fonte: Pesquisador (2006). O gráfico 3 mostra que os custos referente avaliação, tem o maior percentual é com relação a mão de obra direta e os gastos fixos, que juntos apresetam mais de 70 % do valor total, que a somam de todos os custos apresenta um valor de R$ 171.280,00 ( Cento e setenta e um mil duzentos e oitenta reais). Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br Custos com Prevenção Segundo Robles (1996) custo com prevenção são os gastos com atividades no intuito de assegurar que não sejam produzidos produtos defeituosos ou insatisfatório. Os gastos com prevenção compreendem tanto que constituem todos os atos procedimentos necessários para que o produto tenha a qualidade esperada pelo cliente, que estão relacionada com as atividades abaixo: Custos necessários para ter um sistema de engenharia de qualidade. Custos de promover simpósios e reuniões sobre qualidade. Custos de educação e treinamentos com relação a qualidade do trabalho. Custos para evitar novas ocorrência e falhas. Custos com supervisão e manutenção preventiva. Para a formação dos custos com prevenção, inicialmente foram levantado junto a controladoria o custo total da empresa com relação prevenção. Como a pesquisa foi feita em um determinado setor e por uma família de peças, considerou- se qual é o percentual que estas peças representam no faturamento da empresa. Com isso foi considerando através de rateio utilizou-se o mesmo percentual do faturamento para os custos de prevenção, para família de peças, que assim ficou dividida. (Gráfico 4) R$ 0,0 R$ 10.000,0 R$ 20.000,0 R$ 30.000,0 R$ 40.000,0 R$ 50.000,0 R$ 60.000,0 Material Direto Gastos Gerais Variaveis Material Indireto Mão de Obra Indireta Gastos Gerais Fixos Gráfico 4 – Custo total com prevenção mar/ago de 2006 Fonte: Pesquisador (2006). Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br O gráfico 4 mostra claramente que o maior custo é mão de obra indireta que representa aproximadamente 55% dos custos com Prevenção, seguido dos gastos fixos gerais que representa 40%. Que apresenta um valor total com Prevenção de R$ 91.212,00 (Noventa e um Mil e duzentos e doze reais). Total com Custo da Qualidade Após o levantamento dos quatro tipos de custo que compõe o custo da qualidade, se observa o grande volume de capital que é necessário para manter o nível da qualidade requerida pela organização. No gráfico 5 mostra todos os custos com a qualidade, ou os custos para manter um nível de qualidade. Onde foram considerados os custos com falhas internas, falhas externas, custo com prevenção e avaliação. E mostra claramente que o custo mais elevado é em com falhas internas que representa mais de 80% do custo total. E a soma de todos os custos apresentam um valor de R$ 2.331.656,53 ( Dois milhões trezentos e trinta e um mil seiscentos e cinqüenta e seis reais e cinqüenta e três centavos). R$ 1.895.361 R$ 173.804 R$ 91.212 R$ 171.280 R$ - R$ 200.000 R$ 400.000 R$ 600.000 R$ 800.000 R$ 1.000.000 R$ 1.200.000 R$ 1.400.000 R$ 1.600.000 R$ 1.800.000 R$ 2.000.000 Custo Total com falhas Intenas Custo Total com falhas Externas Custo Total com Prevenção Custo total com Avaliação Modelos Gráfico 5 – Total com custo da qualidade mar./ ago. de 2006 Fonte: Pesquisador (2006) Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br Oportunidade de redução de custos Dentro dos objetivos um dos itens era identificar oportunidade de redução de custo. Através da pesquisa pode-se identificar que uma oportunidade de redução dos custos está dentro das falhas internas, que são os custos com jateamento, onde identificou-se que uma única peça chega e ser jateada até cinco vezes antes de ser entregue no depósito fabril. Sendo que antes de cada inspeção a peça é jateada e muitas vezes não há necessidade de executar esta operação. Se este processo for reduzido apenas uma vez a empresa terá uma economia mensal de R$ 22.296,00 (Vinte e dois Mil duzentos e noventa e seis reais) somente com esta família sendo que também poderá utilizar esta oportunidade para diversos outros modelos de peças. 4 Considerações Finais Na pesquisa realizada foram identificados os custos da qualidade e mostrou- se que falhas internas é o mais significativo dentro deste existe dois motivos que demonstram ter valores mais elevados. Primeiramente é o retrabalho, que corresponde a um valor de R$ 623.624,64 (Seiscentos e vinte e três mil e seiscentos e vinte quatro reais e sessenta e quatro centavos), e o outro é o custo com a recuperação por solda que corresponde a R$ 653.053,97 (Seiscentos e cinqüenta e três mil e cinqüenta e três reais e noventa e sete centavos). E a soma de todos os custos com falhas interna é de R$ 1.831.154,61 (Um Milhão oitocentos e trinta e um Mil e cento e cinqüenta e quatro reais e sessenta e um centavos). Este valor representa 80% do total dos custos com a qualidade. Com isso responde-se o objetivo específico que é identificar os custos com falhas internas. A falha externa mostra uma grande divergência entre o mercado interno e as exportações, pois a empresa exporta 40% das peças produzidas e 60% ficam no mercado interno, sendo que são adotados os mesmos níveis de qualidade para todas as peças produzidas. Com a pesquisa identifica-se claramente que os custos com falhas externas é quase somente para o mercado externo, onde apresentou durante o período de 01 de Março até 31 de Agosto de 2006 um valor de R$ Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br 173.203,80 (Cento e setenta e três mil e duzentos e três reais e oitenta centavos) e este valor foi cobrado pelo cliente que fez o retrabalho e a recuperaçãodas peças em sua empresa, porque a devolução das peças para a Altona fazer a recuperação torna-se inviável, pois o valor do frete é muito alto. E apresentou apenas R$ 680,00 (Seiscentos e oitenta reais) com custos de falhas externas para o mercado interno. E a soma dos custos com falhas externas tem o total de R$ 173.823,80 (Cento e setenta e três mil e oitocentos e vinte e três reais e oitenta centavos). Com isso responde-se o objetivo específico que é identificar os custos com falhas externas. Podemos aqui deixar um questionamento para futuras pesquisas, por que o cliente do mercado externo identifica mais não conformidade nos produtos recebidos? O custo com avaliação também mostrou ter valor significativo pois para fazer a inspeção das peças pesquisadas, trabalham efetivamente nove inspetores qualificados que executam os ensaios de Ultrasom, Partículas Magnéticas, e ensaio de Visual. Estes inspetores representam 36 % dos inspetores da Unidade de produtos Repetitivos, e as peças pesquisadas representam 28 % do valor do faturamento de toda unidade. E para avaliação apresentou um valor total de R$ 171.280,00 (Cento e setenta e um mil duzentos e oitenta reais). Com isso responde- se o objetivo especifico que é identificar com avaliação. Os custos com a prevenção foi onde encontrou-se a maior dificuldade em conseguir chegar ao valor correto, pois como a empresa tem um setor de Gestão Integrada da Qualidade que trabalha para toda a organização, e este setor é responsável por todas as certificação, qualificações de inspetores, enfim este setor e responsável para que a empresa tenha um sistema de qualidade, que gera satisfação dos clientes com os produtos que são produzidos. E mostrou o custo total deste quesito foi de R$ 91.212,00 (Noventa e um Mil e duzentos e doze reais). Com isso responde-se o objetivo especifico que é identificar os custos com a prevenção. Através da realização deste trabalho de conclusão de curso, identificou-se que há uma grande oportunidade para a organização em reduzir custos, porém se abre alguns questionamentos como por exemplo; será que não pode ser mudado o processo na busca de melhoria para reduzir os custos com as falhas internas? O cliente está disposto a continuar pagando estes custos com falhas internas? Estes questionamentos podem ser respondidos através de outros trabalhos que poderão Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br ser realizados em relação ao tema que foi abordado. No início do trabalho pressupõe-se que a empresa tinha um custo com a qualidade de 8% sobre seu preço de venda. Após a realização da pesquisa indentificou-se que a empresa tem um custo de 14% sobre seu preço de venda, para garantir que o produto seja entregue com um nível de qualidade aceitável pelo cliente. Como a empresa possui uma ferramenta de muito sucesso, denominada 6 sigma, uma sugestão que pode ser deixada para a Electro Aço Altona, é iniciar um projeto 6 Sigma, com objetivo de reduzir os custos com a qualidade, pois foi identificado que usando esta metodologia há uma grande oportunidade de ganho e redução de custos. A empresa mostra também vários pontos positivos pois conseguiu-se identificar que está sempre voltada para satisfação dos clientes, cumprindo rigorosamente os prazos de entrega na maioria das vezes curtos. Possui um suporte técnico muito bem qualificado e comprometido com o sucesso e o crescimento da organização. Este suporte é prestado tanto dentro da empresa como no próprio cliente através de visitas técnicas para verificar realmente quais são suas necessidades e o que ele espera da Electro Aço altona S/A. Demonstra ainda estar sempre inovando em busca de novas tecnologias, procurando estar sempre na frente do concorrente. Especializada em soluções para fundidos em aços e ligas especiais, a Altona é destaque mundial, fornecendo seus produtos para mais de 20 países espalhado pelo mundo todo, representada pelos seus agentes de vendas, fornecendo fundidos em aços para setores como: Automotivo, Máquinas e equipamentos para a construção e mineração, Transporte pesado, Geração de Energia (Hidroelétrica, Termoelétrica, e Nuclear), Naval, Mineração, Siderúrgico, Química, Petroquímica e Dragagem. Outro fator que considera-se muito positivo foi que a partir de 2003 a empresa começou adotar a metodologia 6 Sigma. E hoje vem mostrando ser um verdadeiro sucesso com os projetos já concluídos tanto na redução de custos como no aumento de produtividade, reduzindo os índices de falhas no processo e diversas outras melhorias. Ivam Carlos Gobetti CUSTO DA QUALIDADE UMA FERRAMENTA Norberto Tamborlin PARA GESTÃO EMPRESARIAL RICA - Blumenau v.1, n.1 2007/1 ISSN 1980-7031 www.unibes.edu.br REFERÊNCIA JURAN, J. M. A qualidade desde o projeto. São Paulo: Pioneira, 1992. LEONE, George Sebastião Guerra. Custos: planejamento, implantação e controle. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MAXIMIANO, Antônio C. A. Teoria geral da administração. São Paulo: Atlas, 2000. ROBLES JÚNIOR, Antonio. Custos da qualidade: uma estratégia para a competição global. São Paulo: Atlas, 1996. ROTONDARO, Roberto G. Seis Sigma: estratégia gerencial para a melhoria de processos, produtos e serviços. São Paulo: Atlas, 2002.