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1. Doenças do mediastino. 1. Descrever a anatomia do mediastino Limites: o desfiladeiro torácico, superiormente, o diafragma, inferiormente, o esterno, anteriormente, a coluna vertebral, posteriormente, e as pleuras parietais, lateralmente. Dividido em três compartimentos: anterossuperior (inclui timo, linfonodos e gordura), médio (ou compartimento visceral: espaço que contém o coração e o pericárdio, e no qual se encontram as aortas ascendente e transversa, os troncos braquiocefálicos, os nervos frênicos e vago, traqueia, os brônquios e os linfonodos) e posterior (limitado anteriormente pelo coração e pela traqueia e se estende posteriormente à coluna vertebral torácica e goteiras paravertebrais; contém o esôfago, a aorta descendente, as veias ázigo e hemiázigos, o ducto torácico, a cadeia simpática e os linfonodos. 2. Discutir a fisiopatologia da síndrome da veia cava superior. A veia cava superior é formada pela fusão das veias braquiocefálicas direita e esquerda, na porção superior do mediastino médio, recebendo, portanto, a drenagem venosa da cabeça, pescoço, membros superiores e caixa torácica. Tem cerca de 7 cm de extensão e desemboca no átrio direito. Na transição de seu terço médio para caudal recebe a veia ázigos. Relaciona-se com: aorta ascendente (medialmente), traquéia e linfonodos paratraqueais (póstero-medialmente), timo e linfonodos mediastinais anteriores (anteriormente), artéria pulmonar (posteriormente em seu terço caudal) e pleura mediastinal (lateralmente). A situação anatômica da veia cava superior, associada à baixa pressão do vaso, a torna facilmente compressível por processos expansivos em estruturas adjacentes. A obstrução da veia cava superior leva a alterações importantes nos trajetos naturais de drenagem venosa. Quando a obstrução é acima da entrada da veia ázigos, o fluxo oriundo do segmento cefálico e membros superiores drenam, através de colaterais, para a veia ázigos, alcançando, por fim, o átrio direito. Quando a obstrução inclui a veia ázigos, o fluxo dos sistemas cefálico, membros superiores e torácicos drena para a veia cava inferior através de colaterais, especialmente veias torácicas laterais, veias torácicas internas e sistema ázigos. Vale lembrar que o desenvolvimento das vias colaterais é um processo lento e gradual. Quando as colaterais ainda não se formaram, por obstrução aguda, ou não dão vazão ao fluxo sanguíneo, ocorre hipertensão do sistema venoso braquiocefálico. Nesta condição, ocorre edema neste território e o paciente fica sintomático, podendo inclusive evoluir com edema cerebral, provocando sintomas neurológicos, e de pregas vocais, provocando estridor e insuficiência respiratória. 3. Discutir as terapias, clínica e cirúrgica, da síndrome da veia cava superior. Os achados ao exame físico mais frequentes e evidentes são: edema facial e de membros superiores, que é mais significativo ao acordar, e circulação colateral na parede torácica. Outros achados de exame físico são cianose, pletora facial, síndrome de Horner (lesão ao sistema nervoso simpático causando ptose parcial - queda parcial da pálpebra superior por desnervação do músculo tarsal superior (músculo de Müller), miose, enoftalmia e anidrose) e paralisia de corda vocal. Ao examinar a circulação colateral no tórax, observa-se que seu fluxo tem direção caudal, diferentemente do fluxo normal, cuja direção é cranial. Pode ser observado também o sinal de Pemberton, que consiste em eritema facial e distensão da veia jugular, em posição vertical, que evolui para cianose e edema facial quando o paciente eleva os braços. No exame físico, assim como na história clínica, devem ser pesquisados ativamente sinais que auxiliem no diagnóstico da etiologia da SVCS, procurando-se por lindonodomegalias (linfoma, neoplasias), tumorações em mama e tireoide, alterações na ausculta pulmonar (tumor de pulmão, derrame pleural) baqueteamento digital e osteoartropatia hipertrófica (neoplasia de pulmão) e outros achados de exame físico que levem ao diagnóstico. Diagnóstico: história clínica e exames de imagem (radiografia de tórax, tomografia computadorizada de tórax, ressonância nuclear magnética, cavografia). Opções terapêuticas da SVCS Oxigenioterapia, decúbito elevado e repouso Paliativo, melhora clínica discreta em pacientes sintomáticos (conduta inicial) Corticosteróides, diuréticos Objetivo também paliativo. Uso controverso e sem suporte de literatura. Observa-se melhora clínica em alguns casos, porém, associado a complicações Amanda Batista – Turma XXII Quimioterapia neoplasia de pulmão pequenas células, linfoma Radioterapia Neoplasias de pulmão, linfoma, neoplasias tímicas e de células germinativas, neoplasias metastáticas Tratamento endovascular Trombose de veia cava. Paliativo, adjuvante à terapia primária em pacientes muito sintomáticos Tratamento cirúrgico Doença benigna com sintoma persistente. Falha na terapia não-cirúrgica em paciente sintomático 4. Classificar as neoplasias do mediastino. Classificação de cistos e tumores mediastinais primários: • Tumores neurogênicos (23%): neurofibroma, neurilemoma, paraganglioma, ganglioneuroma, neuroblastoma, quemodectoma, neurossarcoma. Esses tumores originam-se dos gânglios Amanda Batista – Turma XXII simpáticos, dos nervos intercostais, e das células paraganglionares. Tumores encontrados em radiografias de tórax de rotina em pacientes assintomáticos e seus sintomas são quase sempre causados por fatores mecânicos e seus sintomas sistêmicos são causados por produção de agentes neuro-hormonais. • Timoma (21%): benigno e maligno. Ocorre mais entre a terceira e a quinta década de vida. Relacionado com sintomas sistêmicos causados por mecanismos imunológicos. • Linfoma (13%): doença de Hodgkin, linfoma linfoblástico, linfoma de grandes células. • Tumores de células germinativas (12%): teratodermoide (benigno e maligno), semioma, não semioma (embrionário, coriocarcinoma e endodérmico). • Carcinomas primários • Tumores mesenquimais: fibroma/fibrossarcoma, lipoma/lipossarcoma, leiomioma/leiomiossarcoma, rabdomiossarcoma, xantogranuloma, mixoma, mesotelioma, hemangioma, hemangioendotelioma, hemangiopericitoma, linfangioma, linfangiomioma, linfangiopericitoma. • Tumores endócrinos: tioreideo intratorácico, adenoma/carcinoma paratireoideo, carcinoide. • Cistos: broncogênicos, pericárdicos, entéricos, tímicos, ducto torácico, inespecíficos. • Hiperplasia do linfonodo gigante: doença de Castleman. • Condroma • Hematopoese extramedular 5. Discutir as características clínicas dos tumores de mediastino. A apresentação clínica varia desde uma doença assintomática a sintomas relacionados com os efeitos mecânicos de invasão, ou de compressão, até sintomas sistêmicos. Dos pacientes com massa mediastinal, 56% a 65% têm sintomas. Pacientes com lesões benignas mais frequentemente são assintomáticos (54%) do que os pacientes com neoplasia maligna (15%). Características mais comuns: dor torácica, febre, tosse e dispneia. Sintomas relacionados com a compressão ou com a invasão das estruturas mediastinais, como a síndrome da veia cava superior, a síndrome de Horner, a rouquidão e a dor intensa são indicativos de um diagnóstico histológico maligno. Síndromes sistêmicas causadas pela produção de hormônios por neoplasias mediastinais: • Hipertensão: feocromocitoma, quemodectoma, ganglioneuroma, neuroblastoma. Ou seja, relacionados a tumores neurogênicos. • Hipoglicemia: mesotelioma, teratoma, fibrossarcoma, neurossarcoma. Ou seja, relacionados a tumores mesenquimais. • Diarreia: ganglioneuroma, neuroblastoma, neurofibroma. Ou seja, relacionados a tumores neurogênicos. • Hipercalcemia: adenoma/carcinoma paratireoideo, doença de Hodgkin. Ou seja, relacionado a linfoma e tumoresendócrinos. • Tireotoxicose: adenoma/carcinoma tireóideo. Ou seja, relacionados a tumores endócrinos. • Ginecomastia: tumor de células germinativas não seminomatoso. Síndromes sistêmicas associadas a neoplasias mediastinais: • Timoma: miastenia grave, aplasia de eritrócitos, anemia aplásica, hipogamaglobulinemia, anemia hemolítica, megaesôfago, dermatomiosite, LES, miocardite, doença vascular do colágeno. • Linfoma: anemia, miastenia grave. • Neurofibroma: doença de von Recklinghausen. • Carcinoide: síndrome de Cushing. • Carcinoide, timoma: adenomatose endócrina múltipla. • Timoma, neurofibroma, neurilemoma, mesotelioma: osteartropatia. • Cistos entéricos: alterações vertebrais, úlcera péptica. • Linfoma de Hodgkin: dor induzida por álcool, febre de Pel-Ebstein. • Neuroblastoma: opsoclono-mioclono, anormalidades dos eritrócitos. Amanda Batista – Turma XXII 6. Descrever a localização anatômica dos tumores do mediastino. Localização mais frequente das massas mediastinais: • Mediastino anterossuperior (54%): quatro “Ts” – timoma, teratoma (tumores de células germinativas), bócio da tireoide e linfoma terrível. • Mediastino posterior (26%): neurogênicos. • Mediastino médio (20%): maioria são cistos. Mais comuns: cistos do intestino anterior embrionário, cistos broncogênicos e cistos pericárdicos. Tumor mais comum: linfoma. Tumores de mediastino anterossuperior são mais malignos (59%) seguido pelo mediastino médio (29%) e depois posterior (16%). 7. Discutir indicação dos meios diagnósticos nos casos de tumores de mediastino. Objetivo da avaliação diagnóstica: • Diferenciar uma massa mediastínica primária de massas de outras causas que apresentem uma aparência radiológica semelhante. • Reconhecer manifestações sistêmicas associadas que possam afetar o curso clínico perioperatório do paciente. • Avaliar uma possível compreensão da árvore traquiebrônquica, da artéria pulmonar ou da veia cava superior. • Determinar se a massa é um tumor de células germinativas não seminomatosas. • Avaliar a possibilidade de sua ressecabilidade. • Identificar fatores significativos de comorbidades clínicas e otimizar as condições clínicas gerais. Exames de imagem: radiografia de tórax PA e perfil, TC contrastada (determina localização, tamanho, forma, densidade e composição da massa), RM (avaliação mais útil para visualização de massas mediastinais posteriores e de diversos cistos, fornece informações sobre o envolvimento do tumor com as principais estruturas vasculares), ecocardiografia (útil na visualização de tumores no mediastino médio ou em pacientes com tamponamento ou estenose pulmonar, delineia a natureza cística das lesões e tem sido empregada para orientar a biopsia por agulha, útil para determinar os efeitos fisiológicos do comprometimento tumoral do pericárdio, do coração ou dos grandes vasos). Avaliação sorológica: pacientes da segunda até a quinta décadas de vida que apresentem massa mediastinal anterossuperior devem realizar estudos sorológicos para a alfa-fetoproteína e a beta- gonadotropina coriônica humana – se positivo, o paciente tem tumor de células germinativas não semionomatoso. Paciente com massa mediastinal e história de hipertensão significativa ou hipermetabolismo devem realizar medidas da excreção urinária do ácido vanilmandélico e de catevolaminas – indica feocromocitoma. Características ultraestruturais dos tumores mediastinais: • Carcinoide: grânulos centrais densos, poucos monofilamentos e desmossomos. • Linfoma: ausência de inserções juncionais e de características epiteliais. • Timoma: desmossomos bem formados, feixes de tonofilamentos. • Células germinativas: nucléolos proeminentes, cromatina homogênea, desmossomos esparsos, tonofilamentos raros. • Neuroblastoma: grânulos neurossecretores, terminações sinápticas. 8. Discutir sobre o tratamento dos tumores do mediastino. 2. Doenças inflamatórias do pâncreas 1. Descrever a anatomia cirúrgica do pâncreas. Amanda Batista – Turma XXII 2. Explicar a fisiologia do pâncreas exócrino. 3. Explicar a fisiopatologia da pancreatite aguda. 4. Discutir sobre as causas de pancreatite aguda. 5. Diferenciar pancreatite aguda de pancreatite crônica. 6. Discutir sobre as manifestações clínicas da pancreatite aguda. 7. Discutir sobre o diagnóstico diferencial da pancreatite aguda. 8. Discutir sobre os sinais prognósticos de Ranson da pancreatite aguda. 9. Discutir sobre os exames diagnósticos da pancreatite aguda. 10. Discutir sobre o tratamento da pancreatite aguda. 11. Discutir sobre as complicações da pancreatite aguda que indicam tratamento cirúrgico. 12. Discutir a apresentação e as complicações da pancreatite crônica. 13. Discutir o tratamento da pancreatite crônica. 3. Neoplasias do pâncreas exócrino 1. Descrever as principais neoplasias benignas do pâncreas exócrino. Cistoadenoma Seroso: 20% a 40% das neoplasias císticas do pâncreas. São atapetados por um epitélio achatado, com citoplasma rico em glicogênio que não se cora por mucinas e o achado das células ricas em glicogênio, no exame citológico, é diagnóstico de um cistadenoma seroso. São massas grandes, esféricas, que contém um liquido aquoso um centro fibroso estrelado calcificado. A maioria é de microcistos. Localizam-se no corpo ou na cauda e são assintomáticos. Quando na cabeça, podem tornar-se sintomáticos. A ressecção é indicada quando há dúvida no diagnóstico. Tumores mucinosos: 20% a 40% dos tumores císticos. Geralmente podem ser vistos como potencialmente malignos. Descritos dois tipos: nenhum se comunica com canal pancreático; um tipo contém áreas de estroma semelhante ao ovário, quase sempre na cauda e o tipo mais comum não tem aspecto estromal e pode ser encontrado em qualquer parte do pâncreas. Ocorre em ambos os sexos. A lesão é composta de um ou mais grandes cistos. Os cistos são revestidos por um epitélio colunar produtor de mucina e algumas vezes papilar. Devem ser ressecados antes de invasão maligna. Tumor mucinoso papilar intraductal (TMPI): também conhecido como neoplasia mucinosa papilar intraductal Homens e mulheres são igualmente afetados. Pode comprometer os grandes ductos, os pequenos ductos ou ambos. Pode localizar-se em qualquer parte do pâncreas ou generalizado, embora seja mais comum na cabeça. Pacientes com TMPI apresentam pancreatite quando o muco secretado pelo tumor obstruir, transitoriamente, o orifício do ducto pancreático. O diagnóstico é feito quando à endoscopia vê-se sair um muco de um orifício papilar com aspecto de boca-de-peixe. Apresentam células colunares produtoras de mucina que apresentam projeções papilares. A ressecção como no pior dos casos, antes de apresentarem malignidade invasiva, é geralmente curativa. Isto constitui uma indicação para pancreatectomia total. Quando a ressecção é feita após a ocorrência da invasão, os índices de cura são relativamente baixos. Tumor sólido pseudopapilar do pâncreas: relativamente incomum e ocorre com mais frequência em mulheres jovens e tem uma evolução benigna. A ressecção local é curativa, embora a remoção incompleta possa resultar em recidiva local e tem sido descritas variedades malignas. São volumosos, redondos, massas bem demarcadas que ocorrem em qualquer parte do pâncreas. Sólido e consiste em células monomórficas eosinófilas ou claras, com uma arquitetura pseudopapilar. Devem ser ressecados. Amanda Batista – Turma XXII 2. Discutir sobre as características epidemiológicas do câncer do pâncreas exócrino. Doença predominante em idosos, sendo raro antes dos 40 – 50 anos, estando a maioria na sétima e oitava décadas de vida. É mais comum em negros (2 vezes mais que em brancos), havendo informações divergentes sobre o predomínio de sexo. 3. Discutirsobre os fatores de risco associados ao câncer do pâncreas exócrino. Fatores de risco: sexo masculino, raça negra (2 vezes mais risco), tabagismo, diabetes mellitus, obesidade, sedentarismo, pancreatite crônica hereditária, derivados do petróleo, beta-naftilamina, benzidina ou DDT, fatores dietéticos (diminuem o risco: frutas, legumes e verduras; aumentam o risco: gorduras, carne), histórico familiar de câncer de pâncreas, poliposes adenomatosas familiares (Peutz- Jeguers), câncer colorretal hereditário não polipótico (Lynch II), gastrectomia parcial, colecistectomia, etilismo (consumo de destilados). 4. Descrever as alterações gênicas e cromossômicas associadas ao câncer do pâncreas exócrino. 5. Discutir sobre as manifestações clínicas do câncer do pâncreas exócrino. 6. Discutir sobre o diagnóstico diferencial do câncer do pâncreas exócrino. 7. Discutir sobre os exames diagnósticos do câncer do pâncreas exócrino. 8. Discutir sobre o estadiamento do câncer do pâncreas exócrino. 9. Discutir sobre o tratamento do câncer do pâncreas exócrino. Amanda Batista – Turma XXII
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