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PATOLOGIA CIRURGICA RAFAELA CUSTODIO AFECÇÕES DA CAVIDADE ORAL FENDA PALATINA Defeito na região do palato que comunica a cavidade nasal com a cavidade oral. Pode ser congênita ou adquirida Fenda palatina congênita: Acomete neonatos. Problema ocorre na vida embrionária devido a falha das extremidades palatinas em se fundirem. Fatores predisponentes: - consanguinidade - fatores nutricionais relacionados a mãe - influencia hormonal, principalmente a aplicação parenteral de esteroides durante gestação - trauma uterino - tóxicos: ocorre principalmente em ruminantes, devido a ingestão da mãe por uma planta especifica do nordeste (Mimosa tenuiflora) Sinais: - dificuldade de alimentação: para sucção do leite tem que ser formado um vácuo na cavidade oral, com a comunicação entre a cavidade oral e nasal o neonato não consegue formar esse vácuo, com isso não consegue sugar o leite. à isso pode levar a morte nas primeiras horas de vida se não percebido no primeiro momento. Quando a fenda é parcial o animal pode conseguir se alimentar, porem uma parte do alimento pode ir para cavidade nasal e causar uma pneumonia, que é bem grave em neonatos. - infecções respiratórias recorrentes – devido o contato continuo do alimento com a cavidade nasal - baixo desenvolvimento: menor que o resto da ninhada Confirmação do diagnóstico: exame físico – inspeção bucal, a fenda é bem evidente! Em animais bravos, que não permite a inspeção bucal, fazer sedação. A radiografia não é recomendado por causa da sobreposição que ocorrerá (osso maxilar sobrepõe), podendo dar um falso negativo. Quando se faz radiografias para esta enfermidade é feita as intra orais. O neonato com fenda palatina não consegue se alimentar com isso pode vir a óbito no mesmo dia do nascimento, se não for feito o diagnóstico rapidamente. Alguns neonatos nascem com a fenda parcial, então eles conseguem se alimentar, porém ocorre desvio de parte do alimento para a cavidade nasal, causando infecções respiratórias recorrentes, esse paciente pode vir a óbito devido uma pneumonia por aspiração (alimento no pulmão), se não, terá uma baixa qualidade de vida, pois será um animal com vários problemas respiratórios e com desnutrição ja que parte do que consome é desviado. Fenda palatina adquirida PATOLOGIA CIRURGICA RAFAELA CUSTODIO A fenda palatina pode ter o aspecto longitudinal ou pode ser localizada. Causas: - traumatismos: trauma perfurante é o mais comum, mas pode ser devido a um trauma contuso, o que é rotineiro na clínica de felinos (quedas) - queimaduras - doenças periodontais (periodontites, neoplasias) O animal que apresenta fenda adquirida consegue se alimentar, porém, devido o desvio do alimento para cavidade oral irá apresentar infecções respiratórias recorrentes, podendo ter pneumonia e uma baixa qualidade de vida. Pode também ter uma baixa ingestão de alimentos, com isso animal tem deficiências adquiridas. Histórico - Animais com rinite crônica - Histórico de traumas, infecções bucais e neoplasias Sinais clínicos - Corrimento nasal seroso ou mucopurulento - Pneumonia - Presença de alimento saindo pelas narinas Diagnóstico Exame físico especifico: INSPEÇÃO DA CAVIDADE ORAL – pode ser identificado o defeito oronasal Tratamento Fenda palatina congênita Aplicação de sonda esofágica Crescimento do animal até 5 meses Redução cirúrgica Não é interessante fazer no primeiro momento a correção cirúrgica em neonatos devido a grande possibilidade de recidivas. Deve ser feito primeiramente a aplicação da sonda esofágica e esperar até os 5 meses de idade, que é quando o ferimento irá começar a parar de se desenvolver, para fazer a redução cirúrgica. Em animais de raça grande pode esperar mais dois meses para fazer a intervenção. Fenda palatina adquirida Eliminar as causas Tratar doenças graves concomitantes (pneumonia) Redução cirúrgica PATOLOGIA CIRURGICA RAFAELA CUSTODIO MUCOCELE Acúmulo de saliva no subcutâneo (próximo a região mandibular) ou na região sublingual (rânula) Causas: - traumatismos: podem causar ruptura do ducto salivar, quando isso ocorre a saliva acumula na região. Se for próximo a glândula ira se acumular abaixo da mandíbula e se for mais próximo da saída, ira se acumular abaixo da língua - sialolitíase obstrutiva: obstrução dos ductos salivares. Sinais clínicos - Diminuição da produção de saliva: a saliva fica retida2 - Distenção local - Dor leve: a saliva não é composto apenas de liquido, possui proteínas, minerais que podem causar uma irritação no tecido subcutâneo - Dificuldade de preensão: principalmente se for abaixo da língua - Punção: líquido amarelo turvo e viscoso levemente sanguinolento Tratamento - Drenagem do conteúdo extravasado: medida paliativa, pois não trata a causa, então continuará ocorrendo acumulo de saliva e a mucocele ou ranula pode voltar maior que antes - Marsupialização da bolsa (rânula): abre a bolsa, tira um pedaço dela e sutura a bolsa aberta, ou seja, deixa a glândula exposta. - Retirada da glândula mandibular: ter cuidado com a veia maxilar e a bulbo facial, passam bem próximas da glândula. Redução cirúrgica: Lesões pequenas: um simples flap gengival é o suficiente Lesões de tamanho médio e grande: flap gengival associado a outras técnicas à grande desafio: correção do tecido ósseo. Se for feito apenas o flap gengival em fendas grandes, há grandes chances de ser traumatizado pois não tem uma proteção óssea abaixo dele. Flape mucogengival bipediculado: usa-se em fendas longitudinais (origem traumática). Nesse caso não precisa preocupar com a parte rígida, pois como foi um trauma o tecido ósseo tende a crescer em direção ao outro, ou pelo menos formar um tecido fibroso no local. É feito uma incisão próximo aos dentes, de ambos os lados. Em seguida divulsiona entre o tecido mole e o tecido ósseo para distender o tecido, repete o processo no outro lado. Após cirurgia animal não poderá comer alimentos sólidos por um mês, pois o tecido rígido ainda não estará cicatrizada Fendas longitudinais: comum em gatos, devido a quedas Obturado palatino: fendas grandes que não permite a primeira técnica. A aproximação apenas do tecido mole não resolve o problema, devido o tamanho da lesão ocorre recidivas, pois o tamanho causa tensão, além do fato de o tecido ósseo não conseguir cicatrizar corretamente, sendo importante usar alternativas (enxertos, próteses...) para corrigir o defeito ósseo. Flape mucogengival + cartilagem auricular PATOLOGIA CIRURGICA RAFAELA CUSTODIO DOENÇAS PERIODONTAIS O dente pode ser separado em duas grandes regiões, a coroa, que fica em contato com a cavidade bucal, e a raiz, que é a parte que dá sustentação ao dente. A polpa é o tecido mole do dente, tem tecido conjuntivo, vasos e nervos. Esmalte dentário é a parte mais rígida do corpo, recobre a coroa do dente. É responsável pela resistência do dente na coroa e auxilia na mastigação, apreensão e demais funções do dente. Dentina é a segunda estrutura mais rígida do corpo dos animais. Compõe boa parte do tecido dentário e apresenta vários canalículos onde os vasos e nervos possam se ramificar. A raiz é presa na mandíbula ou maxila pelo tecido ósseo, chamado de osso alveolar. A união da raiz do dente no osso alveolar é feito por um tecido conjuntivo bem resistente, o ligamento periodontal. Essa estrutura é muito importante no desenvolvimento das doenças periodontais, pois ele que da sustentação ao dente, se estiver degenerado o dente fica mole. A região da ponta da raiz é chamada de ápice, por esse local que os vasos e nervos entram no dente. O espaço entre a gengiva e o denteé chamado de sulco gengival. Esse espaço deve ser de no máximo 3 mm, e nessa região tem o maior acumulo de anticorpos e células inflamatórias. Do sulco gengival podem partir por toda coroa dentária por meio da mastigação ou movimentação da língua. Essa região é extremamente importante no desenvolvimento da doença periodontal. Placa bacteriana - Bactéria + debris à biofilme : As bactérias presentes na cavidade oral (externamente ao esmalte dentário) associados à debris (sujeiras, restos de comida, restos celulares) tendem a formar um biofilme (uma camada de proteção encima do esmalte). Inicialmente esse biofilme é microscópio, mas com o tempo torna-se macroscópico. - Formação da placa bacteriana ocorre em media de 24 a 48 horas: - Biofilme à nova camada (glicocálix): as bactérias e os debris ficam sobre o esmalte, não sofrem a ação dos anticorpos e células inflamatória porque a uma produção de glicoproteínas de membrana celular, na extremidade contraria ao esmalte que protegem o biofilme, chama-se glicocálix. Esse glicocálix impede a ligação das células inflamatórias as bactérias, assim não conseguem fazer a fagocitose e os anticorpos também são impedidos, não conseguindo fazer a mitose. O que impede o desenvolvimento do glicocálix é a ação mecânica sobre esse local, como a escovação, ossinhos de cartilagem (mastigação de objetos duros). Essas células bacterianas presentes no esmalte com o tempo vão morrendo, essas células mortas produzem resíduos celulares, a membrana bacteriana degenerada espalha pela região, com isso pode cair no sulco gengival. Na membrana da bactéria existe o LPS, este promove uma resposta inata, então ocorre os sinais da inflamação, pode causar gengivite (isto ocorre dentro de uma semana). O controle da placa bacteriana ocorre por meio de três fatores, pelas imunoglobulinas e polimorfonucleados, estes estão presentes na saliva, e pela raspagem mecânica. O principal fator que influência na formação da placa é a raspagem mecânica (pode ser feita pelo proprietário), os outros demais podem influenciar no caso de imunossupressão. Placa bacteriana é uma estrutura de bactérias mais debris, estas bactérias forma o glicocálix e todas essas três estruturas são o biofilme. A gengivite é a resposta do organismo aquela placa bacteriana que esta presente a uma semana, e que depois desse tempo produz (a placa bacteria) uma quantidade de LPS suficiente para causar uma reação inflamatória. PATOLOGIA CIRURGICA RAFAELA CUSTODIO *Polimorfonucleado: células que vão controlar as bactérias, ex.: neutrófilos presentes no sulco gengival Fatores predisponentes - Alimentos moles: não permite a raspagem mecânica - Diminuição na produção de P.M.N: relacionado a animais com imunidade baixa - Hipersalivação: causa maior diluição dos anticorpos na saliva Cálculo dentário/Tártaro - Placa bacteriana + saliva à mineralização O cálculo dentário é formado depois de um longo tempo do contato da placa bacteriana com a saliva. Como a saliva possui minerais, estes se depositam nesta placa formando o tártaro. Fatores predisponentes - Genético (causa desconhecida): - pH salivar alcalina: pois a estimula a deposição de magnésio na placa bacteriana. Geralmente é o que causa a formação do tártaro. Consequências - Distorção mecânica da gengiva: começa empurrar a gengiva lateralmente - Interrupção do fluxo salivar: impede a distribuição correta da saliva - Retenção de alimentos - Agrupamento bacteriano - Bactérias oportunistas: devido o agrupamento bacteriano. Abaixo do cálculo fica uma pequena área com baixa concentração de oxigênio. Nesta região ocorre o crescimento de bactérias anaeróbicas (altamente patogênicas) Procedimentos diagnósticos Doença periodontais podem ser dividida em três fases diferentes, de acordo com sua evolução: - gengivite - periodontite (leve, moderada e severa) - abscesso dentário: no ápice da raiz forma o abscesso Sinais de gengivite: hiperemia de mucosa, edema, sangramento fácil e halitose por esta sendo causada por uma placa bacteriana. A gengivite em felinos, causa uma dor intensa que faz com que o animal pare de comer. Existe uma doença nesta espécie chamada de complexo gengivite/estomatite/faringite, que ocorre devido a presença da placa bacteriana. Para evidenciação da placa bacteriana pode ser feito: - raspagem do esmalte - evidenciador de placa A placa possui camadas, desde uma microscópica ate uma bem espessa, macroscópica, então para evidencia-la é feita a raspagem do esmalte, com um instrumento raspa o esmalte que libera uma areia branca, que é a placa bacteriana. Outra maneira mais especifica é por meio do evidenciador de placa, é uma pasta que coloca na boca do animal e cora as regiões que existem placas bacterianas. Profundidade do sulco gengival: 1 a 2 mm Animais com doença periodontal apresenta aumento do sulco e em casos graves exposição da furca. PATOLOGIA CIRURGICA RAFAELA CUSTODIO O sulco gengival deve ser de 1 a 2 mm, existe uma sonda que possui marcações (cada marcação possui 1 mm), essa sonda é colocada no sulco gengival para medir a profundidade deste. A inflamação da gengiva é o estágio inicial da doença periodontal, mas a inflamação pode chegar no osso alveolar, com isso os osteoclastos degeneram (fagocitam) o tecido ósseo, apenas a presença do LPS pode desencadear a reabsorção ossea. A inflamação do tecido causa reabsorção óssea, isso faz com que ocorra retração do osso alveolar e com o tempo ocorre a retração gengival. Então, é comum o animal apresentar doença periodontal ser ter retração da gengiva. Nos dentes que possui mais de uma raiz, pode ocorrer o aparecimento da divisão entres as raízes (a furca). Isso piora o caso pois ocorre acumulo de alimento nesta região. Radiografias intra-orais: Sinais da doença: Bolsa periodontal profunda Reabsorção osso alveolar Degeneração do ligamento periodontal à se degenerar mais de 80% dente fica mole Abscesso periodontal: acúmulo de pús no periodonto. Duas causas da doença periodontal: uma rápida, causada devido uma fratura de coroa (uma fratura de coroa pode causar um abcesso periodontal direto, pula todas as demais fases, pois a bactéria entra pela ponta dentaria e vai direto para o ápice - comum nos equinos, que não possuem desgaste adequado da superfície da coroa, e tem uma inclinação dos dentes que pode causar uma fratura). A outra causa tem uma evolução lenta, devido a uma doença periodontal. Importância sistêmica da doença periodontal Possui importância sistêmica devido o elevado número de bactérias e devido a dilatação dos vasos pela inflamação (gengivite), as bactérias podem migrar para outros locais do organismo, podendo causas enfermidades como: artrite, glomerulonefrite, hepatopatias, endocardite, meningite. Em todos esses tecidos ocorre a formação de microabscesso que leva a manifestação de diversas manifestações clinicas. Elevado número de bactérias à dilatação dos vasos da boca à migração das bactérias por esses vasos à formação de microabscessos em diversos tecidos do corpo à manifestação clínica nos locais que formaram o microabscesso (artrite, glomerulonefrite, hepatopatias, endocardite, meningite...) Tratamento Gengivite Espiramicina + metronidazol, VO, 5 a 7 dias – nunca passar de 7 dias, pois o metronidazol possui o tempo máximo de tratamento de 7 dias, para ser feito com segurança, indica-se não passar de 5 dias, já que ele pode causar sintomas neurológicos grave Lavagem bucal: clorexidina 0,12% Raspagem dentária – é necessário quando estiver tártaro e/ou placa bacteriana presente. Essa raspagem é realizada pela escovação ou com o oferecimento de brinquedos duros para o animal (estimulam a raspagemdo esmalte). Ela serve para desintegrar o biofilme, para que o antibiótico, o antisséptico bucal e as células inflamatórias e anticorpos da saliva possam penetrar na placa bacteriana. Periodontite Limpeza dentária – raspagem cirúrgica Flaps mucogengivais – faz flap de avanço para cobrir regiões que tenha raiz exposta. Importate cobrir a raiz não apenas pelo fato de acumular comida, mas também por causa da dor pois tem dentina exposta então se o animal beber, por exemplo uma agua gelada, ele sente dor Exodontia – faz quando não tem presença do ligamento periodontal e nos casos de dente supranumerário ou trauma da coroa. PATOLOGIA CIRURGICA RAFAELA CUSTODIO Dente supranumerário: ocorre quando o dente decíduo não cai, geralmente acontece quando a gema do dente permanece encontra-se em local errado, normalmente este fica na região do dente decíduo e quando o dente permanente vai crescendo ocorre a deterioração da raiz do dente decíduo, como a gema esta fora do local do dente decíduo, quando o dente permanente cresce nao ocorre a deterioração do dente de leite. à animal fica propenso a doença periodontal pois na região entre dente decíduo e permanente ocorre acumulo de tecido Trauma da coroa: no interior da coroa esta presente a polpa então as bactérias podem pegar caminho por ele e causar um abscesso dentário. (pag. 6 do resumo) – se quiser preservar o dente neste caso, pode fazer endontodia, que seria o canal (retira a polpa), mas isso só pode ser feito por um especialista. Limpeza dentária Remoção de cálculos – aparelho ultrassônico Debridação subgengival - remoção de debris, ou seja, de restos alimentares e celulares que estão naquela região e ficam emprignados na dentina) - aplainamento – sua superfície fica rugosa, isso predispõe a proliferação bacteriana então é usado uma cureta que raspa a dentina, fazendo o seu aplainamento. É importante aplainar (polir) para dificultar instalação bacteriana Recobrimento gengival – feito quando a retração gengival ou aprofundamento do sulco gengival Polimento do esmalte dentário – previne recidivas, minimiza o aparecimento da placa. A cureta usada para a remoção do cálculo deixa o esmalte todo rugoso, permitindo um maior crescimento da placa bacteriana - pedro pomes - clorexidina 0,12% Exodontia Tratamento de abscessos periodontais Fraturas dentarias graves Doença periodontal severa Remoção não cirúrgica Remoção cirúrgica - incisão de gengiva - desgaste do osso alveolar - luxação dentária - remoção com boticão - aplainamento do osso alveolar - aproximação de gengiva Exodontia – grandes animais Pós operatório - Espiramicina + metronidazol, SID, 5 a 7 dias - AINEs - Dipirona - Limpeza bucal com clorexidine 0,12% sem álcool
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