Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INFECÇÕES ODONTOGÊNICAS – CIRURGIA II – AMÁLIA PLETSCH Microbiologia Fazem parte da flora oral normal (indígenas) Principalmente: - COCOS AERÓBICOS GRAM POSITIVOS - COCOS ANAERÓBICOS GRAM POSITIVOS - BASTONETES ANERÓBICOS GRAM NEGATIVOS Acesso das bactérias para tecidos profundos através da 1) POLPA NECRÓTICA 2) BOLSA PERIODONTAL PROFUNDA Fatores observáveis na microbiologia das infecções odontogênicas 1) Natureza polimicrobiana (múltiplas bactérias; 5 espécies em média, até 8.) 2) Tolerância ao oxigênio (somente aeróbicas 6-7%; somente anaeróbicas 33-44%; mistas 50-60%) 3) Principais Micro-organismos Cocos aeróbicos gram positivos Cocos anaeróbicos gram positivos +65% dos casos: Streptococcus Milleri e Peptostreptococcus Bastonetes anaeróbicos gram negativos em ¾ das infecções: prevotella, fusobacterium e porphyromonas Miscellaneous 5% ou menos das espécies aeróbicas RARAMENTE ENCONTRADOS: Streptococcus D; Neisseira; Corynebacterium; Haemophilus; POUCO OU NENHUM PAPEL NAS INFECÇÕES: cocos anaeróbicos gram negativos e bacilos anaeróbicos gram positivos (embora sejam opostunistas) 4) Processo infeccioso: inoculação inicial dos tecidos mais profundos pelo grupo facultativo do Streptococcus Milleri -> grupo sintetiza hialuronidase -> Micro-organismos passam através do tecido conjuntivo -> começa infecção do tipo celulite -> produtos dos metabólitos dos Streptococcus tornam o ambiente favorável para micro-organismos anaeróbicos (Diminuem o pH dos tecidos; liberam nutrientes essenciais; consomem o O2 local) -> predomínio de anaeróbicos -> anaeróbicos causam necrose de liquefação pela síntese de colagenases. 5) Classificação Infecções precoces (celulite):estreptocócicas aeróbicas Infecções tardias (abscesso): anaeróbicas História Natural da progressão das infecções Odontogênicas Necrose pular ou bolsa periodontal -> infecção ativa -> disseminação nas linhas de menor resistência (quebra de uma barreira mecânica / pele ou mucosa) -> infecção dos espaços fasciais 1) Inoculação (edema brando) 2) Celulite: microcoleção purulenta microscópica. Se não tratar evoluirá para abscesso (mas já fez perda de função). Fístula: celulite/abscesso acham caminho externo pra drenagem. 3) Abscesso de tecidos moles cutâneos ou intrabucais 4) Infecção dos espaços fasciais profundos 5) Infecção cerebral ascendente (via hematogênica) 6) Mediastinite: chega no tórax 7) Bacteremia/Septicemia - Bacteremia: qualquer evento de movimentação bacteriana (fio dental; cirurgia; trauma; nem sempre é patogênico) - Septicemia: bacteremia se torna patológica. Reação exacerbada frente a um agente patológico (bactérias, fungos, vírus). Fatores que influenciam na progressão das infecções 1) Número e resistência de micro-organismos Sequência mortalidade 2) Resistência do hospedeiro 3) Anatomia da área envolvida Virulência dos micro-organismos Motilidade Multiplicação (24 a 48h) Enzimas líticas (colagenase, hialuronidase) Aderência Cápsula bacteriana Exotoxinas Resistência do hospedeiro Doença hepática e alcoolismo (diminui a função leucocitária e a quimiotaxia) Diabetes, doença renal (quebra barreira epitelial, aumenta taxa de glicose) Desnutrição Câncer, leucemia e linfoma HIV Estresse Fármacos ( ciclosporinas, corticosteroides e azatioprina / Imuran) – diminuem a função dos linfóticos T e B 4 Estágios: - 0 a 3 dias: tumefação branda levemente endurecida (inoculação) - 3 a 5 dias: tumefação endurecida, avermelhada e dolorosa (celulite) - 5 a 7 dias: predomínio anaeróbico; abscesso liquefeito ao centro da área de tumefação (abscesso) - Abscesso drenado: Resolução Localização da Infecção Odontogênica e Anatomia 1) Espessura do osso 2) Relação das inserções musculares 3) Anatomia da Raiz ANATOMIA DA RAIZ: A infecção perfura o osso onde o ápice está mais próximo. RELAÇÃO COM INSERÇÕES MUSCULARES: Ápice do dente abaixo da inserção muscular forma abscesso vestibular. Ápice do dente acima da inserção muscular envolve o espaço fascial adjacente (espaço bucal). ESPESSURA DO OSSO MAXILA Lâmina cortical vestibular Palatino (ápice do incisivo lateral muito inclinado ou da raiz palatina de um pré-molar ou 1º molar) Espaço Bucal (bucinador/masseter) – molares superiores apresentam infecções que perfuram o osso acima da inserção muscular do bucinador resultando em infecção do espaço bucal. Espaço infraorbitário (Canino) – raiz longa do canino – a infecção pode perfurar o osso acima da inserção do músculo elevador do ângulo da boca e invade o espaço infraorbitário. *O Seio maxilar não é espaço fascial mas pode difundir infecções. MANDÍBULA Lâmina cortical vestibular: Incisivos, caninos e Pré-molares geralmente resulta em abscesso Vestibular. Cortical Lingual: infecções dos molares inferiores perfurarão através do osso cortical lingual com mais frequência que os anteriores. - 1º molar: V ou L - 2º molar: usualmente L - 3º molar: lâmina cortical lingual Músculo milo-hioideo: determina se drenar superior a ele vai para o espaço sublingual ou inferior para o espaço submandibular. Submentoniano: “papada” após o limite da mandíbula. Espaço bucal: entre bucinador e masseter. Submandibular: próximo à glândula – 3º molar com abscesso – fecha VAS Sublingual: próximo ao hioide – língua inchada – fecha VAS OBSERVAÇÕES!!! - INFECÇÃO ODONTOGÊNICA EM ESPAÇO PROFUNDO MAIS COMUM: No espaço fascial profundo – abscesso vestibular. - Algumas vezes o abscesso estabelece fístula crônica que drena para boca ou pele (enquanto drenar, NÃO há dor). - Tratar a causa: endo ou exo – tratamento primário. -OCLUSÃO DA V.A.S: Até 70% antes dos pacientes apresentarem dispneia, disfagia (dif. Deglutir) e dislaria (dif. Falar). - Quando disseminar até o mediastino há risco eminente de morte. - Ao chegar no seio cavernoso gera encefalite. Disseminação da infecção para os espaços fasciais primários 1) Aumenta volume com cor avermelhada devido à vascularização e tecido inflamatório 2) Aumenta temperatura local 3) Linfoadenopatia regional alterada 4) Perda de função local (ex. trismo) Espaços fasciais secundários Massetérico Pterigomandibular Temporal superficial e profundo Lateral da faringe Retrofaríngeo Pré – vertebral Angina de Ludwing Espaço submandibular Espaço sublingual Espaço submentoniano Espaços cervicais VAS pode fechar Tratamento das infecções Odontogênicas Tratamento de infecções graves: 1) Estabelecimento de vias aéreas 2) Drenagem cirúrgica precoce 3) Antibióticoterapia e cuidados Princípios Fundamentais para o tratamento Princípio fundamental: Remoção da causa Princípio Secundário: drenagem da secreção purulenta e restos necróticos Abscesso de progressão rápida: exodontia + drenagem Abscesso de progressão lenta: endo/ raspagem + drenagem 1) Determinar a gravidade da infecção a) História completa (queixa, tempo, duração, rapidez) Sinais: dor (mais comum), tumor, calor, rubor e perda de função História médica b) Exame físico Hipertermia (infecções graves pode ultrapassar 38,3ºC – normal é de 36 ,5ºC a 37,6) Taquicardia (>100bpm) P.A. é o que menos varia Respiração > 18 rpm (taquipneia – normal é de 14 a 18) Facies tóxica: fatigado, estado febril e indisposição. - Pedir para abrir a boca (trismo em 73% dos casos); engolir (disfagia em 78%); respirar profundamente(dispneia em 14%). Tumefação flutuante: indica ponto de drenagem c) Exame radiográfico 2) Avaliar o estado dos mecanismos de defesa do hospedeiro 3) Decidir se pode ser tratado pelo Clínico Geral ou se precisa ser encaminhado ao CTBMF Critérios para internação: 1) Progressão rápida 2) Dispneia 3) Disfagia 4) Tratamento cirúrgico da infecção 1) Remoção da causa (endo/exo) 2) Drenagem Drenagem: a) Diminui bactérias e restos necróticos b) Diminui a pressão hidrostática c) Melhora o suprimento sanguíneo d) Abortar disseminação para espaços profundos ID: Inserção de um dreno para impedir o fechamento prematuro da incisão. Funções do dreno: a) drenar secreção purulenta b) aumentar a oferta de oxigênio c) permitir irrigação d) aumentar as células de defesa (Látex aumenta o tecido de granulação e defesa imunológica – reação a corpo estranho) Passo a passo cirúrgico 1) anestesia regional 2) Se for feita CULTURA essa é a parte inicial (agulha 18 + seringa de 3 mL) 3) Desinfecção da área com iodo-povidine (Betadine) 4) Incisão através da mucosa e submucosa (não maior que 1 cm) 5) Inserir pinça hemostática curva na incisão e abri-la em várias direções 6) Aspirar secreções 7) Inserir dreno (Penrose estéril ¼ de polegada ou dedo de luva estéril/látex) 8) Suturar dreno (1 ponto) – em tecido viável 9) Dreno fica de 2 a 5 dias (prof disse 24 a 48h) 5) Suporte médico para o paciente - Insulina para diabéticos; - Controle de hipertensão; - Desidratação e febre alta (Aumentar hidratação 800mL para cada grau elevado por dia e 3 a 5% de necessidade energética para cada grau elevado por dia) – Soro glicosado. 6) Determinar a necessidade de Antibiótico 1) Gravidade da infecção 2) Tratamento cirúrgico pode ser alcançado (quando a cirurgia não é possível o AB pode ajudar) 3) Defesa do paciente 1ª Indicação: tumefação difusa com dor moderada a severa. 2ª Indicação: paciente imunocomprometido. 3ª Indicação: Infecção progrediu para espaços fasciais profundos. 4ª Indicação: pericoronarite grave (>37,7ºC; trismo; tumefação unilateral). 5ª Indicação: osteomielite. OBS: Antibiótico chega na celulite, mas não no abscesso. Terapia Empírica: Penicilina; Amoxicilina; Clindamicina; Azitromicina; Metronidazol (anaeróbicos); moxifloxacino. - Baixa toxicidade; - Bactericida, se possível; - Baixo custo. 1ª Alternativa: Amoxicilina 500 mg 8/8h ou 5mL a cada 8h. 2ª Alternativa: Amoxicilina 500 mg + Clavulanato de Potássio 125 mg 8/8h. 3ª Alternativa: Cefalexina 500 mg 6/6h. ALÉRGICOS: Clindamicina 300 mg 6/6h. ASSOCIAR para anaeróbicos: Metronidazol 400 mg 8/8h. ALÉRGICOS - ASSOCIAR para anaeróbicos:: Clindamicina 600 mg 6/6h. Opção: Amoxicilina BD 875 mg 12/12h. DURAÇÃO: De 7 a 21 dias DEPENDENDO da gravidade da infecção. 7) Administração correta do antibiótico 8) Avaliar frequentemente o paciente - Diariamente - Graves: 2 a 3x dia Idade média das infecções Odontogênicas: 30 anos. Trismo, febre e disfagia. Como os dentistas costumam tratar: 53% com AB; 40% com incisão e drenagem + AB; 7% com incisão extrabucal +AB. INFECÇÃO CELULITE BRANDA Remoção da causa AB contra Streptococcus (AMOXI) Resolveu? Não Incisão e drenagem GRAVE Remoção da causa + incisão e drenagem AB (AMOXI + metronidazol) Resolveu? Não Cirurgia Adicional ABSCESSO Remoção da causa + incisão + drenagem AB para streptococcus e anaeróbicos Resolveu? Não Cirurgia Adicional LEMBRETES!!! - Abscesso dura mais tempo; - Abscesso tem maior volume; - Celulite é dura com tecido contínuo; - Abscesso também é duro, mas tem um ponto mole de flutuação; - Celulite NÃO tem pus; - Celulite tem maior risco em potencial. Hemograma – leitura Leucometria: 5000 a 10 000 células / mm³ normal. Aumento (Leucocitose): infecção, inflamação, leucemia, destruição tecidual. Diminuição (Leucopenia): Anemia aplástica, toxicidade medicamentosa, infecções virais. Neutrófilos alterados: normalmente bactérias Eosinófilos alterados: parasitas ou alergias Linfócitos alterados: vírus Severidade Alta severidade: Espaço faríngeo lateral; retrofaríngeo; pré-traqueal; espaço potencial; mediastino; infecções intracranianas; trombose do seio cavernoso; abscesso cerebral. Baixa severidade: Espaço vestibular; espaço palatino; espaço infraorbitário; espaço do corpo da mandíbula; espaço bucal; espaço subperiosteal. Moderada severidade: Espaços mastigatórios; submandibular; sublingual; submentoniano; submassetérico; pterigomandibular; temporal superficial e profundo; espaços perimandibulares; Espaço infratemporal: contém ramo da artéria maxilar interna e o plexo venoso pterigoideo. (Infecção de 3º MS) Sinusites odontogênicas: 20% dos casos
Compartilhar