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Módulo 08 - Concurso de Pessoas

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Prévia do material em texto

CONCURSO DE PESSOAS
1. Conceito – É também conhecido como co-delinqüência ou concurso
de agentes. Após 1984, passou-se adotar a nomenclatura “concurso de
pessoas” ao invés de “co-autoria”, já que a expressão é mais
abrangente.
O concurso de agentes ou de pessoas ou co-autoria ocorre quando mais
de uma pessoa concorre para a prática do crime.
2. Classificação de crimes (critério: concurso de pessoas) - A
doutrina realiza classificação de crimes quanto ao número de pessoas.
Assim, de acordo com esta classificação, os crimes podem ser:
- MONOSSUBJETIVOS ou de CONCURSO EVENTUAL – Trata-se da
maior parte dos crimes previstos do Código Penal. São aqueles que
podem ser praticados por uma ou mais pessoas, como por exemplo, o
homicídio, o roubo, o furto.
- PLURISSUBJETIVOS ou de CONCURSO NECESSÁRIO – Nesses
casos, a presença de mais pessoas para a prática do crime é
imprescindível. É o caso da quadrilha ou bando, que só se consuma,
desde que exista mais pessoas.
A doutrina, ainda, anota classificação para os crimes
PLURISSUBJETIVOS. Diferencia-os como sendo: crimes de condutas
paralelas, condutas convergentes e contrapostas.
Crime de conduta paralela – As condutas se auxiliam mutuamente,
visando a produção de um resultado em comum. Todos os agentes
unem-se em pro de objetivos idênticos, como por exemplo, no crime de
quadrilha ou bando (artigo 288, CP), em que todas as condutas voltam-
se para objetivo em comum.
Crime de conduta convergente – as condutas tendem a se encontrar
e, desse encontro surge o resultado. Ex. “ex” crime de adultério, artigo
240, CP.
Crimes de condutas contrapostas – É o caso do crime de rixa, artigo
137, CP, os agentes são ao mesmo tempo autores e vítimas.
3. Classificação do Concurso de Pessoas
O concurso de pessoas pode ser:
a) Concurso necessário – quando se trata de prática de crimes
plurissubjetivos. Tratam-se daqueles crimes que, para sua prática, é
necessário, no mínimo, 2 pessoas.
A co-autoria é obrigatória, podendo ou não haver a participação de
terceiros.
A rixa, por exemplo, só pode ser praticada por três pessoas (co-
autores). Mesmo assim, além dos três, pode ainda um terceiro concorrer
para a prática do crime, na qualidade de participe, criando intrigas,
alimentando a briga entre os rixentos.
b) Concurso eventual – Nesses casos, para prática do crime, a co-
autoria não é indispensável, podendo existir co-autoria, participação ou,
até mesmo, a prática do crime por única pessoa.
Por exemplo, uma pessoa pode praticar o roubo ou em co-autoria,
sozinho ou mesmo, auxiliado de um terceiro (que lhe induz a prática).
Importante memorizar que !!!!!
 
A co-autoria ao crime de concurso de necessário (plurissubjetivo) é
indispensável à prática do crime, podendo, também existir a
participação.
Nem a co-autoria tampouco a participação são indispensáveis à prática
do crime de concurso eventual (monossubjetivo)
3. Da Autoria
A doutrina nos apresenta três definições para conceituar quem é o autor
do crime, vejamos:
- TEORIA UNITÁRIA – Essa posição entende que autor são todos os
que concorrerem para o crime. Autor é todo aquele que concorreu para
causar o resultado final (típico).
A teoria unitária não estabelece distinção entre autor e participe.
Então, suponhamos que três pessoas resolvem furtar um banco. É
comprovado no processo criminal que uma das pessoas simplesmente
incentivou a prática do crime e acompanhou as outras duas até a porta
do Banco.
Segundo a teoria unitária, a referida pessoa é também autor do crime.
Para teoria unitária, qualquer contribuição, por menor que seja, é
suficiente para considerar a pessoa como autor do crime.
Essa teoria é adotada na Itália, foi adotada no Brasil no CP de 1940 e é
adotada na Alemanha, em se tratando de crimes culposos.
- TEORIA EXTENSIVA – A teoria extensiva estabelece “graus de
importância” entre os autores de um crime, admitindo diminuição da
pena àqueles que contribuíram de modo menos significativo ao evento.
Admite uma autoria mitigada, passa a existir a figura do cúmplice (autor
menos importante), porém, não menciona a figura da participação.
- TEORIA RESTRITIVA – Estabelece diferença entre autor e participe.
No entanto, para diferenciar autor de participe apresenta três critérios
distintos, senão vejamos:
a) critério objetivo formal: considera autor aquele que pratica a
conduta principal. O núcleo do tipo penal (verbo apresentado pela
descrição legal do crime).
Assim, seguindo o critério objetivo-formal, é autor do crime aquele que
mata a vítima e é participe quem empresta a arma de fogo ou faca. É
autor do crime aquele que adentra no estabelecimento bancário para
furtar dinheiro e é participe quem vigia o prédio para garantir a
execução do crime.
O participe, mesmo não realizando a conduta principal, concorre para a
prática do crime.
Para esse critério, o autor intelectual do crime é mero participe e, por
isso, há criticas doutrinárias feitas a este pensamento.
Isso porque o chefe de uma quadrilha de traficantes de entorpecentes,
por exemplo, que tem o comando de todos os integrantes é considerado
mero participe, caso mande matar alguém.
Mesmo diante das criticas, o critério objetivo formal é o que prevalece
para grande parte da doutrina,como por exemplo, para o Professor
Fernando Capez
Desse modo, o autor intelectual, o mandante, o chefe da quadrilha,
segundo o critério dominante, é sim participe. Mas, como veremos, isso
não significa que esses participes receberão sanção penal mais branda,
pois a culpabilidade do agente é medida de acordo com o grau de sua
participação.
b) critério objetivo material: Define autor como sendo não aquele
que pratica o núcleo do tipo, mas sim, a conduta objetiva mais
importante. Cabe-nos, assim como a doutrina, questionar: o que é a
contribuição objetiva mais importante???
Esse critério gera insegurança, na medida em que fica a cargo da
interpretação de cada um definir quem é o autor.
c) teoria do domínio do fato (objetivo-subjetivo): Define autor
como sendo aquele que possui poder de dominar todo o fato, com
plenos poderes sobre sua consumação, para decidir sobre sua pratica,
circunstancias e interrupção.
Este critério surgiu, justamente para suprir as deficiências apresentadas
pelo critério objetivo formal, na medida em que não importa que o autor
não praticou o núcleo do tipo, o que se exige é o controle dos atos,
desde o inicio da execução até a produção final do resultado.
Por essa razão, segundo este critério, deve ser considerado autor quem
detém o controle final do fato até sua consumação, senão vejamos
fragmento jurisprudencial abaixo transcrito:
“Mandante é aquele que ordena terceira pessoa cometer um delito,
concorrendo diretamente para a comissão do crime, a titulo de co-
autoria, pois une sua conduta à do autor direto da infração” (TACRIM
33/50)
“É co-autor do roubo qualificado pelo resultado lesão grave o agente
que, na realização do roubo, também tinha o domínio do fato delituoso
pela realização conjunta da conduta criminosa, dentro do prévio ajuste e
da colaboração material, ainda que seu comparsa tenha sido o único
autor dos disparos feitos contra a vítima, lesionada gravemente”
(RJDTacrim 5/55)
Temos como partidários desta teoria, Alberto Silva Franco, Luiz Flávio
Gomes.
Para memorização, fixe o fluxograma abaixo,
Teorias da autoria:
Pergunta: Quem é o autor do crime no concurso de
pessoas????
Resposta: Depende da teoria adotada. A doutrina apresenta 3
teorias, veja:
 
1. Unitária: participe = autor. Todos que concorrem para o crime
são autores, mesmo que for pequena a colaboração.
 
2. Extensiva: participe = autor. Mas, reconhece que há autores de
menor importância, o cúmplice, aplicando-lhe causa de
diminuição de pena
 
3. Restritiva: participe x autor (é diferente!!),
 É a que prevalece!!!!mas, qual é a diferença???? Depende do critério
utilizado.Temos 3:
 
a) objetivo-formal – autor pratica o núcleo do tipo e o
participe não. O mandante, nesse caso, é participe.
Adotada por Fernando Capez e boa parte da
doutrina.
b) Objetivo-material – autor é aquele que pratica a
contribuição objetiva mais importante.
c) Subjetivo-objetivo ou Teoria do domínio do fato –
Também prevalece. Autor é aquele que detém o
domínio de todos os atos para consumação do delito
e não somente o que pratica o verbo do tipo. O
mandante, nesse caso, é autor (co-autor).
 
 
4. Formas de Concurso de Pessoa
Podemos falar em concurso de pessoas quando existem mais de uma
pessoa concorrendo para a prática do crime, podendo ser, todos co-
autores; autor e participe, co-autores e participes, autor e participes,
dentre outras formas ... evidente que é impossível vislumbrar a prática
de um crime mediante a presença somente de participes.
Importante, também, lembrar que quando existir mais de um autor para
a consumação do delito, falamos que todo são co-autores. Seria
equivocado considerado um autor e outro(s) co-autor(es) quando há
mais de um autor concorrendo para a prática do delito. Assim, já
sabemos, que em se verificando mais de uma pessoa concorrendo para
a prática da conduta, haverá co-autores.
Temos, assim, duas espécies de concurso de agentes: a) co-autoria e b)
participação.
a) Co-autoria – Trata-se do cometimento comunitário de uma ação
conjunta consciente e querida.
Cada autor colabora com sua parte para consumação. É a divisão de
trabalhos. Não é necessário que as condutas dos co-autores sejam
idênticas, por exemplo, na consumação do crime de roubo enquanto um
dos co-autores exerce a ameaça o outro, também, co-autor poderia
subtrair o objeto da vítima.
Questão polemica e cuja pesquisa é tema de interesse em pos
graduação é a impossibilidade de reconhecimento da co-autoria nos
crimes omissivos próprios, mas, não se pretende discorrer a respeito do
tema no presente trabalho.
b) Participação – Tratam-se daqueles que concorrem para que os
autores realizem a conduta principal. Para existir participação são
necessários os seguintes requisitos: I) vontade de cooperar com a
conduta principal e II) cooperação efetiva, mediante atuação concreta.
Existem duas formas de participação: moral e material.
A participação moral manifesta-se através do induzimento ou da
instigação. O induzimento ocorre quando o participe simplesmente
sugere o crime ao autor (cria, o autor não tinha a idéia de praticar o
crime). Há instigação quando o participe reforça a idéia já presente na
mente do autor (reforça, o autor já tinha idéia de praticar o crime).
A participação material ocorre mediante o auxilio matéria ou simples
ajuda prestada, como por exemplo, o fornecimento de uma informação,
para fins de facilitar a execução do crime. Ex: emprestar arma, vigiar o
local ....
Outro aspecto bastante importante a respeito da participação se refere
ao momento da participação. Temos que, para haver concurso de
agentes, é necessário que a conduta de cada colaborador tenha
efetividade.
 
Desse modo, tanto a co-autoria como a participação devem ocorrer
antes ou durante o delito mas nunca depois da consumação. Por
exemplo: no delito previsto no parágrafo 5º, do artigo 155, do Código
Penal, o agente que não toma parte da subtração mas recebe delito não
será participe de furto qualificado mas de crime autônomo, no caso.
Observação – “cumplicidade” – A palavra cúmplice não é mais utilizada
em nosso Código Penal, tendo sido utilizada no Código Penal de 1940,
que não estabelecia distinção entre participe e autor, considerando
qualquer contribuição para o resultado como sendo autoria. Todas as
condutas pertenciam a uma mesma categoria e, no momento de dosar a
pena, seria necessário separar aqueles que foram preponderantes para a
consumação daqueles que contribuíram de modo singelo, aplicando-lhes
uma causa de diminuição de pena.
Hoje, ainda, prevalece resquícios doutrinários da denominada
“cumplicidade”, já que há quem sustente que o cúmplice é aquele que
contribui para o crime prestando auxilio ao autor ou participe, como por
ex, a promessa de não relatar um fato criminoso à policia. Mesmo assim,
prevalece o entendimento de que a expressão cúmplice não é mais
utilizada.
Observe o fluxograma ilustrativo:
Co-autoria (autoria) Participação
 
Para o critério objetivo formal-
quem realiza o núcleo do tipo
 
Para a teoria do domínio do fato
– quem domina todos os atos
essenciais para consumação do
crime.
 
Ajuda o co-autor (ou autor).
Pode ajudar de duas maneiras:
 
Moral (induzimento ou
instigação)
Material (auxilio material)
 
 
Divisão de trabalho. Não é
necessário que as condutas
praticadas sejam idênticas
 
 
Deve ocorrer antes ou durante a
consumação do delito, mas
nunca depois (assim como a
coautoria)
5. Natureza Jurídica do Concurso de Agentes
Quando analisamos a natureza jurídica do concurso de agentes, procura-
se verificar como é composto o concurso de agentes. Considerando que,
em se tratando de concurso de pessoas, temos a colaboração de mais de
uma pessoa para a prática do crime, analisar-se-á se, quando em
colaboração, todos praticam o mesmo o crime ou cada um pratica um
crime especifico.
Por isso o estudo da natureza jurídica do concurso de agentes nos indica
a existência de três teorias, senão observe-as:
1. Teoria Unitária ou Monista – Para essa teoria, em se verificando a
existência de crime praticado mediante concurso de pessoas, todos
praticam o mesmo crime e todos respondem por esse crime.
A responsabilidade de cada colaborador será medida de acordo com sua
culpabilidade.
Temos que, pela redação do “caput” do artigo 29, nosso Código Penal
adotou a Teoria Monista, observe:
Artigo 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Veja que o artigo 29 não menciona que em caso de concurso de pessoas
os participes respondem por um crime e os autores por outro. Não! A
redação nos é clara e indica que quem concorrer para o crime (mesmo
que só participando) responde pela pena cominada na medida de sua
culpabilidade.
No exemplo abordado temos que “Homem Cueca” concorreu para a
prática do crime de furto e, por isso, responderá pelo crime de furto,
assim como os demais, na medida de sua culpabilidade que, no caso,
tratou-se de participação.
Para corroborar a exposição, transcreve-se texto jurisprudencial abaixo:
TJSP - “quem emprega qualquer atividade para a realização do evento
criminoso é considerado responsável pela totalidade dele, segundo a
teoria monistica que o nosso Direito Penal perfilou” (RT 558/309)
2. Teoria Dualista - Para teoria dualista há dois crimes, quais sejam,
um cometido pelos autores e outro cometido pelos participes.
3. Teoria Pluralística ou Pluralista – Para esta teoria, cada um dos
participantes responde por crime próprio.
Como vimos, nosso Código Penal adotou a teoria unitária como regra
em se tratando de concurso de agentes.
Atente-se à leitura do Parágrafo 2º do artigo 29, 1ª parte, senão
vejamos:
Parágrafo 2º do Artigo 29 - “se algum dos concorrentes quis participar
de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste ...”
Há, assim, pela redação do parágrafo 2º do artigo 29, a adoção da teoria
pluralística por exceção. Isto porque, neste caso, os colaboradores não
respondem por um único crime. Trata-se da chamada exceção
pluralística.
O próprio Código Penal nos estabelece algumas exceções pluralísticas
em alguns tipos penais de sua parte especial. No entanto, quando a
parte especial do Código Penal adota a exceção do desvio pluralístico, o
legislador é claro e cria um tipo penal próprio para o co-autor ou
participe do crime.O crime previsto no artigo 124, por exemplo, descreve que é crime o ato
de provocar aborto em si mesma e, também, consentir que alguém lhe
provoque o aborto. Nesse caso, em regra, poderíamos supor que aquele
que ajuda a gestante a provocar aborto em si é participe do crime de
aborto. E, portanto, aplicar-se-ia a teoria monista, em que o participe
responderia na medida de sua culpabilidade.
No entanto, o próprio Código Penal estipula em seu artigo 126 crime
próprio àquele que provoca aborto na gestante. Assim, ao invés de
responder pelo mesmo crime que a gestante, na medida de sua
culpabilidade. Temos um tipo próprio para aquele que provoca o aborto
na gestante. Há, assim, expresso no próprio Código Penal a adoção, por
exceção, da teoria pluralística.
O mesmo raciocínio, quanto à exceção pluralística existente de forma
expressa no Código Penal, pode ser traçado para o crime previsto no
artigo 232 “caput” e o crime descrito em seu parágrafo 1º. Há exceção
pluralística e não a adoção da teoria monista.
 
Muito cuidado!!!!! Não confunda as teorias que procuram conceituar a
autoria com as teorias que identificam a natureza jurídica do concurso
de agentes. São totalmente diferentes.
Para que você não se confunda vamos fazer um quadro comparativo com
as duas teorias:
SÃO DIFERENTES!!!!!
Teoria – Autoria Teoria – natureza jurídica
concurso de pessoas
Finalidade: identificar quem é o
autor.
Pergunta: quem é o autor????
Resposta: depende. Existem três
teorias.
 
 
1. MONISTA ou UNITÁRIA
Autor = participe
 
2. EXTENSIVA
Cúmplice – causa de diminuição
de pena
 
3. RESTRITIVA
Autor x participe (é diferente!)
Então, quem é o autor e quem é
o participe??? Isto dependerá do
critério (temos 3)
 
Finalidade: identificar a essência.
Pergunta: quantos tipos penais
identificamos no concurso de
pessoas?
Resposta: Depende. Existem três
teorias.
 
1. MONISTA ou UNITÁRIA
Artigo 29, caput, do CP
 
2. DUALISTA
Autores praticam um crime
Participes praticam outro crime
 
3. PLURALISTICA ou
PLURALISTA
Cada colaborador responde por
um tipo especificio.
Parágrafo 2º, do artigo 29, CP
 
Portanto, caro leitor, embora o tema concurso de pessoas seja repleto de
detalhes, não se deixe confundir. Saiba que se procura estudar, em
primeiro lugar, a definição de autor e, posteriormente, quantos os
crimes existem em uma situação em que se constata o concurso de
pessoas.
4. Requisitos do concurso de agentes
Para que o concurso de agentes seja reconhecido penalmente é
necessária a presença de quatro requisitos, vejamos:
I- pluralidade de condutas e de pessoas para a prática do delito –
pela própria definição do concurso de agentes, não há qualquer senso
em se verificar a concurso de pessoas sem, no mínimo, a presença de
um autor e de um participe, tendo cada um colaborado com sua conduta
para consumação do crime.
II- relevância causal de todas as condutas – todas as condutas
mantidas pelos colabores devem ter importância para a consumação do
delito, por menor que seja a colaboração.
Em razão disso, como comentamos, não se admite participação após a
consumação do delito.
III Identidade de infração – esse requisito é questionável. Em
principio, como adotamos a teoria monista para natureza jurídica do
concurso de pessoas, é natural. No entanto, na medida que o próprio
Código Penal admite a teoria pluralística como exceção, no parágrafo 2º,
do artigo 29, nem sempre temos identidade de infração no concurso de
pessoas.
IV – Liame subjetivo ou concurso de vontades – É necessário que
todos tenham vontade de contribuir para a produção do resultado, sendo
o crime o produto de uma cooperação recíproca.
Sem que haja um concurso de vontades objetivando um fim comum
desaparecerá o concurso de agentes, surgindo a chamada autoria
colateral que apresentaremos adiante..
Em suma, é imprescindível a homogeneidade de elemento
subjetivo. Não se admite participação dolosa em crime culposo ou
participação culposa em crime doloso.
Mas, pode haver participação dolosa em crime doloso e participação
culposa em crime culposo.
Tenhamos como exemplo a seguinte situação, o pai, desalmado, que
coloca o filho no meio de uma estrada para ser atropelado e morto. É
autor indireto de homicídio doloso e não participe de crime culposo,
como pretendia.
IV – Identidade da infração – Considerando que o crime é praticado
em conjunto, a infração praticada pelos agentes deve ser a mesma.
6. Natureza Jurídica da Participação
Este tema não foi frisado em sala de aula, mas vale a leitura deste item
a título de cultura jurídica.
Pergunta-se: qual é a natureza jurídica da participação???
Como quase na maior parte das indagações feitas na área jurídica o
aluno deverá responder que depende da teoria adotada.
Para discutir a natureza jurídica da participação, temos 4 teorias,
senão vejamos.
a) Teoria da acessoriedade mínima – há quem entenda que há
participação, na medida em que o autor concorra para um fato típico.
Basta que ajude a praticar um fato típico, pouco importando se é lícito.
Para essa corrente quem concorre para a prática de um homicídio
acobertado por legitima defesa responderá pela prática do crime, pois
somente importa saber se o fato é típico.
b) Teoria da acessoriedade limitada – O participe somente responde
pelo crime se for típico e antijurídico, não é necessário que o fato seja
culpável.
c) Teoria da acessoriedade extremada – O participe somente é
responsabilizado se o fato principal é típico, antijurídico e culpável.
Dessa forma, não responderá por crime algum se tiver concorrido para
atuação inimputável.
d) Teoria da hiperacessoriedade – O fato deve ser típico, antijurídico,
culpável, incidindo, ainda, sobre o participe todas as agravantes e
atenuantes de caráter pessoal relativas ao autor principal. O participe
responderia, nesse caso, por tudo e mais um pouco.
Os lúcidos doutrinadores e Professores Fernando Capez e Fláveio
Monteiro de Barros entendem que deve ser aplicada a teoria da
acessoriedade extremada. E justificam a adoção desta teoria diante do
instituto da “autoria mediata”, já que, como será explicada no item
seguinte, nesses casos, é o autor principal quem realiza o verbo do tipo,
porém, não diretamente, mas pelas mãos de outra pessoa.
 
Assim, se houver apenas fato típico e antijurídico e o autor não for
culpável não há que se falar em participação. Para o entendimento
defendido pelos referidos mestres o autor DEVE SER CULPAVEL para
haver participação!!!
Concluindo, a participação necessita da culpabilidade do sujeito ativo
para ser aplicada como defende a teoria extremada.
7. Autoria Mediata – Trata-se daquele que se serve da outra pessoa
sem condições de discernimento para realizar por ele a conduta típica.
A autoria mediata se difere do mandante que se utiliza de executor (que
possui condições de discernimento) ou mesmo da autoria intelectual.
Nestas ultimas o autor atua como mero participe, concorrendo para o
crime sem realizar a conduta principal do tipo.
O executor (quem recebeu a ordem) sabe exatamente o que esta
fazendo não podendo dizer que foi mero instrumento de atuação, já que
não há conduta de “mandar matar” (isto para o critério objetivo formal
da autoria).
Na autoria mediata, seja qual for o critério utilizado, foi o próprio autor
mediato quem realizou o núcleo da ação típica ainda que pelas mãos de
outra pessoa. E, nesse caso, não há que se falar em concurso entre o
executor e o autor mediato.
A autoria mediata pode resultar, principalmente, da presença das causas
excludentes da culpabilidade. Estão lembrados??? São elas:
- causas excludentes da imputabilidade (desenvolvimento mental
incompleto, desenvolvimento mental retardado, doença mental,
embriaguez completa por caso fortuito ou força maior)
- causas excludentesdo potencial conhecimento da ilicitude (erro de
proibição inevitável)
- causas excludentes da exigibilidade de conduta diversa (obediência
hierárquica a ordem manifestamente legal e coação moral irresistível)
Quanto à coação física, por exemplo, o agente do crime impulsiona o
dedo do coagido sobre o gatilho de arma de fogo para matar a vítima,
como estudamos, sabemos que o coagido sequer apresenta conduta já
que sua vontade não é manifestada mas sim cabalmente viciada, dessa
forma, adoto a posição defendida por Luiz Flávio Gomes (texto também
disponibilizado junto ao presente material) no sentido de que o agente é
autor imediato e não mediato.
Também, cabe fazer outro comentário, muitas vezes questionado pelos
alunos, no que se refere ao “silvícola”.
Conforme estudamos nos fascículos anteriores, sabemos que há
entendimentos que situam os “silvícolas” não adaptados como
detentores de desenvolvimento mental incompleto (tal como é o menor
de idade) em razão da natureza jurídica da capacidade que lhe é
atribuída pelo Código Civil/2002 (híbrida) bem como pelo estatuto da
Funai.
Diante do raciocínio aplicado ao instituto da autoria colateral, temos que
basta uma causa que reduza as possibilidades da vítima de entender,
contrariar, enfim, resistir à coação feita pelo autor da ordem para restar
caracterizada a autoria mediata. Dessa forma, em se tratando de
silvícola não adaptado, sem possibilidade de compreender o caráter o
ilícito do ato ou, até mesmo, coagido teríamos sim reconhecida a autoria
mediata.
 
A doutrina nomeia o executor, nos casos de autoria mediata, de longa
manus do autor mediato, já que, por ficção, considera que o último é o
agente do crime.
7. Autoria Colateral: Ocorre quando mais de um agente realiza a
conduta sem liame objetivo entre eles.
por exemplo, “A” e “B” querem matar “C” e, certo dia, os dois, sem
tomarem conhecimento das respectivas intenções, disparam
simultaneamente em “C”.
Diante da falta de unicidade de desígnios, ajuda entre si para consumar
a conduta, cada um responderá pelo crime que cometeu.
8. Autoria Incerta e Autoria Desconhecida – São diferentes. A
autoria incerta ocorre quando se tem conhecimento dos agentes mas
não se consegue identificar o causador. Ambos responderiam por
tentativa.
A autoria desconhecida não se consegue apurar sequer quem foi o
causador. Nesses casos, o procedimento de investigação o crime
(conhecido como Inquérito Policial, como será estudado em Processo
Penal) é arquivado até que novas provas surjam.
9. Participação Sucessiva – ocorre quando o mesmo participe
concorre para a conduta principal de mais uma foma, por exemplo, o
participe que induz e, após, auxilia (vigia, empresta a arma ...)
10. Conivência ou participação negativa ou crimen silenti
Como o próprio nome indica, ocorre quando o sujeito, sem ter o dever
jurídico de agir (artigo 13, parágrafo 2º, do CP), omite-se durante a
execução do crime quando tinha condições de impedi-lo.
A conivência, quando ausente o dever jurídico de agir, não configura
participação por omissão.
Observe o exemplo feito através do fragmento jurisprudência do E.
TJSP:
“Se o acusado não praticou qualquer ato de execução, permanecendo a
certa distancia do autor delito sem lhe dar força moral nem desencorajá-
lo à prática da conduta delituosa, não há que se falar em participação no
crime, pois a mera conivência ou participação negativa não caracterizam
o concurso”
(RT 733/654)
“Ainda que o agente tenha conhecimento da intenção de menores
infratores em praticar a subtração, não havendo prova a respeito de uma
atuação efetiva, da vontade de aderir aos fatos delituosos, o seus
comportamento consistente em permanecer nas proximidades não pode
caracterizar a participação no crime”
(RJDTacrim 23/298)
Assim, se uma pessoa, não incurso nas hipóteses do parágrafo 2º do
artigo 13, do CP, estava ciente do crime, presenciou o crime, mas nada
fez, não ajudou, mas, também, não delatou, não há que se falar em
participação, quiçá, eventual tipificação de omissão de socorro, se
comprovada.
11. Participação por Omissão 
Quando o sujeito tendo o dever jurídico de agir, omite-se,
intencionalmente, esperando que o resultado ocorra. Atenção!!!
Importante!!!! A participação por omissão ocorre quando o sujeito
apresenta o dever jurídico de agir, ou seja, se encaixa em uma das
hipóteses do parágrafo 2º, do artigo 13, do CP.
Nesses casos, como apresenta o dever jurídico de agir, responderá como
partícipe, desde que o elemento subjetivo seja idêntico ao apresentado
pelos autores. Isto é, se os autores do crime apresentam dolo, o
participe por omissão, para configurar concurso, deverá, também
apresentar dolo na omissão.
Supondo que um empregado possui dever de fechar a porta do
estabelecimento (foi contratado para isto) e não o faz (se omite) para
que terceiro realize a subtração, há participação criminosa no furto em
decorrência do não cumprimento do dever jurídico de impedir o
resultado.
Para diferenciar a participação por omissão da conivência, vamos ter em
mente o seguinte exemplo.
Suponha que, após uma partida de futebol, o torcedor do Time X é
abordado pela torcida do Time Y, que, após xingá-lo, o esbofeteiam ...
Ocorre que o pipoqueiro do estádio observou tudo o que ocorreu
juntamente com um policial. Tanto o pipoqueiro como o policial
caçoaram da situação, dando risadas, enquanto a vítima é esbofetada
pelos torcedores.
Temos, assim, que não há que se falar em participação por omissão
praticada pelo pipoqueiro, quiçá, como mencionado, por omissão de
socorro, nas hipóteses e circunstancias legais.
No entanto, há participação por omissão do policial em relação à
agressão praticada pela torcida. Isto porque o policial detém o dever
legal de impedir esse resultado, nos termos do artigo 13, parágrafo 2º,
do CP e, principalmente, apresentou liame subjetivo (dolo) em relação
aos torcedores.
Ainda é importante acrescentar. Supondo que o policial estivesse
distraído, comendo pipoca, por exemplo, temos que sua conduta não
seria dolosa, mas culposa e, nesse caso, responderia por lesão corporal
(ou homicídio, se for este o resultado) culposo.
Para exemplificar a aplicação deste instituto na prática vamos
transcrever alguns fragmentos de julgados de nossas Cortes Superiores,
vejamos.
“Estupro. Menor que diversas vezes foi violentada pelo padastro. Mãe
que, ciente dos fatos, se omite, não denunciando o companheiro.
Cumplicidade – se a mãe tem ciência de que sua filha diversas vezes foi
violentada pelo companheiro e se omite, não denunciando os fatos às
autoridades, torna-se cúmplice e deve ser condenada, na modalidade de
participação, consoante dispõe o aigo 29,caput, do CP, já que sua
omissão foi relevante pois possuía o dever jurídico de cuidar, proteger e
vigiar a prole, conforme determinam os artigos 227, caput, da CF e
artigo 4º do ECA (Lei nº 8069/90). Apelação ministerial provida, com
condenação da acusada e declaração de incapacidade de exercício do
pátrio poder em relação à filha.” (RJTJERGS 207/189)
Dessa forma, em se tratando de participação por omissão, aquele que
tem o poder dever de impedir o ilícito e deixa de fazê-lo aderindo à
vontade do autor e possibilitando a consumação, responde pela
causação.
12. Participação em crime omissivo – Trata-se do agente que auxilia,
induz ou instiga outrem a se omitir da conduta devida. Ex: convencer
outrem a não efetuar o pagamento da pensão alimentícia, nesse caso,
seria participe do crime de abandono material.
 
 
13. Multidão deliquente – é o caso dos linchamentos, crimes
praticados sob influencia de multidão e tumulto. Os agentes respondem
em concurso com atenuante, como será estudado mais adiante, artigo
65, III, “e”, do CP.
14. Participação impunível – quando o fato principal não chega a
ingressar em sua fase executória. Como antes disso nada é punível,
então,isto, também não é punível. Por exemplo, empresto uma faca,
mas o autor não pratica o crime.
Exercício 1:
Considere o crime de rixa, temos que é:
A - Monossubjetivo, de conduta convergente e de concurso necessário. 
B - De concurso necessário, plurissubjetivo e de conduta convergente. 
C - De concurso eventual, plurissubjetivo e de conduta contraposta 
D - De concurso eventual, monossubjetivo e de conduta contraposta. 
E - De concurso necessário, plurissubjetivo e de conduta contraposta. 
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Exercício 2:
Quanto aos crimes de concurso eventual, podemos afirmar que:
A - Podem ser praticados por co-autores. 
B - Não admitem a participação. 
C - São crimes plurissubjetivos. 
D - Não admitem a co-autoria. 
E - Não admitem concurso de pessoas. 
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Exercício 3:
 “Autor é todo aquele que concorre para o resultado”. A respeito da afirmação, analise as assertivas
abaixo e marque a alternativa correta.
I- o conceito refere-se à Teoria Unitária da Autoria, adotada em nosso ordenamento jurídico.
II- o conceito refere-se à entendimento não recepcionado por nosso ordenamento jurídico penal
III- o conceito se refere à Teoria Unitária, que, ao contrário da Teoria Restritiva, não admite
diferenciação entre autor e participe.
A - Todas as assertivas estão corretas. 
B - Todas as assertivas estão erradas. 
C - Somente a I é correta. 
D - Somente II e III são corretas. 
E - Somente I e III são corretas. 
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Exercício 4:
A respeito da diferenciação doutrinária feita entre autor (co-autores) e participe do crime, podemos
dizer que:
A - Autor é sempre aquele que pratica o núcleo do tipo. 
B - Autor é aquele que pratica o núcleo do tipo para o critério objetivo-formal. 
C - Coautor é sempre aquele que detém o domínio do fato. 
D - Co-autor é aquele que auxilia o autor seja de forma moral ou material. 
E - Autor executa a conduta principal e o Co-autor somente participa dos atos preparatórios para
consumação do delito. 
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