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APLICAÇÃO DE CALCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NA ENGENHARIA CIVIL Resumo Na rotina de um Engenheiro Civil há uma variedade de problemas em que precisa de conhecimento em diversas áreas de atuação, Calculo Diferencial e Integral tem uma extrema importância, pois é um caminho para a solução de variados problemas. Um Engenheiro busca ter o menor custo e tempo na construção e com melhor uso dos materiais, ou seja, encontrar um desempenho de usos máximos e desperdícios mínimos, e as taxas de variações. Sendo assim, iniciamos esse estudo de derivadas e suas aplicações para demostrar na pratica a solução de problemas decorrentes no dia-a-dia de um engenheiro e outros profissionais envolvidos. Muito associado à engenharia, usamos o calculo para obter o resultado de cargas, volumes, áreas, momentos de inércia e deformações, soluções de estruturas de equações elásticas, centros de gravidade, resultantes de carregamento. Um exemplo simples é preciso calcular o preço mínimo de uma obra, e para isso muita vezes a curva do custo é uma equação de grau “n”, fazendo à derivada e igualando a zero, assim poderá encontrar o preço mínimo. Concluímos que o fundamental uso das aplicações de derivadas na engenharia civil se da pelo sistemático e preciso instrumento de cálculos e equações físicas que representa o comportamento. A engenharia civil, está fortemente ligada ao uso de derivadas, com elas podemos realizar vários tipos de estudo e aplica-lás transformando em uma função. Podendo assim serem utilizadas para diversas áreas, como está relacionada a taxa de variaçao e também as outras áreas, como: tempo, volume, temperatura, resistêndencia, área, ou seja, qualquer quantidade que possa ser representada por uma função. No ramo da construção civil, o uso das derivadas estão sempre presentes nos desenvolvimentos de projetos de estuturas, hidráulicas, topográficos e geotécnicos, pois sem elas seria impossível calcular o dimensionamento de lajes, colunas e vigas. Uma de suas aplicações que será abordada neste trabalho é sua utilização no dimensionamento de uma viga. O dimensionamento de uma viga tem de grande importância é a determinação dos esforços de força cortante e momento fletor. Primeiramente deve ser calculado os esforços principais que atuam na estrutura, onde iremos achar o Momento Fletor e só depois então é feito seu dimensionamento onde são verificadas as dimenções necessarias para suportar os esforços solicitados. Utilizando o cálculo diferencial e integral, encontramos as suas funções que possibilitam calcular o momento fletor e a força cortante que atuam na viga naquele momento. Ao derivar, vamos encontrar outra função que irá apresentar o Esforço Cortante daquele trecho. A aplicação ocorre em diversas áreas de conhecimento, tendo um papel de extrema importância, sendo uma porta para a solução de diversos problemas, sua utilização na engenharia civil se estende por diversas áreas e matérias como conhecimento essencial. Palavras-chave: Projetos de estrutura; hidráulicos; topográficos; geotécnicos. O Cálculo Diferencial e Integral é uma fonte de inspiração criativa e crítica, uma vez que atualiza a compreensão do fenômeno científico contribuindo de maneira expressiva para o resgate do conhecimento no campo da matemática e suas ramificações CDI (Cálculo Diferencial e Integral). Procuramos apresentar as idéias dos principais teóricos no ramo do cálculo, no contexto histórico em que elas foram forjadas demonstrando como originou-se o Cálculo Diferencial e Integral e suas aplicações no ensino da matemática. Para desenvolver esta pesquisa, baseamos nossos estudos em fontes bibliográficas e em um questionário sobre o ensino e estudo de Cálculo Diferencial e Integral entre os alunos das primeiras fases do Curso de Ciência da Computação da Faculdade Fabrai (Faculdade Brasileira de Informática) com campus na cidade de Belo Horizonte. Desenvolvemos assim, a hipótese de que o Cálculo Diferencial e Integral não recebe a devida atenção, entre os estudantes, pelo fato de sua história ser desconhecida pela maioria das pessoas e pelo grau de dificuldade que esta matéria apresenta não só para os leigos como também para os iniciados na matemática. Sendo o Cálculo Diferencial e Integral a base para o desenvolvimento dos estudos nas áreas de conhecimento que tem por atividade principal o uso de cálculo, como por exemplo, a Matemática, Ciência da Computação, Engenharia Civil, Física, 7 entre outros, nos intrigou saber que o mesmo não recebe a devida atenção pelo fato de seu ensino não ser nem um pouco atraente, aos olhos dos estudantes, que dizer das pessoas que não dominam a matemática. A construção desta poderosa ferramenta matemática que é o Cálculo é resultado de diversas contribuições de muitos matemáticos em diferentes períodos históricos. Cada teórico, ao seu tempo, desenvolveu novas idéias e aperfeiçoou os métodos para o estudo e a aplicação do Cálculo em diferentes áreas do conhecimento, podendo ser aplicado desde a Biologia até ao estudo da Eletricidade, entre outros. Assim, buscamos apresentar neste trabalho a contribuição de cada teórico para o desenvolvimento do estudo do cálculo até os dias atuais quando o Cálculo Diferencial e Integral torna-se uma ferramenta indispensável, quer pelo estudo do Cálculo propriamente dito, quer pelo fato de ser o Cálculo a base para o desenvolvimento das tecnologias de informática, o que é crucial num mundo cada vez mais digitalizado. Apresentamos, desta forma, os três pilares básicos do Cálculo, quais sejam: Construção de Quadraturas, Método de Exaustão e o Teorema Fundamental do Cálculo com a sua respectiva importância e aplicação ao longo dos tempos e as contribuições necessárias para que os mesmos chegassem até os nossos dias da forma como são apresentados. Em relação ao estudo do Cálculo, os estudantes não conseguem entender a importância do mesmo no início do curso e o índice de reprovação é creditado ao grau de dificuldade dos exercícios com Cálculo. Entretanto, são poucos os estudantes que se interessam pela origem e construção do Cálculo, atendo-se tão somente a aplicação prática do Cálculo. Do qual deduzimos que, cursar a 8 disciplina de Cálculo Diferencial e Integral sem preocupar-se com a dimensão maior do Cálculo que é a sua construção desde o princípio e suas múltiplas aplicações, nos mais diversos ramos da ciência, torna seu conhecimento limitado e pouco prazeroso. Ainda que deva ser levado em consideração que muitas vezes, os métodos utilizados no ensino de Cálculo Diferencial e Integral são pouco motivadores. 9 HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DO CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL O conhecimento formal vem sendo construído à séculos e se estrutura em regras que precisam ser reformuladas. Estas regras não podem ser ministradas através de um ensino rigoroso e restrito a uma determinada matéria, isolada de outras ciências, encerrando um grave erro sob dois aspectos: de um lado priva-se o estudante de uma correta apreciação da matéria, cujo valor mais autêntico reside nas idéias e criatividade, e não apenas no rigor ou encadeamento lógico das demonstrações. A criatividade está ligada a imaginação, tanto em literatura, em música ou qualquer arte. De outro lado, o ensino isolado não corresponderia a realidade histórica do fato, as exigências de desenvolvimento de teorias e métodos matemáticos em física, astronomia e nas demais ciências. As contribuições dos matemáticos para o nascimento do Cálculo são inúmeras. Muitos deles, mesmo que de forma imprecisa ou não rigorosa, já utilizavam conceitos do Cálculo para resolver vários problemas como por exemplo, Cavalieri, Barrow, Fermat e Kleper. Neste tempo ainda não havia uma sistematização, no sentido de uma construção logicamente estruturada. A união das partes conhecidas e utilizadas até então, aliada ao desenvolvimentoe aperfeiçoamento das técnicas, aconteceu com Newton e Leibniz, que deram origem aos fundamentos mais importantes do Cálculo: as derivadas e as integrais. Assim podemos dividir o Cálculo em duas partes; uma relacionada às 10 derivadas ou cálculo diferencial e outra parte relacionada as integrais ou cálculo integral. Estudando a origem do Cálculo pode-se perceber a evolução e o desenvolvimento de teorias, que são necessárias aos educadores, buscando posicionamento e reflexão sobre o desenvolvimento do conhecimento podendo interferir mais adequadamente na prática pedagógica. Desta maneira o educador pode conquistar seus alunos para o estudo desta área, porque ela é interessante e pode ser ensinada e aprendida com prazer, dando oportunidade para melhoria na educação e maior compreensão do pensamento humano. O Cálculo Diferencial e Integral é uma parte importante da matemática, diferente de tudo que o aluno ingressante na Universidade já estudou, ele é dinâmico. Trata da variação, de movimento e de quantidades que mudam, tendendo a outras quantidades. É uma das grandes realizações do intelecto humano. Inspirados por problemas de astronomia, Newton e Leibniz, desenvolveram as idéias do cálculo, há 300 anos. Desde então, cada século vem demonstrando o poder do cálculo, ao iluminar questões da matemática, das ciências físicas, engenharia e ciências sociais e biológicas. A derivada e a integral são duas noções básicas do Cálculo Diferencial e Integral. Do ponto de vista geométrico, a derivada está ligada ao problema de traçar a tangente a uma curva enquanto que a integral está relacionada com o problema de determinar a área de certas figuras planas, mas também possui muitas outras interpretações possíveis. Na realidade, a grande descoberta de Newton e de Leibniz foi que a Matemática, além de lidar com grandezas, é capaz de lidar com a variação das mesmas. 11 Os primeiros problemas que aparecem na História relacionado com as integrais são os problemas de quadratura. Um dos problemas mais antigos enfrentados pêlos gregos foi a medição de superfícies a fim de encontrar suas áreas. Quando os antigos geômetras começaram a estudar as áreas de figuras planas, eles a relacionavam com a área do quadrado, por ser esta figura plana mais simples. Assim buscavam encontrar um quadrado que tivesse a área igual a da figura em questão. A palavra quadratura é um termo antigo que se tornou sinônimo do processo de determinar áreas. Quadraturas que fascinavam os geômetras eram as de figuras eram as de figuras curvelíneas, como o círculo, os as figuras limitadas por arcos de outras curvas. Hipócrates de Chios 440 a.C. realizou as primeiras quadraturas da história, quando estudou as lúnulas. Antifon, por volta de 430 a.C., procurou encontrar a quadratura do círculo através de uma seqüência infinita de polígonos regulares inscritos; primeiro um quadrado, depois um octógono, em seguida um hexadecágono, e assim por diante. No entanto havia um problema, esta seqüência nunca poderia ser concluída. Apesar disso, esta foi uma idéia genial que deu origem ao método de exaustão. As primeiras idéias do Cálculo surgiram na Grécia Antiga há 2500 anos atrás. Naquela época os gregos já sabiam calcular a área de qualquer região poligonal, dividindo-a em triângulos e somando as áreas obtidas. Para o cálculo de áreas de regiões planas limitadas por curvas, eles usavam o chamado Método da Exaustão, atribuído a Eudoxo (406 –355 a.C.), desenvolvido e aperfeiçoado por Arquimedes (287 –212 a.C.), grande matemático da escola de Alexandria. O método da exaustão consiste em “exaurir” a figura dada por meio de outras de áreas e volumes conhecidos. O caso mais conhecido é o famoso problema 12 da quadratura do círculo, isto é, o problema de obter um quadrado com a mesma área de um círculo de raio r dado. Uma primeira aproximação para a área do círculo é dada pela área do quadrado inscrito no círculo. Com o acréscimo de quatro triângulos isósceles convenientes, obtemos o octógono regular inscrito no círculo, cuja área fornece uma aproximação melhor à área do círculo. Fonte: História Integrais. Disponível em: <www.cepa.if.usp.br> Continuando com o processo de acrescentar novos triângulos, tomamos um polígono regular de 16 lados. Do ponto de vista geométrico, é possível observar que já se tem a impressão de termos exaurido o círculo, embora saibamos que existem algumas áreas que não foram cobertas. Continuamos a exaurir o círculo para obter aproximações cada vez melhores para a área do círculo, através de polígonos regulares inscritos de 2n lados. Usando um procedimento similar a este, com polígonos inscritos e circunscritos, Arquimedes calculou a área do círculo de raio unitário mostrando que a área A (=Pi) está compreendida entre: 3+10/71=3,140845<A<3+1/7=3,142857. O inconveniente do método de exaustão de Arquimedes é que para cada novo problema havia a necessidade de um tipo particular de aproximação. Por exemplo, para obter a área de uma região localizada sob um segmento de parábola 13 ACB. Arquimedes, usou como primeira aproximação o triângulo ABC, em que C foi tomado de modo que a reta tangente à parábola que passa pelo ponto C seja paralela à reta AB. De modo semelhante são escolhidos os pontos D e E e construídos os triângulos ACD e BCE. Fonte: História Integrais. Disponível em: <www.cepa.if.usp.br> Na seqüência foram construídos mais triângulos com as mesmas propriedades que os outros obtidos nos passos anteriores. Fonte: História Integrais. Disponível em: <www.cepa.if.usp.br> Observa-se que tais triângulos estão exaurindo a área da região parabólica. Fonte: História Integrais. Disponível em: <www.cepa.if.usp.br> 14 Arquimedes é considerado o maior dos matemáticos da antigüidade e um dos três maiores de todos os tempos, ele fez uma significativa contribuição ao Cálculo ao achar a área da região limitada por uma parábola e uma reta, fazendo a soma das áreas de infinitos triângulos. Arquimedes descobriu que a área da região limitada por uma parábola, cortada por uma corda qualquer é igual a 4/3 da área do triângulo que tem a mesma altura e que tem a corda como base1. Arquimedes gerou também a soma com infinitos termos, mas ele conseguiu provar rigorosamente o seu resultado, evitando, com o método da exaustão, a dificuldade com a quantidade infinita de parcelas. Foi a primeira vez que se calculou soma com infinitos termos. A contribuição seguinte para o Cálculo Integral apareceu somente ao final do século XVI quando a mecânica levou vários matemáticos a examinar problemas relacionados com o centro de gravidade. Em 1606 em Roma Luca Valerio publicou “De quadratura parabolae” onde utilizou o mesmo método grego para resolver problemas de cálculo de áreas desse tipo. Kepler, em seu trabalho sobre o movimento dos planetas, teve que encontrar as áreas de vários setores de uma região elíptica. Este método consiste em pensar na superfície como uma soma de linhas sendo que o mesmo na prática apresentava muita imprecisão. Analogamente, para calcular volumes de sólidos, pensava na soma de fatias planas, deste modo calculou o volume de muitos sólidos tridimensionais, formados pela revolução de uma região bidimensional ao redor de um eixo. Para o cálculo de cada um desses volumes subdividia-se o sólido em várias fatias, chamadas infinitésimos, e a soma desses infinitésimos se aproximava do volume desejado. Os matemáticos que posteriormente contribuíram para o nascimento do Cálculo Integral foram Fermat e Cavalieri. Em sua obra mais conhecida “Geometria 1 SEMMONS, George F. Cálculo com geometria analítica. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1988. Vol. 2. 15 indivisibilibus continuorum nova”, Cavalieri desenvolveu a idéia de Kleper sobre quantidades infinitamentepequenas. Aparentemente, Cavalieri, pensou na área como uma soma infinita ou segmentos indivisíveis. O problema do movimento estava sendo estudado desde a época de Galileu. Tanto Torricelli como Barrow consideraram o problema do movimento com velocidades variadas. A derivada da distância era a velocidade e a operação inversa partindo da velocidade levada a distância. A partir deste problema a idéia de operação inversa da derivada desenvolveu-se naturalmente e a idéia de que a integral e a derivada eram processos inversos era familiar a Barrow. Embroa Brrow nunca tenha anunciado formalmente o Teorema Fundamental do Cálculo, estava trabalhando em direção ao seu resultado; foi Newton, entretanto, quem continuando na mesma direção formulou o Teorema2. O Cálculo Diferencial e Integral foi criado por Issac Newton (1642-1727), e Wilhelm Leibniz (1646 –1716). O trabalho destes cientistas foi uma sistematização de idéias e métodos surgidos principalmente ao longo dos séculos XVI e XVII, os primórdios da chamada era da Ciência Moderna, que teve início com a Teoria Heliocêntrica de Copérnico ( 1473 –1543). O que permitiu a passagem do método de exaustão para o conceito de integral foi a percepção que em certos casos, a área da região pode ser calculada sempre com o mesmo tipo de aproximação por retângulos. 2 História de Integrais. Disponível em <www.cepa.if.usp.br> Acesso em: 06 maio 2004. 16 Fonte: História Integrais. Disponível em: <www.cepa.if.usp.br> Esta foi uma descoberta conceitual importante, mas em termos práticos, a descoberta fundamental foi a possibilidade de exprimir a integral de uma função em termos de uma primitiva sendo a definição de integrais muito abstrata e não é um instrumento adequado para calcular integrais, razão pela qual o cálculo de integrais geralmente é feito mediante o Teorema Fundamental do Cálculo, que só o nome já diz sobre a importância do mesmo. Este teorema permite exprimir a integral de uma função em termos de outra função conhecida como primitiva e esta notável descoberta de Newton e Leibniz no século XVII, forneceu ao Cálculo uma ferramenta eficaz para o cálculo da maioria das integrais que aparecem no cotidiano. Principalmente como conseqüência do Teorema Fundamental do Cálculo as integrais foram simplesmente vistas como derivadas “reversas”. Na mesma época da publicação das tabelas de integrais de Newton, Johann Bernoulli descobriu processo sistemáticos para integrar todas as funções racionais, o que é chamado método das frações parciais. Estas idéias serão aqui expostas mas observamos que o conceito de integral pode ser introduzido de várias formas, todas elas tendo em comum a mesma idéia geométrica, mas que se diferenciam pelo rigor matemático utilizado. Neste caso ocorre um problema usual em Matemática: quanto menos rigorosa ou formal é a conceituação de um objeto matemático, mais simples é a sua compreensão, 17 porém é mais inadequada ou de conhecimento inatingível para um ser humano comum, em função das propriedades que decorrem do processo conceitual utilizado. A idéia ou o conceito de integral foi formulado por Newton e Leibniz no século XVII, mas a primeira tentativa de uma conceituação precisa foi feita por volta de 1820, pelo matemático francês Augustin Louis Cauchy. Os matemáticos antigos lidaram com esta idéia de aproximação e limites de modo intuitivo por dois séculos. Percebiam a falta do mesmo nível de rigor ensinado pêlos gregos antigos para poderem justificar formalmente os procedimentos, e até mesmo evitar contradições e erros que fizeram, mas a humanidade precisou esperar até o século XIV, para que este rigor fosse finalmente encontrado por Augustin Louis Cauchy (1789-1857), que criou uma definição formal de limite. Os estudos de Cauchy foram incompletos mas muito importantes por terem dado início à investigação sobre os fundamentos do Cálculo Integral, levando ao desenvolvimento da Análise Matemática e da teoria das funções. Cauchy usou o seguinte processo para definir a integral de uma função real. Seja f:[a,b] R limitada não negativa. Fonte: História Integrais. Disponível em: <www.cepa.if.usp.br> Por volta de 1854, o matemático alemão Bernhard Riemann (1826-1866) realizou um estudo bem mais aprofundado sobre a integral e em sua homenagem a integral estudada por ele passou a receber o nome de Integral de Riemann. Tal nome serve para distinguir essa integral de outras que foram introduzidas mais 18 tarde, como por exemplo, a Integral de Lebesgue. A forma usada para introduzir o conceito de Integral de Riemann nos cursos de Cálculo é a versão devida a Cauchy. O que justifica isto é que, ela é simples e bastante acessível aos alunos de um curso inicial de Cálculo, além de atender aos propósitos de um curso desta natureza. Nos cursos de Análise Matemática apresenta-se uma versão mais refinada, a Integral de Darboux-Riemann, usando os conceitos de soma inferior, soma superior, integral inferior e integral superior, que correspondem ao método de exaustão usando, respectivamente, polígonos inscritos e polígonos circunscritos. Mas, para que ninguém alimente idéias equivocadas, observamos que as diversas definições da Integral de Riemann mencionadas são equivalentes e a diferença entre elas se situa na adequação das definições para a obtenção das propriedades da referida Integral. O Cálculo Diferencial e Integral Nasceu motivado por alguns poucos problemas, mas a abstração e a sofisticação das idéias que a partir dali foram desenvolvidas fez com que ele se tornasse hoje um assunto fundamental, com aplicações não só em Matemática, mas também em Física, química, Estatística, Economia e muitas outras áreas do conhecimento. O cálculo Diferencial é usado na determinação de órbitas de astros, satélites mísseis, na análise de crescimento de populações, seja de seres humanos de bactérias ou outra qualquer, em medida de fluxos, seja fluxo sangüíneo, ou de carros em estradas, ou de águas em canos; em importantes problemas de otimização, tais como achar as quantidades ideais de produção que minimizam custos, quais as que maximizam lucros, determinar qual a melhor maneira de empilhar pacotes sob certas condições, como construir reservatórios com máxima capacidade custo fixado, como achar o melhor caminho de modo a minimizar o tempo de percurso, qual o melhor lugar ângulo para construir 19 um teto com certas características entre outros. Por este motivo o Cálculo Diferencial e Integral um instrumento indispensável de pensamento em quase todos os campos da ciência pura e aplicada. Os métodos e as aplicações do cálculo estão entre as maiores realizações intelectuais da civilização, uma conquista cultural e social, e não apenas científica. O cálculo tem sido tão bem sucedido por causa de seu extraordinário poder de reduzir problemas complicados a regras e procedimentos simples. É a matemática dos movimentos e das variações. Onde há movimento ou crescimento e onde forças variáveis agem produzindo acelerações, o cálculo é a matemática a ser empregada. Inventado inicialmente para atender as necessidades matemáticas, basicamente mecânicas dos cientistas dos séculos XVI e XVII. O cálculo diferencial lidou com o problema de calcular taxas de variações. Ele permitiu que as pessoas definissem os coeficientes angulares de curvas calculassem a velocidade e a aceleração de corpos em movimento e determinassem os ângulos que seus canhões deveriam a ser disparados para obter maior alcance, além de se prever quando os planetas estariam mais próximos ou distantes de si. O cálculo integral lidou com o problema de determinar uma função a partir de informações a respeito de sua taxa de variação. Permitiu que pessoas calculassem a posição futura de um corpo a partir de sua posição atuale do conhecimento das forças que atuam sobre ele, determinassem o volume e a massa de sólidos arbitrários. O cálculo foi inventado no século XVII, como instrumento para resolução de problemas que envolviam movimento. A geometria a álgebra e a trigonometria, aplicam-se a objetos que se movem com velocidade constante, os métodos do cálculo são entretanto, necessários para estudar as órbitas dos planetas, para 20 calcular o vôo de um foguete, para predizer a trajetória de uma partícula carregada através de um campo eletromagnético e, de modo geral, para tratar de todos as aspectos do movimento. Embora o cálculo tenha sido criado para resolver problemas de física, tem inúmeras aplicações em outros campos. Uma das razões de sua versatilidade é o fato de que a derivada se aplica ao estudo das taxas de variação em geral, e não só do movimento. Por exemplo, um químico pode utilizá-la para prever o resultado de diversas reações químicas; ao biólogo ela é útil na pesquisa da taxa de crescimento de bactérias numa cultura; o eletricista emprega-a para descrever a variação da corrente num circuito elétrico; os economistas aplicam-na a problemas de lucros e perdas. Outro conceito fundamental do cálculo é o de integral definida, que também encontra inúmeras aplicações nas ciências. O físico utiliza-o para determinar o trabalho necessário para distender ou comprimir uma mola. Por meio dele o engenheiro calcula o centro de massa ou o momento de inércia de um sólido. Ao biólogo permite calcular o fluxo de sangue numa artéria. Os matemáticos utilizam a integral definida para investir conceitos como áreas de superfícies volumes de sólidos geométricos e comprimento de curvas. A derivada e a integral definida exprimem-se em termos de certos processos de limites. A noção de limite é a idéia inicial que separa o cálculo das partes mais elementares da matemática. Issac Newton (1642-1727) e Gotfried Wilhelm, Leibniz (1646 –1716), descobriram a ligação entre derivada e integrais. Em razão disso, e de suas outras contribuições para o assunto são considerados os inventores do cálculo. 21 TEORIAS MATEMÁTICAS A RESPEITO DO CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL Segundo Michael White, o pensamento europeu do século XVI era controlado por duas forças poderosas: A igreja Católica Romana, liderada pelo papa, e a antiga filosofia dominada pelas idéias do grego Aristóteles. As idéias de Aristóteles já se perpetuavam por dois mil anos e eram irrefutáveis e, convenientemente seu ponto de vista coincidia com as raras citações da bíblia. A Ciência e a Filosofia nada mais eram do que a repetição daquilo que Aristóteles havia ensinado. Qualquer descoberta realizada por um pesquisador tinha que estar em conformidade com a visão católica, na visão de mundo herdada dos gregos3. Em 1543, Nicolas Copérnico sugere que a teoria de Aristóteles sobre o universo estava errada, contrariando as afirmações de Aristóteles e da bíblia na concepção de Aristóteles. Foi nesta Atmosfera que nasceu Galileu Galilei, um homem da renascença interessado em aceitar novas idéias e pontos de vista progressistas. Galileu, além de pesquisar o sistema de funcionamento do Universo, trabalhou com diversas áreas, realizando estudos sobre mecânica e movimentos, som e luz. Produzindo um de seus melhores livros, “Discursos e Demonstrações Matemáticas sobre suas novas Ciências”4. 3 WHITE, Michael. Personagens que mudaram o mundo. Os grandes cientistas. Galileu Galilei. Rio de Janeiro: Globo, 1991. 4 WHITE, 1991. 22 Johannes Kleper nesta mesma época descobriu que a terra e os planetas giravam em tono do sol, numa mesma órbita elíptica, transformando a velha descrição geométrica do firmamento em uma astronomia dinâmica. Kleper escreveu um relatório que chamou a atenção de Galileu e Tycho Brache, logo sendo enviado para juntar-se a Tycho numa equipe de pesquisa científica num observatório fora de praga, sendo que após um ano de estudo, Tycho morreu e Kleper continuou como sucessor de Tycho, usando suas corretas e extraordinárias observações astronômicas5. Assim Kleper pôde deduzir três leis fundamentais dos movimentos dos planetas que mais tarde capacitou Issac Newton para formular suas teorias de força da gravidade. Kleper também explanou a ótica moderna postulando a teoria do raio de luz para explicar a visão. Galileu Galilei (1564-1642) e Johnnes Kleper segundo Envist Casser já tinham concebido a idéia de lei natural, em toda a sua amplitude e profundidade, porém faltava mostrar que os casos particulares de suas descobertas podiam ser estendidas para todo universo. A obra de Issac Newton, cumpriu esta tarefa no século XVII, descobrindo leis físicas aplicáveis ao universo, como a lei da gravidade, razão, razão inversa e fórmulas de modo preciso e racional que mais tarde foram trabalhadas pelo matemático alemão George Friedrich, que influenciou largamente a geometria das análises6. Leibnitz Gottfried Wilhelm (1646-1716) distingui-se, em 1675, como inventor do Cálculo Diferencial e Integral. Em 1661, Leibnitz, teve contato com os ensinamentos dos homens que revolucionaram, a ciência e a filosofia como: Galileu, Francis Bacon, Thomas Hobbes, Renné Descartes que contribuíram para sua tese 5 História do Cálculo. Enciclopédia Britânica 1998, p 809-810. 6 WHITE, Michael. Galileu/Newton. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1987. 23 de bacharelado “O princípio do indivíduo”. Entendendo que o indivíduo não haveria de ser explanado como matéria somente ou como uma forma mas preferência como “ser” (entidade toda)7. Já em 1666 escreveu, “A arte da combinação” na qual ela formulou um modelo que serviu de teoria inicial para algumas invenções modernas como calculadora e computadores. Desenvolveu um princípio da razão suficiente (nada ocorre sem uma razão), envolvendo problemas à ótica, espaço e movimento que foram publicados em 1671. (Hypothesis Physyca Nova). Foi em 1675, que Leibnitz formulou o fundamento do Cálculo Diferencial e Integral. Com sua descoberta ele parou de considerar o tempo e o espaço como substâncias. Começando a desenvolver o conceito da extensão e movimento não poderia ser descoberta simplesmente com o estudo da natureza. Sendo assim a lei básica do movimento não poderia ser descoberta simplesmente com o estudo da natureza. Criticando a formulação Cartesiana das Leis do Movimento, conhecida como mecânica. Leibnitz tornou-se em 1676, fundador de uma nova formulação conhecida como Dinâmica que substitui a energia cinética para a conservação dos movimentos. Leibnitz continuou seu trabalho, propôs que a educação fosse mais prática, trabalhou com pressão hidráulica, moinhos de vento, lâmpadas, submarinos, relógios e vários inventos, como bomba de água movida a moinho de vento. Em 1685 publicou “New Method for Grea test and Least”. Novo método para o máximo e o mínimo que era uma exposição do seu Cálculo Integral. Segundo Geraldo Ávila, o desenvolvimento científico que nasceu o cálculo foi um contexto que as idéias foram surgindo e se desenvolvendo, 24 gradualmente, nas obras de vários cientistas, merecendo especial destaque os nomes de Issac Newton (1642-1727) e Gottfried Wilhelm Leibnitz (1646-1716), que de fato: Newton e Leibnitz vieram mais tarde e realizaram, independentemente um do outro, o que unifica os conceitos de derivada e integral8. De acordo com Swokowski, o cálculo foi descoberto no século XVII como instrumento para investigar problemas que envolveram movimento. Para estudar objetos que se movem a velocidade constantes e ao longo da trajetóriaretilínea ou circulares, a álgebra e a trigonometria podem ser suficientes, mas se a velocidade varia ou se a trajetória é irregular o cálculo torna-se necessário. Uma descrição cuidadosa de movimento exige definições precisas de velocidades (espaço percorrido) na unidade de tempo e aceleração (taxa de variação da velocidade). Estas definições podem ser obtidas utilizando-se um dos conceitos fundamentais do cálculo: a derivada9. Ambos os conceitos de derivada e integral são definidos por processos de limites. A noção de limite é a idéia inicial que separa o cálculo da matemática elementar. Sir Issac Newton (1642–1727) e Gottfried Leibnitz (1646-1716), descobriram independentemente a conexão entre derivadas e integrais e a invenção do cálculo é atribuída a ambos. Porém, muitos outros matemáticos deram importantes contribuições ao desenvolvimento do cálculo nos últimos 300 anos. O Cálculo Diferencial e Integral, que atingiram o ápice do desenvolvimento com Newton e Leibnitz (Fermat, Descartes, Barrow) e outros que já aplicavam o método das grandezas infinitamente pequenas sendo de Leibnitz o 7 Cálculo, História do Nova Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro: Encyclopédia Britânica do Brasil Publicações Ltda, 1998 V. 3 p. 63. 8 ÁVILA, Geraldo. Cálculo 1 Funções de uma Variável. 6ªed. Rio de Janeiro: Ltc Livros técnicos e científicos AS, 1994. 355pg. 9 SWOKOWSKI, E. W. Cálculo com Geometria Analítica. Rio de Janeiro: Associação Brasileiro de Direitos Reprográficas, 1994. 25 cânon de novos cálculos completando as teses fundamentais com uma série de regras. Newton (1642-1727), mediante seus estudos e descobertas no campo da mecânica confirmou o método do Cálculo Diferencial e Integral, traçando-lhe uma nova perspectiva para sua aplicação prático–científica10. Segundo Lowis Leithold, verifica-se que no entanto, não foi antes do século XIX que os processos do Cálculo receberam fundamentação sólida por parte de matemáticos como Bernhard Bolzano (1781-1848), Augustin Lowis Cauchy (1789-1857), Karl Weierstrass (1815-1897) e Richard Dedekinol (1836-1916)11. De acordo com Carl. Boyer, Bernhard Bolzano (1781-1848), foi um padre tcheco cujas opiniões teológicas desagravam a igreja e cuja matemática foi injustamente desconhecida por seus contemporâneos mas possuía semelhança de suas aritmetizações do Cálculo de suas definições de limite e derivada12. Publicando importantes trabalhos, em 1817, Rein Anallytescher, exigindo um conceito não geométrico de continuidade de uma curva ou função enunciando propriedades importantes dos conjuntos infinitos em uma obra póstuma de 1850, “Paradoxien des Unidllichen”, a obra de Cauchy semelhantes as idéias de Bolzano, aparecia ligado a muitos teoremas sobre séries infinitas, que foi despertada a consciência dos matemáticos para a necessidade de vigilância com relação a convergência. Boyer deixou claro que vários critérios de convergência com o nome de Cauchy e que somente perto do fim de sua vida, tomou conhecimento do importante conceito de “Convergência Uniforme”. O prolífico Cauchy contribuiu para quase tantos campos quanto o seu contemporâneo Gauss. Sendo prova Geral de um dos 10 ENGELS, Friedrich. A dialética da natureza. 6ªed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. 238p. 11 LEITHOLD, Lowis. O Cálculo com Geometria Analítica.3ed.São Paulo: Habra, 1994. 12 BOYER, Carl Benjamin. História da matemática. 2ªed. São Paulo: Edgard Blucher, 2001. 488p. 26 mais belos e difíceis teoremas de Fermat, no entanto em 1811, uma de suas primeiras memórias, ele apresentou uma generalização a fórmula poliedra de Descartes–Eules. Cauchy, fundou também a teoria matemática da elasticidade e contribuiu para mecânica celeste. Cauchy, também se preocupou com a matemática pura, destacando cada vez mais os processos do cálculo diferencial e integral nos seus trabalhos. A partir desta época intensificavam as investigações sobre os fundamentos do cálculo levando ao desenvolvimento a análise matemática e da teoria das funções13. W. Karl (1815-1897), matemático alemão, foi um dos fundadores da teoria das funções de um determinado intervalo. Por sua vez, Richard Dedekind (1831 1916), matemático alemão, um dos fundadores da álgebra moderna, em seus Ensaios Reunidos publicou importantes estudos sobre os números irracionais. Estes dois matemáticos trouxeram juntos aos seus trabalhos, mais fundamentações sólidas ao Cálculo Diferencial e Integral14. Bernhard interessou-se pêlos problemas concernentes a teoria dos números primos, função elíptica e geométrica. Dominado cálculo e a teoria dos números de “Andri Marie Legedrie”, interessou-se pela física experimental e filosofia natural. Deduziu princípios universais de fenômenos naturais e concluiu que a teoria da matemática poderia garantir conexão entre magnetismo, gravidade leve e eletricidade, surgindo a teoria de campo no qual o espaço envolvido por cargas magnéticas, começando a desenvolver uma idéia original para a física matemática moderna15. 13 BOYER, 1994 14 Dedekind, Richard. Nova Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro: Encyclopédia Britânica do Brasil Publicações Ltda, 1998 V. 5 p. 85-6. 15 Cálculo, História do Nova Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro: Encyclopédia Britânica do Brasil Publicações Ltda, 1998 V. 3 p. 62 27 Em 1851, com a dissertação “Princípios para a teoria geral das funções da variável complexa”, travada de princípios teóricos sobre a relação entre números complexos variáveis. Sendo uma das maiores descobertas dos dezenove centro matemáticos da época. Riemam baseou seu trabalho mais especificamente nas idéias geométricas que nos cálculos algébricos. Desenvolveu um estudo muito profundo da geometria, escreveu “As hipóteses que foram o princípio da geometria”. Num estudo independente formulou a geometria Euclideana que era uma alternativa para suas fórmulas e a de Gauss. De acordo com Geraldo Ávila, foi por volta de 1584, o emitente matemático alemão Bernhard Riemam (1826-1866) realizou um estudo aprofundado da integral, como nunca fora empreendido antes. Devido a isso, as somas usadas na definição da integral são chamadas “somas de Riemam” e a própria integral de Riemam, deixando uma obra matemática da maior importância em que revela idéias brilhantes e profundas16. Luís Roberto Dante, observa que um dos ramos da matemática que mais auxiliaram a resolução de problemas das mais variadas Ciências, como Física, Astronomia, Engenharia, Biologia, entre outras, foi o Cálculo Diferencial e Integral observando que nasceu na época de Galileu Galilei (1564-1642), Johamnes Kleper (1571-1630) e foi sistematicamente mais tarde, de modo independente um do outro, por Issac Newton (1642-1727) e Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716). Posteriormente, o Cálculo Diferencial e Integral recebeu contribuições valiosas de Augustin – Lowis Caurchy ( 1789-1857) e de G.F.B Riemam ( 1826-1866)17. Hoje, o 16 ÁVILA, 1994. 17 DANTE, Luís Roberto. Didática de resolução de problemas de matemática. São Paulo: Ática, 1989. 176p. 28 cálculo Diferencial e Integral é a ferramenta, por excelência de praticamente todas as ciências. 29 O ENSINO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL: ANÁLISES E SUGESTÕES Os estudantes das primeiras fases do curso de Ciência da Computação da Faculdade Fabrai, que responderam ao instrumento de pesquisa (Anexo A) sobre o Cálculo Diferencial e Integral comprovaram nossa hipótese de que os alunos não dão a devida atenção a esta matéria por desconhecer suas origenshistóricas e conseqüente desenvolvimento das teorias que culminaram com a atual forma de trabalhar com o Cálculo Diferencial e Integral. Ainda podemos destacar a falta de conhecimento com relação a aplicação prática do Cálculo nas diversos ramos do conhecimento científico. Entretanto, outro fator responsável por estas dificuldades no aprendizado do Cálculo, refere-se tanto a metodologia aplicada pelos professores da disciplina, quanto pela tradicional falta de interesse dos acadêmicos nos processos iniciais de aprendizado do Cálculo, que são fundamentais para a resolução dos problemas que são colocados diante deles posteriormente. Se o acadêmico não entender bem a base, terá imensa dificuldade em resolver os problemas envolvendo o Cálculo Diferencial e Integral. Na opinião dos acadêmicos, uma das principais dificuldades está na falta de segurança dos professores na hora de ministrar estes conteúdos, o que pode refletir falta de preparo para trabalhar um tema de suma importância na área de Cálculo. Geralmente os professores não costumam realizar junto aos acadêmicos a construção histórica das teorias envolvendo o Cálculo, limitando-se a ensinar o Cálculo simplesmente pela resolução dos problemas propostos, o que torna o aprendizado monótono e nada interessante, ainda que trate-se de um conteúdo 30 fundamental para o desenvolvimento profissional, principalmente dos acadêmicos que cursam matemática. A falta desta construção histórica das teorias do Cálculo, faz com que os alunos não despertem o interesse para esta questão que poderia tornar o ensino do Cálculo mais interessante, pois teriam oportunidade de refletir sobre a forma como se chegou aos métodos para resolução dos problemas que envolvem esta disciplina. Sendo que a maior dificuldade dos alunos estaria logo no início, quando não se dá a devida atenção ao estudo de limites, base para o estudo do cálculo, principalmente quando refere-se a taxa de variação de movimento e quantidades. A derivada e a integral são noções básicas para o estudo do Cálculo, uma vez que estes conteúdos não tenham sido bem assimilados, os acadêmicos encontraram grandes dificuldades em concluir a disciplina. Devemos por outro lado, ponderar que para o professor de matemática seria mais fácil se o Cálculo não fosse uma disciplina que exigisse muita prática. Para o professor fica difícil ministrar aulas diferentes do método tradicional, pois para o aprendizado do Cálculo é necessário muita disposição e vontade por parte dos acadêmicos em desenvolver atividades voltadas ao Cálculo. Segundo Ávila “quase tudo que se aprende é devido ao estudo individual em livros. Muito pouco se aprende em sala de aula. As aulas servem para orientar o aluno e disciplinar seu estudo”18. Essa é uma das disciplinas que mais exige aplicação por parte dos estudantes pelo fato de ser a base para as demais disciplinas que envolvam Cálculo em cursos universitários, além de ser uma disciplina que se deve começar com uma base sólida para o seu perfeito entendimento é necessário a realização de muitos 18 ÁVILA, 1994. 31 exercícios para resolução de problemas. Assim, ao professor muitas vezes cabe o papel de orientar, mas se os estudantes não buscarem um estudo sistemático não conseguiram atingir o pleno conhecimento da matéria, o que reflete-se posteriormente em outras disciplinas quando o aluno não conseguiu entender perfeitamente o Cálculo Diferencial e Integral. Apesar de muitas vezes o Cálculo ser associado a algo imensamente difícil e complicado, é importante lembrar que o Cálculo foi inventado e construído para facilitar a vida das pessoas, o que nos faz refletir que, caso o estudante saiba a forma como o Cálculo foi construído historicamente e suas amplas aplicações, seu estudo pode tornar-se prazeroso, pois além de exercitar o intelecto, permite visualizar a solução de problemas práticos e de situações até então não imaginadas pelos estudantes, nas quais o Cálculo pode ser aplicado como solução. Uma das causas de o Cálculo ser visto como algo difícil, está relacionado com a construção da aprendizagem desde que a criança matricula-se na escola, uma vez que os professores do Ensino Fundamental não desenvolvem com as crianças a curiosidade em saber como o teve origem o conhecimento que está sendo estudado. É muito difícil o professor que faz a construção histórica de conhecimentos matemáticos. Sendo a matemática uma disciplina onde o conhecimento é acumulativo e seqüencial, seria necessária que desde as séries iniciais fosse desenvolvido o gosto das crianças em perceber que a matemática é mais que um amontoado de números e resolução de “continhas”, mas principalmente uma forma de raciocinar sobre determinadas situações. Assim temos a prática de que importa saber para que serve determinado tipo de operação matemática, mas não nos preocupamos em saber a forma como originaram-se as mesmas. Logo, os estudantes seguem os programas estipulados 32 para cada série, sem saber ao certo porque se deve estudá-los, o que também dificulta o aprendizado sobre a sua aplicação, ou popularmente falando o para que serve. Esta forma de aprendizado está tão arraigada na nossa prática docente que os alunos passam toda a sua vida escolar preocupados e interessados em fórmulas, dicas e macetes para rápida solução de determinados problemas, do que com o conceito ou a construção histórica da própria matemática em si, o que reduz o conhecimento matemático apenas a mais uma matéria do currículo. Com base nas respostas dadas pelos acadêmicos da Faculdade Fabrai, podemos observar que o índice de reprovação na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral é creditado a dificuldade que os acadêmicos encontram até mesmo nas operações básicas matemáticas, apresentando um número considerável de desistências e um razoável número de reprovações, reflexo inclusive do elevado número de pessoas que ficam em exame nesta disciplina. Uma das causas destas dificuldades está associada a um Ensino Médio de qualidade questionável, geralmente cursando em condições não ideais. Outro fator responsável pelas dificuldades na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, é dado pelo fato de que na maioria dos cursos os créditos disponíveis à disciplina de matemática são insuficientes, ou seja, o tempo destinado ao aprendizado destes conceitos é menor do que o realmente necessário, fazendo com que os professores limitem-se tão somente a aplicação de contas sem levar em consideração a construção histórica de uma disciplina tão importante para os estudos matemáticos. Com base nas informações coletados com o questionário haveria uma melhoria no processo de ensino e aprendizagem se os créditos destinados a esta disciplina, nos cursos em que a matemática é uma matéria básica para o 33 desenvolvimento das demais disciplinas, fossem aumentados, isso permitiria ao professor qualificar suas aulas, sendo que o mesmo teria um tempo maior a disposição dos estudantes, tanto para desenvolver as explicações teóricas necessárias, quanto para preparação e utilização de recursos didáticos que facilitassem a compreensão por parte dos acadêmicos dos conteúdos da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral e ainda, acompanhar e orientar de maneira mais freqüente os seus educandos na resolução dos exercícios. Outra sugestão freqüente dos acadêmicos do Curso de Ciências da Computação, refere-se ao preparo dos profissionais que trabalham com esta disciplina, pois na visão dos discentes os professores geralmente são inseguros e não apresentam um completo domínio da matéria (ainda que o possuam), tornando assim os próprios estudantes inseguros a respeito da disciplina, pois ficam em dúvida sobre o modo correto de proceder, gerando confusões de entendimento que a princípio poderiam ser evitadas.Acreditamos que essa lacuna na prática docente poderia em parte ser solucionada com a criação de uma disciplina que se ocupasse com a história da matemática e a conseqüente construção de conceitos matemáticos ao longo dos tempos. Estes conteúdos permitiriam aos profissionais um leque mais amplo de conhecimento e a possibilidade de variar suas explicações de acordo com a dificuldade de cada grupo de estudantes, uma vez que dominar vários aspectos de uma mesma ciência nos permite versatilidade maior nas formas de abordagem. Esta nossa proposição, caso levada em consideração, permitiria aos profissionais da área matemática entrar em contato com uma nova forma de entender a prática docente nesta disciplina, desde as séries iniciais até o ensino universitário, pois via de regra os estudantes do ensino fundamental e médio vêem a 34 matemática com o estigma de uma disciplina difícil. Este mito da dificuldade na matemática, infelizmente foi por muitos anos sustentado por alguns colegas de profissão como meio de fazer os alunos manterem a ordem em sala de aula não pelo interesse no conteúdo ministrado, mas pelo medo da repreensão advinda com a dificuldade da matéria e das avaliações. O que entendemos ter sido um equívoco em tempos ainda recentes deve ser repensado, pois em nossa visão, enquanto os estudantes pensarem na matemática como sinônimo de dificuldade não conseguiremos avançar no conhecimento matemático junto a eles. Assim, entendemos que está mais do que na hora de realizarmos uma auto-avaliação de nossas práticas docentes e procurarmos uma nova abordagem para a matemática no ensino fundamental e médio, onde os estudantes consigam perceber onde podem aplicar e qual a utilidade da matemática na vida cotidiana. Desta forma a matemática poderia tornar-se muito prazerosa de ser aprendida. Com isso, poderíamos dar início a um processo de mudanças na visão que os alunos tem da matemática, entendendo a mesma, não mais como algo difícil e distante, mas que está presente e é indispensável na vida cotidiana de cada um de nós. Este conjunto de sugestões, caso colocado em prática, poderia representar um novo relacionamento dos estudantes com a disciplina de matemática, atraindo inclusive, maior número deles para estudos universitários nas áreas que demandem cálculo nas ciências exatas. Neste caso, com uma nova forma de relacionamento entre professor, aluno e disciplina, poderia refletir-se num melhor aproveitamento da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral na universidade, reduzindo a desistência e a reprovação na mesma. 35 É notório por parte de alguns colegas de profissão, o desejo de uma mudança nos métodos de ensino e na forma de se trabalhar os conceitos matemáticos e suas possíveis aplicações. Entretanto, muitos estão, por comodidade, ou mesmo convicção, presos a um tempo em que o importante era saber calcular e tirar notas boas, mesmo que pouco depois o aluno não lembre-se mais nem como resolveu determinado problema. Esta discussão é presente não só na matemática, mas também em outras disciplinas. Na verdade, hoje os professores começam a perceber que, o que o aluno não vê necessidade de utilizar e nem como utilizar, não é interessante de ser aprendido, assim, fica claro que é importante aprender e utilizar no dia a dia os conhecimentos, do contrário, continuaremos a freqüentar a escola apenas para cumprir uma formalidade. Existe hoje, um número já considerável de colegas que estão trilhando novos caminhos no ensino da matemática e estes devem ser exemplos a multiplicar se, pois será preciso um certo espaço de tempo para que os novos métodos sejam aceitos e praticados por um número maior de profissionais da área de matemática. 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Cálculo pode ser dividido em duas partes: uma que se relaciona a derivadas ou Cálculo Diferencial e outra parte que se relaciona ao Cálculo Integral. Com o estudo de sua origem podemos perceber sua evolução aliado ao desenvolvimento de suas teorias, as quais são de suma importância aos educadores que buscam um novo posicionamento na prática do ensino de matemática e de certa forma refletem sobre o desenvolvimento do conhecimento humano, podendo interferir na prática pedagógica. O professor, desta forma, tende a conquistar seus alunos ao estudo do Cálculo Diferencial e Integral dando oportunidade para que os mesmos possam apresentar uma maior compreensão do pensamento humano com relação a atividade de Cálculo. A história do Cálculo Diferencial e Integral nos mostra como a sua construção foi dificultosa e demorada, pois desenvolveu-se desde tempos anteriores ao cristianismo, com pensadores como Arquimedes, Hipócrates e Antifon, e tiveram seu acabamento durante o século XIX, tendo neste entremeio de vários séculos as contribuições de personagens que ficaram amplamente conhecidos no mundo da ciência como por exemplo: Leibintz, Newton, Cauchy, Riemann. Logo, é interessante perceber que, se a formação e construção dos raciocínios para os estudos de Cálculo Diferencial e Integral levaram tanto tempo para serem estabelecidos, seria interessante que esta história fosse de domínio dos estudantes universitários que optam pelo curso de Matemática, e também pelos acadêmicos das demais áreas de 37 ciências exatas, uma vez que acreditamos ser esta uma condição para que o estudo de Cálculo torne-se um pouco mais aprazível. A insegurança da maior parte dos docentes que trabalham com a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral é fator preocupante, pois sua possível falta de experiência associada a aparente falta de domínio, transmite aos discentes a sensação de um aprendizado falho e cheio de lacunas. Isto torna-se prejudicial no sentido de que, o Cálculo é a base para o desenvolvimento dos trabalhos em muitos dos cursos da área que lidem com ciências exatas. Estas preocupações estão presentes entre os acadêmicos que foram alvo de nosso questionário, mas são facilmente observados em qualquer cursos universitário de qualquer universidade ou faculdade brasileira. Entendemos que para o ensino de matemática como um todo, e especificamente para o ensino do próprio Cálculo, se faz necessário um aperfeiçoamento ainda maior dos professores no que diz respeito ao conhecimento da construção histórica do Cálculo. Acreditamos que se o aluno conhece a origem de um determinado conteúdo o mesmo sente-se mais atraído em aprendê-lo. Assim, pode-se desenvolver uma metodologia de ensino onde os alunos possam ter conhecimento de como as teorias relacionadas ao Cálculo foram formuladas ao longo dos tempos e suas respectivas utilidades. Contudo parece difícil responder a pergunta: o que é Cálculo Diferencial e 0 Integral? Mas na realidade não existe uma resposta simples. Podemos considerá-lo como o estudo de limites, derivadas e integrais, porém isso só faria encará-lo como se só o conhecêssemos nas definições dos termos empregados. Por este motivo, o desafio de compreender e ensinar Cálculo Diferencial e Integral é ainda maior, forçando os profissionais que atuam nesta área, em especial os matemáticos, a 38 buscarem uma revisão tanto quanto possível, urgente dos métodos até aqui utilizados no ensino desta disciplina. De outro modo, não será possível encontrar uma solução para que o ensino e aprendizado do Cálculo torne-se algo prazeroso e estimulante de ser estudado. Hoje o Cálculo e suas extensões na Análise Matemática estão muito mais abrangentes e os físicos, matemáticos e astrônomos que inventaram esta disciplina ficaram surpresos e maravilhados ao observar a quantidade de problemas que ela resolve e a variedade de campos que utilizavam o Cálculo. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ÁVILA, Geraldo .Cálculo I. Rio de Janeiro: LCT/ EDU, 1978. ______. Introduçãoao Cálculo. Rio de Janeiro: JC, 1998.273pg. ______. Cálculo 1 Funções de uma Variável. 6ed. Rio de Janeiro: Ltc Livros técnicos e científicos AS, 1994. 355pg. BOYER, Carl Benjamin. História da matemática. 2ªed. São Paulo: Edgard Blucher, 2001. 488p. BOULOS, Paulo. Cálculo Diferencial e Integral.V1. São Paulo : Makron Books, 1999. 375pg. Cálculo, História do Nova Enciclopédia Barsa. 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