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www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 1 Ação Indenizatória & Ação ordinária de obrigação de Fazer Professora Fernanda Tartuce www.fernandatartuce.com.br fetartuce@uol.com.br @fernandatartuce Fernanda Tartuce II (fb) Para refletir... É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer. (Aristóteles) Responsabilidade civil Aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em virtude da violação de um dever. INDENIZAR = RECOMPOR A SITUAÇÃO PRIMITIVA, ANULAR OS EFEITOS DA LESÃO JURIDICA, DESFAZER O DANO. Expressões correlatas: indenização, reparação, ressarcimento. Atenção para o procedimento É sempre interessante, no procedimento comum, indicar se a demanda tramitará - Pelo procedimento sumário (checar art. 275 do CPC); - Ou pelo rito ordinário. CPC, Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário: I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo; II - nas causas, qualquer que seja o valor: c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; Regra importante no rito sumário Art. 276. Na petição inicial, o autor apresentará o rol de testemunhas e, se requerer perícia, formulará quesitos, podendo indicar assistente técnico. Regra importante no rito sumário Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro. Elementos da responsabilidade civil – causa de pedir: - CONDUTA (ATO/OMISSÃO VOLUNTÁRIOS); - CULPA ou RISCO; - NEXO CAUSAL - DANO (PREJUÍZO) Caso Aurélia Cruz dirigia seu automóvel em Belo Horizonte quando um carro em alta www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 2 velocidade abalroou o seu veículo, atirando- o contra um poste. O carro que causou o acidente era guiado por seu proprietário Claudicon Menezes, residente em Itabira – MG. O veículo de Aurélia ficou completamente destruído, sem a menor possibilidade de conserto. Aurélia, que não tinha seguro, ficou ferida no acidente e acabou sendo hospitalizada e submetida a duas cirurgias corretivas no joelho. Por tal razão, gastou R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) de serviços médicos e não pôde atuar em seu estágio, por 1 (um) ano, sendo que percebia R$ 900,00 (novecentos reais) mensais. QUESTÃO Sabendo-se que Aurélia é domiciliada em Uberlândia; que o seu veículo era novo, adquirido há poucos dias, providencie a medida judicial cabível objetivando a mais completa reparação dos danos causados a Aurélia. Identificação 1. QUEM? Atente para a legitimidade; quem é seu cliente? 2. Contra quem? Veja exatamente quem é parte na relação jurídica 3. O QUE QUER? 4. POR QUE? Causa De Pedir 5. COMO? Existe remédio específico? 6. ONDE? Competência – para quem será dirigida a petição? Roteiro básico Ação de reparação de danos em acidente de veículo pelo rito sumário Endereçamento: domicílio do autor ou local do fato - art. 100, V, § único do CPC Fatos: Expor situação concreta. Fundamento Jurídico: CC, art. 186 e 927 do Teoria da Culpa. Teoria Geral da Responsabilidade Civil (Responsabilidade Subjetiva). Danos – especificar : CC 402, 944, 945... Pedido: Condenação ao pagamento dos danos patrimoniais , morais e estéticos, valores que deverão ser acrescidos das custas, honorários advocatícios e demais despesas processuais. Requerimentos: - citação do réu, por oficial de justiça, para que compareça em audiência e apresente sua defesa, sob pena de revelia. - concessão ao Oficial de Justiça incumbido das diligências os benefícios do art. 172, §2º do CPC. Requerer a produção de provas, não protestar pela sua produção. Apresentar quesitos e indicar assistente técnico, no caso de prova pericial. Apresentar rol de testemunhas, caso necessário. www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 3 Valor da Causa: Soma de todos os danos. ANEXO I – ROL DE TESTEMUNHAS ANEXO II – QUESITOS E ASSISTENTE TECNICO Endereçamento CPC, art. 282. A petição inicial indicará: I – o juiz ou tribunal, a que é dirigida; (...) Atenção para as regras de competência. Análise importante Distribuição livre ou “Por dependência”? Juízo certo Art. 253 do CPC: Distribuir-se-ão por dependência as causas de qualquer natureza: I – quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada; II– quando, tendo sido extinto o processo, sem julgamento de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda; III – quando houver ajuizamento de ações idênticas, ao juízo prevento. Distribuição livre Quando se tratar de petição inicial a ser distribuída livremente em comarca onde haja mais de um juízo, não será possível saber previamente perante qual das Varas a causa tramitará. Assim, até que ocorra a distribuição (CPC, art. 251), não haverá como indicar a Vara na inicial. Importante análise - competência A discussão de prejuízos decorrentes de um acidente de veículo não está inserida na competência da Justiça do Trabalho, nem da Justiça Eleitoral ou Penal Militar. Por exclusão, se uma causa em que se discute acidente de veículo não é julgada pela Justiça especializada, deverá ser julgada pela Justiça comum. Entretanto, como distinguir entre as Justiças Estadual e Federal? Justiça comum Federal ou Estadual ? A resposta a essa indagação encontra-se no art. 109, I, da Constituição:compete à Justiça Federal, basicamente, julgar as causas em que União, empresa pública ou autarquia federal forem partes. Assim, se o acidente automobilístico ocorreu entre particulares, a competência para julgar a causa será da Justiça Estadual. Justiça Federal Se a batida envolve um veículo da União (Governo Federal), o endereçamento pode ser assim elaborado: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___.ª VARA CÍVEL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CURITIBA – PARANÁ. Justiça Estadual Para a demanda indenizatória por colisão de veículos entre particulares, o www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 4 endereçamento deve ser feito da seguinte forma: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DE (foro competente) Opções de redação : foros diferentes na comarca EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____.ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA CAPITAL – SÃO PAULO. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA CAPITAL – SÃO PAULO. Atenção: há varas especializadas? Checar a possível divisão em Varas: - Cíveis; - Fazenda Pública; - Família e Sucessões; - Infância e Juventude;etc Competência de foro Descoberta a justiça competente, deve-se partir para a análise da próxima pergunta: em qual foro devo ajuizar a demanda? Foro é a circunscrição territorial (limite geográfico) onde um ou mais juízos (órgãos jurisdicionais) exercem suas funções, ao passo que fórum é o prédio, a sede dos serviços forenses. Ver CPC, artigo 94 e seguintes... Além da regra geral , há regras especificas; atente . CPC, Art. 100, parágrafo único: a competência para as demandas indenizatórias decorrentes de acidente de veículo é do foro do local do acidente ou do domicílio do autor (afastando a regra geral prevista no art. 94, que determinaria a competência no domicílio do réu). Caso Aurélia EXMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CIVEIS DA COMARCA DE UBERLÂNDIA- MG Qualificação das partes “CPC, Art. 282. A petição inicial indicará: (...); II – os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu”. Lei 11.419/2006, art. 15 Salvo impossibilidade que comprometa o acesso à justiça, a parte deverá informar, ao distribuir a petição inicial de qualquer ação judicial, o número no cadastro de pessoas físicas ou jurídicas, conforme o caso, perante a Secretaria da Receita Federal. Exigências adicionais comuns - Nacionalidade; - RG; - Cópia de documentos pessoais; - cópia do comprovante de inscrição na Receita Federal (que pode ser obtido na Internet em www.receita.fazenda.gov.br). São legais tais exigências? Problema www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 5 Ignorância quanto a elementos de identificação do réu: - Dados pessoais : ex - Julius Frank, qualificação desconhecida, com endereço no Largo São Francisco, n. 10 Problema Ignorância quanto até mesmo o nome do réu: Fulano de tal, qualificações desconhecidas, com endereço residencial desconhecido, mas que pode ser encontrado na Rua São Bento, n. 90, no estabelecimento comercial denominado “Bar da esquina”. Problema Grupo de esbulhadores desconhecidos: Terceiros invasores, de qualificações desconhecidas, que podem ser encontrados no imóvel situado na Rua da Consolação, n. 500, na Comarca de São Paulo-SP. Caso Aurélia AURÉLIA (sobrenome), (estado civil), estagiária de direito, portadora da Cédula de Identidade RG n. (número) e inscrita no Cadastro das Pessoas Físicas sob o n. (número), residente em (endereço), na comarca de Belo Horizonte-MG, por seu advogado que esta subscreve, com escritório em(endereço – CPC, art. 39, I), vem respeitosamente propor (...) Caso Aurélia contra CLAUDICON MENEZES, brasileiro, demais qualificações ignoradas, com endereço em (...), Itabira – MG, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. Causa de pedir CPC, Art. 282. A petição inicial indicará: (...); III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido Aurélia (...) vem, respeitosamente perante V. Exa., com base nos arts. 186 do CC , 275 e ss. do CPC e demais dispositivos aplicáveis à espécie, propor a presente AÇÃO DE RESSARCIMENTO POR DANOS CAUSADOS EM ACIDENTE DE VEÍCULO DE VIA TERRESTRE pelo procedimento comum, rito sumário, Em face de CLAUDICON... Nomenclaturas possíveis para a demanda ação condenatória, ação de indenização por danos materiais, ação de indenização decorrente de batida de veículos; Ação de perdas e danos ação de rito sumário, ação de conhecimento etc. Nomenclaturas possíveis Estando claro, na causa de pedir e no pedido, que se quer a condenação do réu ao pagamento de danos decorrentes de acidente de veículo, não importa o nome atribuído à demanda. Ainda que se dê um nome equivocado à causa não há, em regra, qualquer consequência prática. Nomenclaturas possíveis De qualquer forma, o ideal é, ao ingressar em juízo, ter ciência se existe, e qual é, o nome consagrado para aquela demanda. FATOS / DOS FATOS www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 6 Eventos ou acontecimentos que originaram o conflito, ocorridos no plano material (causa de pedir remota). Sua exposição deve ser precisa, trazendo os pontos essenciais à compreensão da controvérsia. FATOS / DOS FATOS Dados irrelevantes devem ser omitidos para que a petição não se torne muita longa, maçante e ininteligível. A exposição dos argumentos deve revelar uma linha lógica de raciocínio possibilitando o entendimento sobre a causa pelo leitor (seja o juiz, o auxiliar do juízo ou o advogado da parte contrária) FATOS / DOS FATOS - colisão O autor vai indicar quando, onde como se deu o acidente Consequências que daí advieram (se houve ou não vítimas, se ocorreu alguma conversa entre os envolvidos no acidente, quais os prejuízos, se houve alguma espécie de pagamento etc.). Caso Aurélia – DOS FATOS Em (data) a autora dirigia seu veículo na Avenida (x) em Belo Horizonte. Por volta de (horas), o carro guiado pelo réu, em alta velocidade, atingiu violentamente a traseira de seu veículo. Tamanha foi a força da batida que o veículo foi arremessado para um poste. O veículo era dirigido por Claudicon Menezes, dono do mesmo. DOS FATOS A autora teve de ser hospitalizada com urgência, e passou por duas cirurgias corretivas no joelho, que tiveram custo de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) (doc. anexo). Seu veículo, recém-adquirido, foi completamente destruído, sendo que a autora não tinha seguro (cf. BO anexo e laudo sobre o veículo, bem como nota fiscal de aquisição do veículo). Caso Aurélia – DOS FATOS Em virtude das cirurgias, não pôde a autora exercer suas atividades de estagiária pelo período de um ano, no qual não percebeu sua bolsa-estágio, no valor de R$ 900,00 (novecentos reais) (doc. anexo, declaração do escritório). Eis a necessária síntese dos fatos. DO DIREITO Por fundamentos jurídicos entende-se a consequência jurídica pretendida pelo autor decorrente dos fatos anteriormente narrados (causa de pedir próxima). DO DIREITO - importante Fundamente com base no direito material, expondo os dispositivos legais que embasam sua pretensão e expondo com capricho, com base em trechos de doutrina e julgados que podem ser importantes para demonstrar a procedência de seu(s) pedido(s). II. DO DIREITO a) Da responsabilidade do réu b) Dos danos sofridos. II. DO DIREITO a) Da responsabilidade do réu www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 7 No caso, estão presentes todos os requisitos para a responsabilização civil do réu. CC art. 186 cc 927. O nexo causal é evidente: houve o dano em virtude do acidente provocado pelo veiculo da requerida. Basta, neste sentido, analisar o BO anexado a estes autos, onde se percebe isso claramente. Por fim, há culpa, tendo em vista que o veículo da requerida trafegava em alta velocidade e seu motorista abalroou fortemente o veiculo da autora. Assim, presentes todos os requisitos necessários à responsabilização civil, nos termos dos arts. 186 e 927 do CC. b) Dos danos sofridos Os danos são inegáveis. Há danos emergentes que envolvem o custo das cirurgias (R$ 35.000,00) e o valor do carro da autora, completamente destruído(consoante docs. anexos). Da mesma forma, há lucros cessantes, tendo em vista que a autora deixou de perceber sua bolsa-estágio, pelo período de um ano; tal montante soma R$ 10.800,00(dez mil e oitocentos reais), conforme se depreende dos recibos de pagamentos referentes aos meses anteriores. No que tange aos danos morais, entendidos estes como lesões a direito de personalidade, sua configuração se revela de forma cristalina. A vida privada da autora foi intensamente prejudicada, já que esta vem sofrendo dores, angústias e limitações físicas em virtude do acidente causado pelo funcionário da Ré. Há ainda danos estéticos, já que a autora sofrerá a vida toda vergonha pelas cicatrizes decorrentes das lesoes em seus joelhos. Doutrina e jurisprudência reconhecem (...) Pedido “Art. 282 – A petição inicial indicará: (...); IV – o pedido, com as suas especificações. Finalidade maior do jurisdicionado, item de grande importância! Atenção O pedido deve ser certo e determinado (art. 286 do CPC). Deve-se pleitear - um provimento jurisdicional (condenação, declaração ou constituição – pedido/objeto imediato) - e, na sequência, o bem da vida pretendido (quantia em dinheiro, coisa a ser entregue – pedido/objeto mediato) Atenção Também o quantum desejado deve ser expresso na formulação do pedido. Como exceção, em certas hipóteses o Código permite que se faça um pedido genérico, sem liquidez (em que não se indica, desde logo, o objeto mediato). Em alguns casos é possível formular pedidos genéricos– ver incisos do art. 286. DO PEDIDO GENÉRICO www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 8 CPC, Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. REGRA: O AUTOR DEVE FORMULAR PEDIDO EM QUE DISCRIMINE O QUE PEDE E O QUANTO PEDE. É lícito, porém, formular pedido genérico: EXCEÇÕES APENAS SOBRE O QUANTUM: II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito; Ex: indenização por situação em que há danos físicos (tratamentos complementares?). DANOS MATERIAIS – ASPECTO PROCESSUAL Atenção: não sendo possível fixar o valor da indenização desde logo, relegar a apuração do quantum para posterior FASE de liquidação Ex: despesas com futuras cirurgias e tratamentos serão fatos novos, dependentes de prova, mencionados no artigo 475-E do CPC (Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo). PEDIDO GENÉRICO – possível formulação “Tendo em vista a impossibilidade de fixar desde logo toda a extensão dos danos suportados, incidindo na hipótese o artigo 286, II do Código de Processo Civil, o autor requer sejam os mesmos apurados em liquidação de sentença, nos termos do artigo 475-A e seguintes do CPC”. Atenção CPC, art. 475-A§ 3o Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido. Caso Aurélia – DO PEDIDO Ante o exposto, pede e requer a autora a V. Exa.: a) a condenação do réu a indenizar a autora pelos danos por ela sofridos, a saber: custos de cirurgia (R$ 35.000,00), veículo zero semelhante ao que foi destruído (valor do veículo), valor referente à bolsa-estágio, por um ano (R$ 10.800,00), quantia essa devidamente atualizada com juros e correção monetária e danos morais em valor a ser arbitrado por este Juízo; Caso Aurélia b) tendo em vista a impossibilidade de fixar desde logo toda a extensão dos danos suportados, incidindo na hipótese o artigo 286, II do Código de Processo Civil, o autor requer sejam os danos relativos a tratamentos físicos adicionais que se revelem necessários apurados em liquidação de sentença, nos termos do artigo 475-A e seguintes do CPC; c) a condenação da ré ao pagamento de custas, despesas e honorários advocatícios. Requerimentos “Art. 282 – A petição inicial indicará: (...); www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 9 VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados”. VII – o requerimento para a citação do réu”. Procedimento sumário Complementar no tópico requerimentos, após pedir a produção de provas: “Art. 276. Na petição inicial, o autor apresentará o rol de testemunhas e, se requerer perícia, formulará quesitos, podendo indicar assistente técnico”. Após os requerimentos, em que se requereu a juntado do rol de testemunha e dos quesitos, redigir os anexos: Caso Aurélia – Dos requerimentos Requer ainda a produção de todos os meios de provas admitidos em direito, especialmente testemunhal e pericial; Requer também a intimação das testemunhas constantes do rol apresentado, nos respectivos endereços, para que compareçam à audiência designada, assim como a nomeação de perito para que responda aos quesitos apresentados, indicando como Assistente Técnico o senhor (nome), domiciliado em (endereço). Requerimento para citação É recomendável que o autor (e não o juiz) defina a forma de melhor cientificar a parte contrária. Checar CPC art. 222; viável citação postal? Ou precisará ser por oficial de justiça? Exemplo “Requer-se a citação do réu, por mandado a ser cumprido por oficial de justiça, para que apresente sua contestação, sob pena de revelia. Requer-se ainda que os benefícios do art. 172, § 2.º, do CPC sejam deferidos ao oficial de justiça. Caso se revelem infrutíferas as tentativas de localização do réu, sendo que este, portanto, encontra-se em local incerto e não sabido, requer-se sua citação, por edital, nos termos do art. 231 e seguintes do CPC”. Rito sumário – citação para comparecer CPC, Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob a advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro. Caso Aurélia Requer a Autora a citação do réu, por mandado (CPC, art. 222, c), para,querendo, comparecer à audiência de conciliação a ser designada e apresentar contestação, sob as penas da lei; Valor da causa “Art. 282 – A petição inicial indicará: (...); V – o valor da causa; (...)”. Ver artigos 258 e 259 do CPC. Caso Aurélia Dá-se à causa o valor de R$ ... (soma de todos os pedidos),nos termos do art. 259, I, do CPC. Termos em que, www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 10 pede deferimento. São Paulo, data. Nome do advogado, número da OAB Anexos do rito sumário – reparação de danos Anexo I – Rol de testemunhas – nos termos do artigo 407 do CPC: 1. (nome, profissão, local de residência e de trabalho) 2. (nome, profissão, local de residência e de trabalho) Anexos do rito sumário – reparação de danos Anexo II – Quesitos e assistente técnico 1. (Quesito 1) 2. (Quesito 2) Dados do assistente técnico: (nome e sobrenome), (profissão), com endereço em (endereço), local em que aguardaráa intimação para acompanhamento da perícia. Tutela específica: obrigações de fazer, não fazer,dar coisa certa Exemplos de cabimento: - Cumprimento de cláusulas contratuais em relações de consumo – 84 CDC - Cumprimento de obrigação pactuada em contrato civis – relações negociais - Cumprimento de obrigação prevista em lei: deveres legais de abstenção, tolerância, permissão ou prática de ato/fato. Antecipação de tutela liminarmente... Tutela antecipada – requisitos CPC, ART. 273 -> Prova inequívoca da verossimilhança da alegação + -> fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ou manifesto propósito protelatório do réu ou abuso do direito de defesa. -> Pedido total ou parcialmente incontroverso CDC, ART. 84/ CPC ART. 461 relevante o fundamento da demanda E justificado receio de ineficácia do provimento final Caso Em 19 de março de 2005, Agenor da Silva Gomes, brasileiro, natural do Rio de Janeiro, bibliotecário, viúvo, aposentado, residente na Rua São João Batista, n. 24, apartamento 125, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, contrata o Plano de Saúde Bem-Estar para prestação de serviços de assistência médica com cobertura total em casos de acidentes, cirurgias, emergências, exames, consultas ambulatoriais, resgate em ambulâncias e até mesmo com uso de helicópteros, enfim, tudo o que se espera de um dos melhores planos de saúde existentes no país. www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 11 Em 4 de julho, foi internado na Clínica São Marcelino Champagnat, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, vítima de grave acidente vascular cerebral (AVC). Seu estado de saúde piora a cada dia, e seu único filho Arnaldo da Silva Gomes, brasileiro, natural do Rio de Janeiro, divorciado, dentista, que reside em companhia do pai, está seriamente preocupado. Ao visitar o pai, no dia 30 do mesmo mês, é levado à direção da clínica e informado pelo médico responsável, Dr. Marcos Vinícius Pereira, que o quadro comatoso do senhor Agenor é de fato muito grave, mas não há motivo para que ele permaneça internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) da clínica, e sim em casa com a instalação de home care com os equipamentos necessários à manutenção de sua vida com conforto e dignidade Avisa ainda que, em 48 horas, não restará outra saída senão dar alta ao senhor Agenor para que ele continue com o tratamento em casa, pois certamente é a melhor opção de tratamento. Em estado de choque com a notícia, vendo a impossibilidade do pai de manifestar-se sobre seu próprio estado de saúde, Arnaldo entra em contato imediatamente com o plano de saúde, e este informa que nada pode fazer, pois não existe a possibilidade de instalar home care para garantir o tratamento do paciente. Questão Desesperado, Arnaldo procura você, advogado(a), em busca de uma solução. Redija a peça processual adequada, fundamentando-a apropriadamente. Identificação da causa– roteiro básico 1. QUEM? 2. CONTRA QUEM? 3. O QUE ? 4. POR QUE? 5. COMO? 6. ONDE? Quem - Legitimidade Estatuto do Idoso, Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável. Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proceder à opção, esta será feita: I – pelo curador, quando o idoso for interditado; II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser contactado em tempo hábil; Lei 10.741/2003 III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar; IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério Público. Opção: CPC art. 37 Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 12 para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz. Opção: interdição CC, Art. 1.768. A interdição deve ser promovida: I - pelos pais ou tutores; II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente; III - pelo Ministério Público. Art. 1.780. A requerimento do enfermo ou portador de deficiência física, ou, na impossibilidade de fazê-lo, de qualquer das pessoas a que se refere o art. 1.768, dar-se- lhe-á curador para cuidar de todos ou alguns de seus negócios ou bens.. Opção: interdição CPC, Art. 1.180. Na petição inicial, o interessado provará a sua legitimidade, especificará os fatos que revelam a anomalia psíquica e assinalará a incapacidade do interditando para reger a sua pessoa e administrar os seus bens. Contra Quem / O que Plano de saúde para obter o home care; Hospital para pedido subsidiário – manter internado caso inviável o home care; Litisconsórcio passivo? Pedido Instalação imediata dos equipamentos de home care necessários e a transferência do idoso, sob pena de multa diária. Alternativa ou cumulativamente requerer a continuidade do tratamento ou a proibição de alta ao hospital, sob pena de multa diária. Onde? Foro do domicilio do consumidor – Rio de Janeiro. Como? Duas opções de enfrentamento: - Ação de obrigação de fazer c/c reparação de danos com pedido de antecipação de tutela pelo rito ordinário; - Medida cautelar inominada com pedido de liminar; Ação de obrigação de fazer c/c reparação de danos com pedido de tutela antecipada - roteiro Competência: domicilio do consumidor, se relação de consumo; se entre particulares, checar foro de eleição. Qualificação das partes Demanda: Ação de obrigação de fazer com pedido de antecipação de tutela pelo rito ordinário Fatos: expor minuciosamente, com indicação de documentos disponíveis; Direito Obrigação de fazer e recusa indevida Pedido subsidiário e/ ou perdas e danos / danos morais (se o caso) Antecipação de tutela: expor requisitos – 84 , § 3º CDC e 461, § 3º do CPC Pedido; www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 13 - antecipação de tutela para imediato cumprimento da obrigação de fazer, com expedição de oficio... - confirmação da liminar, com julgamento pela procedência do(s) pedido(s) de (...) - Ônus da sucumbência; Requerimentos: Expedição de ofícios para cumprimento de antecipação de tutela; Citação; Provas. Obrigação de fazer – rito ordinário EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DO FORO DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO . AGENOR DA SILVA GOMES, brasileiro, viúvo, aposentado, portador da Cédula de Identidade RG n. (número), inscrito no CPF sob o n. (número), residente nesta Capital, na Rua São João Batista, n. 24, apartamento 125, CEP n. (número), ... ... neste ato representado, nos termos daLei 10.741/03, art. 17, parágrafo único, II, por seu filho ARNALDO DA SILVA GOMES, brasileiro, divorciado, dentista, portador da Cédula de Identidade RG n. (número), inscrito no CPF sob o n. (número), residente e domiciliado nesta Capital, na Rua São João Batista, n. 24, apto 125, CEP n. (número), por seu advogado que esta subscreve, constituído nos termos do mandato anexo, e com domicílio em (endereço), onde receberá as intimações, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 461 e seguintes do CPC e demais disposições aplicáveis à espécie, propor a presente Ação de obrigação de fazer c/c reparação de danos morais com pedido de antecipação de tutela pelo rito ordinário em face de PLANO DE SAÚDE BEM-ESTAR, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n. (número), com endereço em (endereço), na pessoa de seu representante legal... e de CLÍNICA SÃO MARCELINO CHAMPAGNAT, pessoa jurídica de direito privado com sede em (endereço), Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, na pessoa de seu representante legal, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos I. DOS FATOS O autor se encontra internado na corré Clínica por ter sido vítima de grave acidente vascular cerebral (AVC) desde o dia (...) . Outrora, em 19 de março de 2005, ele contratara o Plano de Saúde corréu para prestação de serviços de assistência médica com cobertura total em casos de acidentes, cirurgias, emergências, exames, consultas ambulatoriais, resgate em ambulâncias e até mesmo com uso de helicópteros, enfim, tudo o que se espera de um dos melhores planos de saúde existentes no país. Passados mais de25 dias de sua internação, o estado de saúde do autor piora a cada dia e, em razão disso, o médico responsável, Dr. Marcos Vinícius Pereira, entendeu adequado ao tratamento retira-lo da UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) da clínica, e transferi-lo para sua casa, após a instalação de home care com os www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 14 equipamentos necessários à manutenção de sua vida com conforto e dignidade. Em razão de tal indicação médica, em 48 horas, o requerente terá alta hospitalar, sendo necessária a adequação da sua residência. Apesar da existência de indicação médica e da cobertura total de seu plano de saúde, surpreendentemente a empresa requerida se nega a atender o comando médico, dizendo que nada pode fazer e que não existe a possibilidade de instalar home care para garantir o tratamento do paciente. Note-se, porém, que a empresa requerida, além de negar-se a prestar o atendimento médico adequado, não apresenta nenhuma outra solução, como a transferência para outro hospital, o que põe em risco a vida do requerente. Oportunamente, observa-se ainda que o requerente está representado nos presentes autos pelo seu único filho, uma vez que se encontra em estado comatoso, sendo certo, ainda, que já foi distribuída a competente ação de curatela, estando esta pendente de apreciação conforme comprova a certidão anexa aos autos; tão logo ocorra a nomeação, será promovida a regularização do feito. Assim, diante do quadro de grave risco em que se encontra o requerente, idoso e em coma, claro está o cabimento da presente medida, passando à demonstração do direito. II. DO DIREITO A) OBRIGAÇÃO CONTRATUAL ASSUMIDA PELO CORRÉU PLANO DE SAÚDE NA RELAÇÃO DE CONSUMO Inicialmente, vale destacar que a hipótese dos autos configura clara relação de consumo, enquadrando-se o Autor como consumidor e os réus como fornecedores de serviço, nos termos do art. 2º e 3º da Lei 8.078/90. Vale ainda destacar que os ajustes celebrados entre as partes são típicos contratos de adesão cuja interpretação deve se dar de modo favorável ao aderente, nos termos do artigo 47 do CDC ("as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor“). O Autor contratou o plano de saúde mais completo, com cobertura abrangente, para ter acesso a uma assistência médica e hospitalar plena, livre de qualquer embaraço quando tivesse que recorrer aos serviços contratados. Tendo o requerente contratado plano de saúde com cobertura total, não poderia o corréu escusar-se da prestação de serviço de home care, vez que tais serviços não estão excepcionados pelo art. 10 da Lei 9.656, de 3 de junho de 1998, incluindo-se entre aqueles que devem ser prestados pelo Sistema Único de Saúde. Ora, se o Estado tem o dever de prestar o atendimento domiciliar (home care), maior dever tem o requerido que ofereceu plano de atendimento com cobertura total. Nos termos do artigo 35-C da Lei 9.656/98, é obrigatória a cobertura do atendimento, no caso "de emergência, como tal definidos os que implicarem risco imediato de vida ou de lesões irreparáveis para o paciente, caracterizado em declaração do médico assistente". Há diversas decisões que confirmam a procedência do pedido do autor, como se percebe pelo seguinte precedente: www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 15 “A negativa de custeio de tratamento domiciliar indicado por médico, mesmo fundamentada em exclusão contratual, coloca em risco a contratação, despontando como abusiva. Constitui abuso de direito, rendendo ensejo à indenização por danos morais, a negativa de cobertura para o tratamento domiciliar indicado pelos médicos em substituição a internação hospitalar, em face dos riscos do paciente contrair infecções severas e resistentes, submetendo-o a situação de perigo desnecessário, mormente quando o beneficiário encontra-se em estado vegetativo, em evidente situação de hipossuficiência. (TJDF; Rec 2010.01.1.108156-6; Ac. 680.972; 6ª Turma Cível; Relª Desª Ana Maria Duarte Amarante Brito; DJDFTE 05/06/2013; Pág. 208) Dessa forma, resta cabalmente comprovada a obrigação do corréu Plano de Saúde de prestar o atendimento domiciliar, não havendo qualquer possibilidade da negativa do atendimento. Ante a recusa anterior, deve ser o demandado obrigado a fazê-lo sob pena de multa diária a ser fixada por V. Exa. em valor não inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais por dia), valor significativo e idôneo a estimular o descumprimento. b) PEDIDO ALTERNATIVO EM FACE DA CLINICA CORRÉ A hipótese dos autos enseja situação arriscada para a vida do autor. Caso haja algum problema na instalação do home care por parte do corréu, não há como conceber que a corré simplesmente determine a transferência do autor. Segundo o art. 199 da Constituição, “a assistência à saúde é livre à iniciativa privada". Se é facultado à iniciativa privada promover atividade voltada à assistência à saúde, esse papel há de ser bem prestado, equiparando-se ao Estado na responsabilidade pelo cumprimento dos objetivos. Assim, é obrigação da clinica corré seguir dando tratamento ao autor, razão pela qual alternativamente se requer a continuidade do tratamento ou a proibição de alta, sob pena de multa diária a ser fixada por este Douto Juízo. c) DANOS MORAIS ANTE A RECUSA INJUSTIFICADA O Autor, que se encontra extremamente vulnerável, vem sendo atacado em seus direitos de personalidade, por estar sofrendo recusa injustificada ao atendimento. Sua integridade psicofísica está sendovulnerada ainda mais ante a desesperadora situação causada pelos corréus. Há julgados que reconhecerem, em situação análoga, a pertinência da condenação em danos morais: ‘A conduta transcende o mero descumprimento contratual, evidenciando um completo descaso com o direito do consumidor, configurando ofensa aos atributos da personalidade. A indenização deve ter o caráter não só compensatório pelos constrangimentos, aborrecimentos e humilhações sofridas pela parte ofendida, mas também punitivo e preventivo, a fim de se evitar a reincidência... Portanto, o quantum deve ser fixado levando-se em conta a situação econômica das partes, a gravidade do dano, os incômodos experimentados pela parte autora e o aspecto educativo da sanção, tendo sempre como parâmetros a www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 16 proporcionalidade e a razoabilidade da condenação. É preciso cuidar ainda, para que o valor da reparação por danos morais não seja tão alto, a ponto de proporcionar o enriquecimento sem causa da vítima, nem tão baixo, a ponto de não ser sentida no patrimônio do responsável pela lesão (TJDF; Rec 2010.01.1.108156-6; Ac. 680.972; Sexta Turma Cível; Relª Desª Ana Maria Duarte Amarante Brito; DJDFTE 05/06/2013; Pág. 208) Na hipótese dos autos, deve ser fixado, a titulo de reparação por danos morais, valor não inferior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a ser pago por cada um, já que montantes inferiores a este não terão o condão de desestimular condutas posteriores dos corréus, empresas de grande poderio econômico. d) DA NECESSÁRIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA A hipótese dos autos é regrada pelo art. 84. § 3º do CDC, cujo teor vem repetido no art. 461 3º do CPC, in verbis: Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu. No caso sub judice, indubitavelmente estão presentes os requisitos ensejadores da concessão da medida. Quanto ao relevante fundamento da demanda, a vida do autor e/ou sua integridade física com conforto e dignidade são os bens jurídicos afetados indevidamente pela injustificável recusa da ré. Também a presença do justificado receio de ineficácia do provimento final é de uma clareza solar. A transferência do autor para casa está prevista para ocorrer em 48 horas e se o requerido não tomar qualquer providência no sentido de aparelhar o home care para recebe-lo, o requerente poderá falecer. É evidente que no presente é totalmente justificado o receio de que a demora na medida a torne ineficaz; se houver demora, nesse ínterim,o requerente já estará de alta hospitalar, com sério risco de abalo à saúde ou mesmo morte. Deve-se fixar multa para o caso de descumprimento de tal obrigação, de modo a viabilizar a eficiência do comando. Caso V. Exa entenda não ser viável o deferimento de concessão de tutela em relação ao corréu, requer seja concedida a medida em relação à corré no sentido de manter o tratamento e proibir a alta do paciente, também sob pena de multa diária , a ser fixada segundo seu prudente arbítrio. Os requisitos do relevante fundamento e do justificado receio de dano irreparável são os mesmos ante o risco de morte sofrido pelo autor... III – DO PEDIDO Diante de todo o exposto, requer seja concedida a antecipação de tutela para que se determine ao corréu Plano de Saude a instalação imediata dos equipamentos de www.cers.com.br CURSO DE PRÁTICA CÍVEL Prática Cível Fernanda Tartuce 17 home care necessários na residência do requerente, para que seja possível a sua transferência do idoso, sob pena de multa diária a ser arbitrada pelo Juízo; caso assim não se entenda, requer seja a corré clinica obrigada a dar continuidade ao tratamento com proibição de alta, sob pena de multa diária; Ao final, requer seja confirmada, se ainda pertinente e necessária, a concessão da medida antecipatória, julgando o pedido da ação totalmente procedente também para condenar os réus a pagar indenização por danos morais ao autor, no valor de ]R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) cada um, sendo ainda ambos condenados a arcar com o pagamento de custas processuais e dos honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos do art. 20 do CPC. VI – DOS REQUERIMENTOS Requer ainda: a) a citação dos requeridos, por Oficial de Justiça, para que, querendo, apresentem resposta no prazo legal, sob pena de revelia; b) a produção de provas em direito admitida, sem exceção, notadamente pelo depoimento pessoal dos representantes dos requeridos, sob pena de confissão, inquirição de testemunhas, a prova pericial, exames, expedição de ofícios, juntadas de novos documentos etc.; c) sejam concedidos ao Senhores Oficiais de Justiça incumbidos da diligência, nos termos do item “a” supra, os benefícios previstos no art. 172, § 2.º, daquele mesmo Código; O requerente atribui à presente causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), para fins de distribuição, comprovando o recolhimento das custas conforme guias que seguem. Termos em que Pede deferimento. Rio de Janeiro, data, assinatura do advogado, OAB O requerente atribui à presente causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), para fins de distribuição, comprovando o recolhimento das custas conforme guias que seguem. Termos em que Pede deferimento. Rio de Janeiro, data, assinatura do advogado, OAB Reflexão final A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais. (Aristóteles)
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