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AULA 1 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS Profª Tavany Cibele Coelho 02 CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo a esta disciplina! Gostaríamos que refletisse sobre o cenário mundial, que se encontra em constante evolução, o que exige das organizações uma rápida resposta para atender as novas demandas. Perante esse cenário, busca-se um diferencial visando o destaque entre outras milhões de empresas na preferência de seus clientes. Com essas novas demandas, é necessário que os produtos e serviços ofertados possuam qualidade e excelência, e, para atingi-las, as organizações notaram que seus recursos trazem vantagens competitivas. Quando falamos em recursos, pensamos rapidamente em matéria-prima, maquinário e processos para a produção ou prestação de serviços, não é mesmo? Porém, o que evidenciamos nas empresas que se destacam no mercado é que elas são as que dão maior ênfase aos seus recursos humanos, que hoje são vistos como um capital de grande valor. CONTEXTUALIZANDO A partir do momento em que as organizações perceberam, seja por meio de experiências ou de estudos sobre a área, que as competências organizacionais e individuais garantem esse "destaque" perante o mercado, iniciaram a busca por novas formas de gestão de alta performance. Tais novas formas de gestão possuem um enfoque diferente: deixam de lado aquela percepção de controlar pessoas e passam a atuar para reter e desenvolver pessoas. A partir deste momento, uma das novas formas de gestão utilizadas pelas organizações é o modelo de gestão por competência. Saiba mais Que tal entender um pouco mais assistindo ao vídeo do Dr. Joel Dutra, um dos professores referência sobre gestão por competência? Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=AOIlrkp5gf0>. Agora que você já sabe um pouco sobre o que vamos conversar, que tal aprofundarmos nosso conhecimento sobre as premissas desse modelo de gestão nos próximos temas? 03 TEMA 1 – GESTÃO ESTRATÉGICA A gestão por competência está diretamente atrelada à estratégia da organização – desta forma iniciamos nossa conversa, discutindo sobre essa temática. Se pensarmos que a estratégia se converte em resultados a sua importância aumenta exponencialmente. Mintzberg et al. (2000, p.30), no livro Safari das estratégias, discorrem de forma sintética sobre o papel da estratégia, que é “mapear o curso de uma organização para que ela navegue coesa com seu ambiente”, “promover a coordenação das atividades” e “reduzir a ambiguidade e pôr ordem”. Para elucidar esta definição, podemos indicar a frase citada no filme Alice no país das maravilhas: “se você não sabe aonde ir, qualquer caminho serve”, ou seja, é necessário realizar o planejamento estratégico para saber aonde a organização quer chegar e o que deve ser feito para tal. A estratégia é desenhada pelos integrantes da alta direção da organização, que traçam metas e estudam a viabilidade para cumpri-las, porém é importante destacarmos que todos os membros da organização devem saber o seu papel e o que precisam fazer para auxiliar a atingir essas metas. Considera-se, portanto, que, para transformar as estratégias em ações e gerar resultados, é necessário a sintonia com os objetivos estabelecidos. Para chegar aos resultados esperados, a empresa conta como parceiro interno com o setor de recursos humanos (RH) – dizemos nesse caso que a estratégia é voltada para as pessoas (Alonso et. al.2015). Nesse tipo de estratégia, criam-se parcerias com líderes, ocorrendo dessa forma o desenvolvimento contínuo da organização, pois o RH possui capacidade de compreender e aplicar informações que auxiliam o atingimento dos objetivos organizacionais, além de interpretar informações, tomar decisões e fornecer orientações. Assim, o parceiro recursos humanos possui três competências críticas: visão do negócio, avaliação crítica e consulta (Alonso et. al. 2015), competências que auxiliam no desenvolvimento e no cumprimento dos objetivos estabelecidos. Como já discorremos sobre a estratégia, a parceria com o RH e começamos a falar das competências, agora é hora de comentar sobre a relação da estratégia com a gestão por competência. A estratégia e a gestão por competências devem estar alinhadas. Esse modelo atrela as competências organizacionais e individuais, ou seja, primeiro é 04 constatado qual é o diferencial da organização, e depois busca-se um indivíduo que possua as competências necessárias para mantê-la ou desenvolvê-la. Por exemplo, se considerarmos que uma organização tem como competência a excelência no atendimento dos seus clientes, vai buscar funcionários que possuam as competências necessárias para manter esse diferencial. Fernandes (2013) em seu livro aborda que a estratégia se converte em resultados, e para se chegar a esses resultados é necessário transformar as estratégias em ações por meio das competências organizacionais que são vinculadas às pessoas. Para isso, utilizamos o modelo de gestão por competência que “parametriza comportamentos profissionais consistentes com aquilo que a estratégia estabelece” (Fernandes, 2013 p. 6). Podemos fortalecer esta ideia verificando a Figura 1. Figura 1 – Modelo de gestão de pessoas por competência Fonte: Fernandes, 2013, p. 5. A figura pode ser traduzida pela definição de Fernandes (2013, p. 9): “estratégias associadas a competências adequadas geram ações e resultados consistentes, que costuma ser aferido, pelo desempenho organizacional”. É importante destacar que a estratégia e as competências são correspondentes, não somente a competência é demandada pela estratégia, mas também a competência é fonte de inspiração para o delineamento das estratégias. Assim, a competência deve reforçar e refletir as estratégias. Você tem ideia do que é competência? No próximo tema, conheceremos as suas principais definições. 05 TEMA 2 – COMPETÊNCIA Existem diversas definições de competência. De maneira geral, a competência é a disposição a se comportar de determinada maneira, são as informações que uma pessoa tem de uma determinada área, manifestações comportamentais de especialização e atitudes, valores e autoimagem (Vazirani, 2010). A Figura 2 traz o iceberg trabalhado por Vazirani (2010) traduzindo as definições de competências; o seu pico refere-se ao conhecimento que o indivíduo demonstra facilmente sobre informações de determinada área, a segunda parte são as habilidades que demonstram as experiências adquiridas. O terceiro ponto é o autoconhecimento, que são as atitudes, os valores e a autoimagem de um indivíduo. O quarto ponto são os traços comportamentais que levam a uma determinada maneira de agir, e o quinto ponto são os motivos que levam aos comportamentos esperados. Figura 2 – Competências Fonte: Adaptado de Vazirani, 2010, p. 122. Quando falamos de atitudes, valores e autoimagem, remetemo-nos aos conceitos trabalhados de competências mais conhecidos como CHA (conhecimento, habilidades e atitudes) e mais recentemente como CHAV (conhecimento, habilidade, atitude e valores). A Figura 3 representa as três vertentes do CHA, mostrando que os conhecimentos se referem às informações, saber o que e saber o porquê; já as habilidades representam as técnicas, saber como e capacidade. O aspecto 06 atitudes compreende a identidade, a determinação e o querer fazer. Figura 3 – As três dimensões da competência Fonte: Durand, 2000 citado por Brandão; Guimarães, 2001, p. 10. CHAV constituemcapacidades ou insumos das competências. Este termo é traduzido por Fernandes (2013, p.56) como “uma pessoa que dispõe de conhecimento adequado, habilidades trabalhadas, atitudes favoráveis e valores alinhados aos da organização na qual se insere está propensa a entregar as competências relacionadas”. A competência deve estar relacionada com os objetivos organizacionais. Campion (2011) discorre que ela deve estar ligada com o trabalho, sendo identificada e agrupada, e normalmente é definida como comportamentos observáveis. A Figura 4 explora essa ligação entre as competências e o agregar valor à organização, na qual o indivíduo que possui as competências, habilidades e atitudes agrega valor econômico à organização. 07 Figura 4 – Competências como fonte de valor para o indivíduo e para a organização Fonte: Fleury; Fleury, 2001, p.188. Agora, vamos ver um exemplo de competência abordando as dimensões do CHAV (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores): João é um profissional que acabou de ser contratado por uma indústria e desempenhará a função de operador de máquina. Para ocupar esse cargo, ele tinha que preencher alguns requisitos: saber como utilizar o maquinário (conhecimento) e também possuir expertise adquirida por experiências anteriores para desempenhar a função com eficiência (habilidade). Em alguns dias de trabalho ele percebeu que uma determinada peça da máquina estava solta, o que atrasava toda a linha de produção. Assim que constatado o problema, João procurou o responsável pela manutenção para arrumá-lo (atitude – fazer o que deve ser feito sem ser solicitado). Neste momento, não só atitude foi evidenciada, mas também sua integridade, pois poderia ter deixado a máquina atrasar a produção e prejudicar toda a organização. O termo competência, além de estar ligado ao indivíduo, está relacionado aos atributos organizacionais, definindo-os em competências organizacionais e individuais, que serão discutidas nos próximos temas. TEMA 3 – COMPETÊNCIA INDIVIDUAL No último tema, conhecemos as definições de competências, e agora falaremos sobre a competência individual, primeiro definindo-a. Segundo Fernandes (2013), a competência individual é um “conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que um indivíduo mobiliza e aplica, de forma reiterada, dentro de um contexto profissional agregando valor a organização e a si mesmo”. Você deve estar pensando “certo, a competência individual possui a 08 definição semelhante da de competência, o que eu tenho que saber sobre a competência individual?”. Um dos aspectos importantes, conforme mencionado na definição de Fernandes (2013), é que o CHAV deve ser aplicado no contexto organizacional, ou seja, a competência só se consuma quando ocorre uma entrega. A Figura 5 representa este conceito de entrega: o indivíduo possui os conhecimento, as habilidades e as atitudes que são denominados capacidades, nomeados inputs, e as entregas, que podem ser denominadas como contribuição para agregar valor à organização (outputs). Figura 5 – Competências individuais Fonte: Fernandes, 2013, p. 48. Capacidade é quando o profissional possui as competências para agregar valor à organização, e entrega é quando elas são utilizadas no desempenho de determinada função, ou seja, “a competência expressa um conjunto de capacidades aplicadas” (Fernandes, 2013, p. 43). Portanto, a competência individual se caracteriza no agregar valor, e a entrega é a sua característica principal, não sendo explicada somente pelo conceito CHAV, e sim pela entrega das contribuições esperadas (Fernandes 2013). Fleury e Fleury (2001) classificam as competências em três tipos: negócio, técnico-profissional e sociais. Negócio: interação da empresa com o mercado. Competências técnicas: são os inputs (competências, habilidades, atitudes e valores), que são insumos para desempenho de determinada função. Sociais: interação com as pessoas, abordando o trabalho em equipe e o relacionamento. Na Tabela 1 é apresentado um exemplo dos tipos de competência trabalhados por Fleury. Este exemplo se refere ao resultado de uma pesquisa de Bundchen et al. (2011), que buscam as competências dos gerentes realizando um 09 estudo de caso do Banco do Brasil. Podemos verificar que quando falamos de competências sociais, são apresentados aspectos de relacionamento como ouvir e o fortalecer a equipe, competências técnicas necessárias para o desempenho da função como técnicas de negociação, planejamento estratégico etc. Já as competências de negócios demonstram a necessidade de conhecimento da empresa, como compreender o funcionamento da agência. Tabela 1 – Exemplo de competências sociais, técnicas e de negócio Indicadores de competências em três perspectivas distintas Competências Sociais 1. Suportar pressões e adaptar-se a situações e contextos variados; 2. Investir no fortalecimento da equipe; 3. Tornar claros para a equipe os objetivos a serem atingidos; 4. Adaptar a linguagem à situação e ao ouvinte; 5. Ouvir os interlocutores com atenção; 6. Manter as pessoas informadas sobre os planos e processos; 7. Comunicar-se de modo a gerar entusiasmo; 8. Apresentar-se positivamente (estado de espírito); 9. Desenvolver relacionamentos com clientes e colegas. Competências Técnico-profissionais 10. Utilizar técnicas de planejamento estratégico; 11. Monitorar a qualidade e o andamento dos serviços; 12. Conhecer técnicas de negociação; 13. Gerenciar conflitos; 14. Fazer escolhas a partir de recursos escassos; 15. Delegar atividades de trabalho; 16. Conhecer os produtos e serviços do Banco do Brasil; 17. Acionar pessoalmente rotinas e processos operacionais; 18. Utilizar método para conduzir reuniões de trabalho. Competência de Negócios 19. Compreender como a agência interage com os clientes; 20. Manter-se atento às oportunidades negociais; 21. Focalizar a atenção nos resultados financeiros; 22. Desenvolver uma rede de informações estratégicas; 23. Procurar informações em várias fontes; 24. Orientar as ações pelas necessidades de clientes; 25. Estabelecer parcerias com os clientes; 26. Integrar-se e participar dos eventos na comunidade (cidade); 27. Pesquisar sobre os costumes e tradições que afetam a comunidade e os clientes. Fonte: Bundchen et al., 2011, p. 408. Esses tipos de competências vão ao encontro das entregas que expressam o valor agregado, em que o foco principal é que os indivíduos estejam mobilizados para os objetivos organizacionais. Agora, vamos retomar o exemplo do João trabalhado no tema anterior. Caracterizando o CHAV neste caso, temos: • Conhecimento: saber como utilizar a máquina. • Habilidade: manipular a máquina de maneira eficiente e eficaz. Saiba mais Eficiência é fazer certo as coisas e eficácia é fazer a coisa certa. 010 Exemplos: Eficiência: saber cavar um buraco. Eficaz: saber onde cavar para achar água. Atitude: fazer alguma atividade por conta própria. Valores: integridade, responsabilidade. Por exemplo, importar-se com o fato de que a máquina com defeito estava atrasando a linha de produção e, consequentemente, causava prejuízo à organização. Quando falamos de competências individuais, podemos evidenciá-las na entrega mencionada, ou seja, João tinha o conhecimento e a habilidade para manipular o maquinário e o fez, também teve a atitude e o valor de quando detectado o problema da máquina, procurar quem pudesse resolvê-lo, caracterizando assim as entregas. Como mencionado anteriormente, essas competências se manifestam numa entrega. Dessa forma, as competênciasdevem ser observáveis e testáveis para constatarmos que a entrega está ocorrendo, confirmando a definição de Boyatzis (1993), que caracteriza que as competências são características de uma pessoa que resulta em um desempenho superior no trabalho. Reforçamos que a competência individual não é simplesmente possuir as capacidades para desenvolver determinada função, mas também a vontade do indivíduo em executá-la, fator que é influenciado pelas experiências, projetando competências individuais, amarrando-as com as competências organizacionais, antecipando os requisitos e as habilidades futuras (Vazirani, 2010). No próximo tema, conheceremos as definições de competências organizacionais. TEMA 4 – COMPETÊNCIA ORGANIZACIONAL A competência organizacional pode ser considerada a vantagem competitiva que a empresa possui. Johnson et al. (2011) afirmam que a competência organizacional ocorre quando a empresa dispõe de seus recursos efetivamente por meio das suas atividades e seus processos, ou seja, a capacidade que a empresa possui de concorrer em determinado mercado, utilizando os seus recursos, transformando-os em vantagens competitivas. Existem outras diversas definições que serão expostas a seguir: A competência organizacional “é o conjunto de qualidades que a empresa desenvolve e aperfeiçoa, para oferecer com continuidade bens e serviços que atendam às necessidades e encantem seus clientes e usuários” (Boog, 2004 p. 011 13). Fernandes (2013 p.18 e 19) traz algumas definições de competência organizacional. Tabela 2 – Definições de competência organizacional Wernerfelt (1984, p.172) “É qualquer coisa que possa ser pensada como uma força ou fraqueza de uma dada empresa. Mais formalmente, um recurso da firma, em dado tempo, pode ser definido como aqueles ativos (tangíveis e intangíveis) que são ligados semi permanentemente à firma” Penrose (1959, p. 150) Essencialmente, um conjunto de recursos cuja utilização é organizada por um quadro de referência administrativo. Em certo sentido, os produtos finais produzidos pela empresa em um dado momento representam apenas uma das múltiplas possibilidades pelas quais a empresa poderia estar utilizando seus recursos, um incidente no desenvolvimento de suas potencialidades. Fernandes e Comini (2011) As competências organizacionais são a “caixa de ressonância” da estratégia; estratégias sintonizadas com competências instaladas “ecoam”. Organizações com fortes competências organizacionais estão predispostas a executar estratégias em conformidade com suas competências. Por exemplo, uma empresa com forte competência na distribuição de cervejas pode agregar outras bebidas à sua linha e rentabilizar ainda mais a operação Fernandes (2013) Conjunto de recursos articulados que geram valor para a organização são difíceis de imitar, podem ser transferidos a outras áreas, produtos ou serviços da organização, e impactam o desempenho organizacional em um fator-chave de sucesso (FCS). Após a explanação dos conceitos de competência organizacional, podemos concluir que ela é a articulação dos recursos de forma eficiente e eficaz, tornando-os um fator-chave do sucesso. Agora falaremos de como podemos avaliar e mapear as competências organizacionais por meio de alguns passos trabalhados por Fernandes (2013, p. 23 e 24): 1. Analisar o negócio e identificar os fatores-chave de sucesso: atributos que as empresas devem atender para permanecer no negócio. 2. Verificar o nível de desempenho em relação aos concorrentes: o autor recomenda criar um quadro colocando o fator-chave de sucesso e posicionar um conceito em relação aos concorrentes, por exemplo, muito fraco, regular, bom e excelente. 012 3. Escolher os fatores-chave de sucesso que serão considerados como competências: nesta etapa, deve-se descrever cada fator. 4. Avaliar: o valor que as competências geram para a organização, como sustentabilidade, que é a dificuldade de imitar as competências, e a versatilidade, quando as competências podem ser transferidas para outros produtos e serviços. 5. Decompor e avaliar recursos componentes da competência: dispor os recursos em categorias como recursos físicos, sistemas, network, valores e crenças. Verificamos neste tema o que são competências organizacionais e os passos para caracterizá-las. Agora, gostaríamos de deixar algumas perguntas para reflexão: Você conhece a empresa de extração de nióbio brasileira? Como você caracterizaria a sua competência organizacional? Conheça-a um pouco mais pelo site: <http://www.cbmm.com.br>. Até aqui, nós já conversamos sobre a estratégia e a gestão de pessoas, aprendemos o que são competências e também identificamos o que são competências individuais e organizacionais. No próximo tema, discutiremos sobre as implicações das competências na estratégia organizacional. TEMA 5 – IMPLICAÇÕES DAS COMPETÊNCIAS NA ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL Já discutimos sobre a gestão estratégica e as competências e agora chegamos ao momento em que veremos as implicações entre as duas. Quando mapeamos as competências, conseguimos identificar os recursos e as capacidades estratégicos, identificando quais são críticos para a estratégia atual de uma empresa. Segundo Fernandes (2013), “o modelo de competências é um referencial para a implantação de estratégias”, e, por meio dele, identificamos os recursos faltantes de que a empresa precisa para executar suas estratégias. Agora que vimos que o modelo de competência e a estratégia estão interligados, é hora de articularmos sobre os alinhamentos verticais e horizontais. O que são esses alinhamentos? O alinhamento vertical é o alinhamento entre o modelo de gestão por competência e a estratégia organizacional que promovem vantagem competitiva. De acordo com Munk et al. (2011), são “padrões de gestão que permitam a ela 013 vincular cada vez mais competências e resultados organizacionais por meio de boas práticas relacionadas às suas estratégias”. Já o alinhamento horizontal corresponde ao alinhamento dos sistemas internos de recursos humanos (RH), ou seja, todas as atividades e práticas realizadas pelo RH conversam entre si e estão integradas ao modelo de gestão por competência (Burns et al. 2012). Esses dois alinhamentos são implicações entre o modelo de gestão por competência e a estratégia. Por exemplo, de acordo com Fernandes (2013), por meio da análise horizontal podemos levantar se alguma competência está sobrando, ou seja, sem relação com as estratégias organizacionais; já as competências verticais verificam se as competências organizacionais são comportadas pelas competências individuais. FINALIZANDO Nesta rota, você estudou sobre a gestão estratégica discutindo um pouquinho sobre o que é estratégia e a relação com a competência, que deu início à nossa discussão sobre competência, e vimos que a competência pode ser traduzida pelo conceito CHAV (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores). Esta temática iniciou a discussão sobre as competências individuais e organizacionais. As competências individuais ocorrem quando as capacidades são utilizadas pelo indivíduo no desempenho de seu trabalho, e a competência organizacional é a forma eficiente e eficaz de utilizar os recursos da organização e transformá-los em fatores-chave de sucesso. Por último, vimos as implicações que ocorrem entre a estratégia e as competências, discriminado o que são os alinhamentos verticais e horizontais. Alinhamento vertical é quando as competências estão alinhadas com as estratégias organizacionais, e o alinhamento horizontalocorre entre as práticas de RH e as competências dentro da organização. 014 REFERÊNCIAS ALONSO, A. et al. A Competency-based Approach to Advancing HR. People and Strategy, v. 38 n. 4, p. 38-44, 2015. BOOG, G. G. Desafio da competência: como enfrentar as dificuldades do presente e preparar-se para o futuro. São Paulo: Nova Cultural, 2004. BOYATZIS, R. Beyond competence: the choice to be a leader. Human Resource Management Review, v. 3, n. 1, p. 1-14, 1993. BRANDÃO, H. P.; GUIMARÃES, T. A. Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto? Revista de Administração de Empresas, São Paulo, jan./mar. 2001. BUNDCHEN, E.; ROSSETTO, C. R.; SILVA, A. B. Competências gerenciais em ação – O caso do Banco do Brasil. Revista Eletrônica de Administração, 2011. CAMPION, M. A. et al. 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