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São Paulo - Rio de Janeiro - Brasília - Porto Alegre EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 3ª UNIDADE JURISDICIONAL CÍVEL, BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS. PROCESSO Nº. 9015352-03.2018.8.13.0024 FERRATUM BRASIL SERVIÇOS DE CORRESPONDENTE BANCÁRIO LTDA, pessoa jurídica de Direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº. 26.214.991//0001-07, com sede na Avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini, 1.748, conjunto 2.205, Sala 9, Jardim Edith, no município de São Paulo, Estado de São Paulo, CEP 04571-000, por seus procuradores infra-assinados, nos autos da AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, que lhe move PEDRO HENRIQUE OLIVEIRA CORDEIRO, já qualificada nestes autos, vem, mui respeitosamente, com fundamento nos artigos 30 e seguintes da Lei 9099/95, oferecer sua CONTESTAÇÃO, nos termos que seguem. I- SÍNTESE DA DEMANDA Trata-se de ação indenizatória, por meio da qual o Autor alega que fora surpreendido com a negativação de seu nome acerca de empréstimo que alega desconhecer. Aduz o Requerente, que desconhece a origem do débito no valor de R$985,38 (novecentos e oitenta e cinco reais e trinta e oito centavos) do dia 12/02/2018. Continua sua narrativa afirmando nunca ter firmado contrato com as requeridas. Diante dos fatos, o Autor ajuizou a presente demanda requerendo (I) a declaração de inexistência das relações jurídicas (II) o pagamento no valor de R$10.000,00 (dez mil reais) a título de danos morais. Conforme se verá, a pretensão o Autor não merece prosperar, devendo a ação ser julgada TOTALMENTE IMPROCEDENTE, pelas razões a seguir expostas. II - DA ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM Antes de adentrar ao mérito da demanda, necessário verificar que, a Ré é parte ilegítima para figurar no pólo passivo desta ação e, dessa forma, deverá a presente ser julgada extinta sem julgamento do mérito com relação a ela, com fundamento no art. 267, VI, do Código de Processo Civil. É cediço que a legitimidade ad causam, consoante a clássica lição do Prof. ALFREDO BUZAID, é definida em como “a pertinência subjetiva da ação”. Quer dizer, para que a parte seja considerada legítima para participar de uma ação judicial, é necessário que ela faça parte da relação de direito material suscitada na petição inicial. Do contrário é parte ilegítima, o que dá ensejo à aplicação do disposto no artigo 267, VI do CPC. Neste caso concreto, a FERRATUM BRASIL SERVIÇOS DE CORRESPONDENTE BANCÁRIO LTDA não participa da relação de direito material que deu azo à propositura desta demanda, haja vista que não realizou nenhum ato capaz de ensejar transtornos ao Autor, bem como indenização. A Ferratum em instante algum realizou procedimento indevido, uma vez que a empresa que está incumbida de realizar a derradeira verificação dos dados dos correntistas, são as instituições financeiras, no caso o corréu Banco do Brasil. Especificamente, o Banco do Brasil possui a “conta fácil”, procedimento em que qualquer pessoa abre uma conta corrente online. Entretanto, não existe a diligência de verificação pessoal e dos documentos dos clientes. A obrigatoriedade de verificação da pessoa e dos documentos apresentados é previsto Resolução 2.025 de 24 de novembro de 1993, do Banco Central do Brasil (documento anexo), trata-se do procedimento popularmente chamando de KYC (Know Your Customer). O Banco do Brasil não efetuou este procedimento de forma correta e como orienta a respectiva resolução anexa, levando desta forma a Ferratum a possível erro e gerando esta suposta situação fraudulenta ao autor da ação. Neste caso concreto, a TIM não é parte da relação jurídica de direito material suscitada pelo Autor— e assim não se legitima a fazer parte do pólo passivo da demanda. A presente ação foi movida porque houve suposta falha na prestação de serviço. Sendo assim, como a TIM não participa da relação de direito material suscitada pelo Autor na inicial, aquela deverá ser considerada parte ilegítima ad causam, e, portanto, este processo deverá ser extinto sem julgamento do mérito, em relação a esta Contestante, nos termos do artigo 267, VI do CPC. III - DO MÉRITO a) Da improcedência do pedido inicial. Antes de adentrar ao mérito, compete à empresa Ré enfatizar que não houve grandes transtornos causados ao Autor, caso contrário o mesmo teria se desincumbido em comprová-los nos presentes autos, senão vejamos: Ao tomar conhecimento dos fatos narrados pelo Autor, a empresa Ré realizou uma minuciosa consulta em seu sistema e encontrou o contrato com o Autor, que somente se concretizou após todos os tramites administrativos, onde foram prestadas todas as informação de dados e documentos pessoais pertencentes ao Autor (Documentos anexos). Com efeito, no ato da contratação, o Autor tirou uma foto e apresentou seu RG, conforme se observa abaixo: Importante frisar que a contratação, dos serviços fornecidos pela empresa Ré, somente é concretizada após a devida prestação de informações dos respectivos documentos, conforme política interna adotada pelas empresas conforme regulamentação dos órgãos competentes. Assim, tão logo todos os trâmites administrativos foram concluídos através da apresentação dos dados e documentos, o contrato foi firmado entre as partes, de tal forma que a empresa Ré jamais teria qualquer motivação para duvidar da idoneidade do contratante. Embora o Autor alegue desconhecer a formalização dos Contratos de Prestação de Serviços questionados na presente demanda, o fato é que este especifica seus dados pessoais: Quando um cliente realiza contratação munido de dados e documentos, a empresa Ré não pode negar-lhe a celebração do contrato, pois do contrário violaria o disposto no Código de Defesa do Consumidor. Ademais, é pressuposto, sempre e sem exceção, de que a pessoa que está contratando seus serviços está agindo de boa-fé. Cumpre elucidar que, a empresa Ré somente concretiza o fornecimento de seus serviços, após verificação das informações e análise de documentos pessoais do contratante e ainda, após analise perante diversos órgãos, a fim de constatar se não há nada que desabone o contratante, o que de fato ocorreu no presente caso. Neste sentido, como se pode observar, referido procedimento é realizado de forma criteriosa para se evitar fraudes e fornecer a segurança necessária a todos os clientes. A contratação em nome do Autor foi concretizada e lhe fornecido o empréstimo de R$ 600,00 (seiscentos reais) na conta informada (vide abaixo). Mas nada foi pago, o que gerou as cobranças discutidas na presente demanda, dando, pois, direito à empresa Ré realizar os devidos atos de cobrança: O fato é que, inexiste dolo ou culpa por parte da empresa Ré, que realizou todos os devidos procedimentos para garantir a segurança da contratação, assim como efetivou a devida prestação de seus serviços, contudo, na hipótese de ter havido fraude, acabou por ser tão vitima quanto a Autor, sendo a única medida aceitável a improcedência da presente demanda. Note-se que o empréstimo foi disponibilizado em conta corrente de titularidade do contratante no Banco do Brasil. Se o contratante não é o Autor, até perante o Banco do Brasil ele teria cometido uma fraude, não tendo como a Ré ter como evitar isso. Ou seja, o contratanteapresentou para Ré: - foto pessoal - RG original - comprovante de residência; e - conta bancária aberta em seu nome. Desta forma, fica evidente que não houve nenhuma conduta da ré que justifique motivo gerador de danos morais, muito menos uma condenação indenizatória, pois foram seguidos todos os procedimentos da contratação e disponibilizado o valor pleiteado. Assim, de rigor seja a presente demanda julgada IMPROCEDENTE pelos motivos expostos. b) Da Excludente de Responsabilidade pelo Fato de Terceiro e da Ausência de Danos Morais. O Autor alega ter sido surpreendido com as cobranças e negativação realizadas pela empresa Ré. Contudo, como se observou, houve uma devida contratação, com a apresentação de documentos originais e oficiais, o que atestam a licitude do procedimento. Contudo, caso realmente tenha existido a fraude, o que se admite por hipótese, a parte Ré também foi tanto vítima como o autor por ato de terceiro, já que ofereceu o empréstimo, mas ficou sem a devida contraprestação. Impor à Ré a obrigação de suportar todos os danos decorrentes de fraude, com a qual não concorreu dolosa ou culposamente, implica em ônus excessivo, pois ela já perdeu todo o dinheiro que disponibilizou com o empréstimo. Tal entendimento é corroborado pelo art. 393 § 3º, do Código Civil: “O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro”. Portanto, não pode a empresa Ré sofrer qualquer tipo de condenação, tão pouco a correspondente ao pagamento de danos de ordem moral, uma vez que é tão vitima quanto o Autor e também sofre com os atos praticados pelo suposto estelionatário. Os atos de cobrança praticados pela Ré nada mais são do que exercício regular de direito. Importante esclarecer, outrossim, que a ré de boa-fé, tentou resolver todas as solicitações do Autor da melhor forma possível, retirando a negativação, conforme se observa nas telas abaixo: Por fim insta ressaltar que o próprio Autor, cita a ocorrência de suposta falsificação de seus documentos oficiais, o que impossibilitaria a observância da veracidade dos documentos pela Ferratum. Como dito, se houve fraude, a Ré é tanto vítima como o Autor, pois disponibilizou o empréstimo e não terá nem como cobrar, pois se desconhece quem seria o suposto estelionatário. O artigo 186 do Código Civil determina que o dever de ressarcir, pela prática de atos ilícitos, decorre da culpa ou dolo, sendo que a responsabilidade civil por ato ilícito, prevista neste artigo, possui como elementos caracterizadores como: (i) conduta; (ii) culpa ou dolo; (iii) nexo causal e (iv) dano. No caso em questão, está comprovado que a empresa Ré em nenhum momento praticou um ato ilícito, quer por ação ou omissão, que ensejasse os danos alegados pelo Autor, inexistindo, portanto, nexo de causalidade entre o dano supostamente sofrido por ela e o ato praticado pela empresa Ré em utilizar de um direito legalmente permitido. Esse também é o entendimento da legislação consumerista, pois, em sendo comprovada a fraude (ônus do Autor), o fator determinante dos contratempos sofridos pelo Autor teria sido praticado por terceiro, o que constitui um dos elementos de exclusão de responsabilidade civil, conforme artigo 14, § 3º, inciso II do Código de Defesa do Consumidor: Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. E não é outro o entendimento jurisprudencial: “Indenização – Responsabilidade Civil – Dano moral – Ilícito culposo – Verba não devida – Recurso Provido. Apenas se justifica a indenização por dano moral quando resulte o ilícito de ato doloso, em que a carga de repercussão nas relações psíquicas, nos sentimentos e na tranquilidade, se reflita como decorrência da repulsa ao ato intencional da parte Autor do crime”. (JTJ –LEX 144/74)” Assim, improcedente o pedido de indenização por danos morais. c) Da Valoração do Dano Por fim, ainda que se entenda que a indenização é cabível, o que se admite apenas a título de argumentação, o valor a ser pago deve seguir parâmetros constitucionalmente previstos de moderação, proporcionalidade e razoabilidade, levando-se em conta toda a situação concreta. Conforme todo o exposto, trata-se de suposta fraude, da qual o Autor e Ré teriam sido vítimas, não podendo a empresa Ré suportar todo o dano por ato de terceiro, até porque a fraude não foi constatada por inércia do Autor, que preferiu ajuizar a presente demanda, ao invés de resolver administrativamente o problema, apesar dos inúmeros contatos da Ré (e-mail, whatsapp e ligação telefônica). Note-se que o Autor possui a obrigação de demonstrar o dano sofrido e sequer demonstrou isso. Neste sentido, a jurisprudência pacífica do Tribunal de Justiça de São Paulo: “Dentre os prejuízos que se encadeiam, o Autor do fato culposo não responde senão por aqueles que são a consequência certa e necessária de seu ato.”(TJSP – 12ª Câmara – RT 552/66) Tal valoração do sofrimento humano converte a dor em captação de lucro, função esta que não cabe à atividade judicante que deveria, ao contrário, estabelecer ditames de justiça e evitar o enriquecimento ilícito e a banalização do dano moral, que hoje vem se tornando uma indústria. Nesse sentido é a nossa jurisprudência: “APELAÇÃO CÍVEL. RECURSO INTERPOSTO COM FUNDAMENTO NO CPC/73. RELAÇÃO DE CONSUMO. RENOVAÇÃO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO NÃO CONTRATADO PELO AUTOR. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL CONFIGURADO. APELO DA RÉ PARA REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. REFORMA DA SENTENÇA. (...) 7. É sabido que à míngua de dados objetivos para a fixação da indenização devida por danos morais, alguns fatores devem ser levados em conta para sua fixação, tais como: a capacidade econômica das partes; a natureza e extensão do dano e as circunstâncias em que se deu o ato ilícito, atentando-se, ainda, que a indenização deve ser necessária e suficiente para inibir novas condutas lesivas por parte da ré, desde que não se transforme em fator de locupletamento. 8.Contudo, com base nos argumentos acima alinhavados, sopesando as circunstâncias em que se deu o ilícito, vê-se que a indenização por danos morais no montante de R$ 6.000,00 (seis mil reais) merece pequena redução. 9. Assim, fiel ao princípio da razoabilidade e mensurando-se as circunstâncias do evento já mencionadas, fixo a verba indenizatória em R$ 3.000,00 (três mil reais), patamar mais apropriado e em consonância com os critérios adotados por nossos julgados, considerando-se a falha na prestação de serviço aqui evidenciada. Precedentes. 10. REFORMA DA SENTENÇA. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO.”(TJRJ - AC 0047704-60.2012.8.19.0203 – Rel. ADRIANA MOUTINHO, 26ª Câmara Cível Consumidor – DJ 21.07.2016) – grifos nossos Ademais compete à empresa Ré citar a brilhante decisão proferida pela 2ª Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, na qual, confirmando a improcedência de pedido de indenização por dano moral, o relator Des. SERGIO CAVALIERI FILHO, com propriedade, enfatizou: “A matéria de mérito cinge-se em saber o que configura e o que não configura o dano moral. Na falta de critérios objetivos, essa questão vem se tornando tormentosa na doutrina e na jurisprudência, levando o julgador a situação de perplexidade. Ultrapassadas as fases da irreparabilidade do dano moral e da sua inacumulabilidade com o dano material, corremos o risco deingressarmos na fase da sua industrialização, onde o aborrecimento banal ou mera sensibilidade são apresentados como dano moral, em busca de indenizações milionárias. Tenho entendido que, na solução dessa questão, cumpre ao juiz seguir a trilha da lógica do razoável, em busca da sensibilidade ético-social normal. Deve tomar por paradigma o cidadão que se coloca a igual distância do homem frio, insensível, e o homem de extrema sensibilidade. Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angustia e desequilíbrio em seu bem estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia a dia, no trabalho, no trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos.” (Ap. Cível nº 8.218/95, j. 13.02.96 – g.n.) É cediço que a indenização por danos morais, nos casos em que é concedida, deve refletir exatamente o dano causado, de forma a evitar o enriquecimento ilícito. Desta feita, caso Vossa Excelência entenda pela condenação da Ré ao pagamento de indenização, que estabeleça um valor justo, de acordo com as especificidades do caso, em especial a extensão do suposto dano. e) Da inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor e da Inversão do Ônus da Prova. Tendo em vista que a inversão do ônus da prova está diretamente relacionada ao reconhecimento da vulnerabilidade em que se encontra a parte na relação em juízo, visando ainda diminuir as diferenças, não restam dúvidas que, no presente caso, a inversão almejada é totalmente desnecessária. Em regra, diante do juiz, a parte que alega alguma coisa tem obrigação de provar o que está alegando. Mas, excepcionalmente, quando as posições são invertidas, diz-se que há a inversão do ônus da prova. Porém, a inversão do ônus não é automática e para todos os casos. Assim, a inversão não ocorre sem qualquer critério, mas com a decisão expressa do juiz que deve considerar as particularidades de cada caso, somadas às condições estabelecidas em Lei. Verificamos no artigo 6º do Código de Direito do Consumidor, os direitos básicos dos consumidores, entre eles, o inciso VIII, que dispõe sobre a facilitação de defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando ele for hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência. Neste sentido, a jurisprudência pátria: “AGRAVO DE INSTRUMENTO - JUSTIÇA GRATUITA - PEDIDO DEFERIDO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - RELAÇÃO JURÍDICA INCONTROVERA - ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DA DÍVIDA QUE ENSEJOU A NEGATIVAÇÃO - ANTECIPAÇÃO DA TUTELA - EXCLUSÃO DA RESTRIÇÃO - VEROSSIMILHANÇA NÃO VERIFICADA - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA CONFORME REGRAMENTO DA HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR (ART. 6º, VIII, CDC)- AUSÊNCIA DE VEROSSIMILHANÇA - ATRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA NOS MOLDES DO ART. 333, I E II, DO CPC. - O benefício da justiça gratuita pode ser concedido à pessoa física desde que comprovada a necessidade da benesse. Comprovando a parte agravante sua hipossuficiência financeira, o deferimento do benefício é medida que se impõe. - Para o atendimento da antecipação da tutela, necessária a prova inequívoca das alegações da parte Autor . Ausente a verossimilhança das alegações da parte que objetiva a retirada liminar de seu nome dos registros de proteção ao crédito, o indeferimento do pedido de antecipação da tutela é medida que se impõe. - A inversão do ônus da prova deve ser deferida somente quando comprovada pelo consumidor sua hipossuficiência técnica ou financeira que o impeça de coletar provas dos fatos constitutivos do seu direito, bem como a verossimilhança das suas alegações.” (TJMG - AI 10446140000949001 MG, Relator: Valdez Leite Machado, DJ 17.06.2014) – grifos nossos “PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS – AÇÃO INDENIZATÓRIA – DANOS MATERIAIS E MORAIS – AUSÊNCIA DE ERRO NO REGISTRO DO CONSUMO – REGULARIDADE DA EMISSÃO DAS FATURAS – FALTA DE PAGAMENTO – INCLUSÃO DOS DADOS DO AUTOR EM CADASTRO DE INADIMPLENTES – INEXISTÊNCIA DE DANO IMATERIAL – ART. 333, I, DO CPC - IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO. I- Não logrando a concessionária efetuar a leitura do consumo de energia do imóvel por se encontrar fechado, autorizada está a efetuar o cálculo pela média de consumo e, uma vez não quitado o débito pendente, legítima a inclusão dos dados do Autor em cadastro de inadimplentes. II. A inversão do ônus da prova não resulta em determinar que a parte contrária produza prova negativa que, em regra estaria a cargo da parte adversa. Esta inversão, em verdade, não se refere a que uma parte tenha que produzir prova que à outra incumbia na defesa de seu direito, mas sim uma regra endereçada ao juiz na valoração das provas produzidas pelas partes e constantes dos autos. Remanesce, assim, íntegra a responsabilidade a que alude o art. 333 do CPC, cabendo o Autor o ônus quanto ao fato constitutivo do seu direito, sendo de rigor a manutenção da sentença de improcedência diante da falta de provas. (TJSP - AC 1004624-34.2013.8.26.0127, Relator: Paulo Ayrosa, DJ 21.10.2015) – grifos nossos Pede, portanto, requer seja indeferido de plano o pedido formulado pela parte Autor no sentido inverter o ônus da prova em desfavor da empresa Ré, uma vez não demonstrado pela parte Requerente qual seria a hipossuficiência que lhe impediria de produzir provas dos fatos alegados. IV - DOS PEDIDOS Diante o exposto, é a presente para requerer se digne V. Exa. acolher a preliminar de inépcia da inicial. Caso assim não entenda, o que se admite por hipótese, no mérito requer seja a ação julgada IMPROCEDENTE, uma vez comprovada a inexistência de qualquer irregularidade perpetrada pelas Rés. Na remota hipótese de não se decretar a IMPROCEDÊNCIA da presente demanda, o que se admite ad argumentandum, necessária se faz a observância aos parâmetros legais e jurisprudenciais consagrados para fixação da condenação no intuito de evitar-se enriquecimento ilícito. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a juntada de novos documentos e o depoimento pessoal da parte Requerente. Requer, por fim, que as intimações de todos os atos deste processo sejam realizadas exclusivamente em nome de DR. ANTONIO RODRIGO SANT’ANA, inscrito na OAB/SP nª 234.190, sob pena de nulidade. Termos em que, Pede deferimento. São Paulo, 17 de abril de 2018. ANTONIO RODRIGO SANT’ANA OAB/MG 234.190 CARLA HELOÍSA ROSA MAZZUTTI OAB/SP 320.248 Al. Rio Negro, 500, 17º and. Torre A, Alphaville/SP – CEP 06454-000 - Tel/Fax: (11) 3254-6999 - e-mail: recepcao@sbclaw.com.br 18 Al. Rio Negro, 500, 17º and. Torre A, Alphaville/SP – CEP 06454-000 - Tel/Fax: (11) 3254-6999 - e-mail: recepcao@sbclaw.com.br