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Fisiopatologia das Doenças Endócrinas e Nutricionais DESNUTRIÇÃO HOSPITALAR Profª Drª Luciene S Venancio Lotufo Brant • 19 a 80% dos pacientes hospitalizados • 40 a 50% dos pacientes idosos de hospitais universitários • 70% dos pacientes inicialmente desnutridos pioram o estado nutricional durante a hospitalização Magnitude do Problema Caiaffa WT, Correia MI. Hospital malnutrition: the Brazilian national survey (Ibranutri): a study of 4000 patients. Nutrition. 2001;17(7-8):573-80. • 50,2% dos doentes hospitalizados • 11,2% dos doentes com desnutrição grave • 40 a 60% dos doentes dão entrada no hospital com desnutrição (revisão 66 pesquisas em 12 países com 29.474 pacientes) e a preocupação com o diagnóstico nutricional é rara. (Clinical Nutrition junho 2016) Magnitude do Problema Correia MITD, Campos ACL. Prevalence of malnutrition in Latin America: The multicenter ELAN study. Nutrition 2003; 19(10): 823 – 5 48,1% dos doentes adultos hospitalizados 12,6% dos doentes adultos com desnutrição grave Desnutrição hospitalar Caiaffa WT, Correia MI. Hospital malnutrition: the Brazilian national survey (Ibranutri): a study of 4000 patients. Nutrition. 2001;17(7-8):573-80. Magnitude do Problema Caiaffa WT, Correia MI. Hospital malnutrition: the Brazilian national survey (Ibranutri): a study of 4000 patients. Nutrition. 2001;17(7-8):573-80. Magnitude do Problema A desnutrição hospitalar é um problema de saúde pública e está associada ao aumento significativo de morbidade e mortalidade. Ainda hoje é frequentemente não diagnosticada e, portanto, não tratada. Conceito Um conceito de desnutrição, que bem se aplica ao paciente hospitalizado, compreende a desnutrição como “um estado mórbido secundário a uma deficiência ou excesso absoluto de um ou mais nutrientes, que se manifesta clinicamente ou é detectado por testes antropométricos, bioquímicos, topográficos ou fisiológicos.” Waitzberg D.L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3º/4° ed. São Paulo: Atheneu; 2000/2009. Etiologia DESNUTRIÇÃO GRAVE Ingestão insuficiente de energia e nutrientes básicos Desenvolvimento lento •resultado de doenças somáticas ou psiquiátricas Aumento da necessidade calórica sem o equivalente aumento da ingestão Desenvolvimento rápido • resultado do hipercatabolismo SOBOTKA, L. Bases da nutrição clínica. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008 Estado nutricional adequado Etiologia Etiologia Etiologia Desnutrição Hospitalar Grave LIGADAS À DOENÇA CAUSAS CIRCUNSTANCIAIS Apetite Dor Digestão Ansiedade Perdas Novo ambiente Anabolismo Alimentação diferente Catabolismo Mudanças de hábitos e horários alimentares Medicamentos Waitzberg D.L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3º/4° ed. São Paulo: Atheneu; 2000/2009. Etiologia Iatrogênica Peso/estatura não medidos Rotação de pessoal Divisão de responsabilidades Não observação da ingestão alimentar Cirurgia em pacientes desnutridos Não percepção do das necessidades calóricas Uso prolongado de soro fisiológico ou glicose Retardo na indicação TN Waitzberg D.L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3º/4° ed. São Paulo: Atheneu; 2000/2009. Desnutrição Hospitalar Grave Definição para as Síndromes da desnutrição DESNUTRIÇÃO relacionada à inanição DESNUTRIÇÃO relacionada à doença ou condição crônica DESNUTRIÇÃO relacionada à doença ou injúria aguda Definição para as Síndromes da desnutrição Definição para as Síndromes da desnutrição Inflamação- Resposta de Fase Aguda Classificação da desnutrição Classificação da desnutrição CONCEITO ANTIGO Ingestão protéica + Ingestão calórica MARASMO Diferentes proporções da deficiência de substrato Ingestão protéica + Ingestão calórica relativamente normal KWASHIORKOR CONCEITO NOVO Ingestão protéica + Ingestão calórica MARASMO É induzido pela presença de doenças ou processos inflamatórios e retenção de líquidos, em pacientes, que na maioria dos casos, já era marasmático KWASHIORKOR SOBOTKA, L. Bases da nutrição clínica. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008 Desnutrição calórico-protéica Tipos de desnutrição MARASMO KWASHIORKOR-MARASMÁTICO Massa magra (forma lenta) Kwashiorkor - edema Proteínas séricas -albumina Tardiamente- proteínas viscerais GE / gordura corporal / peso Marasmo - caquexia Fisiopatologia SOBOTKA, L. Bases da nutrição clínica. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008 • alterações hormonais e de disponibilidade de substratos • Inanição aguda – manter a homeostase da glicose (24 a 72h) • Inanição crônica- conservar massa corpórea magra Ingestão alimentar deficiente glicemia e aa livres secreção de insulina e glucagon epinefrina e insulina glicemia circulante glicose - glicogênio hepático e muscular glicose – gliconeogênicos (alanina e glutamina) (lactato – mm, hemáceas e medula óssea) Estoques (CHO) esgotados em 15 h de jejum Fisiopatologia SOBOTKA, L. Bases da nutrição clínica. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008 • alterações hormonais e de disponibilidade de substratos • Inanição aguda – manter a homeostase da glicose • Inanição crônica- conservar massa corpórea magra (após 72h) corpos cetônicos Substituição da glicose por cetonas (cérebro) Limitação dos aa para gliconeogênese oxidação de gorduras degradação protéica Cérebro- oxidação de cetonas e poupa massa protéica níveis de aa livres no plasma Fisiopatologia SOBOTKA, L. Bases da nutrição clínica. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008 Glicólise lipólise mobilização de aa • preservação das proteínas viscerais • armazenamento de glicogênio, gordura e proteína • GE Homeostase energética Fisiopatologia SOBOTKA, L. Bases da nutrição clínica. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008 JEJUM PROLONGADO versus JEJUM DURANTE O ESTRESSE • alterações hormonais e de disponibilidade de substratos • Inanição aguda – manter a homeostase da glicose • Inanição crônica- conservar massa corpórea magra + Trauma –queimadura, sepse, cirurgia secreção catecolaminas, glicocorticóides e glucagon Estado hipermetabólico e hipercatabólico Amplia as alterações metabólicas na inanição aguda Fisiopatologia SOBOTKA, L. Bases da nutrição clínica. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008 Jejum prolongado Jejum durante o estresse Taxa metabólica Catabolismo protéico Síntese protéica Turnover protéico Balanço nitrogenado Gliconeogênese Cetose - Consumo de glicose Glicose sanguínea Retenção de água e sal ? Albumina plasmática - JEJUM PROLONGADO versus JEJUM DURANTE O ESTRESSE Fisiopatologia CONSEQUÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO Waitzberg D.L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3º/4° ed. São Paulo: Atheneu; 2000/2009. Fisiopatologia CONSEQUÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO Aumento do risco para infecções Retardo da cicatrização de feridas Maiores complicações cirúrgicas Hipoproteinemia- edema Redução da motilidade intestinal Fraqueza muscular Aumento da morbidade e mortalidade Hospitalização prolongada Convalescença prolongada Custos elevados Waitzberg D.L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3º/4° ed. São Paulo: Atheneu; 2000/2009. Fisiopatologia CONSEQUÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO Waitzberg D.L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3º/4° ed. São Paulo:Atheneu; 2000/2009. Consequências da Desnutrição Consequências da Desnutrição Alterações hematológicas e Transporte de Oxigênio • Hb e hemácias • oxigênio nos tecidos • mm e atividade física- oxigênio nos tecidos • ingestão de aa- atividade hematopoiética Alterações das Funções Cardiovascular e Renal • coração e rim – perdem massa progressivamente • débito cardíaco (DC) e PA • circulação central prioridade • taxa de filtração glomerular - DC Consequências da Desnutrição Alterações da Função Respiratória • atrofia da musculatura acessória e do diafragma • capacidade funcional e oxigenação • Insuficiência respiratória aguda • maior suscetibilidade a infecções pulmonares Alterações nas Funções do Aparelho Digestivo • TGI e pâncreas- atrofiam • secreção: gástrica, pancreática e biliar • hipocloridria, hipomotilidade intestinal • supercrescimento bacteriano no intestino- absorção de gorduras • altura das vilosidades intestinais –má absorção (dissacárides- lactose) • esteatose hepática – Kwashiorkor Consequências da Desnutrição Alterações no Sistema Nervoso Central e Periférico • crianças- crescimento do cérebro, mielinização dos nervos • gravidade, tempo e duração da desnutrição Alterações do Sistema Imune • da atividade da IL-1 - linfócitos T, leucopenia • TNF – anorexia, degradação muscular Alterações da Cicatrização de Feridas • resposta fibroblástica – depleção de proteínas Consequências da Desnutrição Alterações da Cicatrização de Feridas Consequências da Desnutrição Alterações Hidroeletrolíticas Filtração glomerular diminuída Função supra renal alterada Alteração no funcionamento da bomba de sódio e potássio Hiponatremia com sódio corporal total aumentado Hipoclacemia, hipomagnesemia, hipocalemia Identificação da Desnutrição TRIAGEM NUTRICIONAL detecta a presença de risco de desnutrição •NRS-2002 (Nutritional Risk Screening - Triagem de Risco Nutricional 2002) •MNA-SF (Mini Nutritional Assessment Short Form - Mini Avaliação Nutricional Reduzida) •MUST (Malnutrition Universal Screening Tool - Instrumento Universal de Triagem de Desnutrição) •MST (Malnutrition Screening Tool – Instrumento de Triagem de Desnutrição) •HH-NAT (Hickson & Hill Toll – Nutritional Assessment Tool - Ferramenta de Avaliação Nutricional •URS (Undernutrition Risk Score – Escore de Risco de Desnutrição) AVALIAÇÃO NUTRICIONAL além de detectar desnutrição, também classifica seu grau e permite coleta de informações que auxiliem em sua correção • SGA (Subjective Global Assessment- Avaliação Subjetiva Global) • IMC (Índice de Massa Corporal) M. RASLAN et al. Aplicabilidade dos métodos de triagem nutricional no paciente hospitalizado Rev. Nutr., Campinas, 21(5):553-561, set./out., 2008 Identificação da Desnutrição TRIAGEM NUTRICIONAL Identificação da Desnutrição AVALIAÇÃO NUTRICIONAL- ASG Identificação da Desnutrição NRS -2002 Identificação da Desnutrição AVALIAÇÃO NUTRICIONAL-IMC A importância da triagem ou rastreamento ou nutricional é reconhecida pelo Ministério da Saúde brasileiro, que tornou obrigatória a implantação de protocolos de rastreamento nutricional em hospitais beneficiados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para remuneração da terapia nutricional enteral e parenteral. Identificação da Desnutrição MS. Portaria SAS Nº 131 de 08 de março de 2005. BIBLIOGRAFIA ROSS, A.C.; OLSON, J.A.; SHILS, M.E.; SHIKE, M. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença. Barueri: Manole, 2009. SOBOTKA, L. Bases da nutrição clínica. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2008. TEIXEIRA NETO, F. Nutrição Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. WAITZBERG, D.L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3a 4ª ed. São Paulo: Atheneu, 2000/2009.