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BEM DE FAMÍLIA LEGAL E CONVENCIONAL - VOLUNTÁRIO

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BEM DE FAMÍLIA LEGAL E CONVENCIONAL/VOLUNTÁRIO
ORIGEM
De maneira histórica, temos como os primeiros “sinais” do instituto do bem de família o ano de 1845, com o surgimento da Lei “Homestead Exemption Act” de 26.1.1839 – no Texas, Estados Unidos, que conferia à pequena propriedade isenção de penhora.
A lei do homestead abrangia não só a impenhorabilidade dos bens domésticos móveis, os quais foram os primeiros a ser objeto de proteção, mas também a dos bens imóveis. A partir daí, se concentrou, nesta última característica, a originalidade deste instituto e o objeto central de sua abrangência.
Possuiu esse diploma legal o intuito de fixar o homem à terra, com vista ao desenvolvimento de uma civilização, aonde os seus cidadãos dispusessem do mínimo necessário para uma vida decente e humana.
No Brasil, o bem de família apareceu com o código civil de 1916, porém teve pouca aplicação prática, pois embora tivesse determinação legal, para se obter a proteção conferida era necessário registrá-lo por instrumento público em cartório além da necessidade publicação, o que certamente prejudicava o proprietário.
Ademais, restringia-se apenas ao chefe de família. A doutrina majoritária da época reconhecia que nesse conceito se enquadrava apenas o marido e, excepcionalmente, a mulher quando esta estivesse na chefia da família, como, por exemplo, na hipótese de viúva.
SEU CONCEITO ATUAL
O Conceito geral do bem de família é a proteção conferida ao mínimo existencial dos integrantes do núcleo familiar. Podemos dizer que a família atual deve ser analisada sob a concepção de uma visão instrumental, em busca do projeto de felicidade de seus membros. Assim, podemos concluir que o bem de família, protege, resguarda, em verdade, os integrantes da família.
A criação da lei brasileira 8009, de 1990, instituiu o bem de família como um benefício para aqueles que não queriam contar com o instituto contido no Código Civil de 1919, sem alguns de seus inconvenientes, pois o bem de família não passaria mais a ter custo algum, não mais dependeria de escritura e nem de registro, não sendo também mais o imóvel considerado inalienável, bastando apenas morar no imóvel e alegar a impenhorabilidade.
LEGAL E CONVENCIONAL (VOLUNTÁRIO)
Substancialmente encontramos dois tipos de bem de família:
Legal: inserido através da Lei 8.009/90 e reforçado no inciso II do artigo 833 do CPC.
Convencional: regulamentado nos artigos 1.711 a 1.722 do Código Civil de 2002 e na Constituição Federal de 1988.
No legal há proteção do imóvel próprio do casal ou da entidade familiar, sendo considerado impenhorável, não podendo ser objeto de penhora por dívidas de caráter civil, comercial, fiscal, previdenciária ou qualquer outra natureza contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos. Para tanto, precisa provar a propriedade e a residência. 
Todavia, temos exceções, como por exemplo:
Mais de um imóvel utilizado como residência da família - Neste caso o imóvel de menor valor poderá ser penhorado.
Dívidas geradas por financiamento ou aquisição de imóvel, pensão alimentícia, cobrança de impostos predial ou territorial, taxas de condomínio, imóvel dado como garantia em fiança concedida em contrato de locação e imóvel obtido como produto de crime.
Quanto ao bem de família convencional, chamado também de voluntário, sua validade depende de escritura pública ou testamento, e não pode ultrapassar 1/3 do patrimônio líquido existentes ao tempo da medida e só passa a produzir efeitos com a publicidade do ato através do registro.
Também poderá ter proteção os valores mobiliários (bens moveis) e a renda condicionada à conservação do imóvel e ao sustento da família. 
Atualmente a jurisprudência tem admitido a penhora do imóvel dado como garantia em fiança locatícia somente para contratos de locação residencial. Caso o imóvel da em garantia de fiança for constituído como bem de família pelo procedimento voluntário do Código Civil, este, não será passível de penhora, mas se for considerado bem de família com base na Lei 8.009/90, poderá ser penhorado, pois não há proteção do bem do fiador, ainda que seja seu único imóvel.
ABRANGÊNCIA DA IMPENHORABILIDADE DE BEM DE FAMÍLIA DO IMÓVEL PERTECENTE A PESSOAS SOLTEIRAS, SEPARADAS E VIÚVAS
Segundo o entendimento firmado pela Corte Especial do STJ, o conceito de bem de família foi estendido aos solteiros, viúvos e descasados, conforme determinação da súmula 364.
 A compreensão atual do STJ é pela aplicação do art. 226, § 4.º da CF, que presume que a entidade familiar é formada por qualquer dos pais e seus descendentes, não importando se o parente que reside no imóvel é casado ou solteiro ou se formou uma nova família ou não, bastando que seja ascendente ou descendente do proprietário/devedor.
 REFERÊNCIAS
CZAJKOWSKI, Rainer. A impenhorabilidade do bem de família: comentários à Lei 8.009/90
FERRIANI, Adriano. Professor de Direito Civil da PUC/SP.
SANTOS, Marcione Pereira dos. Bem de família: voluntário e legal. São Paulo: Saraiva, 2003.
RIZZARDO, Arnaldo. Parte Geral do Código Civil, Rio de Janeiro: Forense, 2003.
STJ, Superior Tribunal de Justiça: julgado Rcl 4374
STJ, Súmula 364
Correio Forense.

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