Buscar

421 Marcadores Tumorais Bioquímicos Circulantes-desbloqueado

Prévia do material em texto

• ONCOLOGIA • 1363
TABELA 1 - Ensaios clínicos (adjuvantes pós-cirúrgicos) em outros tumores sólidos
câncer fase ensaio Vacina resposta imunológica
aumento na sobrevida 
total e tempo livre de 
doença
Cervical III lisado de células alogeneicas linfócitos B, 83% não significativa
Coloretal III células autólogas + BCG DTH, 67% (linfócitos T) aumento em pacientes com câncer de cólon
Cólon
III
células autólogas + BCG DTH, 92%
aumento do tempo 
livre de doença em 
pacientes em estágio II
Cólon III células autólogas + BCG DTH, 49% não significativa
Carcinoma
renal III células autólogas + BCG DTH, 71% não significativa
Carcinoma
renal II células autólogas não descrito
melhor do que 
controles históricos
Carcinoma
renal III células autólogas não descrito
aumento no tempo 
livre de doença
Colo-retal I-II HSP autóloga (gp96) resposta linfócitos T, liberação citocinas, 52% aumento
NSCLC III
antígeno purificado em CFA
(lung-carcinoma-associated 
antigen)
DTH correlacionado ao
aumento de sobrevida aumento sobrevida
Colon I-II
monoclonal antiidiotipo 
(CEA) em hidróxido de 
alumínio ou QS21
proliferação linfócitos T,
resposta linfócitos B, 100% melhora clínica
SCLC I-II monoclonal antiidiotipo (GD3) resposta linfócitos B, 100% aumento
NSCLC, cancer non-small cell de pulmão; SCLC, cancer small-cell de pulmão; CFA, adjuvante completo de Freund; CEA, antígeno carcinoembriô-
nico; BCG, Bacillus Calmette-Guérin.
A maioria dos marcadores tumorais disponíveis atualmente 
não preenche estas características, limitando a capacidade poten-
cial de diagnóstico do processo primário, mas alguns possuem sen-
sibilidade e especificidade suficientes para que possam ser utiliza-
dos no acompanhamento do paciente previamente diagnosticado, 
seja para caracterizar a eficiência do tratamento, seja para identifi-
car, precocemente, a recorrência da doença.
Do ponto de vista analítico, sensibilidade é a menor quantida-
de da substância que pode ser corretamente detectável e do ponto 
de vista epidemiológico; este termo se refere ao número de resul-
tados falso-negativos que escapam ao diagnóstico, em decorrência 
de limitação da metodologia. Especificidade analítica, por sua vez, 
diz respeito à possibilidade de interferentes presentes na amostra 
prejudicarem a obtenção de resultados corretos enquanto que es-
pecificidade epidemiológica está relacionada ao número de resul-
tados falso-positivos detectados. Poucos marcadores tumorais pos-
suem especificidade para um determinado tipo de tumor (marcador 
específico), sendo que a maioria deles pode ser detectada em dife-
rentes tumores do mesmo tecido (marcadores associados). 
Antígenos tumor-específicos são aqueles presentes apenas 
em células neoplásicas e podem ser observados em tumores es-
pontâneos ou induzidos por agentes químicos ou virais. Os meca-
nismos de aparecimento destes antígenos não estão perfeitamente 
entendidos. É possível que o carcinógeno promova a indução de 
oncogenes dormentes.
421	Marcadores Tumorais 
 Bioquímicos Circulantes
Adagmar Andriolo
Maria Lúcia Gomes Ferraz
Conceito
Marcador tumoral é uma substância presente no tumor, no sangue ou em outros fluidos biológicos, produzida prima-
riamente por ele ou, secundariamente, por algum órgão ou tecido, 
em resposta à presença do tumor. É importante que esta substân-
cia possa ser utilizada para diferenciar tecidos normais de neoplá-
sicos e que possa ser caracterizada e/ou quantificada por procedi-
mentos laboratoriais relativamente simples.
Eles constituem importantes ferramentas em oncologia, não 
por seu poder diagnóstico que é muito limitado, mas por permiti-
rem detecção precoce de recidiva da doença e como indicadores da 
efetividade do tratamento. O marcador tumoral perfeito deveria ser 
altamente específico para um determinado tipo de neoplasia e sufi-
cientemente sensível para detectar a presença de pequeno número 
de células neoplásicas, permitindo o diagnóstico precoce, mesmo em 
estudos populacionais, de triagem. Ainda de uma forma ideal, o mar-
cador deveria ser produzido apenas pelas células neoplásicas e ser fa-
cilmente detectado no sangue ou outros fluidos biológicos. 
1364 • ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICA • MANUAL PRÁTICO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO • 
Antígenos tumor-associados são aqueles que estão presen-
tes tanto em células neoplásicas quanto em células normais e se di-
ferenciam ou pela quantidade ou pela forma com que se apresen-
tam em circulação. 
Uma das características relevantes dos marcadores tumorais 
que deve ser considerada é o tempo de permanência em circula-
ção, medido pela meia-vida, ou seja, pelo tempo necessário para 
que a concentração se reduza à metade, a partir do momento em 
que a produção seja completamente interrompida. Por exemplo, 
para alfa-fetoproteína, a meia-vida é de cinco dias; para o antíge-
no prostático específico total é de três dias e para a gonadotrofina 
coriônica, de 12 a 20 horas. Se, em um caso particular, a meia-vi-
da observada for significativamente maior do que a esperada, po-
de-se assumir que o tratamento não foi efetivo o suficiente para re-
mover totalmente a massa tumoral.
A avaliação dos valores preditivos, tanto positivos quanto 
negativos, dos ensaios de marcadores tumorais possui uma dificul-
dade adicional no que se refere ao correto dimensionamento da 
prevalência dos processos neoplásicos, uma vez que esta pode ser 
extremamente variável, na dependência da doença específica, do 
gênero, da idade, do grupo étnico considerados. Adicionalmente, 
a presença e utilidade do marcador tumoral bioquímico estão re-
lacionadas ao estádio da doença. 
A Tabela 1 relaciona algumas substâncias que foram utilizadas 
com a finalidade de auxiliar na avaliação de pacientes portadores de 
neoplasias antes da introdução da metodologia dos imunoensaios. 
Alguns destes marcadores continuam sendo úteis na atualidade.
distintas: por produção aumentada pelo tecido endócrino normal-
mente produtor ou pela produção ectópica, por tecido normalmen-
te não produtor de hormônios. Estas duas formas podem ser exem-
plificadas pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) presente 
tanto no de tumor da hipófise quanto no tumor de células peque-
nas do pulmão. A Tabela 3 apresenta alguns dos hormônios mais 
freqüentemente utilizados como marcadores tumorais e os respec-
tivos tipos de tumor a eles relacionados.
Alguns marcadores tumorais bioquímicos são a expressão de 
substâncias normalmente presentes em concentrações elevadas em 
tecidos embrionários, mas em concentração muito baixa no indiví-
duo adulto. São denominados de antígenos oncofetais e se cons-
tituem em proteínas presentes em altas concentrações no soro de 
fetos, declinando rapidamente após o nascimento. Nos pacientes 
com alguns tipos de câncer, estas proteínas reaparecem na circu-
lação, demonstrando que certos genes foram reativados como de-
corrência da transformação neoplásica. Os marcadores oncofetais 
mais utilizados são o antígeno carcinoembriônico (CEA) e a alfa-
fetoproteína (AFP).
TABELA 2 - Algumas enzimas utilizadas como 
marcadores tumorais e os respectivos órgãos/tecidos 
mais freqüentemente afetados
Enzima órgão / Tecido
Aldolase fígado
Amilase pâncreas
Antígeno prostático específico próstata
Creatinoquinase BB próstata, pulmão, cólon, 
ovário
Desidrogenase láctica leucemia linfoblástica, fígado
Enolase Neurônio-específica sistema nervoso, pele, pâncreas
Fosfatase ácida prostática próstata
Fosfatase alcalina osso, fígado, leucemias
Gama-glutamiltransferase fígado
TABELA 3 - Alguns hormônios utilizados como 
marcadores e os respectivos órgãos/tecidos alvo
Hormônio órgão / Tecido
ACTH pulmão (tumor de células 
pequenas)
ADH pulmão, pâncreas
Calcitonina tiróide (carcinoma medular)
Gonadotrofina coriônica testículo (não seminoma), 
trofoblastoParatormônio fígado, rim, pulmão
PIV pâncreas, pulmão (carcinoma 
broncogênico)
Prolactina hipófise, rim, pulmão
ACTH = hormônio adrenocorticotrófico, ADH = hormônio 
antidiurético, PIV = peptídeo intestinal vasoativo
TABELA 1 - Marcadores tumorais da prática médica 
antes dos imunoensaios
Doença Marcador
Neuroblastoma e
Feocromocitoma
Aminas neurogênicas
Síndrome carcinóide Metabólitos da serotonina
Mieloma múltiplo Proteína de Bence-Jones
Sarcoma osteogênico Fosfatase alcalina
Câncer de próstata Fosfatase ácida prostática
Câncer de pâncreas Amilase
Coriocarcinoma Gonadotrofina coriônica
Classificação
Diversas substâncias podem ser utilizadas como marcadores 
tumorais dentre as quais se destacam: enzimas, hormônios, antí-
genos oncofetais.
Algumas enzimas ou isoenzimas, por exemplo, têm sido uti-
lizadas sendo que elevações significativas da atividade total ou va-
riações no padrão habitual de distribuição das diferentes isoformas 
podem ser indicativas da presença de processo neoplásico. Deve ser 
ressaltada a baixa especificidade deste tipo de marcador, que en-
contra no antígeno prostático específico uma exceção importante. 
A Tabela 2 relaciona algumas enzimas utilizadas como marcado-
res tumorais e os órgãos nos quais os tumores estão mais freqüen-
temente associados.
Hormônios também podem ser utilizados para a detecção e 
monitoração de determinados tumores. O envolvimento dos hor-
mônios como marcadores tumorais pode ocorrer de duas maneiras 
• ONCOLOGIA • 1365
Determinados antígenos presentes na superfície da célula 
neoplásica, como CA 125, CA 15-3 e CA 19.9 podem ser utiliza-
dos como marcadores tumorais e, em geral, apresentam sensibili-
dade e especificidade mais elevadas do que os antígenos oncofe-
tais. Estas proteínas são, tipicamente, de elevado peso molecular e 
densamente carboidratadas.
Aplicações	clínicas
Os marcadores tumorais podem ser utilizados com diver-
sas finalidades, das quais se destacam o diagnóstico e o estabeleci-
mento do prognóstico de pacientes portadores de neoplasias, mo-
nitoração da eficiência da terapêutica, localização de metástases e 
tratamento, propriamente dito. Características específicas da popu-
lação na qual será aplicado e do próprio marcador podem permitir 
ou inviabilizar a utilização para um determinado fim. Um exem-
plo prático desta aplicação é a dosagem de alfa-fetoproteína co-
mo triagem populacional de hepatocarcinoma. Esta conduta está 
absolutamente contra-indicada para a população geral, mas pode 
ser considerada como adequada em áreas de alta incidência do tu-
mor, como algumas regiões da África, China e Japão.
Teoricamente, as aplicações clínicas dos marcadores tumo-
rais bioquímicos circulantes incluem:
- Triagem populacional
- Diagnóstico diferencial em pacientes sintomáticos
- Estadiamento clínico em pacientes já diagnosticados
- Estimativa de volume da massa tumoral
- Indicação prognóstica 
- Avaliação da resposta terapêutica
- Detecção precoce da recorrência
- Localização de metástases
- Imunorradioterapia
Valores	de	referência
Os valores de referência para marcadores tumorais são es-
tabelecidos conforme os procedimentos habituais, utilizando-se 
amostras populacionais saudáveis e, quando indicado, discrimi-
nando-se os grupos controle pelo gênero e pela idade. Em geral, 
as análises estatísticas para definição dos valores limites se restrin-
gem ao cálculo da média e do desvio padrão e, ocasionalmente, 
da mediana. Assume-se, portanto, uma distribuição gaussiana pa-
ra os valores, o que pode não corresponder à realidade, principal-
mente na população de pacientes. Estas características implicam 
em cuidados adicionais quando da interpretação dos resultados 
em casos específicos.
Alguns marcadores tumorais possuem ritmo de variação men-
sal e, por esta razão, a oportunidade da coleta da amostra deve ser 
considerada quando da interpretação dos resultados.
Do ponto de vista analítico, é importante ressaltar que re-
sultados obtidos por diferentes conjuntos diagnósticos, mesmo 
baseados em mesmo princípio metodológico, em geral, não se 
correlacionam bem entre si, fazendo com que atenção especial 
deve ser tomada ao se interpretar resultados seriados obtidos por 
diferentes ensaios. Uma das causas prováveis para resultados dis-
cordantes inclui a diversidade de anticorpos utilizados nos dife-
rentes testes. 
Controle	de	qualidade
O controle de qualidade para os testes de marcadores tu-
morais, da mesma forma que para todos os demais procedimentos 
laboratoriais, deve ser considerado em todas as etapas do proces-
so, iniciando-se pela fase pré-analítica que inclui: indicação e soli-
citação corretas do teste adequado; coleta da amostra do paciente 
convenientemente preparado; transporte e manuseio da amostra 
em condições apropriadas até a área analítica. 
A fase analítica compreende a escolha do método adequa-
do; realização do ensaio conforme protocolo técnico bem estabe-
lecido e registro do resultado inicial. 
A fase pós-analítica diz respeito aos eventuais cálculos e trans-
formações dos dados e apresentação do resultado em forma de lau-
do final. A partir desta fase, deve ser feita a interpretação do resul-
tado, sempre em conjunto com os dados clínicos e demais exames 
laboratoriais e, só então, definir-se a conduta.
Alguns	marcadores	de	uso	comum	em	nosso	
meio
Alfa-fetoproteína (AFP)
A alfa-fetoproteína é uma proteína oncofetal, produzida em 
grandes quantidades durante a fase embrionária e cuja síntese se re-
duz rapidamente após o nascimento, atingindo os níveis do adul-
to após 18 meses de idade. Esta proteína tem sido utilizada como 
marcador tumoral, em especial para tumores hepáticos, estando 
elevada em cerca de 80% dos tumores sintomáticos. Embora não 
seja específica para este tipo de neoplasia, uma vez que também se 
eleva na presença de tumores de testículo e coriocarcinoma, tem 
sido utilizada como importante ferramenta de triagem em indiví-
duos com risco elevado, ou seja, em portadores crônicos dos ví-
rus das hepatites B ou C. Pode ser útil no diagnóstico diferencial 
entre lesões primárias ou secundárias do fígado, uma vez que va-
lores muito elevados, superiores 1000 ng/mL, são indicativos de 
neoplasia primária. 
A meia-vida da AFP é de cinco dias e sua utilidade maior é 
no acompanhamento de pacientes submetidos a procedimentos 
terapêuticos como ressecção, quimioterapia intra-arterial ou al-
coolização, para detectar massa tumoral residual ou recidiva. Este 
marcador pode ser utilizado, também, em pacientes portadores 
de tumores de células germinativas, não-seminoma e coriocarci-
noma, por exemplo.
O limite de referência é até 20 ng/mL para o sexo feminino 
e até 15 ng/mL para o sexo masculino. Durante a gravidez ocor-
re elevação, atingindo pico de, aproximadamente 500 ng/mL no 
terceiro trimestre. Cirrose hepática e hepatites virais causam ele-
vações significativas.
A dosagem combinada de alfa-fetoproteína e fração beta da 
gonadotrofina coriônica é útil na classificação e estadiamento dos 
tumores de células germinativas. Ambas estão elevadas em tumo-
res embrionários, sendo que a alfa-fetoproteína está elevada em tu-
mores de saco vitelínico e a gonadotrofina coriônica no coriocar-
cinoma. Nenhum destes marcadores se eleva nos teratomas. Um 
deles, ou ambos estarão elevados em pacientes com tumor testi-
cular não seminomatoso, na dependência do estadio e evolução e 
do volume do tumor.
A Tabela 4 apresenta a distribuição percentual dos diferentes 
valores de alfa-fetoproteína em diferentes situações clínicas.
Antígeno carcinoembriônico (CEA)
O antígeno carcinoembriônico é glicoproteína com peso mo-
lecular de 150 a 30 kDa, contendo 45% a 55% de carboidratos. A 
1366 • ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICA • MANUAL PRÁTICO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO • 
TABELA 4 - Distribuiçãopercentual dos diferentes valores de AFP em relação à situação clínica
Nível de afP (ng/mL) 0,0 – 15,0 15,1 - 20,0 20,1 - 100,0 100,1 - 350 >350
controle 99,2 0,2 0,5 0,0 0,0
ca testicular
Seminoma 92,3 1,5 6,2 0,0 0,0
Não-seminoma 46,7 3,3 10,7 7,3 32,0
ca primário
Hepatocelular 32,8 3,4 10,3 10,3 43,1
Pancreático 96,1 0,0 2,0 0,0 2,0
Gastrintestinal 98,8 0,0 0,0 0,0 1,2
Doença benigna 0,0
Pancreatite 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Genitourinária 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Cirrose 89,7 2,3 5,7 1,1 1,1
Hepatite 85,5 0,0 7,3 5,5 1,8
concentração sérica deste marcador pode estar elevada em diver-
sas neoplasias, sobretudo nas do trato gastrointestinal, mas tam-
bém em câncer de pulmão, ovário, mama e útero, carecendo, por-
tanto, de especificidade de tecido e tipo de tumor. Níveis elevados 
de CEA também podem ser observados em doenças não neoplá-
sicas, tais como cirrose hepática (45%), enfisema pulmonar (30%), 
doença inflamatória intestinal (15%) e outras condições benignas 
da mama (15%) e polipose retal (5%), caracterizando a inespecifi-
cidade também em termos de natureza da doença.
Considerados em conjunto, os cânceres do trato gastroin-
testinal ocupam a terceira posição entre os mais diagnosticados em 
ambos os sexos e são os que, com maior freqüência, levam a óbi-
to. Estima-se que 30% dos pacientes com neoplasia colo-retal são 
diagnosticados já com doença metastática, reduzindo as chances 
de cura. As taxas de recorrência, em geral, são elevadas, o que va-
loriza a monitoração do paciente tratado, com o objetivo de ser 
realizado o diagnostico precoce da recidiva. Na população nor-
mal, o limite de referência é até 3 µg/L para não fumantes e até 
5 µg/L para fumantes.
Devido à elevação do CEA em doenças benignas e à ocor-
rência de tumores que não produzem este antígeno, as taxas de 
resultados falso-positivos e falso-negativos não permitem que este 
marcador seja utilizado para o diagnóstico. Por outro lado, a de-
terminação seriada do CEA é bastante útil na detecção precoce de 
recidiva, após os procedimentos terapêuticos.
A Tabela 5 mostra os percentuais dos diversos níveis de CEA 
em diferentes doenças benignas e malignas.
CA 15-3
O CA 15-3 é proteína de alto peso molecular, expressa por 
uma variedade de adenocarcinomas, especialmente por aqueles as-
sociados à mama. Até recentemente, o único marcador utilizado pa-
ra o seguimento de pacientes com esta doença era o antígeno car-
cinoembriônico, mas na atualidade, se reconhece que o CA 15-3 é 
mais sensível para o acompanhamento destes pacientes, particular-
mente aqueles com metástases regionais ou à distância.
É detectado e quantificado com ensaios que empregam dois 
anticorpos monoclonais produzidos contra um extrato de tecido 
de câncer de mama humano metastático para o fígado. Como os 
demais marcadores, não deve ser utilizado para diagnóstico, mas 
apenas para monitoração da eficiência da terapia, detecção de re-
cidivas e avaliação da progressão da doença. Uma mudança signi-
ficativa, definida como aumento superior a 25% na concentração 
do CA 15-3, se correlaciona com progressão da doença em 80% a 
90% dos casos. Sua redução, também nestes níveis, está associada 
à regressão em 70% a 80% das vezes. Considerando-se o limite de 
referência até 28 U/mL, este marcador pode ser encontrado em 
níveis elevados apenas em cerca de 20% das pacientes com câncer 
mamário no estágio I. A Tabela 6 apresenta a freqüência com que 
se observam níveis elevados de CA 15-3 em outras neoplasias.
CA 27.29
O CA 27.29 é detectado e quantificado por um teste que 
utiliza anticorpo monoclonal produzido a partir de ascite de pa-
cientes com câncer de mama metastático. À semelhança do CA 
15-3, o teste para CA 27.29 também não tem sensibilidade e es-
pecificidade suficientes para ser utilizado como um teste diagnós-
tico, tendo sido liberado pelo FDA (Federal drug and Food 
administration) para a detecção de recorrência de câncer de ma-
ma. Deste modo, a sua indicação fica limitada ao seguimento de 
pacientes com diagnóstico da neoplasia. Sua maior vantagem é pos-
sibilitar a detecção precoce de recorrências, permitindo tempo su-
ficiente para decisões terapêuticas apropriadas, sendo considerado 
melhor do que o CA 15-3 para esta finalidade.
Para detecção de recorrência de câncer de mama, o CA 27.29 
possui sensibilidade de 58% e especificidade de 98%. Os valores pre-
ditivos positivo e negativo são, respectivamente, 83% e 93%. O va-
lor de referência é até 38 U/L.
 
CA 125
Este antígeno é produzido por tecidos derivados do epité-
lio celômico e está associado às neoplasias epiteliais, especialmen-
te câncer do ovário. A maior indicação clínica da dosagem está em 
avaliar a resposta ao tratamento. A determinação pré-operatória 
pode ser útil no sentido de predizer se massas pélvicas são benig-
• ONCOLOGIA • 1367
TABELA 5 - Distribuição dos percentuais dos níveis de CEA (%) nas diversas condições clínicas
Nível de cEa (µg/L) 0,0 - 3,0 3,1 - 5,0 5,1 - 10,0 > 10,0
controles
 Não fumantes 95,4 4,6 0,0 0,0
 Fumantes 69,3 21,3 8,7 7,0
Total 82,4 13,0 4,3 0,3
Doença maligna
 Colo-retal 31,9 9,6 11,1 47,4
 Pulmonar 38,8 15,7 13,2 32,2
 Mamária 62,5 12,5 9,2 15,8
 Gástrica 44,6 17,9 17,9 19,6
 Ovariana 93,3 6,7 0,0 0,0
 Outras, ginecológicas 73,7 5,3 0,0 21,1
Doença benigna
 Cirrose 53,2 19,4 22,6 5,8
 Colite ulcerativa 84,8 10,9 4,3 0,0
 Pólipo retal 77,6 13,8 5,2 3,4
 Pulmonar 63,2 22,8 12,3 1,8
 Hepatite 67,8 16,9 8,5 6,8
TABELA 6 - Freqüência de CA 15-3 elevado
em neoplasias 
Primário de mama 20%
Metastático de mama 70%
Pâncreas 80%
Pulmão 70%
Ovário 64%
Coloretal 63%
Fígado 28%
nas ou malignas. Não deve ser utilizado como triagem para de-
tecção, pois apenas 50% das pacientes com neoplasia inicial (esta-
dio I) têm níveis elevados. A freqüência de elevação depende do 
tipo do tumor, sendo de, aproximadamente, 92% em tumores se-
rosos e 64% nos mucinosos. Cerca de 89% dos tumores endome-
triais apresentam elevações significativas de CA 125. A intensidade 
de elevação depende do estadio do tumor e do grau de diferencia-
ção, sendo que, em geral, tumores pouco diferenciados promovem 
elevações maiores que as observadas em tumores muito diferen-
ciados. A Tabela 7 apresenta os níveis de sensibilidade, conside-
rando-se a classificação da FIGO - Federação Internacional de 
Ginecologia e Obstetrícia.
Mesmo com estas restrições, o CA 125 ainda é o melhor 
marcador bioquímico disponível para a monitoração tanto da evo-
lução quanto da resposta terapêutica do câncer de ovário, sendo 
observada elevação significativa 2 a 12 meses (em média 3,6) an-
tes de qualquer evidência clínica de recorrência.
Uma aplicação prática importante da dosagem do CA 125 é 
quando da realização da segunda intervenção cirúrgica. Resultados 
TABELA 7 – Sensibilidade do CA 125 para a detecção 
de câncer de ovário, em diferentes estádios evolutivos, 
segundo a Federação Internacional de Ginecologia e 
Obstetrícia (FIGO)
Estágio sensibilidade (%)
FIGO I 66
FIGO II 74
FIGO III 94
FIGO IV 100
falso-negativos ocorrem em cerca de 40% dos casos, ou seja, a 
concentração do marcador está dentro do intervalo de referên-
cia, mas o tumor é demonstrado histologicamente. Por outro la-
do, resultados falso-positivos praticamente não são observados 
nessas circunstâncias. 
Cerca de 5% a 7% dos cânceres de ovário são atribuídos 
a mutações gênicas. Por esta razão, a história familiar da ocor-
rência de câncer de mama e/ou de ovário é valorizada e, no ca-
so da existência de antecedentes pessoais ou familiares, deve ser 
considerada a pesquisa de mutações, especificamente, nos genes 
BRCA1 e BRCA2. Os autores ainda não são concordes quando 
à conduta após a realização desta pesquisa e constataçãode mu-
tações, mas alguns recomendam que a paciente seja monitorada 
pela dosagem de CA125 e ultra-som transvaginal.
A sensibilidade do CA 125, em relação ao câncer de ovário 
depende do tipo de tumor, do estágio e do valor de corte conside-
rado. Para o valor de corte de 65 U/mL é da ordem de 87%. Para 
o valor de corte de 35 U/mL, como adotado pela maioria dos la-
boratórios, a sensibilidade, em geral, é superior a 90%. 
1368 • ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICA • MANUAL PRÁTICO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO • 
O CA 125 também se encontra elevado em pacientes por-
tadoras de endometriose e tem sido utilizado como um auxiliar na 
avaliação da resposta ao tratamento.
Elevações não específicas na concentração sérica de CA 125 
podem ser encontradas em 1% de mulheres normais, em 16% das 
gestantes, em 16% das mulheres portadoras de doença inflamatória 
pélvica, além de poderem estar relacionadas a outras doenças nas 
quais haja envolvimento de serosas, como outros tumores da ca-
vidade abdominal, doenças inflamatórias ou infecciosas envolven-
do pleura ou peritônio. Resultados falso-positivos podem ser ob-
servados, também, em portadores de processos inflamatórios do 
cólon, hepatite e pancreatite crônicas, doenças autoimunes e neo-
plasias pulmonares e de mama.
Os resultados das dosagens obtidos por diferentes conjun-
tos diagnósticos e em várias situações clínicas não se correlacionam 
bem e, por esta razão, atenção especial deve ser tomada ao se in-
terpretar resultados seriados de diferentes ensaios. 
CA 72-4
O CA 72-4 é marcador que pode ser detectado em cerca de 
24% das pacientes com câncer de ovário. Adicionalmente, doenças 
do trato gastrointestinal e neoplasias pulmonares podem se acom-
panhar de elevações significativas deste marcador. Em números 
aproximados, sua concentração está elevada em 3,5% das pessoas 
normais, 6,7% dos portadores de doenças benignas do trato gas-
trointestinal, em 40% dos pacientes com carcinoma gastrointesti-
nal e em 36% dos portadores de neoplasias pulmonares. A Tabela 
8 apresenta a freqüência com que são observados níveis elevados 
de CA 72-4 em diferentes situações clínicas. 
CA 19-9
CA 19.9 é antígeno relacionado a tumores malignos do 
trato gastrointestinal, sobretudo os de pâncreas e vias biliares. 
Sensibilidade e especificidade diagnósticas variam de acordo com 
a localização do tumor, alcançando níveis de 87% e 94%, respecti-
vamente, em câncer do pâncreas. No câncer colo-retal, em geral, 
a determinação é realizada em associação com a do antígeno car-
cinoembriônico, aumentando a sensibilidade da pesquisa de reci-
divas após o tratamento. No colangiocarcinoma pode ser exame 
útil, sobretudo no diagnóstico diferencial das complicações da co-
langite esclerosante primária.
É importante assinalar que cerca de 10% das neoplasias ori-
ginadas em locais diferentes do trato gastrointestinal podem cur-
sar com níveis elevados de CA 19.9. Eventualmente, níveis pouco 
aumentados deste marcador podem estar associados a doenças be-
nignas do trato digestivo, tais como pancreatite e colecistite.
TABELA 8 - Distribuição percentual dos diferentes valores de CA 72-4 em relação à situação clínica
Nível de ca 72-4 (u/mL) até 6 superior a 6 superior a 10
controle 96,5 3,5 0,5
Doença benigna
 estômago 95,0 5,0 1,0
 cólon e reto 92,0 8,0 3,0
 outras 100,0 0 0
Doença maligna
 CA gástrico 58,0 42,0 34,0
 estágio IV 45,0 55,0 47,0
 CA colo-retal 62,0 38,0 29,0
 estágio IV 46,0 54,0 39,0
 CA pulmonar 84,0 16,0 12,0
 adenocarcinoma 64,0 36,0 25,0
 escamocelular 83,0 17,0 10,0
 células pequenas 89,0 11,0 7,0
 não células pequenas 81,0 19,0 19,0
 CA ovariano 76,0 24,0 20,0
 estágio IV 47,0 53,0 40,0
 CA de mama 88,0 12,0 11,0
 CA prostático 80,0 20,0 10,0
CA = carcinona
• ONCOLOGIA • 1369
TABELA 9 - Causas de elevação do PSA total, intensidade e tempo para retorno a níveis basais
condição Efeito sobre o nível do Psa total Tempo médio para retornar aos níveis basais
Câncer da próstata Elevação moderada a grande -
Hipertrofia benigna da próstata Elevação moderada -
Ejaculação recente (24-48 h) Elevação moderada 24 – 48 horas
Retenção urinária aguda Eleva de 5 a 7 vezes 6 semanas
Prostatite bacteriana aguda Eleva de 5 a 7 vezes 6 semanas
Toque retal Elevação variável 24 – 48 horas
Massagem prostática Elevação moderada a grande 6 semanas
Biópsia prostática transretal Elevação moderada a grande 6 semanas
Ressecção transuretral Elevação moderada a grande 6 semanas
Antígeno prostático específico (PSA)
O PSA foi descrito em 1971 por Hara e colaboradores, sen-
do, posteriormente caracterizado como proteína com 240 amino-
ácidos, com ação enzimática equivalente às proteases e pertencen-
do à família das calicreínas.
Inicialmente, considerava-se que o PSA fosse específico de te-
cido prostático, mas a partir do emprego de metodologias mais sen-
síveis e da realização de estudos imunoistoquímicos, ficou evidente a 
presença desta proteína em células de glândulas anais e em outros te-
cidos, tais como glândulas periuretrais, mamárias, salivares, pancreáti-
cas e nos demais líquidos corporais além do soro, como leite, líquido 
amniótico e urina. Utilizando os ensaios convencionais, cujos limites 
de detecção se situam entre 0,1 e 0,01 ng/mL, o PSA é detectado 
no soro em menos de 10% das mulheres normais e, com ensaios al-
tamente sensíveis, com limite de detecção de 0,001 ng/mL, é pos-
sível a dosagem em cerca de 50% das mulheres normais, mas não há, 
até o momento, evidências suficientes que justifiquem esta dosagem, 
uma vez que, mesmo estando presente em tecido mamário e em ou-
tras glândulas do organismo feminino, não ocorre liberação para a 
corrente sangüínea em quantidades que promovam elevações signi-
ficativas. Adicionalmente, não estão descritos processos patológicos 
envolvendo indivíduos do sexo feminino que possam ser diagnosti-
cados ou monitorados pelos níveis séricos de PSA.
Valores elevados de PSA total podem ser observados em várias 
condições, nas quais os níveis alcançados e o tempo de permanência 
acima do limite basal são variados. Em pacientes portadores de hi-
pertrofia benigna, a prática de hipismo e o uso de bicicleta, mesmo 
ergométrica, têm sido responsabilizados por elevações significativas 
de PSA, devendo ser respeitado intervalo de, pelo menos, duas se-
manas entre estas atividades e a coleta de sangue para o exame.
O antígeno prostático específico circulante pode estar na for-
ma livre ou complexado a algumas outras proteínas, das quais as 
mais importantes são a anfa-1-antiquimiotripsina e a alfa-2-macro-
globulina. No indivíduo normal, de 85% a 90% do PSA total dosá-
vel estão complexados com proteínas inibidoras de proteases, prin-
cipalmente alfa-1-antiquimiotripsina e, em menor quantidade, com 
alfa-1-antitripsina. Os 10% a 15% restantes permanecem livres, em 
circulação. A forma ligada à alfa-2-macroglobulina não é detectável 
pelos métodos habitualmente utilizados nos laboratórios clínicos, 
de tal forma que PSA total, na prática, se refere à soma do PSA li-
vre e o PSA complexado à alfa-1-antiquimiotripsina. A meia-vida 
é diferente entre cada uma das formas livres e complexadas e a va-
riação biológica global é da ordem de 6 % a 7 %.
A Tabela 9 apresenta as causas mais comuns de elevação da con-
centração sérica do antígeno prostático específico total, a intensidade 
aproximada de elevação e o tempo para retorno aos níveis basais.
Valor de referência para o Psa total: não há um valor de 
referência aplicável a todos os indivíduos. O resultado deve ser 
sempre interpretado levando em conta vários fatores, como idade 
do paciente, história clínica, volume prostático e uso de medica-
ção. Como regra geral, é consideradoadequado um valor abaixo 
de 2,5 ng/mL para pacientes não submetidos a procedimentos ci-
rúrgicos da próstata ou em tratamento específico.
A probabilidade da existência de câncer varia com o grau de 
elevação. Para níveis entre 4,0 e 10,0 ng/mL, o valor preditivo po-
sitivo é de 25% a 35%, o que significa em 65% a 75% dos casos trata-
se de resultado falso-positivo para este diagnóstico. Quando o PSA 
total estiver acima de 10,0 ng/mL, a probabilidade de câncer esta-
rá entre 42% e 64%. Quanto mais elevada for a concentração sérica 
do PSA, maior será a chance de existir um processo neoplásico. A 
Tabela 10 apresenta a freqüência com que são observados níveis 
elevados de PSA total em diferentes situações clínicas.
Cerca de 80% dos pacientes com câncer de próstata apresentam, 
quando do diagnóstico, PSA total acima de 4,0 ng/mL. Por outro 
lado, cerca de 85% dos pacientes com hiperplasia benigna da próstata 
também terão valores acima deste valor, evidenciando que o PSA to-
tal não possui acurácia diagnóstica suficiente para ser utilizado isolada-
mente, fornecendo valor preditivo positivo da ordem de 50%. 
Adicionalmente, 65% a 75% dos homens com moderada ele-
vação do PSA total não desenvolverão a doença e cerca de 15% dos 
pacientes com câncer de próstata manterão níveis normais indepen-
dente da evolução fatal da doença. Com o objetivo de melhorar a 
acurácia diagnóstica, outros parâmetros foram desenvolvidos, tais 
como os cálculos da densidade do PSA, da velocidade do PSA, da 
relação entre o PSA livre e o total e a adoção de valores de refe-
rência específicos para diferentes condições clínicas.
correlação entre Psa total e graduação de gleason: exis-
te correlação entre os níveis séricos de PSA total e a graduação de 
Gleason, realizada em amostras obtidas por biópsia prostática, co-
mo pode ser observado nos dados apresentados na Tabela 11. É 
importante lembrar que a análise histológica nos fragmentos, via 
de regra, subestima a graduação de Gleason quando comparada à 
obtida pelo estudo da peça cirúrgica. 
1370 • ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICA • MANUAL PRÁTICO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO • 
Densidade do Psa: a densidade do PSA é obtida pelo cál-
culo da relação entre o valor numérico da concentração sérica do 
PSA total e o valor numérico do volume prostático, avaliado por 
ultra-som transretal. Tem sido considerado como valor de corte 
0,15 ou 15%, sendo que relações abaixo deste limite são compatí-
veis com hipertrofia benigna da próstata e relações superiores com 
câncer de próstata.
Velocidade do Psa: consiste na medida da variação da 
concentração do PSA total num intervalo de tempo, em geral, 
um ano. É parâmetro útil na avaliação da presença de doença re-
sidual em pacientes submetidos à prostatectomia radical. Possui 
o inconveniente da necessidade de dosagens seriadas, ao lon-
go do tempo. O limite de referência é de 0,75 ng/mL/ano, 
quando o PSA total estiver entre 4,1 e 10 ng/mL. Este parâ-
metro possui sensibilidade de, aproximadamente, 79% e espe-
cificidade de 90%.
relação entre Psa livre e Psa total: o valor absoluto do 
PSA livre é pouco informativo, sendo que a relação PSA livre / PSA 
total confere maior acurácia diagnóstica do que o PSA total isola-
damente, em especial quando este estiver entre 4,0 e 10 ng/mL. 
Em geral, é utilizado o limite de 15% como corte, mas este nível é 
controverso, dadas as implicações sobre a sensibilidade e especifi-
cidade, como pode ser visto na Tabela 12.
correlação entre a relação de Psa livre e Psa total e a na-
tureza da doença prostática: a relação entre PSA livre e PSA total 
é mais baixa em pacientes com adenocarcinoma prostático do que 
nos portadores de prostatite ou de hiperplasia benigna, diagnosti-
cados por biópsia prostática, como apresentado na Tabela 13.
TABELA 11 - Correlação entre níveis séricos de PSA total e graduação de Gleason em pacientes com 
 adenocarcinoma de próstata
Psa total graduação de gleason
(ng/mL) graus 1 – 4 graus 5 – 6 graus 7 – 8 graus 9 – 10
0 – 3,9 7% 4% 3% 0%
4,0 – 9,9 48% 40% 24% 10%
> 10 45% 56% 73% 90%
Número 29 77 33 10
TABELA 10 – Distribuição percentual dos diferentes valores de PSA total em relação à situação clínica
Nível de Psa (ng/mL) 0,0-4,1 4,1-10,0 10,1-30,0 30,1-60 > 60
controles
 < 40 anos 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0
 > 40 anos 96,0 3,5 0,5 0,0 0,0
ca de próstata
 Estágio A 60,0 30,8 7,7 0,0 1,5
 Estágio B 37,5 26,1 23,9 3,4 9,1
 Estágio C 19,7 23,7 30,3 13,2 13,2
 Estágio D 14,7 18,8 16,2 10,3 47,1
ca genitourinário 88,3 10,0 1,7 0,0 0,0
Doença benigna 
 HPB 78,5 16,3 4,3 1,0 0,0
 Prostatite 81,2 12,5 6,2 0,0 0,0
 Genitourinária 86,1 8,9 5,0 0,0 0,0
 Renal 87,3 10,9 2,0 0,0 0,0
 Cirrose 91,4 8,6 0,0 0,0 0,0
CA = carcinoma, HPB = hiperplasia benigna da próstata
• ONCOLOGIA • 1371
TABELA 12 - Sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivo e negativo e eficiência diagnóstica (%), nos 
diferentes níveis da relação PSA livre/ PSA total
Parâmetro 15% 17% 19% 21%
Sensibilidade 72 76 90 93
Especificidade 83 67 50 50
Valor preditivo positivo 91 85 81 81
Valor preditivo negativo 56 53 67 75
Eficiência 76 73 78 80
Psa complexado: a dosagem específica da fração do PSA 
ligado à alfa-1-antiquimiotripsina, identificado como PSA comple-
xado foi inicialmente sugerida como melhor parâmetro diferencial 
entre neoplasia e hiperplasia benigna da próstata, mas até o mo-
mento, as evidências têm demonstrado que sua eficiência diagnós-
tica é semelhante à obtida pela relação do PSA livre sobre o PSA to-
tal. As possíveis vantagens seriam a maior estabilidade in vivo desta 
fração do PSA e a menor interferência da manipulação prostática 
sobre seus níveis circulantes. É importante ressaltar que não exis-
te correspondência entre o PSA complexado dosado e o calculado 
pela diferença entre o PSA total e a fração livre. Esta inconsistên-
cia pode ser devida às limitações metodológicas.
Calcitonina
A calcitonina é um polipeptídio com peso molecular aproxi-
mado de 3400 Da, produzido pelas células C da tiróide e está rela-
cionado com o metabolismo do cálcio, antagonizando o efeito do 
paratormônio. A meia-vida é de 12 minutos e a concentração séri-
ca nos indivíduos normais é inferior a 0,1 µg/L. Níveis elevados de 
calcitonina circulante estão associados, freqüentemente, com câncer 
medular de tiróide, existindo boa correlação entre a concentração 
no soro, o volume do tumor e a presença de metástases.
Outras neoplasias, como de pulmão, mama, rim e fígado, as-
sim como na síndrome carcinóide, podem se acompanhar de ele-
vações significativas.
Gonadotrofina coriônica, fração beta – βHCG
A gonadotrofina coriônica é uma glicoproteína co peso mo-
lecular de 45 kDa, sintetizada pelas células do sinciciotrofoblasto 
da placenta normal. A molécula deste hormônio é constituída por 
duas subunidades, alfa e beta. A subunidade alfa é comum a vá-
rios outros hormônios, como o luteinizante, o folículo-estimulan-
te e o tiroestimulante. A subunidade beta, por sua vez, é específica 
da gonadotrofina coriônica. O limite de referência para homens e 
mulheres não gestantes é até 5 U/L, de soro.
Além da gravidez normal, concentração elevada é encon-
trada em doenças do tecido trofoblástico e em tumores de células 
germinativas, principalmente no carcinoma testicular não semino-
matoso. É indicada a dosagem de gonadotrofina coriônica em as-
sociação com a alfa-fetoproteína.
Outras neoplasias como de mama, trato gastrointestinal, pul-
mão e ovário podem se acompanhar de elevações menos significa-
tivas de gonadotrofina coriônica.
CYFRA 21-1
As citoqueratinas são proteínas estruturais que compõem as 
subunidades dos filamentos epiteliais intermediários. Estão descri-
tos, até o momento, vinte diferentes polipeptídios de citoqueratinasendo que o CYFRA 21-1 corresponde ao fragmento de número 
19 e possui peso molecular aproximado de 30 kDa.
TABELA 13 - Correlação entre valor da relação entre PSA livre e PSA total e a natureza da doença prostática
Psa livre / Psa 
total
adenocarcinoma
n = 48 
Prostatite
n = 27
Hiperplasia
n = 21
 0 – 0,12 67% 31% 28%
 0,13 – 0,15 10% 4% 5%
 0,16 – 0,18 4% 17% 24%
 0,19 – 0,20 4% 15% 14%
 0,21 – 0,24 9% 7% 10%
Acima de 0,24 6% 26% 19%
1372 • ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICA • MANUAL PRÁTICO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO • 
A principal indicação da dosagem deste marcador é a mo-
nitoração da resposta terapêutica do paciente com câncer de pul-
mão, especificamente os não de células pequenas.
A redução rápida da concentração após a cirurgia é forte in-
dicativo de remoção total do tumor. A progressão ou recidiva da 
doença, na maioria das vezes, é demonstrada precocemente pela 
elevação da concentração do marcador, que antecede as manifes-
tações clínicas e os achados dos exames de imagem. Este marca-
dor pode ser utilizado, também, para o seguimento de pacientes 
com câncer de bexiga.
O intervalo de referência é até 3,3 ng/mL de soro e valores 
discretamente elevados, em geral, abaixo de 10 ng/mL, podem ser 
encontrados em pacientes com hepatopatias e insuficiência renal crô-
nica. Não há relação com idade, gênero, gestação ou tabagismo.
Algumas doenças não neoplásicas do pulmão, como pneu-
monia e tuberculose e doenças intersticiais pulmonares podem for-
necer resultados significativamente elevados.
Enolase neurônio-específica - NSE
Sob a denominação de enolase, reúnem-se diferentes isofor-
mas de uma enzima com peso molecular aproximado de 80 kDa, 
presente em vários tecidos, tais como musculaturas cardíaca e esque-
lética e tecido nervoso. As isoformas αγ e γγ são denominadas eno-
lases neurônio-específicas por se encontrarem em elevada concen-
tração em neurônios e em células de origem neuro-endócrina.
A dosagem desta enzima no soro tem sido utilizada como 
marcador para tumores brônquicos de células pequenas por apresen-
tar boa correlação com o estádio clínico da doença. Nestes casos, a 
sensibilidade diagnóstica é da ordem de 93% e o valor preditivo po-
sitivo é de 92%. Este marcador pode ser utilizado como indicador 
de prognóstico da doença durante o tratamento, sendo que de 80 
a 96% dos pacientes em remissão mantém a concentração da eno-
lase neurônio específica dentro dos intervalos de referência.
Este marcador pode ser útil, também, para o acompanha-
mento de pacientes com neuroblastoma, sendo que 62% destes 
pacientes apresentam valores acima de 30 ng/mL. Em casos de 
tumores cerebrais, primários ou metastáticos, como melanoma e 
feocromocitoma, é indicada a dosagem deste marcado no líquor. 
Os intervalos de referência são até 15,2 ng/mL no soro e até 12,0 
ng/mL no líquor.
Proteína de membrana nuclear (Nuclear Membrane Protein 
– NMP-22)
Diferentemente dos marcadores anteriormente descritos, a 
pesquisa ou dosagem dos marcadores relacionados ao câncer de 
bexiga não são realizadas no soro, mas na urina. 
O NMP-22 quantifica o aparelho mitótico nuclear, cuja ma-
triz é super-expressada pelas células tumorais da bexiga e liberada 
na urina. Estudos clínicos têm evidenciado que, quando o teste é 
realizado 6 a 40 dias após a cirurgia, níveis elevados são capazes 
de predizer a recorrência do processo neoplásico em cerca de 70% 
dos pacientes ao passo que níveis dentro do intervalo de referên-
cia são observados em 86% dos indivíduos que não apresentarão 
recorrência no seguimento.
Tanto a sensibilidade quanto a especificidade são dependen-
tes do estádio do tumor e alguns trabalhos têm sugerido que este 
marcador possui melhor eficiência diagnóstica do que a citologia 
urinária, ainda que seja documentada taxa de 35% de resultados fal-
so-positivos, o que constitui limitação para seu uso rotineiro.
A Tabela 14 apresenta a sensibilidade diagnóstica do NMP-
22 comparada com a citologia urinária nos diferentes estágios e ti-
pos de tumor de bexiga.
TABELA 14 - Sensibilidade do NMP-22, comparada com 
a Citologia Urinária
Tamanho dotumor
(em mm)
NMP-22
(% de positividade)
citologia
(% de positividade)
 até 10 76 32
 11 – 20 67 37
 21 – 30 75 36
 acima de 31 93 85
graduação do 
tumor
 1 73 8
 2 72 43
 3 81 77
Tipo do tumor
 Ta 69 23
 T1 81 64
 T2 ou maior 91 73
Antígeno tumoral associado ao tumor de bexiga 
(Tumor Associated Antigen – BTA STAT)
O antígeno associado aos tumores de bexiga denominado 
BTA STAT corresponde ao fator H do complemento ou a proteínas 
a ele relacionadas. O fator H desempenha papel importante quando 
da ativação do complemento pela via alternativa, protegendo o orga-
nismo de danos celulares. Níveis elevados têm sido observados em 
uma variedade de tumores vesicais e entendidos como um mecanis-
mo de escape das células neoplásicas às defesas imunológicas. 
O teste é baseado em ensaio cromatográfico e fornece re-
sultado semi-quantitativo do fator H e das proteínas relaciona-
das, possuindo sensibilidade geral da ordem de 60% a 90%, para 
tumores superficiais e invasivos, respectivamente. A especificida-
de é de 72%.
Resultados falso-positivos podem ser obtidos em pacientes 
com glomerulonefrite, litíase e infecção urinária. 
Antígeno tumoral associado ao tumor de bexiga 
(Tumor Associated Antigen – BTA TRAK)
Este exame detecta os mesmos antígenos associados identi-
ficados pelo BTA STAT, mas por ensaio imunoenzimático, o que 
permite sua quantificação. Ainda que a sensibilidade seja depen-
dente do estádio do tumor, os dados disponíveis a colocam entre 
70% e 90% e a especificidade entre 50% e 60%. Também neste tes-
te são encontradas elevadas taxas de resultados falso-positivos em 
pacientes com doenças genito-urinárias não neoplásicas. O valor 
de corte é de 14,0 U/mL.
A Tabela 15 apresenta resumo da aplicação, intervalos de 
referência, indicação e eventuais limitações dos marcadores tumo-
rais bioquímicos circulantes mais freqüentemente utilizados em 
nosso meio, na atualidade.
• ONCOLOGIA • 1373
TABELA 15 - Resumo da aplicação, intervalo de referência, indicação e eventuais limitações de alguns marcadores 
tumorais bioquímicos circulantes
MarcaDor PriNciPaL iNDicaÇão
iNTErVaLo DE 
rEfErÊNcia
LiMiTaÇão Do uso
Alfa-fetoproteínas 
– AFP
Hepatocarcinoma e Câncer 
testicular
Masculino: até 15 ng/mL
Feminino: até 20 ng/mL 
Elevado em doenças hepáticas agudas 
e cirrose
Antígeno 
carcinoembriônico 
– CEA
Adenocarcinoma de pulmão e 
câncer colo-retal
Não fumantes: até 3 µg/L
Fumantes: até 5 µg/L 
Elevado em insuficiência renal crônica, 
cirrose e em fumantes
BTA STAT
Teste qualitativo
Bexiga Ausente
Pode estar elevado em calculose renal 
e hematúria. 
BTA TRAK
Teste quantitativo
Bexiga Até 14,0 U/L
Pode estar elevado em calculose renal 
e hematúria. 
CA 125
Câncer de ovário. Este 
marcador pode ser 
utilizado para diagnóstico 
e acompanhamento de 
endometriose
Até 35 Unidades/mL
Elevado em processos irritativos, 
inflamatórios e infecciosos do epitélio 
celônico. 
CA 15.3 Câncer de mama Até 28 Unidades/mL
Pode estar elevado em doenças 
benignas do fígado
CA 19.9
Carcinomas do trato 
digestivo, câncer de pâncreas,
colangiocarcinoma
Até 37 Unidades/mL
Pode estar elevado em doenças 
benignas do pulmão
CA 72.4
Carcinomas do trato 
digestivo. 
Até 6 Unidades/mL
Calcitonina
Câncer medular da tiróide, 
neoplasias do trato digestivo e 
feocromocitoma
Masculino: até 19 pg/L
Feminino: até 14 pg/L 
Pode estar elevado em hipertiroidismo 
e insuficiência renal crônica
CYFRA 21.1
Câncer de pulmão (não de 
células pequenas)
Até 3,3 ng/mLEnolase neurônio 
específica
Carcinoma de células 
pequenas do pulmão e 
tumores neuroendócrinos
Até 30 ng/mL
Fração Beta da 
gonadotrofina 
coriônica
Coriocarcinoma e câncer 
testicular
Ausente Presente na gravidez e puerpério
NMP-22 Câncer de bexiga Ausente
Elevado em processos infecciosos e 
inflamatórios urinários
PSA complexado Câncer de próstata Até 3,75 ng/mL
PSA livre Câncer de próstata
Relação PSA livre / PSA total: 
até 15% 
PSA total Câncer de próstata Até 2,5 ng/mL
Elevado em processos infecciosos, 
inflamatórios e traumáticos da próstata
Tiroglobulina Câncer diferenciado da tiróide
Normais: de 2 a 70 ng/mL
Tiroidectomizados: inferior a 
2 ng/mL
Elevado em tiroidites e no bócio 
nodular da tiróide

Continue navegando