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CIDADANIA E SOCIEDADE Tema: Cultura e Arte CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito 89130-000 - INDAIAL/SC www.uniasselvi.com.br Curso sobre Cidadania e Sociedade Centro Universitário Leonardo da Vinci Autora Vânia Konell Organização Elisabeth Penzlien Tafner Meike Marly Schubert Sonia Adriana Weege Tatiana Milani Odorizzi Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância Prof.ª Francieli Stano Torres Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância Prof. Hermínio Kloch Diagramação e Capa Letícia Vitorino Jorge Revisão Joice Carneiro Werlang José Roberto Rodrigues 1 Cultura e Arte Cidadania e Sociedade Copyright © UNIASSELVI 2015. Todos os direitos reservados. CULTURA E ARTE 1 INTRODUÇÃO A cultura e a arte são áreas que interagem entre si e com as demais áreas de conhecimento. Estudar, pesquisar e refletir sobre as diferentes culturas e suas manifestações artísticas possibilita a compreensão da vida e das relações entre os sujeitos no meio social. A cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme o tempo e o espaço. A cultura e a arte devem ser estudadas a partir de três concepções: erudita, popular e de massa. A cultura erudita é aquela proveniente de estudos, pesquisas e que geralmente está associada às instituições acadêmicas, por se tratar de um processo de legitimação. A arte está associada a esta área, pois envolve a compreensão de conhecimentos artísticos, históricos, filosóficos e sociais. Assim, a arte erudita, também conhecida como a de vanguarda, é concebida conhecendo lugares como galerias de arte, exposições e museus, bem como toda a estrutura e dinâmica de mediação que ocorrem entre os locais e o espectador, propondo humanização dos sentidos. Já a cultura de massa surge com as novas tecnologias e com os meios de comunicação, como: jornais, televisão, rádio, cinema, música, internet, entre outros. A cultura de massa tem relação com o consumismo, devido à influência que a mídia exerce. A arte está relacionada à cultura de massa, devido à tecnologia utilizada e à grande quantidade de signos criados. E, por último, a cultura popular, que está relacionada ao que pertence à maioria do povo e que não é ensinada necessariamente em espaços formais de educação. É a definição de várias áreas de conhecimento, como: folclore, dança, música, festa, literatura, arte, artesanato etc. O conhecimento da cultura popular é passado de geração a geração. Desta forma, caro acadêmico, convidamos você para primeiramente compreender a cultura e a arte e como essas áreas de conhecimento interagem com o meio social. 2 CULTURA A cultura é um aspecto social mutante em constante questionamento, pois é considerada por muitos pesquisadores como representação da intervenção da sociedade nos ambientes, sendo por isso difícil de conceituar. EmENTA Conceitos de cultura e arte. 2 Cultura e Arte Cidadania e Sociedade Copyright © UNIASSELVI 2015. Todos os direitos reservados. Para José Luiz dos Santos (1949, p. 45): Cultura é uma construção histórica, seja como concepção, seja como dimensão do processo social. Ou seja, a cultura não é algo natural, não é decorrência de leis físicas e biológicas. Ao contrário, a cultura é produto coletivo da vida humana. Isso se aplica não apenas à percepção da cultura, mas também à sua relevância, à importância que passa a ter. Aplica-se ao conteúdo de cada cultura particular, produto da história de cada sociedade. Cultura é um território bem atual das lutas sociais por um destino melhor. É uma realidade e uma concepção que precisam ser apropriadas em favor do progresso social e da liberdade, em favor da luta contra a exploração de uma parte da sociedade por outra, em favor da superação da opressão e da desigualdade. Nesta perspectiva, a cultura é considerada como um movimento humano decorrente da convivência em grupo e da interação social. Portanto, é necessária a percepção das especificidades de cada grupo cultural, para com elas observar e descobrir os signos existentes em busca da identidade de cada povo. São os valores culturais que identificam um povo, uma comunidade e cada pessoa. É através da cultura que se pode observar e caracterizar a história de vida, os costumes, as crenças e os hábitos de um determinado grupo social. FONTE: Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/ viewFile/1038/791>. Acesso em: 8 jun. 2015 José Luiz dos Santos (2006, p. 7) descreve que a cultura é uma preocupação do mundo atual, buscando “entender os caminhos que conduziram os grupos humanos às suas relações presentes e suas perspectivas de futuro”. O autor, quando relata cultura e diversidade, descreve que: O desenvolvimento da humanidade está marcado por contatos e conflitos entre modos diferentes de organizar a vida social, de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la. A história registra com abundância as transformações por que passam as culturas, mais frequentemen- te por ambos os motivos. Por isso, ao discutirmos sobre cultura, temos sempre em mente a humanidade em toda a sua riqueza e multiplicidade de formas de existência. São complexas as realidades dos agrupamentos humanos e as características que os unem e diferenciam, e a cultura as expressa. Nesse sentido, Eduardo David de Oliveira (2006, p. 155) se manifesta dizendo que “o homem é um ser cultural. A cultura é construída, forjada de acordo com os acontecimentos da história e criada a partir das contingências, sempre muito singulares, das comunidades humanas”. A compreensão de cultura é extremamente complexa, pois recebe novas definições com o passar do tempo, mas a partir da segunda metade do século XX cria-se uma concepção ampliada de cultura, como descreve Marilena Chauí (2008, p. 57): 3 Cultura e Arte Cidadania e Sociedade Copyright © UNIASSELVI 2015. Todos os direitos reservados. A partir de então, o termo cultura passa a ter uma abrangência que não possuía antes, sendo agora entendida como produção e criação da linguagem, da religião, da sexualidade, dos instrumentos e das formas do trabalho, das formas da habi- tação, do vestuário e da culinária, das expressões de lazer, da música, da dança, dos sistemas de relações sociais, particularmente os sistemas de parentesco ou a estrutura da família, das relações de poder, da guerra e da paz, da noção de vida e morte. A cultura passa a ser compreendida como o campo no qual os sujeitos humanos elaboram símbolos e signos, instituem as práticas e os valores, definem para si próprios o possível e o impossível, o sentido da linha do tempo (passado, presente e futuro), as diferenças no interior do espaço (o sentido do próximo e do distante, do grande e do pequeno, do visível e do invisível), os valores como o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, o justo e o injusto, instauram a ideia de lei, e, portanto, do permitido e do proibido, determinam o sentido da vida e da morte e das relações entre o sagrado e o profano. Na perspectiva de cultura como aprendizagem de saberes cotidianos é fundamental que se traga a posição de Waldenyr Caldas (1986, p. 13), ao dizer que o pensamento humano cria o modo de vida, os costumes e as regras, dizendo que a cultura: Quando aplicada ao nosso estilo de vida, ao convívio social, nada tem a ver com a leitura de um livro ou aprender a tocar um instrumento, por exemplo. Na realidade, o trabalho do antropólogo, estudioso da cultura humana, começa pela investigação de culturas, ou seja, pelo modo de vida, padrões de comportamento, sistema de crenças, que são características de cada sociedade. Noutraspala- vras, pode-se dizer que nenhuma sociedade, nenhum povo, seja ele atrasado ou desenvolvido, primitivo ou civilizado, jamais agirá de forma idêntica aos demais. Poderá haver, isto sim, algumas semelhanças. A cultura pode ser entendida como importante agente para debater o estar e ser no mundo, que é entendido como um movimento que está intimamente ligado a tudo e a todos os aspectos sociais, culturais, históricos e filosóficos. Segundo José Luiz dos Santos (1996, p. 8), “cada realidade cultural tem sua lógica interna, que devemos conhecer para que façam sentido suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais passam”. Cada povo, cada região tem suas especificidades culturais que compreendem a sua forma de pensar e de agir evidenciando a diversidade cultural existente. A partir da diversidade cultural compreende-se a identidade cultural de cada povo. Para Oliveira (2006, p. 84): “a identidade se constrói com relação à alteridade. Com aquilo que não sou eu. É diante da diferença do outro que a minha diferença aparece”. Diferentes nações, etnias, identidades regionais, comunidades ou outros tipos de grupos sociais organizam e dão sentido à sua existência. O Brasil, por exemplo, apresenta uma diversidade cultural ampla, pois é resultado de uma miscigenação étnica e cultural, principalmente dos povos indígenas, africanos e europeus. Esta miscigenação se dá devido ao processo histórico que ocorreu no Brasil. Assim, a educação no Brasil estabeleceu, nas diretrizes e bases da educação nacional, a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar 4 Cultura e Arte Cidadania e Sociedade Copyright © UNIASSELVI 2015. Todos os direitos reservados. da educação básica. A lei tem como propósito o conhecimento desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira, o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em seu documento, também descrevem sobre Pluralidade Cultural, explicando que o estudo das diferentes culturas deve contribuir para a formação de uma nova mentalidade, onde toda forma de discriminação e exclusão seja superada, proporcionando ao povo brasileiro “uma vivência plena de sua cidadania” (BRASIL, 1997, p. 13). Tal perspectiva vem ao encontro da necessidade de ampliar o conhecimento cultural, com o propósito de banir aspectos de enxergar apenas a sua cultura específica. A partir da concepção de que o ser humano apenas considera o seu modo de vida como o “mais correto” e “melhor”, assim, ele age em uma lógica do etnocentrismo. De acordo com Meneses (1999, p. 13): Etnocentrismo é um preconceito que cada sociedade ou cada cultura produz, ao mes- mo tempo em que procura incutir, em seus membros, normas e valores peculiares. Se sua maneira de ser e proceder é a certa, então as outras estão erradas, e as sociedades que as adotam constituem ‘aberrações’. Assim, o etnocentrismo julga os outros povos e culturas pelos padrões da própria sociedade, que servem para aferir até que ponto são corretos e hu- manos os costumes alheios. Desse modo, a identificação de um indivíduo com sua sociedade induz à rejeição das outras. Por meio do conhecimento da diversidade cultural é possível distanciar pensamentos etnocêntricos que promovem o preconceito. Entende-se que conhecendo a cultura do outro em um contexto de diversidade pode-se identificar e valorizar cada movimento cultural de forma a promover uma vivência plena com respeito e ética social. Entende-se que conhecendo a cultura do outro em um contexto de diversidade se pode identificar e valorizar cada movimento cultural, de forma a distanciar preconceitos e desigualdades. 3 ARTE “A ciência descreve as coisas como são: a arte, como são sentidas, como se sente que são”. Fernando Pessoa (1986) Desde a pré-história o ser humano está cercado de fenômenos artísticos, como desenho, 5 Cultura e Arte Cidadania e Sociedade Copyright © UNIASSELVI 2015. Todos os direitos reservados. 403) questiona sobre o “que dizem os desenhos nas paredes da caverna”. A autora afirma que “o mundo é visível, e para ser visto é que o artista dá a ver o mundo”. Com isso, a arte inicialmente teve aspecto de utilidade. Mas com o passar do tempo, os utensílios e as representações começaram a ser criados pelo prazer em si, desvinculando da ideia unicamente de utilidade. Assim, a arte surge com novas compreensões, como cita Marilena Chauí (2003, p. 406-407): A distinção entre artes da utilidade e artes da beleza acarretou uma separa- ção entre técnica (o útil) e arte (o belo), levando à imagem da arte como ação individual espontânea, vinda da sensibilidade e da fantasia do artista como gênio criador. Enquanto o técnico é visto como aplicador de regras e receitas vindas da tradição ou da ciência, o artista é visto como dotado de inspiração, entendida como uma espécie de iluminação interior e espiritual misteriosa, que leva o gênio a criar a obra. O belo para a arte passa a ser concebido pela experiência artística. A partir da abordagem do belo ou juízo do gosto, a arte também é estudada por uma disciplina filosófica que é conhecida como estética. A palavra estética é a tradução da palavra grega aesthesis, que significa conhecimento sensorial, experiência e sensibilidade. A estética estuda as sensações que a arte provoca no ser humano, desde sensações boas até sensações que causam desconforto, inquietude, aflição etc. A partir das manifestações artísticas criadas desde a pré-história até a contemporaneidade, percebe-se que diferentes povos culturais criam suas particularidades artísticas, como é o caso, por exemplo, das culturas indígenas. Os povos indígenas, devido aos saberes ancestrais, se apropriam de elementos da sua etnia para conceber o belo por meio das manifestações culturais. A pintura corporal dos povos indígenas tem representação ritualística, desta forma, cada sociedade assume um significado artístico diferente, como é o caso da pintura corporal na atualidade que é representada pela tatuagem, e esta tem apenas o significado de decorar. A arte tem inúmeras possibilidades de definição, pois se compreende como uma manifestação dinâmica, onde são atribuídos conceitos no tempo e espaço. gravura, pintura, dança, escultura, música, literatura, entre outros. Atualmente percebe-se uma grande variedade de práticas artísticas que permeiam o universo cultural, que circundam entre as várias linguagens artísticas, como: artes visuais, artes cênicas, dança e música. Ao refletir sobre a arte, alguns questionamentos surgem: O que é arte? Que tipo de arte conhecemos? A arte tem alguma função? O homem primitivo, por exemplo, precisou criar objetos que correspondessem a suas necessidades de sobrevivência, representando por meio de desenhos nas cavernas os seus anseios para suas caçadas. A partir da concepção de arte primitiva, Marilena Chauí (2008, p. 6 Cultura e Arte Cidadania e Sociedade Copyright © UNIASSELVI 2015. Todos os direitos reservados. A arte é muitas coisas. Uma das coisas que a arte é, parece, é uma transfor- mação simbólica do mundo. Quer dizer: o artista cria um mundo outro – mais bonito ou mais intenso ou mais significativo, ou mais ordenado – por cima da realidade imediata [...]. Naturalmente, esse mundo do outro que o artista cria ou inventa nasce de sua cultura, de sua experiência de vida, das ideias que ele tem na cabeça, enfim, de sua visão de mundo [...]. (GULLAR, apud CHAUÍ,2003, p. 271). A palavra arte deriva do latim ars, artis, que significa profissão ou habilidade natural ou adquirida. Também corresponde ao termo grego tékhne, “técnica”, que significa “toda atividade humana submetida a regras em vista da fabricação de alguma coisa” (CHAUÍ, 2003, p. 275). Este conceito também se tem na cultura greco-romana, que significava ofício. Assim, a primeira definição da arte estava ligada ao propósito de fazer ou produzir. A segunda definição de arte é compreendida como conhecimento, visão ou contemplação, isto significa que a obra pode retratar aspectos históricos, sociais e educativos. Já a terceira definição está ligada à arte como expressão, que é uma experiência com o sensível. A partir destas abordagens, percebe-se que é difícil um conceito definitivo para responder o que é arte. Pois a arte se transforma, se modifica de acordo com o contexto cultural no qual está inserida. A obra Mona Lisa, criada pelo artista do Renascimento Leonardo da Vinci, é tida como um exemplo de obra de arte que é conhecida por grande parte da população mundial. Seu misterioso sorriso é pesquisado e admirado por muitos. 7 Cultura e Arte Cidadania e Sociedade Copyright © UNIASSELVI 2015. Todos os direitos reservados. FIGURA 8 - LEONARDO DA VINCI. MONA LISA. 1503–1507 Óleo sobre madeira de álamo, color. 77 cm x 53,5 cm. Museu do Louvre, Paris. FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia. org/wiki/Mona_Lisa#/media/ File:Mona_Lisa,_by_Leonardo_da_ Vinci,_from_C2RMF_retouched. jpg>. Acesso em: 20 maio 2015 Séculos depois de Leonardo da Vinci, o artista do movimento artístico Dadaísmo, Marcel Duchamp, atuou como um dos maiores expoentes da vanguarda artística do século XX. Duchamp reproduziu a obra original Mona Lisa em cartões postais, desenhando na imagem um bigode e escrevendo embaixo da mesma: L.H.O.O.Q. A obra do artista Duchamp não se trata de uma ofensa à obra original, mas uma brincadeira irônica com reverência aos antigos mestres da pintura. 8 Cultura e Arte Cidadania e Sociedade Copyright © UNIASSELVI 2015. Todos os direitos reservados. FIGURA 9 - MARCEL DUCHAMP. MONA LISA (L.H.O.O.Q). 1919. READY-MADE CERTIFICADO Lápis sobre produção fotográfica. Color; 17,8 cm x 12 cm. Coleção privada. FONTE: Disponível em: <http://museuhoje. com/app/v1/br/arte/55- marcelduchamp>. Acesso em: 20 maio 2015 Foi com o princípio de repensar o sentido de arte do seu tempo que Duchamp colocou em questão o que seria arte. Isto leva a pensar que conceituar arte não é definitivo, uma vez que cada um pode conceber a obra de uma forma. Chauí (2003, p. 403) descreve que “a obra de arte dá a ver, a ouvir, a sentir, a pensar, a dizer. Nela e por ela, a realidade se revela como se jamais a tivéssemos visto, ouvido, sentido, pensado ou dito”. Assim, para a autora (2003, p. 407), as artes na atualidade tornam-se: Trabalho da expressão e mostram que, desde que surgiram pela primeira vez, foram inseparáveis da ciência e da técnica. Assim, por exemplo, a pintura e a arquitetura da Renascença são incompreensíveis sem a matemática e a teoria da harmonia e das proporções; a pintura impressionista, incompreensível sem a física e a óptica, isto é, sem a teoria das cores etc. A novidade está no fato de que, agora, as artes não ocultam essas relações, os artistas se referem explicitamente a elas e buscam nas ciências e nas técnicas respostas e soluções 9 Cultura e Arte Cidadania e Sociedade Copyright © UNIASSELVI 2015. Todos os direitos reservados. FIGURA 10 - PABLO PICASSO. GUERNICA. 1937 Pintura a óleo. 349 cm x 776 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia. FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Guernica_%28quadro%29#/media/File:Mural_ del_Gernika.jpg>. Acesso em: 20 maio 2015 para problemas artísticos. Nesta abordagem a arte parte para a construção de um sentido novo (a obra) e o institui como parte da cultura. Segundo Chauí (2008), “o artista é um ser social que busca exprimir seu modo de estar no mundo na companhia dos outros seres humanos, reflete sobre a sociedade, volta-se para ela, seja para criticá-la, seja para afirmá-la, seja para superá-la”. A obra Guernica, pintada pelo artista do Cubismo, Pablo Picasso, propaga o sentido da arte enquanto expressão, pois revela na obra o sentido da dor, do belo, do terrível, do sublime, ou seja, mostra por meio da arte o sentido da cultura e da história na vida em sociedade. Esta obra retratou o bombardeio que a cidade espanhola Guernica sofreu por aviões alemães. Nota-se que a arte é uma ciência do conhecimento que representa um elo entre o passado, presente e o futuro, pois demonstra o pensar, o agir e todos os aspectos culturais existentes desde o homem primitivo até o homem contemporâneo. A arte pertence à cultura erudita, que são as artes desenvolvidas a partir de um conhecimento acadêmico, são aquelas que estão dentro de lugares como galerias de arte e museus. Mas, também, a arte faz parte da cultura popular, e este conhecimento popular é reconhecido como patrimônio cultural. Para Suíse Monteiro Leon Bordest: O patrimônio cultural de um povo é formado pelo conjunto dos saberes, faze- res, expressões, práticas e seus produtos, que remetem à história, à memória e à identidade de um povo. A preservação do patrimônio cultural significa, principalmente, cuidar (reproduzir sempre e os manter vivos) dos bens aos 10 Cultura e Arte Cidadania e Sociedade Copyright © UNIASSELVI 2015. Todos os direitos reservados. quais esses valores estão associados, ou seja, cuidar de bens representativos da história e da cultura de um lugar ou de um grupo social. A Constituição brasileira de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou a noção de patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material e imaterial e, também, ao estabelecer outras formas de preservação – como o registro e o inventário – além do tombamento, instituído pelo Decreto nº 25, de 30 de novembro de 1937, que determina especialmente a proteção de edificações, paisagens e conjuntos históricos urbanos. O patrimônio imate- rial cuida da preservação dos bens culturais de natureza imaterial, como os ofícios e saberes artesanais, as maneiras de pescar, caçar, plantar, cultivar e colher, de utilizar plantas como alimentos e remédios, de construir moradias, mas também manifestos através das danças e músicas, incluindo também os modos de vestir e falar, os rituais e festas religiosas e populares, as relações religiosas, sociais e familiares que revelam os múltiplos aspectos da cultura cotidiana de uma comunidade (IPHAN/MinC, 2012). Nos dias atuais a arte contemporânea está associada à indústria cultural, apropriando-se da tecnologia e das interferências da mídia, fazendo parte da cultura de massa. Os meios de comunicação, como a televisão, fotografia, cinema, internet, rádio e redes sociais fazem com que o conhecimento artístico seja divulgado com maior facilidade e rapidez, de forma acessível a grande parte da população. A arte na atualidade ou arte contemporânea, que surgiu mais intensamente a partir de 1960, busca romper com aspectos tradicionais da arte. A arte contemporânea passa a ser pensada como integrante da vida e do mundo, no qual é concebida em lugares formais e informais, buscando a participação do público. Tem como característica a apropriação de materiais e objetos encontrados no cotidiano. Neste sentido, a obra tem um tempo de duração determinada. A artista canadense Jana Sterbak fez uma exposição, em 1987, causando polêmica por mostrar que o corpo humano, por mais bem vestido e arrumado que esteja, não passa de carne e osso. 11 Cultura e Arte Cidadania e Sociedade Copyright © UNIASSELVI 2015.Todos os direitos reservados. FIGURA 11 - JANA STERBAK, VANITAS. VESTIDO DE CARNE PARA ALBINO ANORÉXICO.1987 FONTE: Disponível em: <http://performatus.net/jana- sterbak/>. Acesso em: 20 maio 2015 A arte contemporânea proporcionou aos artistas maior liberdade de criação, sendo que ampliou o conceito das linguagens artísticas do que pode ou não ser considerado como arte. Desta forma, podemos dizer que a arte contemporânea é uma arte conceitual, pois a ideia proposta pelo artista é mais importante que o objeto em si, valorizando a experiência que irá causar no público. Desta forma, pode-se pensar a arte na atualidade como uma área do conhecimento em uma relação com a natureza, com a realidade urbana e com o mundo tecnológico. Com isso surgem diferentes linguagens contemporâneas que se articulam, como a pintura, gravura, escultura, desempenho, happening, instalação, assemblage, ready–made, fotografia, literatura, video-art, body-art, land-art etc. 12 Cultura e Arte Cidadania e Sociedade REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORDEST, Suíse Monteiro Leon. Refl exões sobre identidade cultural e patrimônio imaterial em Mato Grosso – BRASIL. Disponível em: <http:// observatoriogeografi coamericalatina.org.mx/egal14/Geografi asocioeconomica/ Geografi acultural/30.pdf>. Acesso em: 20 maio 2015. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural. Brasília: MEC-SEF, 1997. CALDAS, Waldenyr. O que todo cidadão precisa saber sobre cultura. São Paulo: Global, 1986. OLIVEIRA, Eduardo. Cosmovisão Africana no Brasil: elementos uma fi losofi a afrodescendente. Curitiba: Gráfi ca Popular, 2006. PESSOA, Fernando. Obras em prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986. SANTOS, José Luiz dos. 1949 – O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 2006. Copyright © UNIASSELVI 2015. Todos os direitos reservados. Centro Universitário Leonardo da Vinci Rodovia BR 470, km 71, n° 1.040, Bairro Benedito Caixa postal n° 191 - CEP: 89.130-000 - lndaial-SC Home-page: www.uniasselvi.com.br
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