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AULA 07. 2 ATOS ADMINISTRATIVOS (2ª parte) CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS A enorme variedade de atos administrativos obriga a doutrina a realizar diversas classificações, a fim de identificar semelhanças e diferenças no regime jurídico aplicável a cada espécie, de modo que nós passaremos a analisar as classificações mais importantes encontradas na doutrina. QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE o Atos vinculados » Possui todos seus elementos determinados em lei, não existindo possibilidade de apreciação por parte do administrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao administrador apenas a verificação da existência de todos os elementos expressos em lei para a prática do ato. Caso todos os elementos estejam presentes, o administrador é obrigado a praticar o ato administrativo; caso contrário, ele estará proibido da prática do ato. Exs: lançamento tributário; licença para construir; aposentadoria compulsória. Obs* - Não podem ser revogados por não tratarem especificamente de mérito (juízo de conveniência e oportunidade), mas podem ser anulados por vício de legalidade. o Atos discricionários » são aqueles que a Administração dispõe de uma margem de liberdade para que o agente público decida, diante do caso concreto, qual melhor maneira de atingir o interesse público. Exs: decreto expropriatório; autorização para instalação de circo em área pública; outorga de permissão de banca de jornal. Obs 1* - Recai sobre os seguintes elementos do ato administrativo: motivo e objeto. Obs 2* - O poder judiciário não pode reapreciar as razões de conveniência e oportunidade – mérito – a não ser que o ato venha a transbordar os limites deste e fique configurada um ilegalidade. QUANTO À FORMAÇÃO o Atos simples » Resultam da manifestação de vontade de apenas um órgão, seja singular ou colegiado. Exs: licença de habilitação para dirigir; decisão do conselho de contribuintes; declaração de comissão parlamentar de inquérito. o Atos compostos » São os praticados por um único órgão, mas que dependem da verificação, visto, aprovação, anuência, homologação ou o“de acordo”de outro órgão, como condição de exequibilidade. A manifestação do segundo órgão é secundária ou complementar. Exs: adjudicação de licitação que depende de homologação; ato de autorização sujeito a outro ato confirmatório. o Atos complexos » são formados pela conjugação de vontades de mais de um órgão, de modo que a manifestação do segundo órgão é elemento existência do ato. Em suma, nós temos a soma de duas vontades independentes para a formação de um único ato. Exs: na nomeação de Procurador da Fazenda Nacional, a AGU e o Ministro da Fazenda manifestam vontades, por meio da edição de uma Portaria conjunta; a aposentadoria de servidor público, haja vista depender da atuação do órgão que o agente é subordinado e da aprovação do Tribunal de Contas (que é uma vontade independente da primeira). QUANTO AOS DESTINATÁRIOS o Atos gerais » dirigidos a uma quantidade indeterminável de destinatários. São tos portadores de determinações, em regra, abstratas e impessoais Ex: edital de um concurso; circulares de serviço. o Atos individuais » aqueles dirigidos a um destinatário determinado. Ex: promoção de um servidor público. OBS* - O ato individual pode se referir a vários indivíduos determináveis. Ex: a nomeação de setenta candidatos para assunção de determinado cargo público. QUANTO AO ALCANCE o Internos: destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno da Administração Pública, não atingindo terceiros. Exs: portarias; circulares; instrução ministerial. o Externos: tem como destinatárias pessoas além da Administração Pública, e, portanto, necessitam de publicidade para que produzam adequadamente seus efeitos. Ex: licença para funcionamento de estabelecimento. QUANTO AO OBJETO o Atos de império » Atos onde o poder público (em posição de superioridade / regime de direito público) age de forma imperativa sobre os administrados, impondo-lhes obrigações e limitações. Exs: desapropriação; multas; interdição de estabelecimento. o Atos de gestão » Atos que a Administração pratica em pé de igualdade com o particular sob o regime de direito privado. Exs: locação de imóvel, que a rigor nem é ato administrativo, mas sim ato da Administração; alienação de bem público. o Atos de expediente » São aqueles destinados a dar andamento aos processos e papéis que tramitam no interior das repartições. QUANTO AO CONTEÚDO (EFEITOS, SEGUNDO PARTE DA DOUTRINA) o Constitutivo » gera uma nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser outorgado um novo direito, como a admissão de um aluno em escola pública, ou impondo uma obrigação, como cumprir um período de suspensão. o Declaratório » simplesmente afirma ou declara uma situação já existente, seja de fato ou de direito. Não cria, transfere ou extingue a situação existente, apenas a reconhece. Também é dito enunciativo. É o caso da expedição de uma certidão de tempo de serviço. o Modificativo » altera a situação já existente, sem que a mesma seja extinta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do horário de atendimento da repartição é exemplo desse tipo de ato. o Extintivo » pode também ser chamado desconstitutivo, que é o ato que põe termo a um direito ou dever existentes. Cite-se a demissão do servidor público. QUANTO À EXEQUIBILIDADE o Perfeito » é aquele que completou seu processo de formação, estando apto a produzir seus efeitos. o Imperfeito » não completou seu processo de formação, portanto, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por exemplo, a homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei. o Pendente » para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição ou termo, mas já completou seu ciclo de formação, estando apenas aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confunde com o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o casamento. Termo é evento futuro e certo, como uma data específica. o Consumado » é o ato que já produziu todos os seus efeitos, nada mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exoneração ou a concessão de licença para doar sangue. QUANTO À VALIDADE (EFICÁCIA, SEGUNDO PARTE DA DOUTRINA) o Válidos » são aqueles praticados por por autoridades competentes e que atendem todos os requisitos exigidos pela ordem jurídica. o Nulos » são aqueles que nascem com um vício insanável, ou seja, um defeito que não pode ser corrigido. Não produz qualquer efeito entre as partes. No entanto, em face de alguns atributos dos atos administrativos, ele deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa, seja judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito retroativo. Por outro lado, deverão ser respeitados os direitos de terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato nulo. Cite-se a nomeação de um candidato que não tenha nível superior para um cargo que o exija. A partir do reconhecimento do erro, o ato é anulado desde sua origem. Porém, as ações legais eventualmente praticadas por ele durante o período em que atuou permanecerão válidas. o Anuláveis » são os atos que contém defeitos, porém, que podem ser sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o ato será nulo; se corrigido, poderá ser "salvo" e passar a válido. Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis. o Inexistentes » são aqueles que possuem um vício gravíssimo de no ciclo de sua formação impeditivo da produção de qualquer efeito jurídico. Ex: multa emitida por falso policial. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS A enorme quantidade de atos administrativos tipificados pela legislação brasileira exige um esforço de identificação das diversas categorias. A mais conhecida sistematização é a de Hely Lopes Meirelles, que divideos atos administrativos em cinco espécies: I – normativos » são aqueles que contêm comandos, em regra, gerais e abstratos para viabilizar o cumprimento da lei; II – ordinatórios » são manifestações internas da Administração decorrentes do poder hierárquico disciplinando o funcionamento de órgãos e a conduta de agentes públicos; III – negociais » manifestam a vontade da Administração em concordância com o interesse de particulares; IV – enunciativos » traduzem opiniões e conclusões dos entes estatais; V – punitivos » aplicam sanções a particulares ou servidores que pratiquem condutas irregulares. ATOS NORMATIVOS Decretos/Regulamentos – São editados pelos Chefes do Poder Executivo, Presidente, Governadores e Prefeitos para fiel execução das leis (CF/88,art. 84, IV); Obs* - Parte da doutrina diferencia “decreto” de “regulamento” da seguinte forma: decreto é a forma e regulamento é o conteúdo. Resoluções – São atos administrativos inferiores aos decretos expedidos por Ministros de Estado, presidentes de tribunais, de casas legislativas e de órgãos colegiados; Obs* - As agências reguladoras possuem poder normativo que se restringe ao âmbito técnico da prestação de serviços. Instruções Normativas – são atos normativos de competência dos ministros praticados para viabilizar a execução de leis e outros atos normativos; Regimentos – decorrentes do poder hierárquico, são atos administrativos que visam disciplinar o funcionamento interno dos órgãos colegiados e de corporações legislativas; Deliberações – são atos normativos ou decisórios de órgãos colegiados. ATOS ORDINATÓRIOS Instruções – expedidas pelo superior hierárquico e destinadas aos seus subordinados, são ordens escritas e gerais para disciplina e execução de determinado serviço público; Circulares – meio pelo quais autoridades superiores transmitem ordens uniformes a servidores subordinados, não veicula regras de caráter abstrato como as instruções, mas concretas, ainda que gerais, por abranger uma categoria de subalternos encarregados de determinadas atividades. Avisos – atos exclusivos de Ministros de Estados para regramento de temas da competência interna do Ministério; Portarias – são atos internos que iniciam sindicâncias, processos administrativos ou promovem designações de servidores. São expedidas por chefes de órgãos e repartições públicas, não podendo ser baixadas pelos chefes do executivo. Ordens de serviço – são determinações específicas dirigidas aos responsáveis por obras e serviços governamentais. Ofícios - utilizados pelas autoridades administrativas para comunicarem-se entre si ou com terceiros. São as “cartas” oficiais, por meio das quais encaminham-se papéis, documentos e informações em geral. Despachos – são decisões de autoridades públicas manifestadas por escrito em documentos ou processos sob sua responsabilidade. ATOS NEGOCIAIS Licença – constitui ato administrativo unilateral, declaratório e vinculado que libera, a todos que preencham os requisitos legais, o desempenho de certas atividades. Trata-se de manifestação do poder de polícia administrativa desbloqueando atividades cujo exercício depende de autorização da Administração. Ex: licença para construir. Atenção! Exceção à regra: licença ambiental. Autorização – ato unilateral, discricionário, constitutivo e precário expedido para o exercício de atividades fiscalizadas pelo Estado ou a utilização de bens públicos no interesse predominante do particular. Exs: porte de arma; colocação de mesas em calçadas; abertura de uma clínica. Permissão – ato unilateral, discricionário e precário que faculta o exercício de serviço de interesse coletivo ou a utilização de bem público no interesse predominante da coletividade (do Estado). Exs: permissão para taxista; banca de jornal. Obs* - Quanto à permissão de serviço público segundo o art. 175 da CF deve ser precedida de licitação. Admissão – ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta a alguém a inclusão em estabelecimento governamental para o gozo de um serviço público. Ex: ingresso em estabelecimento oficial de ensino na qualidade de aluno; admissão de usuário de uma biblioteca pública. ATOS ENUNCIATIVOS Certidões – tratam-se de verdadeiros espelhos de um registro público, ou seja, servem para certificar algo que já está registrado. Exs: certidão de tempo de contribuição; certidão de regularidade fiscal. Atestados – são atos que comprovam fatos e situações que não constem de arquivos públicos. São utilizados quando o Poder Público tem de verificar determinada situação de fato, para depois proferir um ato que ateste aquele. Ex: perícia médica. Pareceres – atos administrativos por meio dos quais se emite opinião. Não têm natureza vinculante, salvo disposição legal em contrário (alguns casos em que a consulta é obrigatória). Apostilas ou Averbações – servem para acrescentar algo a um registro público, ou seja, quando o particular precisa que conste algo no registro público, ele providencia uma averbação. Ex: averbação de tempo de serviço no âmbito privado junto ao serviço público com a posse em cargo público. ATOS PUNITIVOS São atos por meio dos quais o Poder Público determina a aplicação de sanções, em face do cometimento de infrações administrativas pelos servidores públicos ou por particulares. Tanto podem decorrer do poder disciplinar, quanto do poder d polícia repressivo. Exs: demissão; suspensão; multas. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS A enorme variedade de atos administrativos obriga a doutrina a realizar diversas classificações, a fim de identificar semelhanças e diferenças no regime jurídico aplicável a cada espécie, de modo que nós passaremos a analisar as classificações mais importantes encontradas na doutrina. QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE ATOS ENUNCIATIVOS Certidões – tratam-se de verdadeiros espelhos de um registro público, ou seja, servem para certificar algo que já está registrado. Exs: certidão de tempo de contribuição; certidão de regularidade fiscal. Atestados – são atos que comprovam fatos e situações que não constem de arquivos públicos. São utilizados quando o Poder Público tem de verificar determinada situação de fato, para depois proferir um ato que ateste aquele. Ex: perícia médica. Pareceres – atos administrativos por meio dos quais se emite opinião. Não têm natureza vinculante, salvo disposição legal em contrário (alguns casos em que a consulta é obrigatória). Apostilas ou Averbações – servem para acrescentar algo a um registro público, ou seja, quando o particular precisa que conste algo no registro público, ele providencia uma averbação. Ex: averbação de tempo de serviço no âmbito privado junto ao serviço público com a posse em cargo público. ATOS PUNITIVOS São atos por meio dos quais o Poder Público determina a aplicação de sanções, em face do cometimento de infrações administrativas pelos servidores públicos ou por particulares. Tanto podem decorrer do poder disciplinar, quanto do poder d polícia repressivo. Exs: demissão; suspensão; multas.
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