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Roberto Padilha Moia Trade marketing, B2B e relacionamento Canais de Distribuição Sumário 03 CAPÍTULO 2 – Planejamento e Implementação do Trade Marketing .....................................05 Introdução ....................................................................................................................05 2.1 Planejamento do trade marketing ...............................................................................05 2.1.1 As informações e o plano de trade marketing .....................................................09 2.1.2 Tipos de informações para o planejamento do trade marketing ............................11 2.1.3 Etapas para elaboração do plano de trade marketing ..........................................13 2.2 Implementação, mensuração e avaliação dos resultados de trade marketing ..................15 2.2.1 Implementação do plano de trade marketing ......................................................15 2.2.2 Mensuração e avaliação dos resultados de trade marketing .................................16 Síntese ..........................................................................................................................20 Referências Bibliográficas ................................................................................................21 Capítulo 2 05 Introdução Depois que você entendeu o conceito de trade marketing, você acredita que as principais tarefas podem ser colocadas em prática sem nenhum planejamento? A sua resposta só pode ter sido não. Para qualquer atividade que envolva o desenvolvimento de ações, independentemente da área, precisamos elaborar o planejamento estratégico. No caso do trade marketing, esse plane- jamento é essencial para o bom desenvolvimento da cadeia de distribuição. Você já imaginou se cada membro da cadeia de distribuição fizesse aquilo que achasse melhor, o que aconteceria? Não precisa ser nenhum especialista para responder a essa questão: sem planejamento, não teríamos trade marketing. Afinal, o trade marketing remete à necessidade de planejamento dos canais de distribuição. Agora vamos imaginar a seguinte situação: você, como gestor do trade marketing de uma empre- sa, planejou todas as ações dessa área; agora, como ficará a implantação e mensuração dos re- sultados dessas ações? O planejamento se resume em pensar antecipadamente no futuro, porém é necessário que o gestor implemente, mensure e avalie os resultados desse planejamento, senão ficará apenas no papel. O que você precisa entender é que o planejamento no papel é fantás- tico, mas, quando colocado em prática, pode ser que você não consiga os atingir os resultados esperados. E aí, o que fazer? A resposta é colocar o planejamento em prática, acompanhando e mensurando os resultados e, quando necessário, efetuar pequenas correções. Neste capítulo, você poderá descrever um planejamento de trade marketing apontando as ati- vidades necessárias para cada etapa do planejamento. Você poderá ainda classificar essas ati- vidades no processo de implantação do planejamento, descrevendo quais as ações necessárias para a avaliação dos resultados. Agora, mãos à obra, pois temos muita coisa para aprender e melhorar na elaboração do planejamento de trade marketing. 2.1 Planejamento do trade marketing Quantas vezes você já se deparou com a seguinte questão: você fez o planejamento para isso? Esse termo, planejamento, está presente em tudo que fazemos no nosso cotidiano. Vejamos alguns exemplos: você decide se casar, planejamento; depois do casamento, decide ter filhos, planejamento; sua empresa resolve atuar em um novo segmento de mercado, planejamento; as vendas da organização estão em queda, planejamento; o governo percebe que precisa melho- rar os investimentos da educação, planejamento. Ou seja, tudo em nossa vida, seja pessoal ou profissional, exige planejamento. No caso empresarial, esse planejamento precisa ser estratégico para que possa conduzir a empresa a se destacar no mercado de maneira que garanta a sua continuidade. Para que possamos entender melhor o conceito de planejamento estratégico, Chiavenato e Sa- piro (2003, p. 39) afirmam que “o planejamento estratégico é um processo de formulação de estratégias organizacionais no qual se busca a inserção da organização e de sua missão no am- biente em que ela está atuando”. Os autores ainda complementam mencionando que o conceito Planejamento e Implementação do Trade Marketing 06 Laureate- International Universities Trade marketing, B2B e relacionamento de planejamento estratégico “está relacionado com os objetivos estratégicos de médio e longo prazo que afetam a direção ou a viabilidade da empresa, mas, que aplicado isoladamente, é insuficiente, pois não se trabalha apenas ações imediatas e operacionais”. Na realidade, o pla- nejamento estratégico precisa focar também em como serão aplicados, de maneira articulada, todos os planos táticos e operacionais da organização. Oliveira (2012, p. 4) menciona que “o planejamento estratégico também pressupõe a necessidade de um processo decisório que ocorrerá antes, durante e depois de sua elaboração e implementação na empresa”. A Figura 1 ilustra os desafios das escolhas durante o processo de decisões para a implementação do plane- jamento estratégico na empresa. Figura 1 – Caminhos para decisões do planejamento estratégico. Fonte: Shutterstock, 2015. Para entender melhor sobre planejamento estratégico, sugerimos a leitura do capítulo 1 do livro Conceitos de planejamento e sistema, de Djalma Oliveira (2012). NÃO DEIXE DE LER... Em nosso caso, como esse planejamento estratégico atuará em sintonia com o planejamento de trade marketing? Para que você possa aplicar o planejamento propriamente dito, é necessá- rio entender quais são os princípios que são exigidos no planejamento do trade marketing. De acordo com Oliveira (2012), existem princípios gerais e específicos para se elaborar um plane- jamento estratégico: 07 a) Princípios gerais do planejamento (OLIVEIRA, 2012, p. 6-7): • O princípio da contribuição aos objetivos = esse princípio parte do pressuposto que o planejamento deve levar em consideração os objetivos maiores da empresa. • O princípio da precedência do planejamento = o planejamento tem que acontecer antes de outras funções da administração, como a organização, a gestão de pessoas a direção e o controle. • O princípio das maiores influência e abrangência = uma das consequências do planejamento é provocar grandes mudanças nas características e atividades da empresa. • O princípio das maiores eficiência, eficácia e efetividade = o planejamento precisa contribuir para os bons resultados efetivos da empresa. b) Princípios específicos do planejamento (OLIVEIRA, 2012, p. 6-7): • Planejamento participativo: o processo de planejamento deve receber contribuição de todos os envolvidos, para que ele não deixe de observar os diversos pontos de vista da empresa. • Planejamento coordenado: as atividades do planejamento devem ser feitas coordenadamente pelos setores e/ou pessoas envolvidas. • Planejamento integrado: o planejamento precisa estar integrado entre o que foi planejado pelos membros do alto escalão da empresa e operacionalizados pelas equipes de implantação. • Planejamento permanente: para que o planejamento possa manter sua utilidade e valor com o passar do tempo, o planejamento deve ser realizado permanentemente pela empresa. NÃO DEIXE DE VER... O filme “Onze Homens e um Segredo”, em que, para realizarem um assalto bem- -sucedido, os personagens desenvolvem um planejamento estratégico definindo o que deve ser feito. O filme trabalha conceitos desde a elaboração do planejamento até a sua execução. Essa integração entre os princípios gerais e específicos do planejamento remetem ao cumprimen- to dos objetivosda empresa. Na sequência, visto a importância do planejamento estratégico, veremos a importância dele nas operações de trade marketing. Para iniciar o assunto do planeja- mento de trade marketing, vamos nos colocar no lugar do gerente de trade marketing. De acordo com Cônsoli e D’Andrea (2011, p. 156), “um dos maiores dilemas do gerente de trade marketing é escolher entre estrutura de canal ou de categoria, estrutura local ou regional. Para resolver o impasse, não se pode esquecer que a estrutura é reflexo da estratégia, e não o contrário”. A primeira ação que o gerente terá que tomar é identificar qual será a estrutura que a organização adotará para que possa compreender melhor seus canais de distribuição. Conforme a Figura 2, as estruturas administrativas para alocação de um gerente de trade marke- ting podem ser divididas em: canal, regional, categoria e canal por categoria. No caso da estru- tura canal, as atividades do gerente de trade marketing estão estruturadas por canais de distri- buição. Quando a estrutura é regional, o gerente trabalha a distribuição geográfica da equipe de vendas. Na estrutura focada na categoria, o gerente trabalha seguindo o agrupamento de produtos. Para finalizar, na estrutura de canal por categoria, o gerente de trade marketing vê contemplados os canais de distribuição e o agrupamento de produtos. Este último exige uma es- trutura administrativa maior, pois é composto da combinação das estruturas de canal e categoria. 08 Laureate- International Universities Trade marketing, B2B e relacionamento De�nição Organograma Canal Estrutura segmentadapor canal de distribuição Gerente nacional de trade marketing Gerente trade grande varejo Assistente categoria 1 Assistente categoria 2 Gerente trade pequeno varejo Gerente desenvolvimento vendas Gerente nacional de trade marketing Gerente trade regional 1 Gerente trade regional 2 Gerente desenvolvimento vendas Gerente nacional de trade marketing Gerente trade categoria 1 Gerente trade categoria 2 Gerente desenvolvimento vendas Estrutura segmentada pela distribuição geográ�ca da equipe de vendas Estrutura seguindo a estrutura de agrupamentos de produtos Estrutura que contempla os canais de distribuição e o agrupamento de produto Regional Categoria Canal por categoria Gerente trade grande varejo Gerente trade pequeno varejo Gerente desenvolvimento vendas Gerente nacional de trade marketing Figura 2 – Diferentes tipos de estrutura da organização. Fonte: Cônsoli; D’Andrea, 2011. Após estudar sobre o planejamento e o planejamento estratégico, chegou a hora de nos apro- fundarmos no planejamento do trade marketing. Tanto o fabricante como o varejista podem desenvolver esse planejamento. Contudo, o principal beneficiado e, portanto, o que deve dar o primeiro passo na elaboração do planejamento de trade marketing é o fornecedor, afinal, nor- malmente, ele tem mais infraestrutura para dar suporte ao varejista que o contrário. Mas o que deve ser pensado, planejado para o trade marketing? De acordo com Javier (2008), basicamen- te, as ações de trade marketing podem ser programadas a partir da classificação dos clientes e das ações, segundo as seguintes variáveis de análise: porte do cliente, tipo de demanda e pre- paração das ações de pontos de venda, tipos de implantação e objetivos das ações de ponto de venda, alocação dos recursos disponíveis para ações no ponto de venda. Muitos são os fatores que devem ser levados em consideração durante o planejamento das ações de trade marketing, e as empresas não podem esquecer nenhum detalhe estratégico para atuarem fortemente no mercado. Conhecer o mercado e suas necessidades é uma atitude básica e essencial para iniciarmos a confecção de qualquer plano de trade marketing. Javier (2008, p. 117) menciona que “a implantação do conceito de Trade Marketing na organização deve refletir a necessidade da empresa de competir em um ambiente de negócios dominado pelos varejistas e com alta concorrência de produtos e marcas”. Você deve estar se perguntando: por onde co- meçar? Vejamos, a empresa precisa conhecer o mercado e suas necessidades, isso significa dizer que ela precisa de informações. A captação, análise e utilização de informações, então, é algo vital para se iniciar o planejamento das ações de trade marketing dessa organização. Informação é a essência do sucesso de qualquer empresa; sem ela, nenhum planejamento se sustenta por muito tempo. Segundo Javier (2008, p. 124), “[...] a informação pode integrar o plano de Trade Marketing para desenvolver os clientes”. Essa integração está melhor representada pela Figura 3. Nela, podemos observar que todas as informações captadas do fabricante e do cliente são utilizadas para elaboração do plano de trade marketing. 09 A falta de informação pode interferir no planejamento de trade marketing? Não só no planejamento de trade marketing, mas também em qualquer tipo de planejamento, a falta de informação pode interferir na elaboração das decisões. No caso do trade marketing, a falta de informações referente aos canais de distribuição da empresa im- possibilita qualquer decisão estratégica. NÓS QUEREMOS SABER! As integrações do plano de Trade Marketing de desenvolvimento do cliente MARKETING Políticas gerais, Estratégias, Produtos e marcas, Segmentos de consumidores MARKETING Gestão de portfólio de produtos e marcas, Imagem de mercado, Ações de comunicação Público-alvo OPERAÇÃO Política de compras, Cultura colaborativa, Logística, Ações de vendas, Gerência de categorias VENDAS Políticas de clientes, Cobertura de mercado, Políticas de negociação, Metas de vendas Trade marketing Plano de desenvolvimento do cliente E M P R E S A C L I E N T E Figura 3 – As integrações do plano de trade marketing de desenvolvimento do cliente. Fonte: Javier, 2008. 2.1.1 As informações e o plano de trade marketing Manter um sistema de informações atualizado para tomada de decisões na elaboração do trade marketing é o mínimo que um gestor dessa área precisa fazer. Esse sistema atualizado é capaz de abastecer todos os integrantes da empresa e de seus canais de distribuição sem dificuldades e tem o objetivo de agilizar as atitudes positivas para com a organização ou seus produtos. O instrumento central de trabalho do Trade Marketing é o sistema de informações. A variedade de interações internas e externas da atividade de Trade Marketing implica relacionamentos múltiplos com os diversos setores da empresa e com os diversos setores dos clientes. O Trade Marketing irá gerenciar informações e, por meio delas, tomar decisões e convencer os envolvidos da necessidade de implantar as respectivas ações. O sistema de informações de Trade Marketing será a base dos diversos participantes do processo: marketing, vendas, logística, compradores dos clientes, setores de marketing e Trade Marketing do cliente e outros departamentos. (JAVIER, 2008, p. 118) 10 Laureate- International Universities Trade marketing, B2B e relacionamento Esse pensamento remete a empresa para a integração de todas as suas áreas focadas no seu planejamento de trade marketing. Todos devem se envolver para que as ações não se percam no processo, ou seja, as organizações precisam aplicar as informações em seus processos e siste- mas. Todo o planejamento deve acompanhar as inovações de mercado, as vendas e o suporte às ações realizadas. Cônsoli e D’Andrea (2011, p. 158-160) ponderam que os sistemas para o planejamento do trade marketing são divididos em quatro processos: a) Papel do Trade Marketing na inovação = O Trade Marketing colabora para melhorar a realidade da execução de vendas. Os pontos críticos desse processo estão: na viabilidade da colocação dos produtos na gôndola,na estratégia de distribuição de um novo produto e no dimensionamento do potencial de vendas do produto. Conforme a Figura 4, podemos observar as principais preocupações com o processo de inovação. (CÔNSOLI & D’ANDREIA, 2011, pág. 158) Embalagem • O padrão de cores e o formato da embalagem permitem um empilhamento eficiente e uma boa visualização do consumidor? • Qual é a quantidade adequada de produtos para a embalagem secundária? Ex.: Para distribuição no pequeno varejo, a quantidade das caixas deve ser pequena. • O controle do cliente é automático? Se sim, é relevante a aplicabilidade de códigos de controles? Estratégia de distribuição • Qual o público do novo produto? Qual o momento de consumo? A que classe social se destina? • Com base nas respostas acima, qual é o canal de distribuição mais adequado? • Qual é a precificação mais adequada do novo produto com base no canal de distribuição de maior foco? • Qual é a região geográfica mais adequada ao produto? Potencial de vendas • Qual é o objetivo de distribuição dos novos produtos? • Ação: escolher um produto com curva de vendas similar e considerar o mesmo desempenho e estabelecer a evolução de vendas no tempo. Ex.: Esse produgo terá evolução rápida de vendas ou é prudente considerar distribuição mais lenta? Figura 4 – Checklist para o processo de inovação. Fonte: Cônsoli; D’Andrea, 2011. b) Estimativa de vendas = A área de Trade Marketing é responsável pela consolidação das vendas e negociações das diferenças entre o que se foi definido como objetivo de vendas e a estimativa de vendas. Nesse processo deve-se levar em consideração variáveis desconhecidas pela área de vendas da empresa. Ex: novos produtos lançados no mercado sem histórico de vendas. (CÔNSOLI; D’ANDREA, 2011, p. 159). c) Responsabilidade pela venda e pelo resultado = a área de Trade Marketing precisa garantir, com suas ações que as metas de vendas das empresas podem ser atingidas através da análise de informações do passado (dados estatísticos de desempenho apontando canais e clientes que apresentaram queda de vendas e suas respectivas justificativas), do presente (regiões com dificuldades de vendas e quais ações de curto prazo para derrubar essas dificuldades) e, do futuro (desenvolvimento de calendário de ações promocionais para auxílio no cumprimento das metas de vendas). (CÔNSOLI; D’ANDREA, 2011, p. 159). d) Sistemas de Suporte = A área de Trade Marketing precisa desenvolver sistemas estatísticos confiáveis capazes de gerarem informações úteis e aplicáveis nas decisões da empresa. Esses sistemas são compostos de acompanhamento dos objetivos de vendas, estatísticas de vendas e leitura de variáveis mercadológicas, como por exemplo, o preço do concorrente ou os níveis de estoques para consumo. (CÔNSOLI; D’ANDREA, 2011, p. 160) O plano de trade marketing, além de trabalhar interligado ao planejamento estratégico, tem suas ações interagindo de maneira articulada com os planos táticos e operacionais da empresa. O plano tático, de acordo com Oliveira (2012, p. 16), “[...] relaciona-se a objetivos de mais curto prazo e com estratégias e ações que, geralmente, afetam somente parte da empresa”. Na área de trade marketing, o plano tático diz respeito ao planejamento mercadológico direcio- nado a facilitar a distribuição dos produtos da empresa no mercado, além dos planejamentos de produção e financeiro, que precisam atender às demandas do mercado. Quanto ao plano 11 operacional, este trabalha a operação do desdobramento do plano tático. No trade marketing, o plano operacional detalha o plano de distribuição de cada membro do canal de distribuição, a elaboração do plano de estoques para verificar a capacidade de atendimento de curto prazo às demandas do mercado, a execução do plano de compras dos insumos necessários para atender ao mercado, entre outros. 2.1.2 Tipos de informações para o planejamento do trade marketing Muitas informações são coletadas para elaboração do planejamento do trade marketing. A próxi- ma tarefa, após a coleta de informações, é separá-las em informações da empresa e informações de mercado. No primeiro caso, as informações são geradas dentro da organização ou pelas áreas de marketing e vendas que irão colaborar com o desenvolvimento das ações de trade marketing. De acordo com Javier (2008, p. 119-121), as informações que a empresa precisa gerar para apoiar o trade marketing são divididas em dois grupos que você estudará a seguir. a) Informações sobre o marketing O âmbito de informações para apoio ao trade marketing, oriundas da área de marketing, con- centra-se em (JAVIER, 2008): • Estratégia geral de posicionamento – Conhecimento das estratégias da empresa para que o trade marketing possa buscar a visibilidade diante do consumidor final. É essencial que as estratégias gerais da organização possam direcionar as ações do trade marketing no mercado. • Estratégia de produtos – Conhecimento do posicionamento por linha de produtos. Cada linha de produtos é mais adequada, quando pensamos em demanda de varejistas e de clientes, para que o trade marketing possa planejar a distribuição correta desses produtos. • Estratégias de comunicação – Conhecer a linha de comunicação da empresa para entender o que deve ou não ser dito. Esse é um desafio principalmente para grandes empresas, que não podem falar uma coisa e fazer outra. Se isso ocorrer, a credibilidade da organização nos canais de distribuição estará comprometida. • Ações de lançamento de novos produtos – Conhecimento dos projetos de lançamentos de novos produtos. O planejamento do trade marketing deve levar em consideração os projetos futuros da empresa para inseri-los no planejamento de integração desse produto com as prateleiras dos varejistas. • Programação anual de comunicação – Conhecimento das ações de comunicação programadas anualmente. A área de trade marketing conseguirá integrar suas ações com o planejamento da comunicação da empresa programada para um ano inteiro, a partir do momento que as conheça. b) Informações sobre vendas O âmbito de informações para apoio ao trade marketing, oriundas da área de vendas, concen- tra-se em: • Políticas comerciais gerais – Conhecimento das políticas de atendimento ao cliente, para que o trade marketing possa planejar melhor o relacionamento com cada cliente. • Estrutura da equipe de vendas – Conhecimento da formação da equipe de vendas, para que, no planejamento do trade marketing, ela possa ser utilizada de maneira mais adequada no cumprimento das vendas da empresa. 12 Laureate- International Universities Trade marketing, B2B e relacionamento • Modelo de classificação e atendimento a clientes – Conhecimento do formato e das variáveis relevantes de classificação de clientes. É importante para as ações de trade marketing identificar e classificar o grau de importância de cada cliente no desenvolvimento de suas ações. • Política de cobertura de mercado – Entender a abrangência de mercado da empresa. Até onde as ações do trade marketing podem chegar, pensando regionalmente. • Metas por produtos e clientes – Conhecimento das metas estabelecidas, para que o trade marketing possa dar apoio ao cumprimento dessas metas, buscando, na maior parte das vezes, superá-las. Quanto às informações de mercado, estas são geradas pelo mercado (concorrentes, canais de distribuição, clientes e peculiaridades das regiões) e irão colaborar com o desenvolvimento das ações de trade marketing. De acordo com Javier (2008), há informações das quais o trade marketing deve manter um acompanhamento mais aprofundado para elaboração coerente de seu planejamento e ações. Veja a seguir. • Ações dos concorrentes principais – O trade marketing precisa saber o que os principais concorrentes da empresa estão fazendono mercado para que essas ações possam ser neutralizadas e seus impactos possam ser anulados com a adoção de estratégias de defesa da organização. • Características de canais e clientes – Conhecer as principais características dos canais de distribuição e dos clientes finais é uma das necessidades para o planejamento das ações de trade marketing. • Características de competitividade de microrregiões – Muitos mercados, como o mercado brasileiro, são muito extensos, o que dificulta o atendimento por igual em todas as regiões do país. Conforme você pode ver na Figura 5, o território brasileiro é muito grande e possui características regionais. Para o planejamento eficaz de trade marketing, é de suma importância que a empresa conheça as caraterísticas competitivas de cada microrregião em que atua, buscando neutralizar as ações dos concorrentes com investimentos naquela região. Figura 5 – Competitividade nas microrregiões brasileiras. Fonte: Shutterstock, 2015. 13 2.1.3 Etapas para elaboração do plano de trade marketing Javier (2008) aponta que, para elaborar o plano de trade marketing, a empresa tem dois cami- nhos. O primeiro é realizar um plano com foco no cliente, o segundo, um plano com foco no produto. Em outras palavras, a organização deve pensar no seu plano de trade marketing de acordo com a necessidade específica do momento. Você pode estar se perguntando: é possível montarmos os dois tipos de planos: com foco no cliente e com foco no produto? A resposta é simples: sim. Principalmente as grandes empresas trabalham com os dois tipos de planos. Mas o ideal é que, para obter melhores resultados, a organização escolha um dos planos e o coloque em prática. O primeiro passo é identificar as etapas que compõem cada plano. Veremos, a se- guir, quais as etapas para cada tipo de plano de trade marketing. a) Etapas para elaboração do plano de trade marketing por cliente (JAVIER, 2008, p. 125-126): • Selecionar os clientes que terão planos individuais; • Priorizar os segmentos de produtos e marcas a desenvolver; • Selecionar as células comerciais (cliente x produto) que terão prioridade no atendimento; • Estabelecer metas de produtos, marcas e clientes; • Estabelecer planos de ação integrados com marketing e vendas para um período determinado; • Discutir os planos e as ações com o cliente e fazer os ajustes necessários; • Fixar orçamentos e alocação de verbas; • Configurar sistemas de controle e acompanhamento dos resultados e dos gastos. b) Etapas para elaboração do plano de trade marketing por produto (JAVIER, 2008, p. 128): • Selecionar os produtos-chave que terão tratamento diferenciado; • Estabelecer objetivos para as linhas ou produtos selecionados; • Selecionar os canais e clientes preferenciais; • Selecionar as células comerciais (produto x cliente); • Estabelecer metas para as células de tal forma que sua somatória represente o objetivo total estabelecido; • Estabelecer planos de ação integrados com marketing e vendas para um período determinado; • Validar os planos com os clientes e fazer os ajustes necessários; • Fixar orçamento e alocação de verbas; • Estabelecer sistemas de controle e acompanhamento dos resultados. Após a definição das etapas do plano de trade marketing, é necessário que a empresa defina quais as principais atividades a serem planejadas. De acordo com Cônsoli e D’Andrea (2011, p. 161), “[...] as atividades também podem ser divididas em dois grupos: atividades sob à ótica do fabricante e, atividades sob a ótica do varejo”. Isso significa que cada integrante do canal de distribuição tem suas atividades planejadas individualmente, mas que interagem com as ativida- des dos canais envolvidos. As atividades no plano de trade marketing estão divididas sob a ótica do fabricante e sob a ótica do varejo. Confira na sequência. a) Fabricante (CÔNSOLI; D’ANDREA, 2011) – No caso do fabricante, o seu grupo de atividades está ligado diretamente ao mix marketing, que já vimos. Compete ao fabricante desencadear uma série de ações que possam facilitar a distribuição de seus produtos no mercado. Essas atividades estão distribuídas em: • Gestão de produtos e trade marketing – Todas as atividades estão direcionadas para garantir que os produtos corretos cheguem aos canais corretos, ou seja, a relação produto x cliente é a principal atividade nesse caso. 14 Laureate- International Universities Trade marketing, B2B e relacionamento • Gestão de comunicação integrada em trade marketing – As principais atividades são voltadas para garantir que a comunicação da empresa e do produto esteja integrada com todos os integrantes do trade marketing. Exemplos de atividades: campanhas institucionais, campanhas cooperadas com o varejo, entre outras. • Gestão de preços em trade marketing – A atividade com maior foco do fabricante nesse quesito é buscar identificar os preços praticados do final da cadeia de distribuição até o fabricante, ou seja, a empresa precisa identificar quanto o cliente está disposto a pagar; a partir daí, por quanto o varejo precisa comprar o produto para vendê-lo ao preço que o cliente final quer pagar e ter lucro; por fim, o fabricante definirá seu preço para garantir que o cliente final pague o que deseja, o varejo obtenha seu lucro e, claro, o fabricante não tenha perda financeira. • Gestão da força de vendas – A atividade que deve prevalecer na gestão da força de vendas deve ser a distribuição correta dessa força para que consiga atender o maior número possível de clientes com qualidade e lucratividade, além de preparar e treinar os vendedores para transferirem aos demais canais as mesmas informações de vendas. • Gestão dos canais de distribuição – Compete ao fabricante a atividade de gerenciar os seus canais de distribuição de modo que possam interagir e entregar no menor tempo possível seus produtos aos clientes finais. b) Varejo (CÔNSOLI; D’ANDREA, 2011) – Já no caso do varejo, suas atividades estão ligadas ao giro rápido dos produtos nas prateleiras e a rentabilidade que eles trazem. Compete ao varejo promover ações que possam incentivar o cliente final a adquirir os produtos em um curto prazo de tempo associado a uma boa rentabilidade. Veja, a seguir, como essas atividades estão distribuídas. • Rentabilidade e benefícios para o consumidor final – Os ganhos adquiridos com a comercialização de produtos e oferta de benefícios ao consumidor final. • Sortimento de produtos – A oferta de produtos se dará de acordo com as necessidades regionais dos consumidores. • Visibilidade: layout de loja – O varejo deve se preocupar em tornar o produto visível aos olhos do consumidor para que possa chamar a atenção e garantir o giro de estoque. • Precificação: competitividade e rentabilidade – Os preços determinados pelo varejo precisam ser competitivos comparados aos concorrentes e garantir a rentabilidade para o varejo. • Promoção: diferenciação sobre a concorrência – Compete ao varejo desenvolver ações promocionais que diferenciem suas estratégias dos concorrentes, garantindo que o consumidor final escolha sempre pelo varejo que lhe oferecer melhores condições. Levantadas todas as informações necessárias para elaboração do plano de trade marketing, o próximo passo é implantar, colocar em prática, esse plano. O grande problema de muitas em- presas é que ficam apenas na tarefa da elaboração do plano, acreditando que somente isso fará com que a organização funcione. Esse é o maior equívoco que a direção de uma empresa pode cometer. Tudo que foi planejado precisa ser implantado, mensurado e avaliado, como veremos a seguir. 15 2.2 Implementação, mensuração e avaliação dos resultados de trade marketing Pelo que vimos até aqui, você acredita que somente desenvolver um bom plano de trade marke- ting é o suficiente para garantiros seus resultados? Será que apenas solicitar que os canais de distribuição da empresa adotem as práticas estabelecidas no plano possibilitará que as ativida- des planejadas realmente sejam desenvolvidas? Para essas questões, a resposta mais indicada é não. Nenhum plano funciona somente no papel: é necessária sua implementação e acompa- nhamento para verificar se o que foi planejado está sendo cumprido. Além disso, um bom gestor de trade marketing precisa avaliar os resultados alcançados pela execução do plano, até para verificar se tudo está acontecendo como planejado. Você verá na sequência a importância da implementação, mensuração e avaliação dos resultados de trade marketing. Para aprofundar o assunto de implementação, sugerimos a leitura do capítulo 8 do livro A implantação e os instrumentos de gestão do trade marketing, de Francisco Javier (2008). NÃO DEIXE DE LER... 2.2.1 Implementação do plano de trade marketing Após a definição do plano de trade marketing, a próxima tarefa do gestor é colocar esse plano em vigência, isto é, implantá-lo. Essa tarefa exige do gestor muita disciplina, pois a tendência natural das pessoas é querer executar o que foi planejado de acordo com suas habilidades indi- viduais, deixando de lado, muitas vezes, o que foi planejado. A primeira providência é entender o que está escrito no plano. A interpretação do plano é vital para que possa ser colocado em prática de maneira a atender os objetivos traçados nele. O gestor deve ter claro em sua mente o que significa a implantação do trade marketing. Em complemento a isso, segue que: A implantação do conceito de Trade Marketing na organização deve refletir a necessidade da empresa de competir em um ambiente de negócios dominado pelos varejistas e com alta concorrência de produtos e marcas. A complexidade das negociações de vendas com os clientes e das interações entre marketing e vendas dificultam o domínio completo do processo de negociação com clientes e consumidores finais. Assim, a alternativa mais adequada passa a ser o controle sobre a integração de todas as atividades. Essa mudança de mentalidade de marketing e vendas é que permitirá a implantação do conceito de Trade Marketing. (JAVIER, 2008, p. 117). A posição adotada pelo gestor é de executor das atividades planejadas no plano de trade marke- ting. A implantação é uma das tarefas mais importantes para execução do planejamento de uma empresa. De acordo com Kich e Pereira (2011, p. 35) “quanto a implantação e controle do processo de Planejamento Estratégico, nessa fase, a organização passa a colher os resultados do seu Plano, ela o acompanha e avalia”. O que podemos concluir é que os resultados dependem muito mais da implantação e controle do planejamento do que da sua redação. A implantação de um plano de trade marketing deve feita de modo que a empresa possa con- quistar vantagem competitiva no processo de distribuição de seus produtos e serviços ao merca- do. Kich e Pereira (2011, p. 76) validam que “a implantação da estratégia deve ser vista como construção de uma vantagem competitiva, de forma consciente e ordenada, através do gerencia- mento dos vários componentes organizacionais, tanto de dentro, quando de fora da empresa”. 16 Laureate- International Universities Trade marketing, B2B e relacionamento Significa dizer que, se a organização não conseguir se destacar de sua concorrência com ações planejadas, o plano de trade marketing pode não trazer os ganhos esperados por ela. Outro fator que irá impactar diretamente nos resultados positivos da implantação do plano de trade marketing serão as alterações necessárias que a empresa terá que fazer para garantir que o planejamento será seguido à risca. Entre essas alterações, Oliveira (2012, p. 219) aponta que “a implantação de uma estratégia corresponde a, por exemplo, um novo produto ou serviço, cliente ou tecnologia, bem como exige alterações internas na empresa, tais como na estrutura organizacional, no sistema de informações e na estrutura dos recursos”. No caso do trade marke- ting, as estratégias podem estar ligadas a novas maneiras que uma organização pode adotar para distribuir seus produtos, então, ela deve se atentar às alterações vinculadas à atividade de distribuição de produtos e serviços para entender quais alterações internas serão necessárias. No entanto, só implantar um plano de trade marketing não é suficiente para garantir seus resulta- dos finais. A simples ação de colocar em prática o que foi planejado, sem um acompanhamento contínuo, pode levar ao fracasso tudo que foi planejado. Portanto, as tarefas seguintes que um gestor precisa realizar, muitas concomitantemente com a implantação, estão ligadas ao controle do que está sendo feito, a mensuração, ou seja, a medição dos resultados para saber se o que foi planejado está acontecendo de fato, e a avaliação dos resultados adquiridos após a realização do que foi planejado. Em síntese, controlar, mensurar e avaliar os resultados do plano de trade marketing é tão ou mais importante do que o planejamento em si ou sua implantação. 2.2.2 Mensuração e avaliação dos resultados de trade marketing Como vimos, as primeiras tarefas de um gestor é planejar e implantar o plano de trade marke- ting. Em complemento, é necessário que se faça a medição dos resultados que estão sendo obtidos com a execução do plano. De acordo com Javier (2008), algumas medidas podem ser eficazes para que uma empresa possa quantificar os resultados de suas ações a partir dos obje- tivos estabelecidos. • Índice de lembrança da marca ou do produto – Representação estatística de quantos consumidores se lembraram da marca ou do produto da empresa. • Quantidade de consumidores acessados e seu impacto – Quantidade de consumidores que foram atingidos com as ações da empresa e qual o retorno que eles deram. • Quantidades vendidas no período da ação (para produtos novos) e nos períodos seguintes – Quantidade de unidades de produtos novos que foram comercializadas e o histórico de vendas nos períodos seguintes. • Custo por cliente acessado e por índice de lembrança – Quanto custou cada cliente atingido pela ação ou pela lembrança da marca ou produto. 17 Figura 6 – Avaliação dos resultados de trade marketing. Fonte: Shutterstock, 2015. Conforme a Figura 6, a quantificação, ou seja, o uso de números e percentuais auxilia a empresa na análise desses dados para que possa tomar as decisões de trade marketing. Para que possa- mos ter uma quantificação mais apurada, mais realista na área de trade marketing, Cônsoli e D’Andrea (2011, p. 231) mencionam que [...] a classificação e análise das métricas de marketing estão inseridas no escopo de um sistema de mensuração que quantifica uma dinâmica a partir da aplicação de recursos nas variáveis de trade marketing para realização de ações direcionadas ao mercado-alvo das empresas fabricantes. Por mercado-alvo, Dias (2005, p. 3) entende que “[...] é aquele para o qual a empresa irá di- recionar seus investimentos e focar sua estratégia de marketing”; no caso das ações de trade marketing, o mercado-alvo são os membros do canal de distribuição da empresa. Toda quan- tificação passa pelos canais de distribuição envolvidos no plano de trade marketing, em que o fabricante precisa acompanhar de perto os resultados conquistados cruzando com os recursos utilizados para essa conquista. O que se pode perceber é que há certa complexidade na men- suração de resultados, portanto, a organização deve desenvolver metodologias que permitam acompanhá-los. Vicente Falconi é consultor em gestão e escritor brasileiro. Desenvolveu algumas meto- dologias para mensuração de resultados e estabelecimento de metas. Publicou vários livros sobre o tema que já venderam mais de um milhão de exemplares. As metodolo- gias desenvolvidas por ele são focadas em resultados esimples de serem aplicadas. VOCÊ O CONHECE? 18 Laureate- International Universities Trade marketing, B2B e relacionamento Como metodologias para mensuração dos resultados de trade marketing, Javier (2008) aponta as metodologias que utilizam métricas qualitativas e as métricas de custos. Enquanto a métrica qualitativa está mais direcionada para medir índices que remetam a dados mais qualificados em relação ao comportamento do consumidor final, as métricas de custos buscam explicar a relação do retorno em função dos investimentos feitos a partir do planejamento. Vejamos as diferenças entre essas metodologias: a) Métrica Qualitativa, relacionadas à forma como o consumidor identifica e avalia o produto, ao seu grau de conhecimento, de aceitação e de frequência de compra. Exemplos de ações: demonstrações de produtos, degustações, distribuição de amostras. (JAVIER, 2008, p. 137). b) Métricas de Custos, os custos das ações de Trade Marketing podem ter alta variabilidade em razão dos agentes envolvidos e dos recursos necessários para a ação estabelecida. Exemplos de métricas de custos: Custo médio por perfil de ação, grau de dispersão entre custos por perfil de ação, gastos por clientes ou produtos em relação à evolução dos negócios. (JAVIER, 2008, p. 138) Na visão de Cônsoli e D’Andrea (2011, p. 231), “apesar de já reconhecida a importância das métricas de marketing e de trade marketing, há dois desafios principais que impactam a apli- cação dessas métricas”. O que os autores querem dizer é que a utilização das métricas para mensurar os resultados do plano de trade marketing envolvem algumas situações que precisam de uma análise mais aprofundada, para que não inviabilize a realização da quantificação dos resultados. Esses desafios são: • “Primeiro desafio = conseguir organizar as informações e selecionar metodologias adequadas ao cálculo das métricas de desempenho, de maneira a orientar os investimentos em trade marketing” (CÔNSOLI; D’ANDREA, 2011). • “Segundo desafio = envolve a aceitação, por parte dos gestores da área de trade marketing, em terem mensurados os desempenhos das atividades que realizam”. (CÔNSOLI; D’ANDREA, 2011). Com relação à avaliação das estratégias adotadas no plano de trade marketing, Oliveira (2012, p. 223) aponta que “a avaliação da estratégia corresponde à fase na qual o executivo verifica se a estratégia, tal como foi implementada, está proporcionando o alcance dos objetivos, desafios e metas da empresa aos quais ela estava correlacionada”. A avaliação de cada estratégia deve ser realizada com foco nos resultados que eram esperados comparando-os com o que foi planejado, conforme Figura 7. Resultados da estratégia Nível de alcance dos objetivos, desa�os e metas Meios Fins COMPARA Figura 7 – Avaliação da estratégia. Fonte: Oliveira, 2012. Quanto aos níveis de controle e avaliação das estratégias, Kich e Pereira (2011, p. 97) mencio- nam que “os níveis de controle e avaliação são consequência dos níveis de planejamento de uma empresa; o executivo pode efetuar o controle em relação ao desempenho de cada uma das áreas funcionais e em aplicações bem mais específicas dentro de cada uma das áreas funcionais”. Em nosso caso, o controle e avaliação deve estar focado nas estratégias de trade marketing. Na vi- são de Cônsoli e D’Andrea, em síntese, o que podemos aprender sobre a mensuração, controle e avaliação do plano de trade marketing: 19 Dentre os pontos de aprendizado, destacam-se: (i) a relevância de haver, nas organizações, um sistema de análise de desempenho em trade marketing; (ii) apresentar quais são os desafios e como as organizações podem contorná-los para que haja esse sistema de avaliação de maneira confiável, consistente e aplicada para promover a melhoria contínua dos planos de trade marketing; (iii) tornar tangível a aplicação desse sistema de avaliação, por meio da análise detalhada de cada etapa e métrica. (CÔNSOLI; D’ANDREA, 2011, p. 260). Por que muitas empresas não fazem a avaliação dos resultados de seus planos? O pro- blema muitas vezes é cultural. Muitas empresas, que não estão acostumadas a seguir planejamento, acabam focando seus esforços na elaboração dos planos e deixam-nos de lado quando estão na fase de execução, acreditando em instintos e intuições. Mui- tos gestores acreditam que podem confiar apenas em suas experiências profissionais, porém, na maioria dos casos, só a experiência não é suficiente. NÓS QUEREMOS SABER! Uma empresa de perfumes está se preparando para elaborar o seu planejamento estratégico de trade marketing. A empresa nunca tinha se preocupado em fazer um plano para essa área. Na primeira reunião, ficou decidido que o plano de trade marketing iria abranger todos os canais de distribuição da organização. Também foram estabelecidas as estratégias que definiam os produtos e em quais microrregiões eles seriam disponibilizados, com o objetivo de atender às necessidades dos consumidores finais. Após a elaboração do plano, a empresa partiu para sua implantação, buscando seguir à risca tudo que havia sido planejado e, principalmente, intera- gindo com os demais integrantes do canal de distribuição para garantir a correta execução do plano. Durante a implantação, a empresa já se preocupou em mensurar os resultados de suas ações, realizando pequenas correções quando necessário. Dessa maneira, conseguiu acompa- nhar e avaliar os resultados. Ao final do processo de implantação, percebeu que melhorou seu desempenho em todas as etapas do canal de distribuição. Para chegar a essa conclusão, con- forme o Quadro 1, a organização utilizou algumas métricas qualitativas, em que pôde avaliar os resultados por meio de demonstrações e distribuição de amostras de seus produtos e métricas de custos, avaliando gastos por clientes ou produtos em relação à evolução dos negócios. MÉTRICAS DESEJADAS ALCANÇADAS Qualitativas • Demonstração de produtos • Distribuição de amostras Maior conhecimento dos produtos da empresa pelo consumidor final Custos • Gasto médio por cliente • Gasto médio por produtos Aumento do gasto em 15% por cliente Aumento do gasto em 20% por produto Quadro 1 – Métricas desejadas e alcançadas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2015. O que podemos concluir é que, desde o planejamento do trade marketing, elaboração do plano, implantação, mensuração, controle e avaliação dos resultados, o papel do gestor é fundamental para que todas essas atividades aconteçam de forma sincronizada e que busque os melhores resulta- dos para a organização. Sem dúvida alguma, essa não é uma tarefa fácil, e muitas empresas se per- dem em sua execução, justamente por não conseguirem se diferenciar em suas ações de mercado. 20 Laureate- International Universities Síntese • O desenvolvimento do plano estratégico de trade marketing passa pela análise das diretrizes estipuladas pelo planejamento estratégico da empresa. A elaboração do plano deve levar em consideração alguns fatores, entre eles, a empresa precisa conhecer o mercado e suas necessidades. Outro fator importante é a captação, análise e utilização de informações, que são essenciais para o desenvolvimento de qualquer plano. • Os principais tipos de informações que um planejamento de trade marketing precisa estão vinculados às áreas de: marketing – estratégias de posicionamento, produtos, comunicação, ações de lançamento de novos produtos, vendas –, políticas comerciais, estrutura da equipe de vendas, modelo de classificação e atendimento a clientes, políticas de cobertura de mercado e metas por produtos e clientes. • A implementação de um plano de trade marketing deve ser feita de modo que a empresa possa conquistar vantagem competitiva no processo de distribuição de seus produtos e serviços. Essa implantação deve se atentar às alterações vinculadas à atividadede distribuição para que a organização possa entender quais alterações internas serão necessárias. • Para que uma empresa possa mensurar e avaliar os resultados do plano de marketing, ela precisa desenvolver métricas qualitativas e métricas de custos. Para tanto, contudo, ela precisa organizar as informações e selecionar a metodologia mais adequada, além de garantir que os gestores da área de trade marketing aceitem que o desempenho e o resultado de suas atividades possam ser mensurados. Síntese 21 Referências CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento estratégico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. CÔNSOLI, M. A.; D’ANDREA, R. Trade marketing: estratégias de distribuição e execução de vendas. São Paulo: Atlas, 2011. DIAS, S. R. Gestão de marketing. São Paulo: Saraiva, 2005. FERNANDES, M. P.; KICH, J. I. F. Planejamento estratégico: os pressupostos básicos para uma implantação eficaz. v. 2. São Paulo: Atlas, 2011. JAVIER, Francisco Alvarez. A implantação e os instrumentos de gestão do trade marketing. São Paulo: Ed. Saraiva, 2008. OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SODERBERGH, S. Onze homens e um segredo. Direção de Steven Soderbergh. Produção de Jerry Weintraub Productions e Section Eight Productions. Distribuição de Warner Bros. Estados Unidos, 2001. Bibliográficas 22 Laureate- International Universities Trade marketing, B2B e relacionamento
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