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49 8ºAula Equivalência de capitais Dois ou mais capitais, com valores em datas diferentes, são chamados de EQUIVALENTES quando, levados para uma mesma data focal, nas mesmas condições, apresentam o mesmo VALOR naquela data. Boa aula! Matemática Financeira I 50 Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • calcular o valor de um capital na data zero; • comparar dois valores em diferentes datas; • entender alguns conceitos e aplicação do regime equivalência. 1 - Equivalência de capitais 2 - Exercícios de aplicação Seções de estudo Conceito Numa operação fi nanceira é frequente a necessidade de se antecipar ou prorrogar um título. Muitas vezes, precisamos efetuar a troca de um título por outro ou por vários. Assim, para que possamos fazer essa troca, é necessária uma comparação dos valores desses títulos a datas diferentes, considerando-se uma dada taxa de juros. Vejamos: • Data Focal: é a data que se considera como base de comparação dos valores referidos a datas diferentes. • Equação de Valor: é a equação que torna possível igualar capitais diferentes, referidos a datas diferentes, para uma mesma data focal, fixada uma certa taxa de juros. • Capitais equivalentes: dois ou mais capitais, com datas de vencimento determinadas, são equivalentes quando, levados para uma mesma data focal à mesma taxa de juros, tiverem valores iguais nesta data. Para um melhor entendimento vamos supor o seguinte: Você foi sorteado com um prêmio em dinheiro no valor de R$ 1000,00, e este se encontra aplicado em uma financeira, cuja taxa de juros simples é de 5% a.m. A financeira lhe oferece três opções para resgate do dinheiro: 1ª) vocês retiram R$ 1000,00 hoje; 2ª) vocês deixam o dinheiro aplicado e retira R$ 1.176.47 dentro de 3 meses; 3ª) você deixa o dinheiro aplicado e retira R$ 1.333,33 em 5 meses. Dentre as opções qual é a mais vantajosa para vocês? Veja que os valores são diferentes estão em datas diferentes: Para a resposta correta, basta encontrar uma maneira ou uma data para comparar os capitais R$ 1000,00, R$ 1.176.47, e R$ 1.333,33, que se encontram em datas diferentes. Para isso, vamos determinar o valor dos três capitais numa mesma data, ou seja, vamos atualizar os seus valores. Escolheremos a data de hoje. O que chamamos de data zero, conhecida como DATA FOCAL. O capital da primeira opção (R$ 1.000,00) já se encontra na data de hoje; portanto, já se encontra atualizado. Calculemos, pois, os valores atuais A1 e A2 dos capitais futuros R$ 1.176,47 e R$ 1.333,33 na data de hoje (data zero). Teremos então: Este cálculo pode ser feito usando desconto comercial simples ou desconto racional simples. Vamos, escolher a fórmula do valor atual comercial simples: A = N(1 – in) A = 1.176,47 . (1 − 0,05 . 3) = 1.000,00 A = 1.333,33 . (1 − 0,05 . 5) = 1.000,00 Vejam que os três capitais têm valores atuais idênticos na data focal considerada (data zero). Podemos, portanto, dizer que eles são EQUIVALENTES: tanto faz receber R$ 1000,00 hoje, ou R$ 1.176,47 daqui a 3 meses ou R$ 1.333,33 daqui a 5 meses, se a taxa de juros for de 5% ao mês e o desconto comercial simples. Vejamos o que acontece se utilizarmos o critério do desconto racional, em vez do desconto racional, para calcular os valores atuais dos capitais R$ 140,00 e R$ 190,00: A = N /(1 + in) A= 1.176,47 /( 1 + 0.05.3) = 1.022,60 A = 1.333,33/ (1 + 0,05 . 5) = 1.066,70 Mudando-se a modalidade de desconto, portanto, os três capitais deixam de ser equivalentes. E se mudarmos a data de comparação, ou data focal, para o mês 3, por exemplo, continuando a utilizar o desconto comercial simples? 51 Teremos o seguinte: O capital R$ 1.176.47, resgatável na data 3, não será alterado. O capital R$ 1.333.33, resgatável na data 5, será antecipado de 2 meses, ficando com o seguinte valor atual comercial simples: A = 1.333,33.(1 – 0.05 . 2) = 1.200.00 Ao capital R$ 1000,00 (resgatável na data zero), serão acumulados três meses de juros, conforme segue: N = C (1 + in) = 1000 (1 + 0,05 . 3) = 1.150,00 Portanto, no mês três, temos que os capitais nominais R$ 1.176.47; R$ 1.333,33 e R$ 1000,00 estarão valendo, respectivamente, R$ 1.176,47; R$ 1.200 e R$ 1.150. Na data focal 3, portanto, eles não serão mais equivalentes. Percebam que no regime de capitalização simples, a equivalência ocorre em apenas uma única data, para uma determinada taxa e modalidade de desconto. Mudando a DATA FOCAL, capitais que antes eram equivalentes podem deixar sê-lo. No regime de capitalização COMPOSTA, isto não acontece: na capitalização composta, para a mesma taxa, capitais equivalentes para uma determinada data o são para qualquer outra data. Conclui-se que: No regime de juros simples, a equivalência entre dois ou mais capitais somente se verifica para uma determinada taxa, para uma determinada data focal e para uma determinada modalidade de desconto. Vamos, então, definir equivalência de dois capitais da seguinte forma: Dois capitais C1 e C2, localizados nas datas n1 e n2,(distintas) medidas a partir da mesma origem, são ditos equivalentes com relação à uma data focal F, quando os seus respectivos valores atuais, A1 e A2, calculados para uma determinada taxa de juros e modalidade de desconto nessa data focal F, forem iguais. As equivalências de capitais são bastante utilizadas na renegociação de dívidas, quando há necessidade de substituir um conjunto de títulos por um outro conjunto, equivalente ao original (isto porque o conceito de equivalência é aplicado não só para dois capitais, mas também para grupos de capitais). Quando um cliente faz um empréstimo em um banco e se compromete e quitá-lo segundo um determinado plano de pagamento. Porém, devido a erros em suas reservas, percebe que não terá dinheiro suficiente para pagar as parcelas do financiamento nas datas pré-determinadas. Então, propõe ao banco outro esquema de pagamento, alterando as datas de pagamento e os respectivos valores nominais de forma dentro de um novo plano, de tal forma que o novo esquema seja EQUIVALENTE ao plano original. Ou seja, haja alteração nos planos e datas porem não nos valores. Vejam alguns exemplos de exercícios resolvidos na seção seguinte: 2 - Exercícios resolvidos 1) Quero substituir um titulo de $ 5.000,00, vencível em 3 meses, por outro com vencimento para 5 meses. Sabendo que esses títulos podem ser descontados à taxa de 3,5% ao mês. Qual o valor nominal comercial do novo titula? • Resolução: Bom, queremos trocar o nosso titulo com vencimento para 3 meses por outro com vencimento para 5 meses. Teremos que fazer dois cálculos. 1- calcular o valor atual do titulo 2- calcular o valor nominal em cima desse novo valor atual N = 5.000,00 n = 3 meses i = 3,5% (0,035 taxa unitária ) A= ? Pela fórmula de valor atual comercial temos A= 5000( 1− 0,035 . 3), então: A = 5000.0,895 A= 4.475,00 Agora, calculamos o valor nominal do título a ser trocado: A = N(1 − in) segue que 4.475,00 = N(1 − 0,035 . 5) temos 4.475,00 = N (0,825) N = 5.424,24 N = 4.475 0,825 Matemática Financeira I 52 Observem que nos dois cálculos usamos os mesmos valores atuais, isto se deve ao fato de que para dois capitais sejam equivalentes eles devem ter o mesmo valor atual. No caso de descontos simples, utilizaremos a data focal zero para comparação dos títulos. 2) Uma pessoa deseja trocar dois títulos, um de valor nominal de $ 3.000,00 e o outro de $ 3.600,00, vencíveis respectivamente, dentro de 2 e 6 meses, por um único titulo vencível em 4 meses. Sabendo- se que a taxa de juros é de 3% ao mês, determinar o valor do novo título.• Resolução: A ideia é basicamente a mesma do exercício anterior → Titulo 1 N = 3.000,00 n = 2 meses i = 3% (0,03 taxa unitária ) A= ? A = 3.000,00( 1− 0,03 . 2) assim A = 3.000,00( 0,94) então A = 2.820,00 → Titulo 2 N = 3.600,00 n = 6 meses i = 3% (0,03 taxa unitária ) A= ? A = 3.600,00(1 – 0,03.6) → A = 3.600,00( 0,82) → A = 2.952,00 Agora, como queremos trocar dois títulos por um, juntamos os valores atuais e então calculamos o valor nominal do novo título. N =? A = 2.820 + 2.952 → A = 5.772,00 n = 4 meses i = 3% (0,03 taxa unitária) Aplicando a fórmula e teremos: 5.772,00 = N(1 – 0,03 . 4) 5.772,00 = N (0,88) N = 6.599,09 N = 5.772 0,88 3) No refinamento de uma dívida, dois títulos, um para 6 meses e outro 12 meses, de R$ 2.000,00 e de R$ 3.000,00, respectivamente, foram substituídos por dois outros, sendo o primeiro de R$ 1.000,00, para 9 meses, e o segundo para 18 meses. A taxa de desconto comercial simples é de 18% a.a. O valor do título de 18 meses, em R$, é igual a: • Resolução: Inicialmente, vamos construir um diagrama de fluxo de caixa utilizando os dados do problema: A taxa de juros é anual. Entretanto, como os prazos de pagamento estão expressos em meses, vamos transformá-la em mensal: i = 18% a.a. = 1,5% a.m. = 0,015 a.m. A modalidade de desconto é o comercial simples, mas, o problema não mencionou qual a data focal a ser considerada. Em casos como este, presumimos que a data focal seja a data zero. Vamos, então, calcular o total da dívida na data zero para cada um dos planos de pagamento, e igualar os resultados, pois os dois esquemas devem ser equivalentes para que se possa substituir um pelo outro. Além disso, para transportarmos os capitais para a data zero, utilizaremos a fórmula do valor atual do desconto comercial simples: A = N (1 – in). Obteremos a seguinte equação: 2000.(1 – 0,015 . 6) + 3.000 (1 – 0,015 . 12) = 1.000 (1 – 0,015 . 9) + x (1 – 0,015 . 18) Note que: • no primeiro membro da igualdade temos o total da dívida conforme o plano ORIGINAL de pagamento proposto, atualizado para a data zero. • no segundo membro da igualdade temos total da dívida conforme o plano ALTERNATIVO atualizado para a data zero. Calculando o conteúdo dos parênteses, temos: 2.000 (0,91) + 3.000 (0,82) = 1.000 (0,865) + x(0,73) 1.820 + 2.460 = 865 + 0,73x 0,73x = 1.820 + 2.460 – 865 x = 3.415/0,73 = 4.678,08 53 Observem que a data focal era anterior à data de vencimento de todos os capitais. Assim, calculamos o valor descontado (valor atual) de cada um deles, para trazê-los à data focal. Efetuamos um desconto (comercial, no caso) ou uma descapitalização (desincorporação dos juros), porque estávamos transportando os valores para uma data passada. Mas, se a data focal tivesse sido outra, por exemplo, a data 9 (vide esquema), e não a data zero, o capital de R$ 2.000,00, que vencia na data 6, teria que sofrer uma capitalização (incorporação de juros) para ser transportado para a data 9 (data futura em relação à data 6). A atualização do valor desse capital para a data 9, então, far-se-ia com a utilização da fórmula do montante M = C (1 + in), e não com a fórmula do valor descontado (valor atual). Conclusão: • para transportarmos um capital para uma data posterior à original, devemos CAPITLIZÁ-LO; • para transportarmos um capital para uma data anterior à original, devemos DESCAPITALIZÁ- LO. (<http//matematicafinanceira.net>) Retomando a aula Chegamos, assim, ao fi nal da oitava aula. Espera-se que agora tenha fi cado mais claro o entendimento de vocês sobre o conceito de equivalência de capitais. Vamos, então, recordar: 1 - Equivalência de capitais O dinheiro tem valor diferente no tempo. Numa operação financeira é frequente a necessidade de se antecipar ou prorrogar um título. Muitas vezes, precisamos efetuar a troca de um título por outro ou por vários. Para que possamos fazer essa troca, é necessária uma comparação dos valores desses títulos a datas diferentes, considerando-se uma dada taxa de juros. Quando transferimos valores diferentes com datas diferentes para uma mesma data, estamos determinando a equivalência entre os valores. 2 - Exercícios de aplicação Resoluções de alguns exercícios importantes relacionados com a prática do dia a dia. OBS: Não esqueçam! Em caso de dúvidas, acessem as ferramentas “Fórum” ou “Quadro de Avisos”. Matemática Financeira com HP 12C e Excel. Uma Abordagem descomplicada. Cristiano Marchi Gimenes . PERSON- prentice hall. ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998. <www.matematicadidatica.com.br> <www.matematicapratica.com.br> Vale a pena Vale a pena ler Vale a pena acessar
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