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V e t e r i n a r i a n D o c s www.veterinariandocs.com.br 1 www.veterinariandocs.com.br Micoses Profundas Coccidioidomicose Definição É uma infecção fúngica sistêmica causada pelo Coccidioides immitis, que acomete os animais e o homem. É um fungo telúrico, encontrado em regiões áridas e semi-áridas. Etiologia Coccidioides immitis. Transmissão A infecção ocorre pela inalação dos artroconídios do fungo suspensos no ar e pode-se ter casos de infecção por inoculação através da pele. Epidemiologia Acomete principalmente caninos entre um e quatro anos e raramente felinos. Patogenia Após a inalação dos artroconídios, a infecção pode ficar limitada a uma área focal do pulmão (coccidioidomicose pulmonar primária). O sistema imunológico pode terminar a infecção neste ponto, com sinais clínicos brandos ou ausentes. Caso o sistema imune não consiga limitar a infecção o fungo pode se disseminar (coccidioidomicose disseminada). A inoculação cutânea direta de artroconídios (coccidioidomicose cutânea primária) é rara e a infecção permanece localizada nas proximidades do local de inoculação. 2 www.veterinariandocs.com.br Sinais Clínicos Coccidioidomicose pulmonar: verifica-se tosse produtiva, linfadenomegalia traqueobrônquica, febre flutuante não responsiva à antibióticos, depressão, fraqueza, anorexia e perda de peso. Coccidioidomicose disseminada: geralmente afeta os ossos. A maior parte das lesões ocorre em regiões metafisiárias de ossos longos, vértebras e ossos chatos. Verifica-se osteomielite, tumefação de tecidos moles subjacentes, dor, claudicação, febre, linfadenomegalia regional e trajetos drenantes superficiais. Coccidioidomicose cutânea: verifica-se nódulos superficiais e trajetos drenantes crônicos. Figura 1. Demonstração do fungo Coccidioides immitis. A: Fase parasitária do fungo, representada por célula esférica repleta de endósporos (exame microscópico de secreção traqueobrônquica em preparação com hidróxido de potássio 10%) B: Forma parasitária do fungo, caracterizada por esférula repleta de endósporos (biopsia pulmonar transtorácica com coloração de impregnação argêntea pela técnica de Grocott). Fonte: J. bras. pneumol. vol.35 no.9 São Paulo Sept. 2009. Diagnóstico -Anamnese e história clínica; -Sinais Clínicos; -Exames complementares: -Achados hematológicos e bioquímicos: verifica-se anemia arregenerativa leve, leucocitose neutrofílica com ou sem desvio à esquerda. Há também hipoalbuminemia e hiperglobulinemia. 3 www.veterinariandocs.com.br -Radiografia: as alterações torácicas podem ser localizadas ou generalizadas e apresentam um padrão amorfo, linear ou miliar-nodular. A linfadenomegalia hilar é um aspecto proeminentes. Em ossos verifica-se aspecto destrutivo e não há padrão patognomônico. -Citologia: citologia esfoliativa de lavados traqueobrônquicos ou aspirados de pulmão, linfonodos e outros tecidos afetados. As esférulas surgem como corpos de parede dupla, em lâminas com solução salina normal ou hidróxido de potássio 10% como na figura 1. -Sorologia: pode ser útil. Anticorpos IgM contra C. immitis estão geralmente presentes dentro de duas a quatro semanas após a infecção e os níveis decrescem com o passar do tempo. -Cultura fúngica: exprime bom crescimento em ágar-sangue ou em meios de cultura de rotina para fungos à temperatura laboratorial. As colônias fúngicas geralmente surgem em três ou quatro dias. As hifas são tipicamente algodonosas e brancas. As colônias de Coccidioides crescendo em meio de teste para dermatófitos produzem alteração cromática para o vermelho em 7 dias e podem ser confundidas com dermatófitos. Tratamento Cetoconazol: administração oral na dose de 10 mg/kg BID e deve ser continuado por 2 meses após a resolução dos sinais clínicos na forma pulmonar e por 8 a 12 meses na forma disseminada. Anfotericina B: pode ser utilizada concomitantemente com o cetoconazol. Considerações em Saúde Pública Não há risco conhecido de transmissão direta de C. immitis de animais de companhia para o ser humano. Devem ser tomadas precauções na manipulação de animais com feridas cutâneas drenantes. 4 www.veterinariandocs.com.br Referências Bibliográficas WOLD A.M. TROY G.C. Moléstias Micóticas Profundas. In: ETTINGER, J.S., FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. Manole, São Paulo, 1992, pg. 367. FILHO A. D. Coccidioidomicose - Curso de Atualização Micoses. J. bras. pneumol. vol.35 no.9 São Paulo Sept. 2009. LORIGADOS C.B. et al. Aspectos Radiográficos e Ultrassonográficos da Coccidioidomicose pulmonar em Cão - Relato de Caso. Vet e Zootec. 2012; 19(1 Supl 1).
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