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Brasília-DF. IntradermoterapIa, preenchImento FacIal, toxIna BotulínIca, carBoxIterapIa, mIcroagulhamento e crIolIpólIse Elaboração Juliana TIroni Machado Tais Amadio Menegat Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 6 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 7 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 9 UNIDADE I MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA ................................................................................. 11 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO À INTRADERMOTERAPIA .................................................................................... 11 CAPÍTULO 2 MEDICAMENTOS UTILIZADOS NA INTRADERMOTERAPIA ............................................................ 18 CAPITULO 3 PROTOCOLOS E TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE INTRADERMOTERAPIA ...................................... 37 CAPÍTULO 4 CLASSIFICAÇÃO DE GORDURA LOCALIZADA .......................................................................... 55 UNIDADE II PREENCHIMENTO FACIAL ..................................................................................................................... 59 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO AO PREENCHIMENTO FACIAL ........................................................................... 59 CAPÍTULO 2 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE PREENCHEDORES .................................................................... 66 UNIDADE III TOXINA BOTULÍNICA ............................................................................................................................. 74 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO À TOXINA BOTULÍNICA ...................................................................................... 74 CAPÍTULO 2 TIPOS DE TOXINA BOTULÍNICA ................................................................................................. 78 CAPÍTULO 3 ANATOMIA ............................................................................................................................. 82 CAPÍTULO 4 RESULTADOS DE APLICAÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA .............................................................. 86 UNIDADE IV INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 ......................................................................................................... 95 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA INFUSÃO CONTROLADA DE CO2................................................ 95 CAPÍTULO 2 CARBOXITERAPIA E SUAS APLICAÇÕES ................................................................................. 103 CAPÍTULO 3 CARBOXITERAPIA NAS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS ...................................................................... 109 UNIDADE V MICROPUNTURAS .............................................................................................................................. 130 CAPÍTULO 1 INTRODUZINDO O MICROAGULHAMENTO ............................................................................ 130 CAPÍTULO 2 OS MECANISMOS DA MICROPUNTURA ................................................................................. 135 CAPÍTULO 3 APLICAÇÃO DA MICROPUNTURA .......................................................................................... 145 UNIDADE VI CRIOLIPÓLISE .................................................................................................................................... 151 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO À CRIOLIPÓLISE .............................................................................................. 151 CAPITULO 2 OS MECANISMOS DA CRIOLIPÓLISE ..................................................................................... 155 CAPÍTULO 3 INDICAÇÕES DE CRIOLIÓLISE ............................................................................................... 158 UNIDADE VII ENDERMOLOGIA – DERMOTONIA ...................................................................................................... 164 CAPÍTULO 1 ENTENDENDO A ENDERMOLOGIA ........................................................................................ 164 CAPÍTULO 2 TÉCNICAS ............................................................................................................................ 168 CAPÍTULO 3 TIPOS DE PROTOCOLO ......................................................................................................... 172 PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 175 REFERÊNCIA .................................................................................................................................. 176 6 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 7 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 8 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechosmais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 9 Introdução Esta sem dúvida é a apostila mais aguardada pelos alunos de Pós-graduação da Farmácia Estética. A partir da Resolução que habilitou os profissionais farmacêuticos a entrarem na área dos procedimentos injetáveis, esta apostila disponibilizará a vocês alunos conhecimentos sobre áreas invasivas até então só estudada por médicos e biomédicos. Veremos a seguir o poder dos injetáveis como forma de tratamento estético, serão estudados os procedimentos mais utilizados na prática clínica, como por exemplo: intradermoterapia ou mesoterapia, preenchimento facial, aplicação de toxina botulínica, carboxiterapia, micropuntura e criolipólise. Sendo que estas também serão estudas meticulosamente nesta apostila. Além disso, nesta apostila terá uma unidade extra que abordará a endermologia. A partir disso, o aluno poderá então ter conhecimento teórico e domínio sobre as técnicas exigidas pelo conselho federal de Farmácia na área de estética, poderá saber quais medicações e/ou tratamentos deverão ser usados para uma finalidade específica, seja para rejuvenescimento, gordura localizada ou celulite e o porquê disso. Objetivos » Promover o conhecimento fisiológico, farmacológico e terapêutico das técnicas de intradermoterapia, aplicação de toxina botulínica, preenchimento facial, carboxiterapia, microagulhamento, criolipólise e endermologia. » Compreender mecanismo de ação das técnicas de intradermoterapia, aplicação de toxina botulínica, preenchimento facial, carboxiterapia, microagulhamento, criolipólise e endermologia. » Compreender método de aplicação mais atual das técnicas de intradermoterapia, aplicação de toxina botulínica, preenchimento facial, carboxiterapia, microagulhamento, criolipólise e endermologia. » Ter domínio teórico sobre os procedimentos injetáveis. 11 UNIDADE I MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA CAPÍTULO 1 Introdução à intradermoterapia Linha do tempo da mesoterapia A mesoterapia também é denominada de intradermoterapia, ela é uma técnica bastante utilizada pelos habilitados, pois os resultados obtidos são extremamente relevantes e sua aplicação é relativamente simples. Porém, com o objetivo de compreender melhor os princípios que envolvem os tratamentos que utilizam a intradermoterapia, faz-se necessário ter um conhecimento prévio sobre os processos históricos que fundamentaram a técnica. » 400 a.C.: Hipócrates teria usado folha de figueira da Barbária (cacto) para tratar dores no ombro de um pastor local. No entanto, chineses já usavam essa técnica há 2.000 anos com martelos guarnecidos de pontas, denominada acupuntura (LE COZ, 2012). » 1793: Foi comprovada a ação terapêutica de substâncias injetáveis, pelo Dr. Pravaz (LE COZ, 2012). » 1832: Esse mesmo pesquisador inventa a seringa e a agulha oca (LE COZ, 2012). » 1900: Na França surge o “Ressuscitador”, aparelho que contém numerosas agulhas maciças fixadas, com ajuda de um sistema elástico essas numerosas agulhas são espetadas na pele, por unguento (LE COZ, 2012). » 1910: Na Bélgica, é visto pelo Dr. Lemaire, aplicações de procaína para tratar neuralgias, e mais tarde Leriche aplica Procaína em gânglios e tendões dolorosos (LE COZ, 2012). 12 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA » 1948 a 1950: Drs. Pistor e Lebel expandem as infiltrações locais de procaína para diversas áreas de aplicações (LE COZ, 2012). » 1952: Marco da Mesoterapia – Dr. Pistor trata um sapateiro asmático com uma injeção de 10 mL de procaína por via intravenosa, no entanto, não há melhora evidente da dispneia, enquanto que a surdez deste diminui. Desse modo, Pistor teve a ideia de injetar localmente, ou seja, próximo ao lóbulo da orelha, doses baixas de procaína que resultou em diminuição substancial da surdez (LE COZ, 2012). » 1953: A técnica de Pistor é divulgada e muitos o procuram, no entanto ele observa que a técnica não é eficaz para todos os pacientes surdos que ele trata, entretanto, ele observa melhora em outros aspectos, por exemplo: dores da articulação temporomandibular são eliminadas, eczemas do conduto auditivo desaparecem e que os zumbidos são reduzidos (LE COZ, 2012). » 1953 a 1958: Os locais de injeção se multiplicam, promovendo a descoberta de outras indicações (LE COZ, 2012). » 1958: O nome Mesoterapia é proposto na imprensa médica em um artigo publicado na revista “La Presse Medicale” em 4 de junho, por Pistor. Neste artigo, ele destacava as novas propriedades da procaína local na patologia humana. Propondo que “A ação sobre os tecidos originários do mesoderma é tão significativa que esses tratamentos mereceriam o nome global de mesoterapia” (LE COZ, 2012). É interessante ressaltar nesse momento que atualmente a técnica não abrange somente tecidos da mesoderme (vasos, tendões, tecidos conectivos etc.), mas, por exemplo: lesões dermatológicas (ectoderma), patologias digestivas (endoderma) também podem ser amenizadas pela mesoterapia (LE COZ, 2012). » 1960: Prof. Bordet pede ao Dr. Pistor que ensine Mesoterapia aos estudantes de Medicina Veterinária, isso vai até 1965, quando Bordet toma a liderança do ensinamento para os alunos (LE COZ, 2012). » 1961: Primeiro livro publicado de Pistor: La Mésothérapie (LE COZ, 2012). 13 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I » 1964: É criada por Pistor a Sociedade Francesa de Mesoterapia, nomeando o Dr. Lebel para a presidência, de primeira instância foram reunidos 16 médicos (LE COZ, 2012). » 1976: Pistor resumiu a técnica de mesoterapia com as seguintes palavras – “POUCO, POUCAS VEZES E NO LOCAL ADEQUADO” (LE COZ, 2012). Ainda nesse ano Pistor reconheceu que suas recomendações eram empíricas baseadas em sua própria experiência clínica (LE COZ, 2012). » 1978: Pistor faz uma conferência nos EUA, em Nova York (LE COZ, 2012). » 1980: Pistor cria o multipuntor (seringa com multipunturas) (LE COZ, 2012). » 1982: Falecimento do Dr. Lebel, sobre quem Pistor disse: “O homem que mais ajudou a mesoterapia em seus momentos difíceis acaba de falecer. Ele era meu mestre e meu amigo. Se a mesoterapia de hoje reúne nomes que começam a ser conhecidos, um deles, particularmente insubstituível, que está estritamente ligado ao início histórico da mesoterapia e que não poderá jamais ser esquecido, é o nome de Mario Lebel” (LE COZ, 2012). Isso porque Lebel teve três ideias e ações principais, as quais foram: › A agulha curta ser o pequeno elo entre todos. › Ter sido o primeiro presidente em 1964. › A difusão da técnica entre os veterinários. » Ainda em 1982: criaram o primeiro diploma da universidade de mesoterapia pela faculdade de Paris XIII (LE COZ, 2012). » 1991: Dr. Pistor cede seu lugar a frente da Sociedade Francesa de Mesoterapia ao Dr. Le Coz (LE COZ, 2012). » 1992 a 2002: Drs Pistor e Le Coz viajam juntos pelo mundo para difundir a mesoterapia e ensiná-la aos médicos da América do Sul, Europa e África (LE COZ, 2012). » 2001: Surgiram trabalhos indexados no MedLine sobre o uso da Intradermoterapia/Mesoterapia para as dermatoses inestéticas (LE COZ, 2012). 14 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA » 2002: Criação do diploma interuniversitário. Qualificação do ato mesoterápico pelo Caisse Nationale d´Assurance Maladie (CNAM) (LE COZ, 2012). » 2003: Falecimento do Dr. Pistor (LE COZ, 2012). » 2004: Médicos americanos encontram-se na França (Paris) para estágios do Dr. Le Coz e partem para difundir a técnica de origem francesa para o outro lado do Atlântico.A partir daí Le Coz é regularmente convidado para ir ao Canadá e EUA ensinar a técnica aos colegas (LE COZ, 2012). » 2005: Ásia administra a nova abordagem terapêutica (LE COZ, 2012). » 2007: O diploma interuniversitário de Mesoterapia já compreende cinco faculdades (LE COZ, 2012). » 2008: Até o momento o ato mesoterápico introduzido na nomenclatura do CNAM ainda não foi numerado (LE COZ, 2012). Intradermoterapia na prática farmacêutica A intradermoterapia é uma técnica minimamente invasiva que consiste em injeções intradérmicas ou subcutânea de várias misturas diluídas de extratos naturais de plantas, agentes homeopáticos, produtos farmacêuticos, vitaminas e outras substâncias bioativas que são infundidas em quantidades muito pequenas que variam de 0,1 mL a 0,2 mL através de múltiplas punturas dérmicas ao invés de poucas injeções (BROWN, 2006; TANRIKULU, 2007; KALIL, 2006). Essa técnica também é conhecida como mesoterapia, no entanto, este nome não condiz apenas com um tratamento estético em específico, e sim, descreve um método de fornecimento de drogas. Além disso, o termo mesoterapia é proveniente da mesoderme, uma das três camadas germinativas do embrião que origina tecido conjuntivo, muscular, circulatório, entre outros (ROTUNDA, KOLODNEY, 2006). É interessante ressaltar que antes da mesoterapia ser aceita como uma modalidade de tratamento estético, a intradermoterapia era utilizada no tratamento de diversas patologias, principalmente para dores e reumatismo (KALIL, 2006). Michel Pistor, médico francês, em 1952 foi o primeiro a relatar a utilização da mesoterapia com injeções de procaína próximas à orelha de pacientes com deficiência auditiva para melhorar a audição, embora essa tenha sido restaurada por um curto período. Foi relatado melhora nas articulações, zumbido e eczema na região tratada (ROTUNDA, KOLODNEY, 2006; PISTOR, 1964). 15 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Desde então, a intradermoterapia vem se tornando cada vez mais popular no ramo estético, principalmente por sua extensa finalidade, pois esta pode ser usada para tratamento de rejuvenescimento facial, flacidez, hidrolipodistrofia, ginoide, alopecia, redução de medidas e emagrecimento (DUNCAN, ROTUNDA, 2011; ROTUNDA, 2009). Mecanismo de ação da intradermoterapia Segundo Sivagnanam (2010), a derme é uma junção das funções imunológicas, circulatórias e neurológicas. Deste modo, ele propõe que a ação medicamentosa da técnica de intradermoterapia pode atuar em uma dessas funções desencadeando o processo de reparo, seja na flacidez ou estria, produzindo colágeno e elastina ou então pela vasodilatação aumentando o processo lipolítico no local, por exemplo. A pele tem uma propriedade de reservatório, principalmente no nível da camada córnea. A função de barreira é assegurada pela camada córnea, cuja eliminação aumenta consideravelmente a permeabilidade da pele (WEPIERRE, 1980a). Desse modo, os produtos injetáveis ativam os receptores dérmicos e se difundem lentamente, através da microcirculação. Não é necessária a presença física do fármaco no órgão alvo, pois o produto pode atuar através de receptores responsáveis por desencadear um influxo nervoso por liberar mediadores químicos com ações a distância. Esses receptores são numerosos, porém variam em quantidade segundo sua localização e profundidade (KAPLAN, 1992). De modo geral, na mesoterapia preconiza-se a aplicação do medicamento na região mais próxima do órgão-alvo. É possível pensarmos que o produto injetado localmente tenha um valor energético, mais do que químico, em certas condições. Além disso, as moléculas grandes e os compostos fortemente lipofílicos são reabsorvidos de forma lenta e preponderantemente por via linfática. As moléculas pequenas são absorvidas principalmente por via sanguínea (WEPIERRE, 1980b). A retenção nas estruturas cutâneas e subcutâneas permite ao medicamento permanecer concentrado sob a zona de aplicação e produzir efeitos farmacológicos locais, enquanto sua difusão periférica permanece reduzida e não acarreta ação sistemática (LE COZ, 2012). A persistência de medicamentos nas regiões profundas da pele foi comprovada após aplicação de alguns corticoides, de tiroxina, de estradiol, entre outros. Esse experimento mostrou que após a absorção, os medicamentos aplicados retornam diretamente ao coração sem passar pelo fígado (WEPIERRE J,1980c). Os efeitos secundários por via intradérmica são reduzidos com relação às vias subcutâneas e intramuscular, uma vez 16 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA que estas atingem a grande circulação de forma mais rápida quando comparada à via intradérmica (LE COZ, 2012). <http://www.vichy.pt/international/Lalaborat%C3%B3rios-Vichy/Camada- granulosa-1cmp1204.aspx>. Acesso em: 25/8/2015 <http://www.scielo.br/pdf/abd/v86n1/v86n1a13.pdf> <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000439406&fd =y>. Acesso em: 28/8/2015 A punctura promove um estímulo no sistema neuroendócrino, dando origem à liberação de uma série de neurotransmissores, tais como: a encefalina responsável pela modulação da dor, promovendo um efeito anestésico após a sua liberação; a betaendorfina responsável pela ação lipolítica e aumento da imunidade, aumentando a concentração de linfócitos T, como acontece também na prática de exercícios físicos; a substância decapeptidio, envolvida nas respostas inflamatórias, liberada quando se provoca uma irritação ao tecido, causando vasodilatação, taquifilaxia, aumento da permeabilidade venular (edema), eritema, liberação de aníon superóxido e outros mediadores como, histamina, prostaglandinas, enzimas lisossômicas e, finalmente induz a reação inflamatória irritativa, desencadeando reflexos somáticos e viscerais. A puntura promove também estimulo à produção de colágeno e elastina (recuperação tecidual) (MAYA,2007). Mrejen, em 1992, observou que injetando medicações em diferentes profundidades dérmicas, no caso entre 4 mm e 10 mm, havia diferença no tempo de excreção da medicação. Aplicando numa profundidade de 10 mm percebeu-se que o produto atingia a circulação mais rapidamente e sua eliminação ocorria antes do desejado. No entanto, quando o produto era aplicado em uma profundidade de 4 mm o tempo que o medicamento ficava disponível na camada era maior. Com isso, padronizou-se a aplicação da intradermoterapia em uma profundidade ideal de 4 mm. Nessa profundidade, após 10 minutos decorrentes da aplicação, a quantidade do fármaco no local da aplicação permanece em 50%. Em profundidades maiores que 4 mm, após 10 minutos a permanência do fármaco declina para 16% (TENNSTEDT, 1976; AMIN et al., 2006). Dessa forma, é evidente que as injeções intradérmicas se difundem por via sanguínea. Assim, concluiu-se que a difusão de um produto em intradermoterapia depende da profundidade a que é injetado. Esta diferença pode ser ilustrada com curvas de eliminação: o caminho intradérmica superficial teria uma curva de eliminação monoexponencial, enquanto que o caminho intradérmica mais profunda iria ter uma 17 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I curva biexponencial (eliminação inicial mais rápido, correspondendo a uma injeção intravenosa, seguida de eliminação mais lenta no reservatório derme) (MREJEN, 1992). Por muito tempo, a base de cada mistura foi a procaína. Atualmente, além da procaína utilizamos hoje com muita frequência lidocaína ou soro fisiológico como solvente de base. (LE COZ, 2012). Na hora da mistura das medicações na mesoterapia é importante saber que estas precisam ser preparadas em uma ordem precisa de pH para evitar flóculo.(LE COZ,2012) 18 CAPÍTULO 2 Medicamentos utilizados na intradermoterapia MedicaçõesEm 2012, saiu a Resolução no 4302 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) proibindo o uso de alguns extratos vegetais isolados ou associados com outras substâncias, são eles: 1. Chá Verde. 2. Centella Asiática. 3. Ginkgo Biloba. 4. Melilotus. 5. Castanha da Índia. 6. Dente de Leão. 7. Sinetrol. 8. Ayslim. 9. Girassol. Posteriormente, em 2013, foi publicada outra Resolução no 128 da ANVISA proibindo o princípio ativo Tiratricol. Além disso, substâncias alcoólicas e oleosas foram proscritas dos tratamentos injetáveis mesoterápicos por apresentarem risco de desenvolvimento de necrose tecidual. Não obstante, a intradermoterapia possui uma vasta variedade de medicamentos que podem ser utilizados em diferentes tratamentos. A seguir, estão listados algumas classes medicamentosas e os medicamentos que fazem parte delas. 1. Anestésicos/Paticolíticos. 2. Venotróficos (Venolinfáticos ou Vasoativos). 3. Lipolíticos. 19 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I 4. Eutróficos. 5. Outros. Anestésicos/paticolíticos Na grande maioria dos protocolos de intradermoterapia, os anestésicos, preferencialmente utilizados para minimizar a dor do procedimento, são lidocaína a 1% (para as condições agudas) ou procaína a 1% (para condições crônicas) sem epinefrina. Na França, drogas como buflomedil (vasodilatador) e pentoxifilina também são utilizadas, pois se acredita que podem aumentar a microcirculação no tecido local e facilitar a eliminação de resíduos metabólicos. (ADELSON, 2005). Em estudos com animais, a pentoxifilina tem demonstrado que possui efeito anti-hiperalgésico. Ervas como alcachofra, ginko biloba, melilotus também são utilizados para melhorar a circulação local. (VALE et al., 2004). Procaína (pH - 5,0) A procaína é uma amina secundária, pertencente ao grupo éster. É considerada um anestésico fraco de curta duração (~ 1h). Sua toxicidade é 110 x maior por via intravenosa em relação à via subcutânea. A procaína é utilizada na mesoterapia por suas propriedades simpaticolíticas, analgésicas e vasodilatadoras (CALAIS, 1987). Lidocaína (1% ou 10 mg/mL) É um anestésico local de pH neutro (6,0-7,5) mais potente que a procaína com potência de 60 a 75 minutos, apresenta um período de latência menor que a procaína sendo mais estável entre todos os anestésicos conhecidos. É uma amida. Existem várias diluições de lidocaína na mesoterapia, sendo a mais encontrada e utilizada a de 1%. Um estudo sobre as reações secundárias com 2.839 pessoas que aplicaram injeções de mistura contendo lidocaína não mostrou nenhum choque anafilático ou vagal (CAHIER, 1990). Anestésicos locais geralmente atravessam a bainha do nervo na forma não ionizada, porém interagem com os receptores situados na membrana neural na forma ionizada, estabilizando o potencial da referida membrana, bloqueando a condução nervosa. A despolarização talvez ocorra devido à interferência com o fluxo de íons Na+ e K+ através da membrana plasmática (CAHIER, 1990). A lidocaína assim como outros anestésicos locais podem ser ineficazes em áreas inflamadas, pois nestas, o pH por ser mais baixo 20 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA facilita a ionização das moléculas de lidocaína, dificultando assim sua penetração nas fibras nervosas (CAHIER,1990). Apesar da sua grande utilização na prática clínica, a lidocaína pode apresentar alguns efeitos adversos, tais como: reações locais de origem alérgica ou citotóxicas, dores, edemas, neurite e dermatite e eczematoide. Venotróficos (venolinfáticos ou vasoativos) Os vasoativos são muito usados na mesoterapia, e sua utilização parece ter efeito importante. São fármacos responsáveis pelo efeito vasodilatador, permitem uma melhor absorção e difusão dos outros fármacos (LE COZ, 2012). Segundo Mrejen (1992), haveria uma terceira circulação no corpo humano, além da sanguínea e a linfática. Existiria uma circulação que ocorreria entre o plasma e o líquido intersticial, mais especificamente na substância fundamental amorfa da derme. Assim, os medicamentos injetados ficariam no interstício dérmico e seriam absorvidos por unidades microcirculatórias, atravessariam a parede capilar e atingiriam a circulação linfática ou sanguínea, de acordo com a especificidade do produto (HERREROS et al., 2007). Buflomedil (Alfabloqueador 10mg/mL pH-6,5) Utilizado nos fenômenos de insuficiência venosa, pois é um vasodilatador arteriolar importante para o aporte de oxigênio no tecido. Estimula a drenagem de toxinas. Além disso, inibe agregação plaquetária, melhorando o fluxo sanguíneo. Este pode ser usado via intradérmica em celulite e alopecia e subcutânea para gordura localizada. Por fim, não se vê reações adversas em intradermoterapia devido à baixa dosagem utilizada (ADELSON, 2005). Minoxidil Promove ação vasodilatadora periférica. É indicado para alopecia, pois estimula a microcirculação em torno do folículo piloso auxiliando o crescimento capilar (LE COZ, 2012). 21 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Benzopirona (5mg/mL pH-7,0) Conhecida também como Cumarina, atua principalmente na redução do edema, aumentando a resistência da parede dos vasos e diminuindo o conteúdo de macromoléculas no interstício (o que faz com que o edema se perpetue). Substância marcadora (substância ativa) do Melilotus, diminui a fragilidade dos capilares, otimiza o retorno venoso e assim diminui o edema local. Favorece a migração de macrófagos para o local do edema e desta forma contribui para a fagocitose de macromoléculas impróprias do interstício que desencadeiam o edema (VALE et al., 2004). Benzopirona com rutina (pH -0,5%-2,5%) Atuam em sinergismo melhorando a circulação periférica e diminuem a fragilidade capilar, desta forma otimizam o retorno venoso e reduzem o edema. Indicado para a realização de protocolos para o eixo vascular. Apresenta ação antioxidante (MREJEN, 1992). A rutina é um flavonoide, age na cadeia do ácido araquidônico diminuindo a inflamação e a permeabilidade capilar. Sintetiza colágeno. O uso deste composto é intradérmico. Composto considerado vasculoprotetor e venotônico (MREJEN, 1992). Pentoxifilina (20mg/mL pH-7,0-8,5) As pentoxifilinas apresentam ação sobre a deformabilidade das hemácias, são considerados vasodilatadores periféricos. Além disso, elas são utilizadas em membros inferiores por serem considerados medicamentos interessantes para celulite em grau III e IV (LANCET, 2002). Além de sua ação vascular, atribui-se a ela propriedades anti-inflamatórias, fibrinolíticas e lipolíticas (GEORGE, no 132). Medicamentos lipolíticos São aqueles medicamentos que por meio de diferentes mecanismos de ação, possuem a capacidade de quebrar a gordura localizada. Estimulando a lipólise e/ou inibindo a lipogênese no nosso organismo (RIBEIRO, 2010). Sabe-se que a quebra de gordura estocada nos adipócitos é regulada pelos receptores α-2 e β-receptores, na superfície da célula adipocitária. A lipólise ocorre por hormônios, incluindo estrógeno ou estimulantes químicos, incluindo a cafeína, por exemplo. A atividade do β -receptor aumenta a lipólise. Já a atividade do receptor α-2 inibe o 22 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA β-receptor. Por isso, a ativação β-adrenérgica e a inibição α-2 adrenérgica aumentam a lipólise nos adipócitos (MATARASSO, PFEIFFER, 2005). O número de razão de α-2 e β-receptores nos adipócitos variam em diferentes áreas do corpo, por exemplo: quadril e coxa contêm mais α-2-receptores, desse modo, a gordura nessas áreas é mais resistente à lipólise, já os β–receptores são encontrados em maior quantidade no abdômen (MATARASSO, PFEIFFER, 2005). É interessantesalientar que a lipólise representa um processo pelo qual os triglicérides intracelulares são hidrolisados, ou seja, degradados em ácidos graxos livres e glicerol, os quais ficam disponíveis na circulação. No entanto, a lipólise não produz um efeito permanente, tais como: apoptose ou necrose celular. Em vez disso, a lipólise dispara uma resposta metabólica aguda que é, com toda a probabilidade, transitória (ROTUNDA, 2005). Devido a isso, deve ser orientado para a paciente tanto durante como após o tratamento estético permanecer com a reeducação alimentar e a prática de exercício físico, para assim manter por mais tempo os resultados da intradermoterapia. Não obstante, estudos já salientaram que o desoxicolato de sódio também é capaz de levar o adipócito à morte celular por apoptose e necrose (MATARASSO, PFEIFFER, 2005; JAYASINGHE et al., 2013; SCHULLER-PETROVIC et al.,2008). Os lipolíticos apresentam mecanismos importantes como: diminuição na formação de triglicérides (lipogênese); inibição na fosfodiesterase e aumento de AMPc ─ esta quando ativada inibe lipólise; bloqueio dos alfa receptores, estímulo dos beta receptores e bloqueio dos receptores neuropeptídeos (estes agem principalmente na celulite, restabelecendo a macrocirculação local e diminuindo o edema) (RAWLINGS, 2006; DUNCAN, 2007; RIBEIRO, 2010). Não é recomendado o uso de terapias que estimulem a circulação periférica logo após o procedimento nem mesmo a realização de atividades físicas. O aumento da circulação periférica induz à perda de medicamento do tecido para a corrente sanguínea, contrariando o princípio da técnica. Algumas medicações e mesclas medicamentosas, assim como formas de aplicações, podem vir a causar uma discreta reação de resposta celular no nível do panículo adiposo que reveste o plano muscular. Trata-se de um pequeno afluxo de células linfoides diversas (fibrócitos, histiócitos, macrófagos, plasmócitos) localizados na periferia das grandes células vasculares de gordura. Nota-se também uma vasodilatação dos capilares. 23 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Tipos de medicamentos lipolíticos Cafeína (250mg/mL, 5% ou 50mg/mL, pH- 7,0) A cafeína ou 1,3,7-trimetilxantina é lipossolúvel e, quando ingerida, é rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal; sua metabolização acontece no fígado, iniciando com a retirada dos grupos metila 1 e 7, reação catalisada pelo citocromo P450 1A2, levando à formação de três grupos metilxantinas. Sua ação lipolítica se deve à mobilização dos ácidos graxos livres dos tecidos ou estoques intramusculares. Atua ainda como competidor dos receptores de adenosina e como estes atuam inibindo a lipólise, tem-se um aumento nos níveis de AMPc, que ativa as lipases hormônios sensíveis, promovendo a lipólise (MELLO; KUNZLER; FARAH, 2007). Sua ingestão pode contribuir para o aumento da perda de peso e para a manutenção deste, por meio da oxidação da gordura e termogênese (DUNCAN, 2007). Seu efeito estimulante sobre o sistema nervoso central se dá pelo aumento da concentração plasmática de noradrenalina, assim estimula o processo lipolítico ao inibir a fosfodiesterase, aumentar a meia-vida do AMPc e, consequentemente, a atividade da proteína quinase A (PKA) e da lipase hormônio sensível (LSH) (CURI et al., 2003). Adicionalmente, parece aumentar os níveis de proteínas desacopladoras do tipo 3 (UCP-3) no tecido adiposo branco. As proteínas desacopladoras estão presentes nas mitocôndrias das células e têm a capacidade de desacoplar a fosforilação oxidativa por dissipar na forma de calor, o gradiente eletroquímico que foi gerado pelo processo respiratório. É através desse processo que nos mantemos aquecidos durante o inverno, a chamada termogênese. Foi demonstrado que animais transgênicos que expressavam essas proteínas além do normal apresentaram redução do tecido adiposo. Portanto, esta seria outra ação da cafeína na lipodistrofia localizada e no fibro edema geloide (RAWLINGS, 2006; MORI et al., 2009). A cafeína também é encontrada no mercado na forma combinada com a sinefrina, que é extraída da laranja amarga, recebendo o nome comercial de Amarashape®. A sinefrina tem estrutura semelhante à adrenalina, ela se liga a receptores adrenérgicos dos adipócitos e aumenta a quantidade de AMPc intracelular levando à lipólise. Considerando que a cafeína é a substância lipolítica mais conhecida, que atua inibindo a fosfodiesterase (que faz a quebra do AMPc), a junção desses dois princípios aumenta a quantidade de AMPc e, consequentemente, a atividade lipolítica (TERRA; MININ; CHORILLI, 2009). 24 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA A teofilina, outra metilxantina, tem taxa de permeação cutânea inferior à cafeína, baixa solubilidade em água e efeitos secundários marcantes, mas o ácido teofilino acético, um derivado da teofilina, é hidrossolúvel e seguro para uso tópico (RIBEIRO, 2010). Resumindo, a cafeína inibe a fosfodiesterase, aumenta o AMPc intra-adipocitário e consequentemente estimula a lipólise. Faz parte da família das xantinas. Indicada para tratamentos com gordura localizada e celulite (hidrolipodistrofias) e estimula o SNC. (MORI et al., 2009). Além disso, aumenta a termogênese e a oxidação das gorduras (maior metabolização dos ácidos graxos). Geralmente utilizada nas hidrolipodistrofias, mas favorece claramente os hematomas. É preferível, portanto, injetá-la em subcutânea com dose baixa, diluída (MORI et al., 2009). No entanto, pode ser visto este composto em aplicações intradérmicas (para gordura localizada) e intramuscular (melhora o desempenho físico, pois ativa o metabolismo) também (MORI et al., 2009). Na aplicação intramuscular pode apresentar reações como taquicardia, insônia em pacientes mais sensíveis, além disso, podem ocorrer interações em pacientes fumantes metabolizando mais rápido o composto ou em pacientes que fazem uso de anticoncepcional retardando a metabolização (RIBEIRO, 2010). Contraindicado: para pacientes que apresentam hipersensibilidade às xantinas, hipertensos e cardiopatas (RIBEIRO, 2010). Substâncias da família das xantinas como cafeína, aminofilina entre outras são estimulantes lipolíticos, ou seja, aumentam os beta-receptores dos tecidos adiposos promovendo a lipólise no local tratado (VELASCO et al., 2008; MORIMOTO et al.,2001). Pentoxifilina (pH-7,0) Como já falado no tópico dos venotróficos, esta xantina apresenta efeito benéfico na microcirculação por inibir a agregação plaquetária, melhorar a deformidade dos eritrócitos diminuindo a viscosidade do sangue e por apresentar efeito vasodilatador sobre os capilares (GUIRRO; GUIRRO, 2007). Indicada para tratamentos com gordura localizada e celulite. As reações adversas que podem apresentar são urticária e prurido no local da aplicação, mas regride ao término do tratamento (GUIRRO; GUIRRO, 2007). 25 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Aminofilina (pH-9,0) Esta última xantina apresentada também tem ação lipolítica aumentando a produção de AMPc e consequentemente quebrando os triglicérides em ácidos graxos e glicerol. Inibe a produção de prostaglandinas e liberação de histamina e leucotrienos diminuindo o processo inflamatório. Também é indicada para tratamento de celulite (GUIRRO; GUIRRO, 2007). Pode apresentar dor no local da aplicação e sensação de calor. É contraindicada para aplicação intramuscular em cardiopatas (GUIRRO; GUIRRO, 2007). Ioimbina (0,5%, 5 mg/mL, pH-5,0) Alcaloide da planta Pausinistalia yoimbina, antagonista de receptor alfa adrenérgico em adipócitos. Este antagonismo induz a lipólise intra-adipocitária. Em outras palavras, se liga a receptores alfa 2 adrenérgicosaumentando a disponibilidade de ligação da norepinefrina a receptores beta 2 adrenérgicos, consequentemente aumentando a lipólise e diminuindo a lipogênense (RASCOVSKI,2000). É indicado para tratamento com gordura localizada, nas mulheres: quadril e coxa; homens: região lateral do tronco (RASCOVSKI, 2000). Não deve exceder dose máxima de 10 mg/mL por sessão (RASCOVSKI, 2000). Não associar este composto com cafeína (xantinas) e a outras substâncias de pH alcalino - preciptação. As reações locais podem ser ardor no momento da aplicação e por ter uma ação vasodilatadora podem ocorrer hematomas. É contraindicado para pacientes com hipersensibilidade à ioimbina, hipertensão ou problemas cardíacos. Essa medicação apresenta complicações na maioria dos pacientes, muitos relatam sentir reações como calafrios e náuseas por 3 horas após a aplicação, geralmente recomenda-se ao paciente não se alimentar por 2 horas antes de aplicar este composto (RASCOVSKI, 2000). L-carnitina (30%, 300mg/mL, pH-7,0) É um aminoácido sintetizado nos tecidos, que favorece a hidrólise total da molécula de ácido graxo na mitocôndria. Aumenta o ATP nos músculos quando associado ao exercício físico (KEDE; SABATOVICH, 2009; RIBEIRO, 2010). 26 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA Responsável por transportar os ácidos graxos livres do citosol para as mitocôndrias para assim serem oxidados. Além disso, pode ser usado via intradérmica e intramuscular. As reações causadas podem ser ardor no local da aplicação (KEDE; SABATOVICH, 2009; RIBEIRO, 2010). Outros aminoácidos podem também ser utilizados, como L-ornitina associado com L-arginina atuam na mobilização de gorduras do organismo. L-taurina evita a degradação das proteínas favorecendo o uso de gorduras como fonte de energia e aumentando a insulina, o qual melhora o metabolismo da glicose. Na aplicação intramuscular é interessante associar com inositol trifosfato (KEDE; SABATOVICH, 2009; RIBEIRO, 2010). Para melhorar o desempenho recomenda-se fazer restrição de carboidratos e gorduras na dieta, fazer exercícios físicos e é interessante utilizá-la com outros lipolíticos trifosfato (KEDE; SABATOVICH, 2009). Mesoglicano (pH-7,0) Apresenta ação lipolítica estimulando a lípase e inibindo e dificultando a deposição de gordura, ideal para tratamento de celulite graus III e IV tem tendência a causar hematomas, é interessante associar com benzopirona. Além da sua ação lipolítica o mesoglicano apresenta ação fibrinolítica e anti-edema por lisar as traves fibrinogênicas e por reorganizá-las (CHORILLI et al, 2007). Desoxicolato de sódio (4,75% pH-7,0) O desoxicolato de sódio é um sal biliar solúvel em água que promove a lise celular, levando à redução do tecido adiposo subcutâneo (ROTUNDA et al., 2004), além disso, também tem sido mostrado na redução de lipomas (ROTUNDA et al., 2005). No intestino, ele é capaz de emulsificar a gordura proveniente da alimentação, sendo também um produto metabólico de bactérias intestinas (JAYASINGHE et al., 2013). Brown em 2006 discutiu o possível papel do desoxicolato de sódio no tecido adiposo. Ele sugeriu que este composto dentro do tecido subcutâneo poderia desempenhar quatro diferentes formas, a micela, vesículas e/ou monômeros e cristais. Deste modo, o desoxicolato de sódio em forma de vesículas e/ou monômeros leva à necrose celular, quando na forma de micela, poderia resultar na mobilização da saída da gordura dos adipócitos, e por fim, na forma de cristal poderia ser prejudicial às células, isso dependeria da sua concentração (BROWN, 2006). Matarasso (2009) relata que a associação de desoxicolato de sódio com vasodilatadores resulta em uma rápida absorção do desoxicolato de sódio para dentro da célula. 27 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Sua aplicação deve ser subcutânea. Se aplicado via intraderme causa necrose, 5% dos pacientes têm chances de formação de nódulos doloridos, sua duração persiste de 7-15 dias. As reações comuns da aplicação deste composto são vermelhidão, prurido, inchaço (até 5 dias), leve incômodo no local, este incômodo é persistente durante todo o tratamento (BROWN, 2006). Para tratamentos com desoxicolato de sódio, aconselhe seu paciente a fazer semanalmente drenagem linfática, sempre espaçando 48 horas da aplicação. Caso ocorra nódulo indique na hora do banho para que massageie o local ou então com uma compressa de água quente faça a massagem no local. Para que ocorra o menos possível de nódulo é essencial aplicar 0,1 mL por ponto, no entanto, não é só isso que fará ocorrer o nódulo, já que esta faz parte do mecanismo de ação do composto. Este produto deve ser usado sempre com um anestésico e venolinotrófico. Não fazer retroinjeção com desoxicolato de sódio. Figura 1. Após duas sessões de intradermoterapia com o protocolo desoxicolato de sódio, L-carnitina, buflomedil, lidocaína, cafeína, houve uma redução de 13 cm na circunferência abdominal total. Fonte: Machado JT, liberada pelo paciente da autora da apostila, 2015. Figura 2: Complicações com desoxicolato de sódio após má conduta na aplicação – Necrose tecidual. 28 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA Fonte: <http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2012/08/mulheres-feridas-ao-eliminar-gordura-em-clinica-ficam-sem- medicamento.html>acesso 14/09/15 Silício orgânico (0,5%, ou 5 mg/mL, pH6,0) Apresenta ação lipolítica pelo aumento de AMPc, consequentemente bloqueado a enzima fosfodiesterase como também apresenta ação eutrófica regenerando as fibras dérmicas. É elemento estrutural do colágeno, elastina, proteoglicanos e glicoproteínas, apresenta ação anti-fibrótica e antioxidante, opondo-se à peroxidação lipídica. É indicada para lipodistrofias, celulite, mesolifting facial, hidratante, anti-inflamatória, antienvelhecimento e estrias (KEDE; SABATOVICH, 2009). Eutróficos São responsáveis por melhorar o tecido conjuntivo, desse modo, agem estimulando as produções de fibras colágenas, reorganizam as já existentes e contribuem também para a formação da matriz extracelular deste tecido (LE COZ, 2012). Fatores de crescimento Os fatores de crescimento são proteínas reguladoras, mediadores de vias de sinalização no interior das células e entre elas. Eles são encontrados em vários tecidos em fase de cicatrização e renovação celular (ZOE, 2009). São mediadores biológicos naturais que atuam sobre os processos de reparo e regeneração. Os fatores de crescimento podem ser aplicados em cicatrização e cura de ferimentos, ação anti-anting, estímulo de crescimento capilar, inibição de crescimento de pelos, crescimento de cílios e tratamento para manchas, sendo utilizados com o intuito de remover células epidermais danificadas, estimular a produção de novas células e nutrir as existentes (BEN et al., 2006). São indicadas para estrias, flacidez e rejuvenescimento facial: 1. IGF: aumenta níveis de colágeno e elastina, estimula a mitose celular, estimula os folículos capilares a produzirem um cabelo mais denso e forte. Importante papel no crescimento capilar (BEN et al., 2006). 29 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I 2. EGF: melhora a aparência de cicatrizes e manchas, reduz e previne rugas pela ativação de novas células da epiderme (BEN et al., 2006). 3. TGFb3: estimula novas células da epiderme, reduz rugas e estrias pelo estímulo da síntese de colágeno e elastina (BEN et al., 2006). 4. b-FGF: melhora a elasticidade da pele e a circulação periférica (BEN et al., 2006). 5. VEGF: estimula o crescimento capilar, facilita a nutrição do folículo e induz a angiogênese (BEN et al., 2006). Ácido alfa-lipoico (0,05%) O ácido alfa-lipoico é sintetizado naturalmente pelo organismo, com atuação nofígado, rins e coração. Foi descoberto em 1951, por sua atividade nos processos de síntese de energia como coenzima atuando na descarboxilação oxidativa do ácido pirúvico e dos alfas cetoácidos. Mais tarde suas propriedades antioxidantes foram descobertas e então, sua utilização foi voltada para a redução de processos inflamatórios e em combate ao envelhecimento. Atualmente é utilizado para tratamentos em estrias, flacidez e rugas, é um importante antioxidante, anti-inflamatório e lipotrópico. É contraindicado para pessoas com hipersensibilidade aos componentes da formulação (PERRICONE, 2001). O ácido alfa-lipoico apresenta dupla solubilidade (em água e em gordura - lípides), dessa forma consegue penetrar facilmente em todas as partes e estruturas da célula protegendo-a contra a ação dos radicais livres. Por ser um elemento sintetizado naturalmente pelo organismo, o ácido alfa-lipoico exerce diversas funções no organismo, dentre as quais podem ser citadas: regulação do metabolismo lipídico e carbônico, ação lipotrópica, ação anti-inflamatória, atuando como: antioxidante metabólico por controle de radicais livres. E, restituição das funções mitocondriais devido à atividade antioxidante e por fazer parte do complexo de enzimas presentes nesta categoria (PERRICONE, 2001). Benefícios após aplicação: » Redução da inflamação. » Melhora do aspecto da elasticidade e tônus da pele. » Diminuição de rugas finas. » Diminuição das dimensões, coloração e profundidade das estrias. 30 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA » Prevenção do eritema causado pela exposição ao sol. » Alisamento do relevo das cicatrizes hipertróficas e normotróficas. » Suavidade das rugas profundas. Sugestão de protocolo de aplicação Aplicação ponto a ponto ou retroinjeção uma vez por semana durante seis semanas a depender da avaliação/anamnese. Ácido glicólico (1%) O ácido glicólico é um agente ceratolítico de pH 3,5 extraído da cana-de-açúcar pertencente ao grupo dos alfa-hidroxi-ácidos. É constituído por dois átomos de carbono que lhe conferem uma rápida difusão a nível intercelular por ser hidrofílico e por não necessitar de proteínas plasmáticas para exercer sua função é indicado para tratamentos como foto envelhecimento, mesolifting facial, estrias jovens e flacidez (HERNANDEZ; FRESNEL, 1999). O ácido glicólico apresenta ação ceratolítica por diminuir a coesão de corneócitos por interferência na formação de ligações iônicas, destruindo a proteína que une um corneócito a outro. Além disso, atua na síntese de glicosaminoglicano e outras substâncias da matriz intracelular da derme (HERNANDEZ; FRESNEL, 1999). Os glicosaminoglicanos promovem uma intensa hidratação devido à grande capacidade de absorção de água. Por esta razão, preenche as lacunas deixadas nas estrias, rugas, flacidez cutânea. Histologicamente, observa-se aumento na espessura do estrato granuloso na epiderme na adesão da união dermoepidérmica e do número de fibras elásticas, colágenas e seu reordenamento, reposicionando-as paralelamente (HERNANDEZ; FRESNEL, 1999). Consequentemente estimula a síntese de colágeno e elastina. Aumenta a incorporação de prolina no colágeno (HERNANDEZ; FRESNEL, 1999). Ácido mandélico (pH- 5,0) Apresenta as mesmas propriedades que o ácido glicólico, só difere no tamanho da molécula sendo esta última maior. É contraindicado para pessoas com hipersensibilidade aos componentes da formulação e aos alfa-hidroxi-ácidos (GARG et al., 2009) 31 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Glucosaminoglicanos (GAG) Gel amorfo constituído por condroitin sulfato, queratan sulfato, heparan sulfato e dermatan sulfato. Apresenta forte agregação às proteínas de ligação, é uma estrutura organizada e estimula a síntese de matriz extracelular, promove efeito esponja na derme (CHORILLI et al, 2007). É indicado para preenchimento transitório, flacidez dérmica facial e corporal, estrias jovens e antigas (CHORILLI et al., 2007). Ácido hialurônico (40mg/2mL ou 2,5% ou 60mg/mL) O ácido hialurônico é um polissacarídeo aniônico (anteriormente chamado de mucopolissacarídeo de alto peso molecular, presente naturalmente na matriz extracelular do tecido conjuntivo, liga-se a proteínas, outros polissacarídeos aniônicos atraindo moléculas de água formando uma matriz em forma de gel, dando sustentação aos tecidos, aumenta a espessura derme-epiderme mantendo sua elasticidade e auxiliando em suas trocas metabólicas. Principal glicosaminoglicano da pele. É indicado para tratamentos como flacidez facial e corporal, mesolifting facial e estria, por apresentar poder hidratante, cicatrizante e hidroscópico (CHORILLI et al, 2007; HERREROS, 2011). O ácido hialurônico devido à grande capacidade de absorção de água (cada molécula de ácido hialurônico consegue reter de 200 a 500 moléculas de água). Quando aplicado por via intradérmica também ocorre hidratação intensa, preenchendo as lacunas deixadas pela estria e a flacidez cutânea. O ácido hialurônico incorpora-se à matriz onde proporciona elasticidade, tonicidade e maciez à pele. Além disso, devido a sua ação anti-inflamatória impede a criação de cicatrizes e aderências. É contraindicado para pacientes alérgicos a polissacarídeos. Deve-se evitar aplicações próximas a áreas vascularizadas (irritação e inflamação) (CHORILLI et al, 2007; HERREROS, 2011). Ácido hialurônico com condroitin (XADN) O condroitin também é um polissacarídeo que auxilia no equilíbrio do tecido conjuntivo (HERREROS, 2011). Essa associação XADN é indicada para flacidez por melhorar a hidratação da pele, o uso intradérmico, e em estrias devido à ação anti-inflamatória do condoritin, melhora a cicatrização, uso por retroinjeção. É contraindicado para pessoas que têm alergia aos componentes da fórmula (HERREROS, 2011). 32 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA Colágeno (1%) O colágeno é uma das proteínas que formam as fibras do organismo. Constituído principalmente pelos aminoácidos glicina hidroxiprolina, hidroxilisina e prolina. O colágeno está presente em grande quantidade nos tendões, pele, ligamentos e músculos. Suas fibras formadas por um arranjo regular de moléculas de tropocolágeno são praticamente inextensíveis e têm como característica principal a resistência a tensões. É indicado para tratamentos de flacidez facial e corporal e estrias, devido seu poder hidratante e eutrófico do tecido conjuntivo (MACIEL; OLIVEIRA,2011; KEDE; SABATOVICH, 2009). Quando aplicado por via injetável exerce o eritema de preenchimento em locais no qual as fibras de colágeno e elastina estão danificadas como em estrias, sulcos e regiões que apresentam flacidez (MACIEL; OLIVEIRA, 2011; KEDE; SABATOVICH, 2009). DMAE (3%) DAMAE ou 2-Dimetil Aminoetanol é um composto que funciona como estabilizadora e antioxidante da membrana plasmática celular e eficaz anti-aging. Possui excelente ação tensora a curto e em longo prazo. Sendo precursor da acetilcolina, o neurotransmissor responsável pela contração muscular. Além disso, estimula a produção de fibroblasto na síntese de matriz extracelular (PERRICONE, 2001). Apresenta efeitos lifting antirrugas, anti-idade, diminuindo os sinais do envelhecimento. Desse modo é indicado para o tratamento de flacidez dérmica e muscular tanto facial quanto corporal (abdômen, parte interna de braços e pernas) (PERRICONE, 2001). Deve ser injetado uma vez por semana ponto a ponto, em todo o rosto, mesmo ao redor dos olhos e pálpebras superiores e inferiores e pescoço. O efeito lifting dura em torno de 3-4horas, no entanto, há efeito acumulativo com o uso (PERRICONE, 2001). A reação adversa pode ser coceira e vermelhidão. Este tratamento é contraindicado para pacientes queusam botox, por possuir efeito antagônico (PERRICONE, 2001). Elastina (1%) A elastina é uma das proteínas que formam as fibras do organismo. Sendo indicada para flacidez corporal e facial e estrias, apresenta grande poder hidratante e nutritivo (KEDE; SABATOVICH, 2009). 33 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Com o envelhecimento vários processos ocorrem na derme e epiderme que podem danificar as fibras colágenas, tais como: ação de radicais livres, associação de lipídeos aos grupamentos hidrofóbicos e aumento de conteúdo de cálcio e magnésio. Estes fatores formam as fibras mais espessas e frágeis, fato que leva à perda de sua flexibilidade com risco de consequente rompimento. Alterações bruscas de peso, que promovem o chamado “efeito sanfona” também podem romper essas fibras, provocando o aparecimento de estrias, linhas de expressão e flacidez na pele (MACIEL; OLIVEIRA, 2011; KEDE; SABATOVICH, 2009). Silício orgânico (1mg pH-7,0) O silício orgânico apresenta efeito Lipolítico, como também antioxidante e eutrófico no tecido conjuntivo. É indicado para tratamentos de flacidez facial, estrias, gordura localizada, celulite associada à flacidez e rugas ─ geralmente associado a um venotrófico (KEDE; SABATOVICH, 2009). No organismo humano constitui um elemento estrutural do tecido conjuntivo atuando como um blocatalizador, intervindo em diferentes processos enzimáticos (KEDE; SABATOVICH, 2009). O silício orgânico participa da constituição das macromoléculas que formam o tecido conjuntivo como a elastina, colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas evitando sua degeneração e favorecendo e estimulando sua regeneração induzida e regulando a proliferação dos fibroblastos (KEDE; SABATOVICH, 2009). Atua também como regulador, normalizador, estimulante e protetor dos processos metabólicos e de divisão celular atuando como agente antioxidante, opondo-se à peroxidação lipídica reorganizando os fosfolípides da membrana. Dessa forma, o silício participa do envelhecimento precoce (KEDE; SABATOVICH, 2009). O silício induz e regula a produção de fibroblastos no tecido conjuntivo, atua como antioxidante inibindo a formação de radicais livres por participar da constituição das macromoléculas que formam o tecido conjuntivo, reduz a degeneração das fibras de colágeno e elastina e estimula sua regeneração (KEDE; SABATOVICH, 2009). Não deve ser aplicado em pessoas que apresentam alergia aos componentes da fórmula e aos salicilatos e seus derivados (KEDE; SABATOVICH, 2009). DMAE está citado nos artigos científicos para uso tópico na sua forma base (líquida). 34 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA Vitamina C (20% ou 222mg/mL, pH-6,0) Trabalhos demonstram que embora a capacidade proliferativa e a síntese de colágeno sejam idade-dependentes, o ácido ascórbico é capaz de estimular a proliferação celular bem como, a síntese de colágeno pelos fibroblastos dérmicos independente da idade. A vitamina C atua também como importante co-fator para enzimas (PERRICONE, 2001). É essencial para a formação do colágeno, não é produzido pelo organismo. À medida que a pele envelhece a derme torna-se fina e seu colágeno diminui. Essas alterações aceleram-se ainda mais com a exposição a raios UVA e UVB de forma crônica (PERRICONE, 2001). Por sua ação na biossíntese do colágeno e por seu efeito redutor de radicais livres, a possibilidade de liberar doses farmacológicas de ácido L-ascórbico via percutânea apresenta-se como uma interessante e importante terapêutica (PERRICONE, 2001). Benefício: » Potente ação antioxidante. » Restaura a luminosidade da pele fotoenvelhecida. » Estimula a síntese de colágeno e elastina. Uso intradérmico, sua principal indicação é flacidez, mesolifting facial e estrias. Apresenta reações como ardor no local da aplicação momentâneo. Outros tipos de medicamentos utilizados São aqueles fármacos que não se enquadram em nenhuma das categorias citadas anteriormente ou por possuírem mecanismo de ação diferente. Mesoglicano (pH- 7,0) Além do que já é observado nos comentários do tópico lipolítico o composto mesoglicano apresenta ação fibrinolítica, seu estímulo se dá pela lípase advinda das lipoproteínas. Desse modo, inibe depósito de lípides e melhora o endotélio vascular. Seu uso é intradérmico. Tem efeito adverso por causar hematoma quando associado à benzopirona. É contraindicado a pessoas que tenham hipersensibilidade a heparinoiddes (CHORILLI et al, 2007). 35 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Hialuronidase (pH-5,5) É uma enzima proteolítica. Este produto parece poder ser degradado pela aplicação de antisséptico alcoólico. Concedeu-se a ele uma responsabilidade de “descompartimentação” na celulite. Atribui-se a esse produto propriedades de estimulação dos fibroblastos. No entanto, ele pode causar reações locais intensas imediatas ou retardadas. É capaz de mudar a permeabilidade do tecido conjuntivo, diminuir edema, seu uso pode ser intradérmico para celulite ou subcutâneo para gordura localizada (CHORILLI et al, 2007). Há necessidade de fazer teste cutâneo As reações que podem vir a causar são processos alérgicos (eritema, prurido, vermelhidão) até depois da 4a aplicação. A aplicação deve ser feita intralesional numa concentração de 200UTR por local onde foi feito o preenchimento irregular. Frasco: 3000URT em 10mL soro 200UTR = 0,7mL Ácido tranexâmico Age nos compostos que atuam na diferenciação dos melanócitos inibindo-os e assim evitando a formação de mais células produtoras de melanina. É indicado na redução da pigmentação do melasma; na remoação de hemossiderina; na remoção da hiperpigmentação da pele resultante de cicatrizes de acne; manchas senis; hormonais, medicamentosas e por exposição solar e para tratamento para olheiras (ALBUQUERQUE, 2005). Ácido kójico Despigmentante natural, não é fotossensível e não causa alergia, diminui a produção de melanina pela tirosinase (MAYUMI et al., 2007). Associando dois despigmentantes na fórmula de ação sinérgica otimiza os resultados (MAYUMI et al., 2007). 36 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA Tripeptídeo – 41 Derivado do fator de crescimento TGFβ, é um produto nanolipossomado, desse modo, apresenta facilidade na absorção. É indicado para tratamentos de gordura localizada e celulite (ROVER et al., 2001; CHORILLI et al, 2007). O tripepdeo-41 ativa o NFKb, o qual aumenta a produção de citocinas pró-inflamatórias como o TNFα. Ele aumenta o AMPc em adipócitos e bloqueia o PPAR-γ (estes são receptores importantes na adipogênese). Reduz a expressão de C/EBP (fator de transcrição essencial na adipogênese) e por último, mas não menos importante, reduz o acúmulo de triglicérides pela inibição de PPAR-γ e C/EBP (ROVER et al., 2001; CHORILLI et al, 2007). 37 CAPITULO 3 Protocolos e técnicas de aplicação de intradermoterapia Sugestões de protocolos de intradermoterapia Os protocolos são essenciais no nosso dia a dia, no entanto para que possamos desenvolvê-los da melhor forma possível precisamos ser capazes de dominar a técnica. Além disso, precisamos saber avaliar o real problema do nosso paciente. Pois, dessa forma, saberemos qual melhor protocolo deve ser utilizado para obter os melhores resultados. A seguir, são apresentados alguns exemplos de protocolos interessantes a serem usados no cotidiano, contudo, na prática acabamos desenvolvendo nossos próprios protocolos, sem contar que em muitos casos é necessário o desenvolvimento de protocolos personalizados, o que os diferenciará no mercado de trabalho. Despigmentante Aplicação intradérmica por toda a extensão da mancha a ser tratada, adicionar 0,1mLpor ponto durante 12 semanas, sendo realizada 1x/semana. » Ác. Tranexâmico 8mg. » Ác. Kójico 20mg. » Lidocaína 8mg. » Veículo qsp 2mL. Flacidez corporal ou facial ou estrias » ADN (ácido hialurônico 10% + condroitin 2,5%) 2mL. » Elastina 1% 2 mL. » Lidocaína 1% 2mL. » Silício orgânico 1mg/2mL. » DMAE 3%/2mL. 38 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA Rugas e linhas de expressão » Ácido hialurônico 40mg/4mL. » Glucosamina 20%/4mL. » Silício Orgânico 1mg/2mL. Flacidez corporal » Ácido hialurônico 10%/2mL. » DMAE 3%/2mL. » Condroitin Sulfato 200mg/2mL. Flacidez facial I » Ácido glicólico 1%/2mL. » DMAE 3%/2mL. » Ácido Hialurônico 40mg/2mL. » Lidocaína 1%/2mL. Flacidez facial II » Condroitin sulfato 10%. » Ácido hialurônico 0,06%. » Silício orgânico 0,5%. » DMAE 2,5%. » Lidocaína 1%. Rejuvenescimento facial I » DMAE 7%. » Lidocaína 2%. 39 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Rejuvenescimento facial II » IGF. » TGP2. » EGF. » Ácido Mandélico. » Ácido Kójico. » GAG. Estria vermelha » IGF. » Vit. C 20%. » Ácido hialurônico 1% + Condroitin 2,5% (XADN). » Silício Orgânico 10mg/mL. » Glicerinol. » Lidocaína 1%. Estria branca Mescla I » IGF. » Vit. C. » Polidocanol 0,5% - 0,5mL. » Silício Orgânico 10mg/mL. » Componente Isolado - Gluconato de Cobre 0,28% - 0,5mL. Mescla II » Ácido hialurônico 0,06%. 40 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA » Buflomedil 1%. » Sulf. magnesio 10%. » Silicium P 3%. » Lidocaína 1%. Flacidez corporal Mescla I » Silício Orgânico 10mg/ml. » Colágeno 2%. » IGF. » TGF. » Ácido hialurônico 1%. Mescla II » DMAE 2,5%. » Silício orgânico 0,5%. » Polidocanol 0,5%. » Lidocaína 1%. » GAG 17,2%. Celulite » Benzopirona + Rutina 1mg/2mL. » Cafeína 50 mg/2mL. » Mesoglicana. » Lidocaína 2%. 41 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Celulite grau II » Loimbina 0,5%. » Buflomedil 1%. » Crisina 100mcg. » L-carnitina 30%. » Lidocaína 10%. Celulite grau III » Desoxicolato 122mg. » Pentoxifilina 2%. » Crisina 100mcg. » Silício Orgânico 0,5%. » Lidocaína 1%. Para gordura localizada Mescla I » Desoxicolato de sódio 4,75%. » Cafeína 100mg/2mL. » Silício orgânico 10mg/mL. » Bbuflomedil 10mg/2mL. » Lidocaína 1%. Mescla II » Tripeptideo -41 1,2% 2mL. » Cafeína 10mg/2mL. » Lidocaína 1%. 42 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA » Silício orgânico 10mg/2mL. » Aminofilina 40mg/2mL. Intramuscular – emagrecimento » Aminofilina 20mg. » Furosemida 5mg. » Lidocaína 40 mg. » Cafeína 100 mg. » Inositol 100mg. » Veículo qsp 5mL. Emagrecimento grau I Mescla I » Picolinato de cromo 200mcg. » L-ornitina 150mg. » L-fenilalanina 50mg. » Inositol + Taurina 200mg. » Lidocaína 10 mg. Mescla II » Vit. B12 + Metionina + inositol + colina 2mL. » L-cornitina 600mg. » L-ornitina 150mg. » L-fenialanina 2,5%. » Lidocaína 2%. 43 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Mescla III » L-carnitina 600mg/ 2mL Emagrecimento grau II e III. » L-Fenilalanina 2,5%/ 2mL. » L-ornitina 150 mg / 2mL. » Lidocaína 1% 2mL. Técnicas manuais de aplicação As técnicas manuais de aplicação são realizadas por via parenteral, sendo as mais utilizadas na intradermoterapia ou mesoterapia a intradérmica, subcutânea e intramuscular, lembrando que a aplicação intramuscular não é considerada uma técnica mesoterápica, uma vez que Pistor relata que a técnica consiste em injeções intradérmicas ou subcutâneas de um fármaco ou de uma mistura de vários produtos denominado, melánge ou mesclas. Outras técnicas conhecidas e utilizadas na aplicação são as técnicas, ponto por ponto, descrita pela primeira vez por Pistor, a qual envolve a aplicação da mescla no volume de 0,02 a 0,05mL perpendicular a pele (4 mm de profundidade) com uma distância de 1 a 2 cm entre os pontos. Sendo injeções com pouco volume sempre perpendicular à pele em uma profundidade precisa na derme profunda, distanciando em torno de 1 a 2 cm, como relatado acima, esta técnica é usada principalmente para redução da gordura localizada (ADELSON, 2005). A técnica Nappage é uma técnica mais superficial (2 mm de profundidade), ocorre pressão constante sobre o êmbolo durante a aplicação, como se imitasse uma máquina de costura em um ângulo de 45°, com uma agulha de 4 mm. Este procedimento é um dos mais desconfortáveis ao paciente, geralmente esta técnica é utilizada no couro cabeludo e na celulite (ADELSON, 2005). Nesta técnica de Nappage, o profissional, com um movimento de vibração rápido no pulso, vai produzir múltiplos impactos invisíveis no nível da epiderme. O gesto deve ser perfeitamente dominado para evitar escoriações cutâneas durante o mesolifting assim como o sangramento. O produto depositado nessas multipucturas é absorvido rapidamente. Isso porque esta técnica permite estimular as seguintes estruturas sub-basais e basais, como (LE COZ, 2012): 1. Unidade microcirculatória: importante efeito vasoativo (alternância cruzada de vasoconstrição e vasodilatação) (LE COZ, 2012). 44 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA 2. Unidade de competência nervosa: efeito mecânico direto da ponta da agulha sobre os receptores sensitivos da camada córnea (LE COZ, 2012). 3. Unidade de competência imunitária: efeito farmacológico dos medicamentos utilizados na camada basal para a imunoestimulação (LE COZ, 2012). 4. Unidade de competência fundamental: a absorção cutânea dos produtos é rápida. Ela segue uma passagem transdérmica. A substância fundamental é supostamente visada por essa passagem (LE COZ, 2012). Esta técnica é realizada em toda a extensão da face e pescoço, principalmente. A técnica epidérmica será relatada no tópico a seguir. Figura 3. Ângulos de inserção da agulha segundo a via de administração: intramuscular (IM), subcutânea (SC) e intradérmica (ID). IM – INTRAMUSCULAR SC – SUBCUTÂNEA IV – INTRAVENOSA ID – INTRADÉRMICA FONTE:<http://dlb-network.com/photographyomn/intramuscular-injection-technique> acesso: 17/9/2015 45 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Intraepidérmica A mais superficial (1 mm de profundidade) de todas as técnicas, em que a camada basal da pele não é penetrada. As agulhas de calibres 27-31 são usadas com o bisel orientado para longe da pele e arrastado ao longo com uma leve pressão positiva aplicada ao êmbolo, feito de um padrão de grelha, a intervalos de 1 cm ao longo de toda a área afetada. Esta técnica é útil para pacientes com baixo limiar de dor e é ideal para o rejuvenescimento facial (ADELSON, 2005). Múltiplas injeções de pequenas doses de medicamentos, em locais precisos, em uma única sessão exigem muito do terapeuta. Para superar esta difícil tarefa, muitos profissionais usam um dispositivo chamado Mesogun. Os benefícios da Mesogun incluem injeções mais rápidas, entrega precisa da dose, profundidade consistente de penetração e mais conforto para o profissional e o paciente. (LEIBASCHOFF, 2006) Além das tradicionais agulhas e seringas para o tratamento, também podem ser utilizadas sofisticadas pistolas de mesoterapia. Essas pistolas possuem injetores eletrônicos de múltiplos pontos que permitem a quantificação do volume e da profundidade da aplicação. A desvantagem no uso da pistola está na dificuldade de esterilização de todoo conjunto, uma vez que somente a agulha é descartável (HERREROS et al., 2011; ROHRICH et al., 2005). Nesta técnica de injeção utiliza-se uma agulha de 13 mm de comprimento com um diâmetro de 0,29 mm (30 G) (LE COZ, 2012). A agulha é colocada superficialmente à pele, ou seja, a 15º aproximadamente com o bisel para cima. A técnica tradicional pode ser utilizada para tratamento de estrias, flacidez e rejuvenescimento facial, nestes procedimentos é necessário fazer uma pápula para administrar a medicação, também a 15º. Na estria esse tratamento deve ser aplicado dentro dela, na flacidez em toda a extensão e no rejuvenescimento em pontos chaves para a produção de colágeno e elastina da área tratada (LE COZ, 2012). Quando for aplicar a técnica de intradermoterapia para rejuvenescimento na face e pescoço, os principais pontos a considerar serão: » Oval do rosto pescoço e colo. » Músculo plastima. » Músculo orbicular oral. » Zona dos malares. 46 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA » Músculo orbicular ocular. » Músculo prócero. » Músculo corrugador do supercílio. » Zona da testa. » Profundidade das injeções 0,5 a 4,0 mm. Intradérmica Utiliza-se a mesma agulha 30 G, no entanto, aplica-se a 45º, acometendo um plano mais profundo quando comparado à via epidérmica (LE COZ, 2012). Os lugares possuem poucos pelos, pouca pigmentação e pouca vascularização, por exemplo: face (LE COZ, 2012). Geralmente é injetado em torno de 0,05 a 0,1mL por ponto. Em aplicações intradérmicas, duas técnicas são bastante usadas: a ponto por ponto e a múltiplos pontos. (ADELSON, 2005). A técnica de múltiplos pontos necessita precisamente do posicionamento do ângulo da agulha a 45º, fazendo-a penetrar de 0,5 a 2 mm de profundidade (derme superficial). É interessante salientar que somente 1/3 da dose propelida é injetada (ADELSON, 2005). A escolha da técnica de múltiplos pontos é guiada pela noção de “INTERFACE-MESO” – definida pelo Dr. Kaplan, que diz: A ação de estimuloterapia local e a ação farmacológica local ou sistemática da mistura injetada vão depender do número de receptores ativados, que é nomeado de nociceptores cutâneos, de unidades microcirculatórias ou de unidades de competências imunológicas (KAPLAN, 1992). Desse modo, a superfície de contato entre a mistura injetada e o tecido-hospedeiro é bem maior em reconstrução do que em injeções contínuas ponto por ponto. Assim, para 1 mL de líquido injetado em 10 pontos de 0,10 mL, a interface-meso será de 10 cm2, mas se para o mesmo volume, injetar em 200 pontos a reconstrução será de 0,005mL e então, a interface-meso será de 28,5 cm2 (KAPLAN, 1992). RESUMINDO: A INTERFACE-MESO – seria a superfície de contato estabelecida entre os produtos injetados e o tecido injetado. Assim, quanto mais fragmentada a substância (por múltiplos pontos, com menor quantidade de substância), maior a interface-meso e maior o número de nociceptores/receptores dérmicos ativados (KAPLAN, 1992). 47 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Já na injeção intradérmica profunda, feitas entre 1 a 3 mm de profundidade sem pápula, com dose variando de 0,1 a 0,2 mL por ponto. Figura 4. Esquematização de aplicação intradérmica na técnica de intradermoterapia (Figura A e B). Fonte:<http://enfermagemcontinuada.blogspot.com.br/2011/02/medicacao-via-intradermica.html> acesso:14/9/2015 - <http://slideplayer.com.br/slide/350077/> acesso:16/9/2015 Hipodérmica – subcutânea Absorção é lenta, através dos capilares ocorre de forma contínua e segura. As regiões de aplicação podem ser, por exemplo: braço (apresenta velocidade média de absorção da medicação), abdome e flancos (velocidade rápida), perna e subglúteo (velocidade lenta). O local da aplicação deve ser revezado quando for aplicado por período indeterminado (LE COZ, 2012). Essas injeções podem variar de 4 a 13 mm de profundidade em função das localizações, a aplicação ocorre com a agulha no ângulo de 90º dependendo da prega adipocitária, se o paciente for muito magro, deve-se fazer ângulo de 45º, no entanto, padroniza-se usar agulha 30 G para tratamentos de gordura localizada (LE COZ, 2012). Complicações que a técnica hipodérmica pode apresentar » Infecções inespecíficas. » Formação de tecido fibrótico. » Embolias por lesão de vaso ou uso de drogas oleosas ou em suspensões. » Lesão de nervos. » Úlcera ou necrose de tecidos. 48 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA Figura 5: Esquematização da aplicação subcutânea na técnica de intradermoterapia. Fonte:< http://www.acervosaude.com.br/videos_enf_24.html> acesso: 16/9/2015 Intramuscular - IM A aplicação IM é de rápida absorção. O músculo escolhido dever ser bem desenvolvido de fácil acesso, não possui grandes calibres e nem nervos. Os músculos e volumes injetados são: » DELTOIDE – de 2 a 3 mL. » GLÚTEO – de 4 a 5 mL. » MÚSCULO DA COXA (quadríceps – vasto lateral) - de 3 a 4 mL. Aplicação do músculo glúteo Dividir o glúteo em quatro quadrantes e aplicar no quadrante superior externo. Complicações que a técnica intramuscular no músculo glúteo pode apresentar As complicações que podem ocorrer na aplicação IM são: embolia, infecção e abscessos. O profissional deve tomar cuidado com o nervo ciático na aplicação na região glútea. 49 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Figura 6: Ilustrações A, B, C, D e E da aplicação intramuscular para a técnica de intradermoterapia na região glútea. Fonte: <http://instrumentalenfermero.blogspot.com.br/2012/12/dentro-del-musculo-via-intramuscular.html> acesso: 27/8/2015 - <www.youtube.com/watch?v=_KBVuy-92QI> acesso: 27/8/2015 <http://mariaspaces.bligoo.es/asociacion-espanola-de- pediatria>acesso: 27/8/2015 Aplicação do músculo deltoide 5 a 6 cm depois do final do ombro (~ 4 dedos). 50 UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA Complicações que a técnica intramuscular no músculo deltoide pode apresentar Vásculos-nervosas com paralisia muscular. Figura 7: Ilustração da aplicação intramuscular da técnica de intradermoterapia na região deltoide. Fonte: <http://pt.slideshare.net/jlassala/administrao-de-medicamentos-44264270> acesso: 27/8/2015 Aplicação no músculo da coxa Distanciar um palmo a partir do joelho até o vasto lateral. Complicações que a técnica intramuscular no músculo da coxa pode apresentar Nesta aplicação o Farmacêutico(a) Esteta deve tomar cuidado com o nervo fêmuro-cutâneo. Podendo causar abscessos, nódulos e dores. Figura 8. Ilustração da área proposta para a injeção intramuscular na região ântero-lateral da coxa, utilizando-se a metade distal do quadrilátero (área hachurada) como local de escolha para a aplicação desta injeção (IM). Fonte: Rocha et al., 2002. 51 MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I Figura 9. Ilustração da área preconizada pela literatura para realização da injeção IM na região ântero-lateral da coxa. Fonte: Rocha et al.,2002. Seringas utilizadas na intradermoterapia Lembre-se que é estéril, descartável, em plástico é utilizada uma para cada paciente em cada sessão. Todos os tipos de seringa podem ser usados com um tipo de aparelhagem específico para o seu tamanho. Seu tamanho varia, por exemplo (LE LOZ, 2012): I. Seringas com volume de 1 a 2,5 mL, geralmente usadas para intervenções na face ou sobre o couro cabeludo, pois as graduações são mais precisas e a pressão na injeção menor. II. Seringa de 5 mL geralmente para intervenções manuais de áreas médias. III. Seringa de 10 mL na maioria das vezes é utilizada para grandes áreas, para tratamento de gordura localizada, celulite, flacidez (dependendo da região),
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