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GESTÃO DO CONHECIMENTO AULA 6 Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 2 CONVERSA INICIAL Imagine que você, ao acordar para ir ao trabalho ou à faculdade, precisa se organizar para sair de casa. Você levaria na sua pasta, bolsa ou mochila uma máquina de escrever? Pensando nesse sentido, o que te faz utilizar músicas em smartphones ou aparelhos MP3 ou MP4 em vez de continuar comprando CDs? Claro que ainda existem aqueles que gostam de comprar CDs, e você talvez seja um deles. No entanto, um produto que era muito “normal” e com o qual estávamos acostumados há alguns anos, hoje está em desuso. Nos anos 2000, as lojas que vendiam CDs eram abundantes. Ocupavam ruas comerciais e vários andares de diferentes shoppings. Era uma imensidão de diferentes lojas comercializando o mesmo produto, assim como outrora já aconteceu com as máquinas de escrever. Mas o que aconteceu para deixarmos de comprar CDs e máquinas de escrever? Por que deixamos as fitas VHS de lado em prol do DVD? Esse é um caminho normal do cenário empresarial: a inovação vem e deixamos de utilizar produtos em prol de outros mais novos. E o que acontece nesse meio tempo? Como as empresas sabem qual será a nova ou a próxima tendência? Essa não é uma pergunta a qual podemos dar uma resposta fácil, mas alguns dos indícios que te ajudarão a entender um pouco melhor essa questão serão discutidos nesta aula. CONTEXTUALIZANDO O que te faz querer comprar mais de uma marca e menos da outra? Por que você prefere o refrigerante A em detrimento do B? Por que muitas vezes pagamos mais caro por itens de uma determinada marca que poderíamos encontrar a preços mais acessíveis vindos de uma outra empresa? Essas escolhas que fazemos não são inconscientes, pelo contrário. Algumas marcas têm certos atributos que outras não têm, e, como consequência, confiamos mais em uma do que na outra. É exatamente por isso também que tantas empresas que foram gigantes no passado hoje deixaram de existir. Essas organizações acreditaram ter um pedaço tão grande e tão consolidado do mercado que poderiam parar de inovar, deixar de se preocupar com o consumidor e agir da forma que bem entendessem. É para evitar que esse 3 tipo de coisa ocorra com a empresa em que você trabalha que esta aula foi pensada. Pesquise Quais os atributos de uma marca forte? Como uma marca é construída? TEMA 1 – BUSINESS INTELLIGENCE (BI) Imagine que você vai a uma loja em busca de um produto. O vendedor que te atende responde que aquele produto, no momento, está indisponível, e diz que você precisa esperar 10 dias até que chegue. Nesse meio tempo, ele – o vendedor – faria um pedido para a gerência que o encaminharia para o departamento de compras. Esse departamento, por sua vez, efetuaria o pedido para o fornecedor. Enquanto isso, você esperaria. Mas será que você esperaria mesmo? Ou procuraria pelo item desejado em outra loja, que tivesse para pronta-entrega? Possivelmente a resposta seria a segunda alternativa. Hoje, os consumidores não querem mais esperar por nada, querem produtos e serviços de qualidade em pouco tempo. Essa demanda dos consumidores exige das empresas um novo posicionamento e uma nova capacidade: a de tomar decisões rápidas, de forma eficaz e da maneira mais acertada possível. Existe uma piada na qual uma pessoa pergunta a outra: você está dirigindo de noite e vê dois faróis se aproximando rapidamente. O que é? O interlocutor responde: é um carro. O primeiro retruca: mas qual carro? Da Fiat, Fort ou Chevrolet? Será que há como saber? Como descobrir? Veja: é muito difícil entender coisas ou mesmo tomar boas decisões se não tivermos bons dados à nossa disposição. É exatamente para isso que serve o Business Intelligence ou a Inteligência de Negócios. Mas o que é isso? Veja: Business Intelligence (BI) é um termo “guarda-chuva” que inclui arquiteturas, ferramentas, bancos de dados, aplicações e metodologias. [...] Os principais objetivos do BI são permitir o acesso interativo aos dados (às vezes, em tempo real), proporcionar a manipulação desses dados e fornecer aos gerentes e analistas de negócios a capacidade de realizar a análise adequada. Ao analisarem dados, situações e desempenhos históricos e atuais, os tomadores de decisão conseguem valiosos insights que podem servir de base para decisões melhores e mais informadas. O processo do BI baseia-se na transformação de dados em informações, depois em decisões e finalmente em ações. (Turban et al., 2009) 4 Ou seja, o BI é uma ferramenta que permite às empresas e aos seus gestores uma forma mais fácil de analisar e estruturar dados em proveito da organização. É uma maneira pela qual a empresa pode entender demandas do consumidor, regulamentações governamentais, posicionamentos do concorrente, mudança nos mercados, nas sociedades ou na tecnologia, para usar essas mudanças em proveitos próprios. Existem dezenas de situações que podem pressionar as empresas a tomar novas atitudes, mudar seu curso ou mesmo estratégia. Essas pressões podem ser monitoradas pela Inteligência de Negócios. Veja o exemplo do Quadro 1: Quadro 1 – Fatores monitorados pela Inteligência de Negócios Fator Descrição Mercado Forte concorrência Expansão dos mercados globais Métodos inovadores de marketing Oportunidades de terceirização Demandas do consumidor Deseja customização Deseja diversidade de produtos e rapidez na entrega Os clientes tornaram-se menos fiéis Tecnologia Mais inovações, novos produtos e serviços Crescente taxa de obsolescência Sobrecarga de informações Sociedade Aumento das regulamentações governamentais Crescimento da responsabilidade social das empresas Fonte: Aaptado de Turban et al., 2009. Com tantas mudanças à vista, o BI serve para que as empresas consigam estar melhor posicionadas no mercado e ser capaz de tomar melhores decisões. E de onde vem essa preocupação? “O termo BI foi cunhado pelo Gartner Group em meados da década de 1990. Contudo, o conceito iniciou muito antes, com suas raízes no sistemas de geração de relatórios SIG dos anos 1970” (Turban et al., 2009). Hoje, “as organizações estão sendo forçadas a captar, compreender e explorar seus dados para dar suporte à tomada de decisões, a fim de melhorar suas operações de negócios” (Turban et al., 2009). Composto de ferramentas como data warehousing, data mining e business performance management (ferramentas de busca, coleta e análise de dados), o BI pode ser um grande auxílio para a gestão do conhecimento. 5 Enquanto a gestão do conhecimento se ocupa de disseminar e compartilhar conhecimentos dos funcionários e gestores, o BI capta informações do ambiente e do mercado de atuação das empresas, podendo – com o auxílio das tecnologias da informação – cruzar dados numa velocidade muito maior do que a dos profissionais em si. De quais outras formas o BI pode ajudar as empresas? Bem, Gerentes e executivos necessitam de soluções de BI para gerenciar melhor seus negócios. As empresas que não conseguem implementar adequadamente essas soluções se colocam em uma situação de desvantagem competitiva. Para terem sucesso no ambiente de negócios de hoje, as empresas devem: Avaliar sua disponibilidade para enfrentar os desafios impostos por essas novas realidades no mercado; Ter uma abordagem holística da funcionalidade do BI; Fazer uso das práticas recomendadas e antecipar custos ocultos. (Turban et al., 2009) Assim, com o auxílio das tecnologias da informação e comunicação, o BIpode ser uma saída para que as empresas permaneçam atentas às novas exigências e demandas do mercado e dos clientes, evitando que caiam nas armadilhas de confiar em produtos ou serviços que já foram reconhecidos, mas que, na rápida atualidade, estão deixando de ser. Texto de leitura obrigatória LAUDON, K.; LAUDON, J. Sistemas de informação gerenciais. São Paulo: Pearson, 2011. Ler capítulo 1, disponível em <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576059233/page s/_1>. TEMA 2 – DATA WAREHOUSE E DATA MINING: FERRAMENTAS DE BI Até aqui, você aprendeu como o BI pode ajudar as empresas a economizar tempo, definir melhores estratégias e tomar decisões melhores com dados mais fundamentados e atuais. Existem, dentro do BI, duas ferramentas importantes que você precisa conhecer. A primeira delas é o data mining. Veja: Data mining é uma classe de análise de informações, baseadas em bancos de dados, a qual procura padrões ocultos em uma coleção de dados que podem ser usados para prever comportamentos futuros. Ele pode, por exemplo, ajudar as empresas de varejo a encontrar clientes com interesses em comum. (Turban et al., 2009) 6 Uau, que moderno, não é mesmo? Isso significa que, se eu estiver em busca de mulheres que gostam de futebol e de maquiagem, eu posso fazer isso por meio da análise do data mining. Do contrário, eu precisaria primeiro buscar um grupo de mulheres – dentro de uma determinada faixa etária e classe social – que gostam de futebol, e entender, dentro desse grupo, se todas elas apreciam maquiagem. Graças ao data mining, pode-se fazer isso de uma mesma forma numa única vez. E tem mais: As ferramentas de data mining são usadas para substituir ou aprimorar a inteligência humana devido a sua capacidade de verificar enormes armazéns de dados. Desta forma, elas descobrem novas e significativas correlações, padrões e tendências através de tecnologias de reconhecimento de padrões e métodos estatísticos avançados. (Turban et al., 2009) Imagine só quantas oportunidades distintas o data mining não apresenta às empresas. Seja como uma ferramenta de processo decisório, de gestão de conhecimento ou de mapeamento de marketing, é um mecanismo que desvenda amplas possibilidades. E o data warehouse, o que é? É um conjunto de dados produzido para oferecer suporte à tomada de decisões; é também um repositório de dados atuais e históricos de possível interesse aos gerentes de toda organização. [...] É uma coleção de dados orientada por assunto, integrada, variável no tempo e não volátil, que proporciona suporte ao processo de tomada de decisões da gerência. (Turban et al., 2009) Quantas ferramentas interessantes, não é mesmo? Sem dúvida, se não estivéssemos tão bem servidos pelas tecnologias da informação e da comunicação, não teríamos a nosso dispor tantas possibilidades legais. Ambos – o data mining e o data warehouse – não são de fácil implantação nem baratos, mas, quando bem utilizados, podem trazer excelentes ganhos estratégicos às empresas que os utilizam: No ambiente de negócios altamente competitivo de hoje, a qualidade e pontualidade da informação de negócios para uma organização não é a escolha entre lucro ou perda: pode ser uma questão de sobrevivência ou falência. Nenhuma organização pode negar os inevitáveis benefícios do BI. Relatórios recentes de analistas do setor mostraram que, nos próximos anos, milhões de pessoas usarão ferramentas visuais de BI e análise de BI todos os dias. (Turban et al., 2009) Justamente por isso, se sua empresa não tiver nenhum sistema de análise de dados ou de Business Intelligence, talvez valha a pena que você passe a pesquisar mais e se informar sobre os custos e a viabilidade de implantação de tais ferramentas por conta própria. 7 Texto de leitura obrigatória LAUDON, K.; LAUDON, J. Sistemas de informação gerenciais. São Paulo: Pearson, 2011. Ler capítulo 2, disponível em <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576059233/page s/_1>. TEMA 3 – ADMINISTRAÇÃO DA INCERTEZA: A ORGANIZAÇÃO COMO SISTEMA DE TOMADA DE DECISÃO Em nossa primeira aula, falamos bastante do atual cenário de negócios. Existem, no mundo, incontáveis países, cada qual com seus costumes e hábitos. Existem também organizações internacionais, que servem como um fórum para a discussão de temas de interesse coletivo. Em cada um dos países existentes, centenas de empresas competem por clientes, participação de mercado e lucratividade. Hoje, na atual Era da Informação, muitas das empresas que competem no interior de um país saem de sua base de origem para competir também no exterior, num processo chamado de internacionalização de empresas. Isso tudo traz ao atual cenário de negócios uma característica bastante forte: a volatilidade. De uma hora para a outra, tudo pode mudar. Coisas e fatos ocorridos no outro lugar do mundo podem ter impacto econômico sobre a minha empresa e sobre as minhas decisões. Existem aqueles que não entendem como, por exemplo, a alta do dólar pode influenciar sua vida, sendo que a empresa que tem ou na qual trabalha não exporta. A resposta é simples: o atual grau de interdependência do mundo faz com que tudo influencie tudo o tempo todo. No caso específico do dólar, ainda que sua empresa não exporte, se você comeu pão no seu café da manhã ou no lanche da tarde, deve saber que boa parte dos pães brasileiros é feita com trigo importado da Argentina. Assim, se o dólar sobe, o preço do seu pãozinho sobe também. O mesmo vale para eletrônicos e esmaltes de unha, por exemplo, vindos, em grande parte, do exterior. Nesse cenário, como tomar boas decisões? Como garantir que toda decisão que tomamos como gestores levará nossas empresas para mais perto do sucesso? Bem, essa é uma das razões fundamentais da existência da área da gestão do processo decisório. 8 Aí se colocam algumas questões: como tomar boas decisões? O que faz com que uma decisão seja potencialmente boa ou ruim? Perceba que, tradicionalmente, decisões tomadas com pressa, baseadas em emoção ou com pouco embasamento são vistas como pouco racionais. O problema disso é que nem sempre temos tempo suficiente para estudar e analisar com calma todos os fatores que nossa decisão envolveria, sendo forçados a tomar decisões de forma rápida, muitas vezes sem conhecer todos os elementos do problema que estamos nos dispondo a resolver. E o que a gestão do conhecimento tem a ver com isso? Vamos relembrar: o que é a gestão do conhecimento? É o conjunto de estratégias implementadas para que se possa criar, adquirir, disseminar e utilizar o conhecimento, além de definir os meios de comunicação eficientes que garantem o suprimento da informação necessária no formato (eletrônico, impresso, etc.) e com prazo adequado às necessidades da instituição, facilitando assim a solução de problemas, a tomada de decisão e a geração de novas ideias. (Vieira, 2016) Dessa forma, você pode perceber como a gestão do conhecimento pode ser uma grande aliada dos gestores na hora de dar suporte para a boa tomada de decisões. Uma vez que a ideia desse campo da gestão é promover formas de criar, adquirir e disseminar conhecimentos pela organização, são exatamente esses conhecimentos que favorecem a tomada de boas decisões: O Processo Decisório está vinculado à função de Planejamento, inserido no corpo maior da Ciência da Administração. Alguns autores da Administração o consideram a essência da gestão, outros o entendem como uma etapa desta função e ainda pode ser visto como um caminho que induz as pessoas a produzir decisões, tanto em empresas privadas como em órgãospúblicos ou em relação à vida pessoal. Na evolução do seu estudo, no ambiente das organizações, duas variáveis estão sempre presentes: a Informação e a Comunicação. Ambas são extremamente importantes para facilitar a vida do gestor no contexto da tomada de decisão. (Moritz; Pereira, 2006) Ou seja, trata-se de uma das essências da gestão da atualidade: não apenas tomar decisões, mas tomar boas decisões que tenham um impacto positivo para o todo da organização. Outro ponto importante aqui é: como tomar boas decisões? De forma acertada, podemos dizer que toda decisão envolve algum tipo de risco. Entendendo um risco como uma possibilidade de que algo dê errado, devo decidir levando em consideração a melhor opção. Só conseguirei fazer isso a partir do momento em que tenha bons elementos à mão 9 para a decisão. Esses bons elementos são os conhecimentos da organização, os dados e as informações diversas. Até aqui, você já deve ter percebido como o Business Intelligence pode ser de grande ajuda, não é mesmo? Mas há muito mais do que podemos falar. Será que toda informação é uma boa informação? Será que todo dado é valioso? É exatamente esse crivo que a gestão do conhecimento deve propor: Os estudiosos em gestão afirmam que as decisões baseadas em informação são apenas tão boas quanto a informação nas quais estão baseadas. Computadores conseguem produzir uma quantidade tremenda de informação, mas o impacto dessa tecnologia não está na quantidade e sim na qualidade da informação produzida. Observa-se que o comportamento da empresa é diretamente afetado, em termos de eficácia e eficiência, pela qualidade das decisões, as quais, por sua vez, são influenciadas pela qualidade das informações geradas, agindo como um processo integrado e sistêmico. (Moritz; Pereira, 2006) É justamente aqui que entra o processo de gestão do conhecimento: ao classificar, ajustar e adaptar as informações, pode ser fornecido ao gestor um mecanismo de suporte à sua tomada de decisões, para que decida tomando como base o maior conhecimento possível sobre algo. Texto de leitura obrigatória BARRETO, C.; CRUZ, E.; FONTANILLAS, C. O processo decisório nas organizações. Curitiba: InterSaberes, 2014. Ler capítulo 1, disponível em <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582129890/page s/-2>. TEMA 4 – PROCESSO DECISÓRIO E GESTÃO DO CONHECIMENTO Você já aprendeu como o processo decisório é influenciado pelas práticas de gestão do conhecimento e como a gestão do conhecimento permite decisões mais bem fundamentadas. E o que mais podemos dizer e aprender sobre essas duas áreas? Veja: “O papel do executivo na organização é tomar decisões sobre as atividades diárias que levem ao sucesso num futuro incerto. Essa sempre foi uma tarefa intimamente ligada à informação. Poderíamos dizer que o slogan do moderno administrador seria: ‘Se pelo menos tivéssemos mais dados’.” (Mcgee; Prusak, 1994 apud Moritz; Pereira, 2006) Isso significa que nem sempre temos informações suficientes ou suficientemente boas. Lembre-se de que a qualidade da decisão é proporcional à qualidade da informação sobre a qual ela foi tomada. Isso significa que a 10 tomada de decisão da “administração se tornou dependente da informação, e o computador e suas tecnologias – que fazem com que as aquisições de informações se tornem rotineiras – têm aumentado muito a quantidade e a sofisticação das mesmas [sic].” (Moritz; Pereira, 2006) Além disso, existem três tipos distintos de decisão com as quais gestores devem estar familiarizados. Esses três tipos distintos coincidem com os níveis organizacionais: estratégico, tático e operacional: As decisões estratégicas são aquelas que determinam os objetivos da organização como um todo, seus propósitos e direção, sendo uma função exclusiva da alta administração. [...] Em relação às decisões táticas (ou administrativas), elas são tomadas em um nível abaixo das decisões estratégicas. Normalmente são tomadas pela gerência intermediária, como gerentes de divisão ou de departamentos. [...] Decisões operacionais, que são tomadas no nível mais baixo da estrutura organizacional, no campo da supervisão ou operacional de uma empresa, e se referem ao curso de operações diárias. Essas decisões determinam a maneira como as operações devem ser conduzidas – operações desenhadas a partir de decisões táticas tomadas pela gerência intermediária – e referem-se à maneira mais eficiente e eficaz de realizar as metas estabelecidas no nível médio. (Moritz; Pereira, 2006) Da mesma forma que as decisões são tomadas em todos os níveis organizacionais, o conhecimento deve ser compartilhado para que cada nível possa tomar suas decisões tendo um mesmo objetivo em mente: o sucesso da organização. Por mais óbvia que essa afirmação possa parecer, existem muitos que confundem os objetivos da empresa com seus objetivos pessoais. São aqueles que acreditam que a empresa é um prolongamento de sua vida, e que existe para realizar seus desejos íntimos. Essa situação é bastante vista nas empresas familiares ou naquelas em que os gestores adotam posturas mais paternais em relação aos seus funcionários. É por isso que se diz que boas empresas ou empresas bem administradas são aquelas nas quais seus funcionários e colaboradores trabalham como um time, e não como um bando desordenado. Não importa quem faça o gol, importa a vitória. É justamente por isso que dar a todos os colaboradores acesso aos objetivos e às informações sobre a empresa é tão importante, assim todos sabem onde se quer chegar. Aqui reside a importância do compartilhamento do conhecimento. Outro ponto bastante importante é que existem estilos diferentes de tomada de decisão que justificam a difusão de conhecimentos e informações dentro da empresa: 11 Indivíduo avesso a problemas (AP) – procura preservar o status quo e age para evitar mudanças. Esse gestor trabalha para manter as condições atuais [sic] já que, mesmo não sendo o resultado ideal de um processo de decisão gerencial, são mais práticas para ele. Indivíduo solucionador de problemas (SP) – é o de estilo mais comum. A maioria dos gestores espera ser confrontada com problemas e solucioná-los no curso normal de suas atividades. Indivíduo previsor de problemas (PP) – como o próprio nome sugere, busca ativamente antecipar os problemas e tenta lidar com eles antes que se transformem em uma dificuldade maior para a empresa. Esse gestor está entusiasmado e envolvido com o planejamento futuro e a criação de alternativas. (Moritz; Pereira, 2006) E como saber quem é o que? Só na prática. Só o dia a dia dirá. Como você pode perceber, a decisão é fruto de um processo racional. Há mais um ponto importante: cada pessoa é um repositório diferente de experiências e conhecimentos. Essa diferença pode alterar o estilo da tomada da decisão: Um outro fator de influência no processo decisório é a cultura do(s) decisor(es), considerada um dos maiores fatores na atualidade. Para pessoas e povos de culturas diferentes, um mesmo problema pode ser compreendido, analisado e considerado de formas diferentes. Mesmo que se considerem pessoas de uma mesma organização, portanto, supostos participantes da mesma cultura que caracteriza uma nação, há diferenças culturais que levarão a formas de conhecimento distintas e, por conseguinte, a diferentes conclusões sobre um único problema. (Moritz; Pereira, 2006) Aqui há outro fator importante: cada uma das diferentes visões dos colaboradores sobre um mesmo problema ou situação pode enriquecer a visão do todo sobre o assunto. Diferentes perspectivas tendem a gerar debate e fazer surgir boas ideias a respeito decomo solucionar uma trama. Esses debates, quando ordenados, são enriquecedores para o conhecimento das empresas. Cada funcionário de cada área distinta tende a sugerir possíveis respostas de acordo com sua área de conhecimento: TI, marketing, RH, comercial, financeiro... Cada uma dessas perspectivas pode fazer com que os funcionários que não são daquele setor tenham uma visão mais aprimorada sobre os impactos de decisões e situações em áreas da empresa diferentes da sua. Por fim, existem ao menos dois tipos distintos de decisão que impactam os gestores e suas empresas: As decisões programadas caracterizam os problemas que são bem compreendidos, altamente estruturados, rotineiros e repetitivos e que se prestam aos procedimentos e regras sistemáticos. [...] As decisões não programadas destinam-se àqueles problemas que não são bem compreendidos, carecem de estruturação, tendem a ser singulares e não se prestam aos procedimentos sistêmicos ou rotineiros. (Moritz; Pereira, 2006) 12 E qual desses tipos de decisão tende a ser mais problemático? Justamente as decisões não programadas. É para lidar com elas que a gestão do conhecimento pode ser uma ferramenta útil. Texto de leitura obrigatória BARRETO, C.; CRUZ, E.; FONTANILLAS, C. O processo decisório nas organizações. Curitiba: InterSaberes, 2014. Ler capítulo 2, disponível em <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582129890/page s/-2>. TEMA 5 – MARCA: O ASPECTO INTANGÍVEL DO CONHECIMENTO Você compraria um produto de uma marca na qual não confia? Faria negócios com aquele seu conhecido trambiqueiro que vende, mas não entrega? Possivelmente não. E o que será que faz com que confiemos mais numa empresa e menos na outra? Sem dúvida, um dos elementos fundamentais que nos auxiliam a entender essa questão é a reputação da marca e a marca em si. Mas, afinal, o que é uma marca? “Uma marca é um conjunto de associações vinculadas a um nome, sinal ou símbolo, relacionadas a um produto ou serviço. [...] Uma marca é bem parecida com a reputação” (Calkins, 2006). Como você pode perceber pela definição, uma marca é mais do que o nome ao qual está atrelada, é tudo o que está relacionado a essa marca, seja isso bom ou ruim. Outro ponto importante é que as marcas “têm a habilidade notável em [sic] impactar o modo como as pessoas veem os produtos. Raramente, os consumidores veem apenas um produto ou serviço; veem o produto associado à marca. Como resultado, percebem que o produto está moldado pela marca” (Calkins, 2006). É justamente por isso que muitas vezes, se a marca não tem uma boa reputação, evitaremos comprar um dado produto, ainda que seja bom. Um ponto importante associado às marcas e à sua gestão é o seu posicionamento. O posicionamento de uma marca “refere-se ao significado específico pretendido para uma marca na mente dos consumidores” (Calkins, 2006), algo como: “pelo que ou como eu quero ser reconhecido”. O posicionamento de uma marca começa pelo entendimento de quem é seu consumidor-alvo, seu público-alvo. Certamente produtos de luxo, por 13 exemplo, serão destinados a determinados consumidores dentro da classe social “A”. Mas não basta entender fatores relativos à classe social e à renda. De qual gênero? Algumas marcas oferecem produtos para homens e outras, para mulheres. De qual faixa etária? Consumidores de faixas etárias diferentes tendem a ter diferentes gostos, costumes e hábitos de consumo. Você certamente pode atingir um público mais jovem anunciando no Facebook ou no Instagram. No entanto, qual a chance de você atingir em larga escala a terceira idade por meio dessas redes sociais? Nessa perspectiva, rádios que focam em noticiário não tendem a ser preferidas do público adolescente. Sabendo quem é o meu consumidor eu consigo, mediante estratégias de marketing e de branding, entender o que esse consumidor espera de meu produto ou de meu serviço. Muitas vezes o consumidor não adquire apenas o produto, ele adquire a marca e seus atributos e benefícios. Será que todo cliente das famosas canetas Mont Blanc quer apenas um dispositivo que escreva? Ou será que está em busca de outras coisas também? E quem pode auxiliar as empresas a gerenciar bem suas marcas? Além dos óbvios departamentos de marketing, a gestão do conhecimento. A captura de informações do mercado e o tratamento e a transferência dessas informações dentro da empresa permitem que se responda de forma rápida às demandas de um dado mercado. A gestão do conhecimento como mecanismo de apoio ao branding e à gestão da marca permitem entender o que o consumidor espera de um determinado produto ou serviço. Será que meu consumidor quer performance, desempenho de um notebook ou smartphone? Se isso for esperado, precisaremos de um canal específico de comunicação com essas pessoas. Por outro lado, se o consumidor espera economia, comprando um produto mais em conta, o canal de comunicação e a maneira de atingir esse público será diferente. De forma genérica, consumidores que esperam desempenho de computadores são pessoas que trabalham intensamente com recursos informáticos, como publicitários que editam campanhas, fotógrafos que alteram vídeos e imagens e até os gamers. Por outro lado, pessoas que não utilizam tantos aplicativos e programas ao mesmo tempo podem buscar outras características num mesmo produto, e necessitarão de canais específicos de comunicação. 14 Todas essas questões são escolhas que as empresas fazem. E qual a melhor forma de fazer uma boa escolha? Entendendo o mercado, o consumidor e suas expectativas. Só assim conseguiremos ser necessários àqueles que nos sustentam. Texto de leitura obrigatória KELLER, K.; MACHADO, M. Gestão Estratégica de Marcas. São Paulo: Pearson, 2013. Ler capítulo 1, disponível em <http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788581439532/page s/-14>. TROCANDO IDEIAS Como o Business Intelligence pode auxiliar profissionais como você a gerenciar melhor a marca da empresa em que trabalham? NA PRÁTICA Os dados em BI vêm auxiliando empresas em tomadas de decisões inteligentes e bem embasadas em informações. Elas são coletadas, quantificadas e qualificadas – gerando conteúdo eficaz para avaliação de resultados e planejamento de ações. O Business Intelligence atua como ferramenta muito útil e potente em vários momentos, como na diminuição de trabalho manual – caro e demorado. Outro ponto importante no qual o BI influencia diretamente é na identificação de tendências de mercado e consumo. Essa leitura salva uma organização de prejuízo ou perda de fatia de público e gera visão de novas oportunidades. Nas ferramentas de BI, como o Pentaho, por exemplo, a análise de dados é bem conceituada, em tempo real, com histórico e integrada a toda a amplitude do negócio. A geração, o gerenciamento e o compartilhamento são facilitados, o que não ocorre com a prática de manter relatórios – já obsoleta. [...] A última edição do maior evento esportivo do mundo trouxe o assunto Business Intelligence à tona em nível mundial. E mostrou que a solução pode auxiliar em alcance de objetivos nos mais diversos ramos de desempenho e busca de resultados. O software desenvolvido na Alemanha analisava dados extraídos numericamente, como velocidade de corrida e número de passes. Também escaneava comportamentos individuais de atletas e do time como um todo. Os relatórios foram passados aos jogadores e à comissão técnica. Com a utilização deles, o grupo preparou-se para executar jogadas mais rapidamente, envolver as outras equipes e reter a bola. O resultado? O mundotodo viu e o Brasil sentiu na pele. Fonte: Guimarães, 2016. 15 Pelo que você leu no caso acima, como o Business Intelligence pode ser usado para criar vantagens competitivas para as empresas? Se até mesmo um time de futebol consegue utilizar o BI, as empresas podem beber largamente nessa fonte. Trata-se de entender melhor os mercados, os concorrentes, os consumidores e suas preferências e tudo mais que possa influenciar o cenário no qual uma dada empresa atua. O BI pode servir também para alavancar as forças e oportunidades das empresas, enquanto diminui suas fraquezas e ameaças. Pode ser utilizado para – por meio de uma melhor gestão da marca – encantar os clientes entendendo bem suas reais necessidades. Por fim, o BI é uma ferramenta de decisão, uma vez que pode capacitar os gestores para tomar melhores decisões baseadas em melhores informações. FINALIZANDO Hoje os consumidores não querem mais esperar por nada, querem produtos e serviços de qualidade em pouco tempo. Essa demanda dos consumidores exige das empresas um novo posicionamento e uma nova capacidade: a de tomar decisões rápidas, de forma eficaz e da maneira mais acertada possível. O Business Intelligence é uma ferramenta que permite às empresas e aos seus gestores uma forma mais fácil de analisar e estruturar dados em proveito da organização. É uma maneira pela qual a empresa pode entender demandas do consumidor, regulamentações governamentais, posicionamentos do concorrente, mudança nos mercados, nas sociedades ou na tecnologia, para usar essas mudanças em proveitos próprios. Enquanto a gestão do conhecimento se ocupa de disseminar e compartilhar conhecimentos dos funcionários e gestores, o BI capta informações do ambiente e do mercado de atuação das empresas, podendo – com o auxílio das tecnologias da informação – cruzar dados numa velocidade muito maior do que a dos profissionais em si. Existem, dentro do BI, duas ferramentas importantes: data warehouse e data mining. Tradicionalmente, decisões tomadas com pressa, baseadas em emoção ou com pouco embasamento são vistas como pouco racionais. O problema disso é que nem sempre temos tempo suficiente para estudar e analisar com calma todos os fatores que nossa decisão envolveria, sendo forçados a tomar decisões 16 de forma rápida, muitas vezes sem conhecer todos os elementos do problema que estamos nos dispondo a resolver. A qualidade da decisão é proporcional à qualidade da informação sobre a qual ela foi tomada. Isso significa que a tomada de decisão da “administração se tornou dependente da informação, e o computador e suas tecnologias – que fazem com que as aquisições de informações se tornem rotineiras – têm aumentado muito a quantidade e a sofisticação das mesmas [sic].” (Moritz; Pereira, 2006). A gestão do conhecimento como mecanismo de apoio ao branding e à gestão da marca permitem entender o que o consumidor espera de um determinado produto ou serviço. 17 REFERÊNCIAS AMATUCCI, M. Teorias de negócios internacionais e a economia brasileira – de 1850 a 2007. In: Internacionalização de Empresas. 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