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TERAPIA NUTRICIONAL NA OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA Professora: Maryane Tavares Disciplina: Patologia da Nutrição e Dietoterapia Obesidade COMPONENTES DA MASSA CORPORAL Tecido ósseo Tecido Muscular Tecido Adiposo Fluidos Corporais Órgãos A manutenção da massa corporal constante é orquestrada por um complexo sistema neural, hormonal e mecanismos que mantêm o balanço entre o : Mudanças Crescimento Fase reprodutiva Graus de exercícios Envelhecimento Consum o Gasto energético COMPONENTES DA MASSA CORPORAL Anormalidades destes mecanismos resultam em exageradas flutuações na massa corporal, sendo as mais comuns: Sobrepeso Obesidade OBESIDADE Definição Enfermidade crônica, que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura e que representa um comprometimento da saúde. OBESIDADE DISLIPIDEMIA DIABETES HIPERTENSÃO Risco Coronariano OBESIDADE Predispõe a outras condições mórbidas: Colelitíase Esteatose hepática Osteoartrite Osteoartrose Apnéia Obstrutiva do Sono Alterações nos ciclos menstruais Redução da fertilidade Classificação da WHO, segundo o IMC e risco de comorbidades em adultos: Classificação IMC (kg/m²) Risco de Comorbidades Baixo Peso <18,5 Baixo Eutrofia 18,5 a 24,9 Médio Sobrepeso 25,0 a 29,9 Aumentado Obeso 30,0 Obeso classe I 30,0 a 34,9 Moderado Obeso classe II 35,0 a 39,9 Severo Obeso classe III A 40,0 Muito Severo Circunferência da Cintura: Em 1997, a OMS adotou o método da circunferência abdominal para quantificar o risco de complicações metabólicas associadas a obesidade Elevado Muito elevado Homem ≥ 94cm ≥ 102cm Mulher ≥ 80cm ≥ 88cm Indicadores de distribuição de gordura corporal: •Tipo andróide: Gordura concentrada na região abdominal Associada ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas •Tipo ginecóide: Gordura concentrada na região dos glúteos, quadris e coxas Não traz tantos riscos a saúde Obesidade Etiologia? OBESIDADE GENÉTICA NUTRIÇÃO SISTEMA ENDÓCRINO SISTEMA NERVOSO AMBIENTE ATIVIDADE FÍSICA Regulação Neuroendócrina Envolve controle de impulsos inibitórios e estimulantes do sistema nervoso central (SNC-hipotálamo) e de hormônios produzidos perifericamente (Intestino, Tecido Adiposo). Hipotálamo Principal responsável pelo equilibrio entre ingestão e gasto calórico Mecanismos de regulação que possibilitam a restrição dos sinais anorexigênos quando tem fome. Quando a fome é saciada, os sinais orexigênicos são inativados pelos anorexigênicos. SACIEDADE (anorexigênicos) FOME (orexígenos) Leptina NPY Hormônio alfa-estimulador de melanócitos (alfa-MSH) Peptídio agouti (AgPR) Insulina Cortisol Serotonina Grelina (produzida no estômago) Apolipoproteína A4 (APOA4) Níveis baixos de glicose Bombesim Glucagon Colecistocinina Dopamina Glicose Peptídeos opióides Hormônio liberador de corticotrofina Oxintomodulina (OXM) Peptídio YY (PYY) obesos tem - NPY- Neuropeptídeo Y Parecem estar envolvidos na hiperfagia e obesidade: Compulsão alimentar noturna Aumento da quantidade de alimentos ingeridos Número de episódios de ingestão alimentar O tempo total no tempo gasto para comer O consumo de alimentos (em gramas) por minuto Intervalos entre os episódios de ingestão alimentar produzido Estimulantes produzidos no Hipotálamo- Orexigênicos Estimulante produzido no Estômago- Orexigênicos Grelina u Estimula a ingestão alimentar e reduz o gasto energético. Produzido pelo estômago, que, quando fica vazio, intensifica a sua secreção. Atua no cérebro dando a sensação de fome. Ao contrário do que é de se esperar, a quantidade de grelina nos obesos é menor do que nas pessoas com o peso ideal. Os obesos tem uma maior sensibilidade a esse hormônio, e um mecanismo que reduz sua produção quando o obeso ganha peso Cummings (2003) O NPY estimula a liberação de Grelina no estômago, aumentando a ingestão alimentar em obesos. Eutrófico Obeso No jejum- ↑ Grelina Pós- prandial- ↓ Grelina Pós- prandial- ↑ Grelina Regulação Neuroendócrina Hormônios Intestinais (Promotores de saciedade) O bolo alimentar no trato gastrintestinal (TGI) estimula a liberação de sinais que vão ao SNC via vago e determinam o fim da alimentação. Hormônios produzidos pelo tecido adiposo relacionados com ↑ da obesidade e resistência à ação da insulina: Leptina Adiponectina Resistina Visfatina Regulação Neuroendócrina O tecido adiposo além de ser local de armazenamento de energia ou um isolante térmico, é um órgão endócrino complexo e metabolicamente ativo. Ele é responsável pela produção de adipocitocinas que atuam como hormônios para influenciar a homeostase energética e a função neuroendócrina. Hormônios produzidos pelo tecido adiposo relacionados à resposta inflamatória: TNF-α IL-1 IL-6 Leptina Produzida no tecido adiposo branco. É responsável pelo controle da ingestão alimentar. A ação da leptina promove a redução da ingestão alimentar e o aumento do gasto energético. A leptina reduz o apetite inibindo a formação dos estimulantes produzidos no hipotálamo e estimulando os inibidores. Regulação Neuroendócrina Regulação Neuroendócrina Leptina No obeso, a quantidade de leptina é 5 vezes maior do que o magro!!! Então, o que é que acontece???? A hiperleptinemia, encontrada em pessoas obesas, é atribuída a alterações no receptor de leptina ou a uma deficiência em seu sistema de transporte na barreira hemato-cefálica, fenômeno denominado resistência à leptina, semelhante ao que ocorre no diabetes mellitus Regulação Neuroendócrina CORTISOL A obesidade está associada com várias alterações periféricas na produção e no metabolismo do cortisol. Estudos demonstraram que a obesidade central aumento na produção de cortisol, em razão é caracterizada por um da hiperativação do eixo hipotálamo- pituitário-adrenal (HPA). DIETA RICA EM LÍPEDES OBESOS CORTISOL EM Regulação Neuroendócrina Cortisol X Fracionamento da dieta Timofeeva e Richard (2001) . CORTISOL > 3 HORAS O aumento do cortisol, ocasionado pela privação alimentar, leva a uma estado de estresse que contribui para o aumento do consumo de calorias, lipídios e doces. O hipercortisolismo também pode mediar a compulsão alimentar!!! TRATAMENTO DA OBESIDADE? O plano de ação nutricional inclui: Estabelecimento de hábitos alimentares Adequação do gasto energético ( atividade física) Deve-se considerar: Atividade ocupacional Rotinas Horários Disponibilidade financeira Hábitos Regionais Cálculo do conteúdo calórico do plano alimentar: Van Gaal (1998) O plano alimentar adequado deve objetivar a perda de: 0,5 a 1,0kg/peso corporal/semana Restrição calórica 500 a 1000kcal CONSENSO LATINO AMERICANO DE OBESIDADE Plano de Restrição energética moderada Aconselha-se reduzir a ingestão entre 500kcal a 1000kcal/dia com relação ao valor obtido segundo a anamnese alimentar ( não inferior a 1200kcal/dia); Energia 20kcal/kg de peso atual/dia (Método Prático) Carboidrato 55 a 60% do VCT Proteína15 a 20% do VCT( não menos que 0,8g/kg/desejável); Gorduras 20 a 25% do VCT Gordura Saturada 7% do VET Gordura Poliinsaturada 10% do VET Gordura Monoinsaturada 13% do VET Fibras 20 a 30g/dia Álcool não é aconselhável Cole sterol Até 300mg/dia Vitaminas e Minerais- de acordo com as necessidades nutricionais para dieta de 1200kcal ou maiores. Suplementar em dietas < 1200kcal. Cloreto de sódio- adequada a situação biológica individual Líquidos 1500ml para cada 1000kcal Distribuição sugerem-se 6 refeições/dia. Conteúdo ideal de nutrientes: Síndrome metabólica É um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular, usualmente relacionados à deposição central de gorduras e a RI. Associação da SM com a DCV SM: aumenta a mortalidade geral em ~1,5 vezes SM: aumenta a mortalidade cardiovascular em ~2,5 vezes. CONCEITO COMBINAÇÃO DE PELO MENOS TRÊS COMPONENTES APRESENTADOS NO QUADRO I. Pela sua simplicidade e praticidade é a definição recomendada pela Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica CLASSIFICAÇÃO DO NCEP-ATP III 100 ADIPÓCITO DO TECIDO ADIPOSO CENTRAL (VISCERAL) Ocorre mais lipólise = hidrólise de triglicerídeo liberando uma grande quantidade de ácidos graxo livre na circulação, quando atinge a capacidade de armazenamento. É mais volumoso Tem menor capacidade de diferenciação e proliferação limitada capacidade em estocar o excesso de energia Adipócito com menor número de receptores de insulina (mais resistentes à ação da insulina) Quanto maior a quantidade de tecido adiposo, maior a quantidade de ácidos graxos livres circulantes. ADIPÓCITO DO TECIDO ADIPOSO CENTRAL (VISCERAL) Estes ácidos graxos livres liberados da região intra-abdominal-visceral voltam à circulação pela veia porta e se depositam primeiro no fígado (esteatose hepática) ou em músculos e pâncreas. Em condições de necessidade de energia, há uma preferência na utilização de ácidos graxos em excesso como fonte de energia em detrimento à mobilização de glicose. Esse efeito leva a uma resistência periférica à ação da insulina e intolerância à glicose, tanto no músculo quanto no fígado. É menos volumoso, porém, tem maior capacidade de diferenciação e proliferação. ADIPÓCITO DO TECIDO ADIPOSO PERIFÉRICO PREVENÇÃO PRIMÁRIA Principais fatores que contribuem p/ o surgimento da SM: predisposição genética alimentação inadequada inatividade física Prevenção primária é um desafio mundial contemporâneo. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO NÃO- MEDICAMENTOSO Alimentação Exercício Medidas anti-estresse Cessação do fumo Controle na ingestão de bebida alcoólica. TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO Terapia de primeira escolha: Plano alimentar para redução de peso Atividade física Reduz circunferência abdominal e gordura visceral Melhora significantemente a sensibilidade à insulina Diminui níveis plasmaticos de glicose Previne e retarda o aparecimento de DM2 Redução da pressão arterial Aumento do HDL-c Plano Aliementar: Individualizado Deve prever uma redução de 5 a 10% do peso corporal inicial Primeiro passo→ Avaliação do Estado Nutricional: estabelecer as necessidade nutricionais determinar o IMC e circunferência abdominal e determinação do perfil metabólico. TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO Plano Alimentar: O plano alimentar deve fornecer um valor calórico (VCT) compatível com a obstenção e/ou manutenção do peso desejável. Para obesos, a dieta deve ser hipocalórica, com uma redução de 500 a 1000kcal do GET diário previsto ou da anamnese alimentar. Método prático: 20kcal/kg/dia Não utilizar dietas inferiores a 800kcal, pois não são efetivas para a redução do peso. Plano Alimentar: Carboidratos- 50 a 60% das calorias totais A adoção do plano alimentar DASH (Dietary Approches to Stop Hypertension), associado a intervenção no estilo de vida pode aumentar a sensibilidade à insulina. É recomendado o uso de hortaliças, leguminosas, grãos integrais e frutas. O açúcar de mesa ou produtos contendo açúcar podem eventualmente ser ingeridos no contexto de uma plano alimentar saudável. Dietas hiperlipídicas provocam ↑ TG e ↓ HDL-c Dietas com ↓ IG e ↓ CG- Menor risco de DM2, DCV e certos tipos de câncer. Plano Alimentar: Fibras – 20 a 30g / dia (5 a 10g de solúveis) Dietas ricas em fibras:↓ risco DCV e DM2 Melhoram a resposta glicêmica Fibras solúveis: ↓ colesterol e melhoram a toletrância à glicose- benefício CV Fibras insolúveis:↑ saciedade, ↓ ingestão dietética, ↓peso Plano Alimentar: k Gordura Total – 25 a 35% das calorias totais. Gordura Monoinsaturada- até 20% das calorias total Em algumas situações, como hipertrigliceridemia ou quando o HDL-c for inferior ao desejável, pode ser aconselhável aumentar ácidos graxos monoinsaturados e reduzir, neste caso a oferta de carboidratos. Torna a LDL-c menos propensa a oxidação, ↓ CT e ↑ HDL-c Dietas ricas em MUFA e PUFA→ melhora sensibildade à insulina Plano Alimentar: Gordura Poliinsaturada- até 10% das calorias totais ω6 :↓ HDL-c e TG, ↑ susceptibilidade à oxidação, ↑IL6 ω 3: ↓ TG ( ↓ síntese de VLDL-c), ↓ agregação plaquetária, ↓ PA, ↓ PCR. Comer peixe 2 a 3 vezes/semana Gordura saturada- < 10% das calorias totais Devem ser evitados alimentos gordurosos como: carne gordas, embutidos, laticínios integrais, frituras, gordura de coco, molhos, cremes e doces ricos em gordura e alimentos refogados e temperados com excesso de óleo Evitar gorduras hidrogenadas, margarinas duras, sorvetes, shortenings (gorduras industriais presentes em chocolates, produtos de padaria, salgadinho tipo chps, molho para saladas, maioneses,óleo para fritura industrial). Plano Alimentar: Gordura trans - Consumo evitado Os ácidos graxos trans ↑ o LDL-c e TG e ↓ a fração de HDL-C Colesterol < 300 mg/dia Indivíduos com LDL-c > 100mg/dL deve consumir colesterol até 200 mg/dia Plano Alimentar: Proteína- 0,8g a 1,0g/kg/dia ou 15% das calorias totais Vitaminas e Minerais- Consumir de 2 a 4 porções de frutas, sendo pelo menos uma rica em vitamina C (frutas cítricas) e de 3 a 5 porções de hortaliças cruas e cozidas, Dar preferência aos alimentos integrais. Plano Alimentar: Sal de cozinha- deve ser limitado a 5g/dia. Evitar alimentos processados como embutidos, conservas, enlatados, defumados e salgados de pacote tipo snacks. Usar temperos naturais como: salsa, cebolinha, ervas aromáticas. Evitar temperos e condimentos industrializados. Álcool- 30g/dia para homens e 15g/dia para mulheres 30g/dia- ↑ TG ↑ PA A ALIMENTAÇÃO ADEQUADA DEVE: Permitir a manutenção do balanço energético e do PESO SAUDÁVEL; REDUZIR A INGESTÃO DE CALORIAS sob a forma de gorduras; mudar o consumo de gorduras saturadas para insaturadas; reduzir o consumo de gorduras trans (hidrogenada). AUMENTAR A INGESTÃO DE FRUTAS, HORTALIÇAS, LEGUMINOSAS E CEREAIS INTEGRAIS; REDUZIR A INGESTÃO DE AÇÚCAR LIVRE; REDUZIR A INGESTÃO DE SAL (sódio) sob todas as formas. A ATIVIDADE FÍSICA: Determinante do gasto de calorias e fundamental para o balanço energético e de CONTROLE DO PESO; A atividade física regular ou o exercíciofísico DIMINUEM O RISCO relacionado a cada componente da SM; O sedentarismo AUMENTA A PREVALÊNCIA da SM; Com duração mínima de 30 min , preferencialmente diário, (incluindo exercícios aeróbicos e de fortalecimento)- O EXERCÍCIO FÍSICO PREVINE A SM em uma relação dose – efeito apropriada para o grupo etário. Referências Bibliográficas MAHAN, L. K., ESCOTT-STUMP, S. Krause alimentos, nutrição & dietoterapia. 11.ed. São Paulo: Roca, 2010. Guia de Nutrição: clínica no adulto/ coordenação Lilian Cuppari. - 3ª ed. -- Barueri, SP: Manole, 2014.
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