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Aula_12_19_1_Macronutrientes_lipidios_parte_II

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Fundamentos 
de 
Nutrição 
Ian C.C. Nóbrega 
Prof. Titular - DEA 
Universidade Federal da Paraíba 
Departamento de Engenharia de Alimentos 
 
 Classificação dos lipídios: 
 1) derivados de ácidos graxos; 
 ácidos graxos: aspectos gerais, estado 
 físico, tipos, configuração cis/trans, 
 representação, nomenclatura, exemplos, grupo 
 ômega, etc; 
 1.1. óleos e gorduras 
 1.2. ceras 
 1.3. fosfolipídios 
 2) eicosanoides; 
 3) terpenoides (ou isoprenoides); 
 4) esteroides; 
 5) vitaminas lipossolúveis. 
 
1.Derivados de ácidos graxos: 
1.1. óleos e gorduras 
Óleos e gorduras 
 
 Os triésteres de ácidos ácidos graxos com glicerol também 
conhecidos como triglicerídeos, triacilgliceróis ou 
triglicérides, compõem a classe de lipídios conhecida como 
óleos e gorduras. 
 Glicerol (1,2,3-trihidroxipropano), ou glicerina, é um álcool 
com três carbonos e três grupos OH, como mostrado a 
seguir: 
 
 
 
 
 Um triglicerídeo (ou triacilglicerol), portanto, é formando 
pela esterificação dos grupos –OH do glicerol com ácidos 
graxos. A sequência de formação de um triglicerídeo é 
mostrada a seguir. 
H2C OH
HC OH
H2C OH
glicerol ou glicerina
glicerol 
3 
moléculas 
de ácidos 
graxos 
triglicerídeo 
 
 O grupo funcional de um éster é mostrado logo 
abaixo, lembrando que o carbono depois do oxigênio, 
sem ser aquele da carbonila (C=O), corresponde a 
vizinhança necessária para que o grupo funcional 
caracterize a função química dos ésteres: 
 
 
 
 
 
 
 
C
O
O C
Ligação éster 
trigliceríd
e
o 
 
 
 Uma vez que todos os óleos e gorduras são ésteres 
de ácidos graxos e glicerol, a diferença entre eles 
se deve, exclusivamente, à natureza dos ácidos 
graxos. 
 Uma das diferenças estabelecidas entre óleos e 
gorduras é que os óleos contêm uma quantidade 
proporcionalmente maior de ácidos graxos 
insaturados. 
 Uma vez que os pontos de fusão dos ácidos graxos 
insaturados são comparativamente mais baixos do 
que os dos saturados, isto faz com que os óleos 
sejam frequentemente líquidos em temperaturas 
ambientes. Como consequência, as gorduras são 
normalmente sólidas em temperatura ambiente. 
 
 Uma melhor diferenciação para óleos e 
gorduras estabelece que são “gorduras”, 
aqueles lipídios que são sólidos em 
temperaturas entre 18 e 20 °C. Se nesta 
faixa de temperatura os lipídios 
estiverem na forma líquida, estes são 
considerados “óleos”. 
 
 Os triglicerídeos são encontrados tanto em 
vegetais como em animais e compõem um dos 
maiores grupos alimentares da nossa dieta. 
Assim: 
 - Existem triglicerídeos que são sólidos ou 
semisólidos em temperatura ambiente 
(gorduras) e ocorrem predominantemente em 
animais. 
 - Existem os triglicerídeos que são líquidos em 
temperatura ambiente (óleos) e estão presentes 
predominantemente nos vegetais e nos peixes. 
 Exemplos da composição de 
ácidos graxos de vários 
triglicerídeos de origem animal 
e vegetal são apresentados na 
tabela a seguir. 
 ÁCIDOS GRAXOS SATURADOS (%) AC. GRAXOS INSATURADOS (%) 
 FONTE 
 C10 e 
 menor 
 C12 
 láurico 
 C14 
 mirístico 
 C16 
 palmítico 
 C18 
esteárico 
 C18 
oléico 
 C18 
 linoléico 
 C18 
 insaturados 
- Animal: 
manteiga 15 2 11 30 9 27 4 1 
banha porco - - 1 27 15 48 6 2 
gord.humana - 1 3 25 8 46 10 3 
óleo Arenque - - 7 12 1 2 20 52 
- Vegetal: 
coco - 50 18 8 2 6 1 - 
milho - - 1 10 3 50 34 - 
oliva - - - 7 2 85 5 - 
palma - - 2 41 5 43 7 - 
amendoim - - - 8 3 56 26 7 
girassol - - - 3 3 19 76 - 
67% saturada 
43% saturada 
39% saturada 
21% saturada 
92% saturada 
14% saturada 
9% saturada 
49% saturada 
11% saturada 
6% saturada 
Informação nutricional, por porção de 15 ml, de óleo de coco 
extra virgem de uma marca comercial brasileira. 
13/22 = 0,59 = 59% VD 
ANVISA, 2005 
(93%) 
 
 Como esperado, gorduras têm uma predominância de 
ácidos graxos saturados enquanto que os óleos, com 
algumas exceções (coco e palma) são formados em 
grande proporção por ácidos graxos insaturados. 
 Desta forma, os pontos de fusão (PFs) dos 
triglicerídeos refletem suas composições de ácidos 
graxos, como mostrado nos exemplos a seguir: 
 
 
 
 
 
18C 
18C 
12C 
PF = PF = PF = 
 
 
 Como consequência, o PF da banha de porco é em 
torno de 30°C enquanto que do azeite de oliva é 
aproximadamente -6°C 
 
 Os triglicerídeos que têm 3 cadeias acilas ( ) 
idênticas, tais como as estruturas mostradas 
anteriormente, são chamados de “simples”, enquanto 
que aqueles formados por cadeias acilas diferentes 
são chamados de “mistos”. 
1.Derivados de ácidos graxos: 
1.2. Ceras 
Ceras 
 
 Ceras são ésteres de ácidos graxos e álcoois monohídricos 
(contém apenas uma hidroxila) de cadeias longas. 
 As ceras naturais são comumente uma mistura de tais 
ésteres, podendo ainda conter hidrocarbonetos. 
 As fórmulas de algumas ceras conhecidas são fornecidas 
logo abaixo: 
H3C (CH2)24 C
O
O (CH2)29 CH3
Cerotato de mericila (cera de carnaúba): 
Ácido cerótico + álcool mericílico (C30) 
H3C (CH2)24 C
O
O (CH2)15 CH3
Cerotato de cetila (cera de lanolina): 
Ácido cerótico + álcool cetílico (C16) 
H3C (CH2)14 C
O
O (CH2)29 CH3
Palmitato de mericila (cera de abelhas): 
Ácido palmítico + álcool mericílico 
1. Derivados de ácidos graxos: 
1.3. Fosfolipídios 
 
Fosfolipídios 
 
 Do ponto de vista químico, é um glicerol esterificado com 
duas moléculas de ácido graxos, uma das quais geralmente 
poliinsaturada, e um ácido fosfórico, formando o 
fosfolipídio mais simples que existe, o ácido fosfatídico. 
H2C OH
HC OH
H2C OH
glicerol ou glicerina
R1COOH 
R2COOH 
Ac. graxos 
Ac. fosfórico 
(H3PO4) 
Ac. fosfatídico 
 
 Os fosfolipídios (FL) são os principais constituintes das 
membranas celulares. 
 
 O grupo fosfato do ácido fosfatídico pode então ser 
esterificado com diversos compostos hidrossolúveis, tais 
como: 
 - Etanolamina (formando o FL fosfatidiletanolamina); 
 - Serina (formando o FL fosfatidilserina); 
 - Colina (formando o FL fosfatidilcolina ou lecitina); 
 - Inositol (formando o FL fosfatidilinositol) 
Fosfatidilcolina (lecitina) 
H2C OH
HC OH
H2C OH
glicerol ou glicerina
Ácido oléico 
C C C C C C C C C C C C C C C C
OH
H
H
H
H
HHHHHHHHHHHH H
H H H H H H H H H H H
O
CC
HH
H
H H
118 9
Ácido esteárico 
Extremidade polar 
Cadeia apolar 
lecitina 
 
 Como os FL possuem regiões polares e apolares na 
mesma estrutura, eles se agregam ou se rearranjam 
de modo peculiar quando misturadas com água. Como 
mostrado no diagrama do fosfolipídio a seguir, a 
região dos grupos polares (parte iônica) fica em 
contato com a água, mas os grupos hidrofóbicos 
(cadeias alquilas dos ac. graxos) formam um interior 
apolar – formação da bicamada planar. 
“cabeças” 
hidrofílicas 
“cabeças” 
hidrofílicas 
“caudas” 
hidrofóbicas 
 água 
 água 
Bicamada de 
fosfoliídeo 
2. Eicosanoides 
Eicosanoides 
 Uma vez que a formação desses compostos nos tecidos 
corporais está geralmente ligada ao metabolismo do 
ácido araquidônico (ácido 5,8,11,14-eicosatetraenóico), 
essencial, eles são classificados como eicosanoides. 
 De todo modo, chamam-se eicosanoides as moléculas 
derivadas de ácidos graxos com 20 carbonos das famílias 
ômega-3 e ômega-6. 
 Existem 4 famílias de eicosanoides: prostaglandinas (PG), 
prostaciclinas (PGI2),tromboxanos (TX) e leucotrienos, 
as quais têm função hormonal, exibindo uma extra-
ordinária faixa de efeitos biológicos. 
Abrev. Nome usual Família Estrutura P.F. 
(°C) 
20:4 (5,8,11,14) Ac. araquidônico ômega 6 CH3-(CH2)4-(CH=CH-CH2)4-(CH2)2-COOH -49,5 
20:5 (5,8,11,14,17) EPA - Ac. eico- 
sapentenóico 
ômega 3 CH3-CH2-(CH=CH-CH2)5-(CH2)2-COOH ? 
 
 Como hormônios, eicosanoides podem reduzir 
secreções gástricas, estimular contrações 
uterinas, baixar a pressão sanguínea, 
influenciar a coagulação sanguínea e induzir 
respostas alergênicas. 
 Um esquema geral mostrando a formação de 
eicosanoides diversos a partir do ácido 
araquidônico é mostrado a seguir. 
Formação de alguns eicosanoides a partir 
do ácido araquidônico 
PGE, PGH, PCI, TXA, etc: funções hormonais 
3. Terpenoides 
Terpenóides 
 
 Terpenoides, terpenos ou isoprenoides são 
compostos orgânicos cujo esqueleto carbônico 
pode ser entendido como o resultado da união de 
duas ou mais unidades do hidrocarboneto 
isopreno (2-metil-1,3-butanedieno): 5 carbonos 
 
 
 
 
 
 A maioria dos terpenoides é encontrada em 
plantas, mas algumas estruturas maiores e mais 
complexas (por exemplo, esqualeno e lanosterol) 
ocorrem em animais. 
 Os terpenoides são os principais componentes 
dos óleos essenciais de plantas e contribuem 
muito para os seus aromas. 
 Terpenoides são divididos em classes, de acordo 
com o número de unidades de isopreno que se 
pode reconhecer em seu esqueleto carbônico. 
 
 As classes mais importantes de terpenoides são 
os monoterpenos (2 unidades isoprênicas– C10), 
sesquiterpenos (3 unidades isoprênicas – C15), 
diterpenos (4 unid. isoprênicas – C20), 
triterpenos (6 unid. isoprênicas – C30) e 
tetraterpenos (8 unid. isoprênicas – C40). 
 Há terpenoides de cadeia aberta e de cadeia 
fechada. No último caso, podem estar presentes 
um ou mais anéis. É importante notar que os 
terpenos não são necessariamente 
hidrocarbonetos, podendo ter grupos funcionais 
do tipo aldeído, cetona e álcool. 
 Exemplos de monoterpenos, diterpenos e 
triterpenos são mostrados a seguir. 
Unidades isoprênicas 
EXEMPLOS DE MONOTERPENOS – 
ABAIXO SÃO DESTACADAS AS 2 ESTRUTURAS ISOPRÊNICAS 
 mirceno geraniol carvona 
 mirceno geraniol carvona 
 Monoterpenos 
EXEMPLOS DE DI E TRITERPENOS – ABAIXO SÃO DESTACADAS AS ESTRUTURAS ISOPRENICAS 
DITERPENOS: 4 UNIDADES ISOPRÊNICAS 
TRITERPENOS: 6 UNIDADES ISOPRÊNICAS 
Unidades isoprênicas 
 Diterpenos e triterpenos 
 Ácido abiético 
Lanosterol 
precursor de colesterol e esteroides 
 Ácido abiético  Lanosterol 
 Esqualeno 
 Esqualeno 
 qualen 
EXEMPLOS DE ALGUNS TERPENOIDES E SEUS AROMAS 
lírio cravo lilás crisâtemo 
EXEMPLOS DE ALGUNS TERPENOIDES E SEUS 
POSSÍVEIS EFEITOS TERAPEUTICOS 
4. Esteroides 
 
 Os esteroides são uma classe de compostos 
lipossolúveis, derivados dos terpenos, em 
especial o esqualeno, porém são comumente 
tratados como um grupo separado. 
 Os esteroides também são conhecidos como 
lipídios não-saponificáveis, uma vez que não 
são hidrolisados por soluções alcalinas, ou 
seja, não participam de reações de 
saponificação. 
 Eles podem ser reconhecidos pela sua 
estrutura tetracíclica, consistindo de 4 
anéis: 3 anéis de 6 membros e 1 anel de 5 
membros. 
 Os 4 anéis dos esteróides, com as numerações dos 
carbonos mostradas em vermelho, são designados como 
A, B, C e D. Os substituintes designados por “R” são 
frequentemente grupos alquilas, porém também podem 
ter uma funcionalidade. 
 Esteróis são álcoois derivados de esteroides: possui 
um grupo -OH no C3 e uma cadeia carbônica 
alifática (C≥ 8) no C17. Para efeito didático, os 
esteróis são considerados dentro do grupo dos 
esteróides. 
 Exemplos de esteróis: colesterol (animal), 
ergosterol (leveduras), sitosterol (plantas 
stigmasterol e coprosterol (fezes). 
 Os esteroides, incluindo os esteróis, são 
amplamente distribuídos no tecido animal. 
 Exemplos de esteroides são dados a 
seguir. 
 
 
 
O colesterol 
 
 O colesterol faz parte da estrutura das 
membranas celulares e é reagente de partida na 
síntese de vários hormônios (testosterona, 
progesterona, etc), dos sais biliares e da 
vitamina D. 
 A maior parte do colesterol presente no corpo é 
sintetizada pelo próprio organismo (fígado), 
sendo apenas uma pequena parte adquirida pela 
dieta. 
 A síntese de colesterol no fígado é regulada pela 
inclusão do colesterol via dieta. 
 O colesterol é excretado na bile, tanto na forma 
nativa como na forma conjugada com a taurina e 
glicina (sais biliares). 
 
 
 Como qualquer lipídio, o colesterol é insolúvel em 
água e consequentemente insolúvel no plasma 
sanguíneo. Para ser transportado no plasma ele 
precisa estar ligado a lipoproteínas. 
 Lipoproteínas são complexos miceliares de 
proteínas e lipídios que têm a função de 
transportar lipídios (em especial triglicerídeos e 
colesterol) no plasma sanguíneo. 
 As lipoproteínas são estruturas que compreendem 
externamente de grupos hidrofílicos de 
fosfolipídios, colesterol livre e proteínas 
(apolipoproteínas) conjugadas. Triglicerídeos e 
ésteres de colesterol são carregados na parte 
interna do complexo, protegidos da água. 
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE 
UMA LIPOPROTEÍNA 
“cabeças” 
hidrofílicas 
“cabeças” 
hidrofílicas 
“caudas” 
hidrofóbicas 
 água 
 água 
Bicamada de 
fosfoliídeo 
 
 De acordo com a quantidade de proteínas, as 
lipoproteínas podem ser classificadas em LDL (low-
density lipoproteins) e HDL (high-density 
lipoproteins). 
 As LDLs levam colesterol do fígado para os diversos 
tecidos do corpo. 
 As HDLs coletam colesterol dos tecidos e o levam de 
volta ao fígado. 
 O colesterol tem um papel central em muitos 
processos bioquímicos, mas é mais conhecido pela 
associação existente entre doenças cardiovasculares e 
a hipercolesterolemia. 
 Hipercolesterolemia é a presença de altos níveis de 
colesterol no sangue, sendo considerado um fator de 
risco para aterosclerose. 
 A aterosclerose é uma doença caracterizada 
pelo acúmulo, na parte interna das artérias, de 
ateromas (depósitos gordurosos de vários 
lipídios, carboidratos complexos e tecido 
fibroso), fazendo estreitar a circulação 
sanguínea. Quando isso ocorre na artéria 
coronariana, pode ocorrer isquemia no músculo 
cardíaco. 
 Altas ingestões de lipídios saturados na dieta 
aumentam a síntese de colesterol. 
 Atividades físicas elevam o nível de HDL. 
5. Vitaminas lipossolúveis 
 
 As vitaminas, substâncias dietéticas essenciais, 
são comumente classificadas em “hidrossolúveis” e 
“lipossolúveis”. 
 Vitaminas hidrossolúveis, tais como a vitamina C, 
são rapidamente eliminadas do corpo e seus níveis 
na dieta devem ser relativamente elevados. 
 As vitaminas lipossolúveis, entretanto, não são 
facilmente eliminadas e podem se acumular no 
corpo até níveis tóxicos (se consumidas em 
grandes quantidades). 
 As Ingestões Diárias Recomendadas (IDRs) de 
vitaminas lipossolúveis e outros nutrientes 
(minerais e vitaminas hidrossolúveis), de acorcom 
a ANVISA, são dadas a seguir. 
Valores de 
Ingestão Diária 
Recomendada 
(IDR) de 
vitaminas 
lipossolúveis 
essenciais (◊), 
vitaminas 
hidrossolúveis 
essenciais (●) e 
minerais 
essenciais ( ∆) de 
declaração 
voluntária, de 
acordo com a 
ANVISA. 
(*) 10% de 
biodisponibilidade; 
(**) Biodisponibilidade 
moderada; 
 
Números entre parênteses 
referem-se as fontes 
originais das informações 
de IDRs 
◊ 
◊ 
◊ 
● 
● 
● 
● 
● 
● 
● 
● 
● 
∆ 
∆ 
∆ 
∆ 
∆ 
∆ 
∆ 
∆ 
∆∆ 
∆ 
∆ 
¥ 
F não é essencial 
¥ A colina é hidrossolúvel e 
assemelha-se a uma vitamina 
do complexo B. Todavia, não é 
considerada uma vitamina. 
A biodisponibilidade de um 
nutriente pode ser definida como 
a proporção da substância 
administrada capaz de ser 
absorvida e disponível para uso ou 
armazenamento. 
1,8mg/5mg = 0,36 = 36% 
EXEMPLO DE APLICAÇÃO DA TABELA DE IDR 
DE VITAMINAS E MINERAIS DA ANVISA 
NA ROTULAGEM NUTRICIONAL COMPLEMENTAR 
(VOLUNTÁRIA): O CASO DO LEITE EM PÓ 
INTEGRAL DA MARCA NINHO 
225mg/600mg = 0,375 = 38% 
RE = retinol equivalente 
 
 IDR para as vitaminas lipossolúveis essenciais: 
 - Vit. A: 600 mg (limite máximo: cerca de 3.000 mg); 
 - Vit. D: 5-10 mg (limite máximo: cerca de 2.000 mg); 
 - Vit. E: 10 mg (limite máximo: cerca de 1.000 mg); 
 - Vit. K: 65 mg (limite máximo não estabelecido). 
 
 A partir dos dados acima fica claro que as vitaminas A 
e D, enquanto essenciais à boa saúde, podem ser muito 
tóxicas quando administradas em determinadas 
quantidades. 
 
 A seguir são mostradas as estruturas químicas de 
algumas vitaminas lipossolúveis. 
 
 A partir das estruturas mostradas acima, evidencia-se que 
tais compostos têm uma conexão maior com os lipídios do 
que a questão da solubilidade: a vitamina A é um terpeno; as 
vitaminas E e K têm cadeias terpênicas longas ligadas a um 
anel aromático; a estrutura da vitamina D pode ser descrita 
como um esteroide, na qual o anel B encontra-se aberto 
enquanto que os 3 anéis remanescente permanecem 
inalterados. 
 
 Os precursores das vitaminas A e D2 foram identificados 
como um tetraterpeno conhecido como beta-caroteno 
(C40H56) e como um esterol conhecido como ergosterol, 
(C28H44O), respectivamente. 
(ergocalciferol) 
 
 A vitamina D – mais especificamente os seus metabólitos – é 
responsável ​​pelo aumento da absorção intestinal de cálcio, 
magnésio e fosfato, além de vários outros efeitos 
biológicos. Em humanos, os compostos mais importantes 
nesse grupo são as vitaminas D3 (colecalciferol) e D2 
(ergocalciferol). 
 O colecalciferol e o ergocalciferol podem ser ingeridos a 
partir da dieta e de suplementos, porém apenas alguns 
poucos alimentos contêm bons níveis vitamina D. Entre esses 
alimentos, encontram-se: salmão, truta e óleo de fígado de 
bacalhau. 
 A principal fonte natural da vitamina D no corpo, 
entretanto, é a síntese de colecalciferol (D3) na pele a 
partir do 7-desidrocolesterol (um intermediário da síntese 
de colesterol) e em presença de radiação UVB. 
 As recomendações dietéticas tipicamente presumem que 
toda a vitamina D de uma pessoa é ingerida, já que a 
exposição solar na população é variável. 
Salmão, truta, óleo de fígado 
de bacalhau e alguns cogumelos 
são boas fontes de vit D. Ver: 
https://health.gov/ 
dietaryguidelines/2015/ 
guidelines/appendix-12/ 
 
 A vitamina D, seja proveniente da dieta ou da síntese na 
pele, é biologicamente inativa. A conversão enzimática da 
vitamina D no fígado e no rim é necessária para a sua 
ativação, formando os chamados metabólitos hidroxilados. 
 O nível sérico da 25-hidroxivitamina D, ou calcifediol, 
produzida a partir da hidroxilação da vitamina D3 
(colecalciferol) no fígado, é um indicador funcional 
confiável do estoque da vitamina D ativa no organismo. 
 Baixos níveis de metabólitos hidroxilados da vitamina D 
são encontrados em várias populações, como aquelas com 
baixa exposição à luz solar, idosos e também em 
portadores de diversas doenças crônicas, como 
insuficiência renal e doenças pulmonares. 
 As associações entre baixos níveis de hidroxivitamina D e 
diminuição da mineralização óssea são bem reconhecidas 
em pacientes idosos e em mulheres na pós-menopausa. 
fígado 
rim 
 
 PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS LIPÍDIOS: 1- reserva de 
energia; 2- protege órgãos vitais; 3- isola algumas 
estruturas; 4-transporta vitaminas lipossolúveis; 
 FATOR FISIOLÓGICO DE COMBUSTÃO: 9 kcal/g 
 NECESSIDADES NUTRICIONAIS 
 (fonte https://mynutrition.wsu.edu/nutrition-basics/): 
 - 20-35% do total de calorias diárias devem vir dos 
 lipídios (gorduras); 
 - Menos de 10% do total de calorias diárias devem ser 
 provenientes de gordura saturada (óleo de coco e de 
 palma, manteiga, queijos cremosos, laticínios integrais, 
 etc) 
 
Lipídios e nutrição: aspectos básicos 
 
 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DE GORDURAS EM 
UMA DIETA REFERENCIAL DE 2.000 KCAL 
(ANVISA/MIN. DA SAÚDE): 25% da calorias diárias 
totais devem ser proveniente de gorduras totais. Das 
gorduras totais ingeridas, 40% na forma saturada e 
aproximadamente 60% na forma insaturada. 
 
55 g x 9 kcal/g = 495 kcal 495 kcal/2.000 kcal= 0,25 = 25% 
22g/55g = 0,4 = 40% (das gorduras totais ingeridas) 
 Definições importantes da ANVISA no contexto 
dos lipídios ou gorduras: 
 a) Gorduras: são substâncias de origem vegetal ou 
 animal, insolúveis em água, formadas de 
 triglicerídeos e pequena quantidades de não 
 glicerídeos, principalmente fosfolipídeos; 
 b) Gorduras saturadas: são os triglicerídeos 
 que contêm ácidos graxos sem duplas ligações, 
 expressos como ácidos graxos livres; 
 c) Gorduras monoinsaturadas: são os 
 triglicerídeos que contêm ácidos graxos com 
 uma dupla ligação cis, expressos como ácidos 
 graxos livres; 
 
 Definições importantes da ANVISA no contexto 
dos lipídios ou gorduras/continuação. 
 d) Gorduras poliinsaturadas: são os triglicerídeos que 
 contêm ácidos graxos com duplas ligações cis-cis 
 separadas por grupo metileno (ligações cis-cis não 
 conjugadas), expressos como ácidos graxos livres; 
 e) Gorduras trans (ou ácidos graxos trans): São os 
 triglicerídeos que contém ácidos graxos insaturados 
 com uma ou mais duplas ligações trans, expressos em 
 ácidos graxos livres. São formadas quando se adiciona 
 hidrogênio ao óleo vegetal, num processo conhecido 
 como hidrogenação. São encontradas nas margarinas, 
 cremes vegetais, biscoitos, snacks (salgadinhos pron- 
 tos), produtos de panificação e, alimentos fritos e lan-
 ches salgados que utilizam as gorduras hidrogenadas
 na sua preparação. Gorduras provenientes de animais 
 ruminantes também apresentam teores de gorduras 
 trans.

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