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AULAS 1 A 10

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Conteúdo Metodologia e Prática de Língua Portuguesa
AULA 1 
Nesta Disciplina...
Reflexões sobre o aprendizado da língua.
Concepções de linguagem.
Contribuições da Sociolinguística para o ensino da Língua Portuguesa
Variação Linguística
O conceito de “erro” e alguns mitos linguísticos.
Reflexões Iniciais
A reflexão sobre nossa experiência de ensino-aprendizagem de língua materna deve ser acompanhada por uma reflexão sobre a própria linguagem.
O que é Linguagem?
Qual a diferença entre Língua e Linguagem?
Qual a relação entre a concepção de Linguagem e o ensino de Língua Portuguesa?
LINGUAGEM
“...o termo Linguagem apresenta mais de um sentido, mas normalmente é empregado para referir-se a qualquer processo de comunicação, como por exemplo: linguagem dos animais, linguagem corporal, linguagem artística, linguagem escrita...”
A linguagem é entendida como a capacidade que apenas os seres humanos possuem para se comunicar a partir da língua 
Tipos de linguagem
A Linguagem é o ato de comunicação e interação entre os sujeitos, que se manifesta por diferentes meios (simbólico, visual, gestual, etc.)
Linguagem verbal
A linguagem verbal se vale da palavra, seja escrita ou falada.
No trabalho com a linguagem verbal, tanto a escrita quanto a oralidade devem ser levadas em conta.
A escola não deve negligenciar ou desprezar a linguagem não verbal. 
A linguagem não verbal, como as imagens, podem ser recursos didáticos no ensino-aprendizagem de língua materna.
Exemplificando...
( ENEM 2013)
A linguagem não verbal pode produzir efeitos interessantes, dispensando assim o uso da palavra. Cartum de Caulos, disponível em www.caulos.com
O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa a
a) opressão das minorias sociais.
b) carência de recursos tecnológicos.
c) falta de liberdade de expressão.
d) defesa da qualificação profissional.
e) reação ao controle do pensamento coletivo.
Linguagem e signos
Os sinais que o homem produz quando fala ou escreve são chamados de signos linguísticos.
Todo tipo de linguagem tem seu signo ou sinais.
Ao produzir signos, os homens estão produzindo a própria vida (representam seus pensamentos, exercem seu poder, elaboram sua cultura e sua identidade).
Língua e Linguagem
O termo “linguagem” corresponde a formas de expressão, comunicação e interação humana por meio de signos ou sinais (visuais, sonoros, gráficos, espaciais, gestuais etc.),
A língua, então, é a linguagem que utiliza a palavra (escrita ou falada) como sinal de comunicação próprio de uma comunidade/grupo social.
a língua é um fenômeno em constante transformação. 
É importante compreender que cada momento social e histórico demanda uma percepção de língua, de mundo, de sujeito, demonstrando o caráter dinâmico da linguagem no meio social em que atua.
O que dizem os PCN...
O domínio da língua, oral e escrita, é
 fundamental para a participação social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento. [...] A linguagem é uma forma de ação interindividual orientada por uma finalidade específica; um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos da sua história. (BRASIL, 1998, p. 15, 20)
Referências Bibliográficas
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa: ensino de primeira a quarta séries. Brasília: MEC/SEF, 1997.
COSTA, CUNHA, MARTELOTTA. Linguística. In: MARTELOTTA, Mário Eduardo (org.). et al. Manual de Linguística. 2. ed. São Paulo/SP: Contexto, 2013, p. 15-25.
PLATÃO, F.; FIORIN, J. Lições de texto: leitura e redação. 4. ed. São Paulo: Ática, 2003.
Atividade 1
Resposta: C
o artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego utiliza a linguagem não verbal para provocar reflexão acerca do trabalho infantil.
Conteúdo Metodologia e Prática de Língua Portuguesa
AULA 2
Nesta aula...
Vamos, apresentar as diferentes concepções de linguagem, que se constituem em detrimento dos diversos momentos sociopolíticos e culturais, relacionando desta maneira as dimensões de língua/linguagem e cultura.
Aula de Português
Carlos Drummond de Andrade
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas, 
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
Concepções de linguagem
A linguagem como expressão do pensamento a expressão se constrói no interior da mente;
expressar-se bem é pensar corretamente;
uso da língua é um ato monológico, individual; 
as regras dão organização lógica ao pensamento: gramática normativa;
a maneira como o texto está constituído não depende de para quem se fala, em que situação e para que se fala.
Linguagem e Pensamento
falar e escrever bem dependem das regras às quais o pensamento lógico deve estar sujeito. 
A linguagem como expressão do pensamento entende que embora as línguas sejam diferentes, elas estão ancoradas em bases gramaticais e que o ensino de gramática faz com que o falante use adequadamente a norma culta ditada pela gramática normativa. (BERGAMINI, p. 6, 2009)
está, então, vinculada à gramática normativa e ao ensino tradicional da língua portuguesa.
Um novo contexto...
Na década de 1970, no contexto escolar, a linguagem deixa de ser vista apenas como expressão do pensamento e passa a ser concebida, também, como um instrumento de comunicação.
Destacam-se a figura do interlocutor e a mensagem que precisa ser compreendida.
Concepções de linguagem
A linguagem como instrumento de comunicação
meio objetivo para a comunicação;
a língua é vista como um código;
o código deve ser bem utilizado, levando-se em conta as convenções;
emissor, receptor, meio, mensagem, referente e código.
Linguagem e Comunicação
A elaboração do texto (oral ou escrito) foca as estruturas da língua e seus usos corretos.
“...nessa concepção, a língua é um código e escrever seria o exercício de combinar palavras e frases para formar um texto.” (Kátia Lomba Bräkling)
Novos Avanços...
Mikhail Bakhtin (1895-1975): o discurso é uma prática social e uma forma de interação.
A expressão é mais que representação da realidade, ela é o resultado das intenções de quem a produziu, com o impacto que terá no receptor. 	
O aluno é um sujeito ativo, e não um reprodutor de modelos, e atuante - em vez de ser passivo no momento de ler e escutar.
Concepções de linguagem
A linguagem como forma ou processo de interação.
ao utilizar a língua, o indivíduo realiza ações, age sobre o interlocutor;
a linguagem como lugar de interação humana;
o diálogo como forma privilegiada;
valorização do contexto dos usuários da língua.
Linguagem e Interação
“Na realidade, toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que precede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um em relação ao outro.” (Mikhail Bakhtin)
Refletindo...
Quando a linguagem é mais do que expressão ou espelho do pensamento e veículo de comunicação, levamos em conta o contexto e diversos fatores ao escrevermos ou falarmos.
Língua, Cultura e Sociedade
a linguagem é um traço cultural adquirido pelo indivíduo em função de estar inserido em determinada sociedade/grupo social. 
A língua, na sua relação com a sociedade, espelha os valores e o acervo cultural historicamente construído. 
as práticas linguísticas são influenciadaspelo modo como a sociedade se estrutura (politica, econômica e culturalmente)
Referências Bibliográficas
BERGAMINI, Cláudia V. Concepções de linguagem e ensino de língua portuguesa: uma abordagem em sala de aula. UniFil, Anais – Simpósio de Iniciação Científica, Ano XVII, nº 17, out., 2009.
PLATÃO, F.; FIORIN, J. Lições de texto: leitura e redação. 4. ed. São Paulo: Ática, 2003.
TRAVAGLIA, Luiz C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 9. ed. rev. São Paulo: Cortez, 2003.
Atividade 2
Conteúdo Metodologia e Prática de Língua Portuguesa
AULA 3
Nesta aula...
Apresentaremos a Linguística enquanto campo do conhecimento discutiremos a existência da relação entre variação linguística, diferenças culturais e a contribuição da Sociolinguística para o desvelamento de alguns mitos linguísticos.
Linguística
A Linguística é uma ciência que ocupa-se da linguagem, pautando-se no estudo das relações da língua e de suas estruturas. Os estudos científicos da Linguagem iniciam-se a partir das observações de Ferdinand de Saussure, que foi professor da Universidade de Genebra onde ministrou cursos de lingüística geral.
Linguística
Correntes teóricas que precederam a Sociolinguística e analisavam, em geral, a língua enquanto estrutura homogênea e estática, passível da aplicação de regras e, compreendida fora de seu contexto social.
Estruturalismo
Gerativismo
Estruturalismo
A contribuição de Ferdinand Saussure, o pai da Linguística Moderna.
Compreende que a língua se constitui a partir de um conjunto de elementos que se organizam através de regras estruturadas a partir de suas relações internas.
Estruturalismo
Vertente norte-americana se desenvolve a partir das ideias de Leonard Bloomfield
cada língua apresenta uma estrutura (fonética, morfológica e sintática) específica e, se organizam a partir dessa estrutura de maneira regular e reiterável.
apoia-se na psicologia behaviorista, que tem Skinner como principal representante
Gerativismo
se desenvolve no final da década de 1950 e tem como precursor Noam Chomsky
a língua tem uma possibilidade infinita de combinações e organizações que estão intrinsicamente, relacionadas com a criatividade dos indivíduos. 
a abordagem gerativa se fundamenta no princípio de Competência Linguística que está relacionada com as escolhas que são feitas para produzir enunciados, considerando, neste contexto, a vertente criativa da linguagem.
Sociolinguística
A Sociolingüística, então, é uma das vertentes da Linguística que tem a língua como campo de estudo, considerando-a em sua estreita ligação com a sociedade. Portanto, para a Sociolinguística a língua deve ser estudada considerando a realidade cultural e diversificada em seu contexto social.
A sociolinguística variacionista, então, se desenvolve a partir das contribuições dos estudos do linguista William Labov e, parte do pressuposto que a variação não é produto do acaso
A língua é, nesta abordagem, um conjunto de variantes utilizadas pelos sujeitos de acordo com o contexto, onde estão inseridos, e com a situação de uso
Variação Linguística
"Não há uma língua portuguesa, há línguas em português”.
“A variação é inerente às línguas, porque as sociedades são divididas em grupos: há os mais jovens e os mais velhos, os que habitam numa região ou outra, os que têm esta ou aquela profissão, os que são de uma ou outra classe social e assim por diante. [...] Quando alguém começa a falar, sabemos se é de São Paulo, gaúcho, carioca ou português”
 (Fiorin, 2002, p.27).
Referências
FIORIN, José Luiz. “Os Aldrovandos Cantagalos e o preconceito linguístico”. In O direito à fala. A questão do preconceito linguístico. Florianópolis. Editora Insular, pp. 27, 28, 2002.
PLATÃO, F.; FIORIN, J. Lições de texto: leitura e redação. 4. ed. São Paulo: Ática, 2003.
TRAVAGLIA, Luiz C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 9. ed. rev. São Paulo: Cortez, 2003.
(CITAPEMIRIM2007) Segundo Magda Soares, os estudos de sociolingüística sobre a linguagem das camadas populares são o principal suporte da “ideologia” das diferentes culturas. Estas pesquisas sociolingüísticas indicam que:
essa linguagem é diferente da linguagem socialmente prestigiada, mas não inferior a ela;
essa linguagem é diferente da linguagem de prestígio, portanto, é deficiente;
esses estudos são o principal fundamento da contestação da ideologia da deficiência cultural e lingüística;
Dos itens acima mencionados, pode-se dizer que:
apenas I e II estão corretos; corretos;
apenas II e III estão corretos; correto
apenas I e III estão corretos;
I, II e III estão corretos; 
apenas II está correto
Conteúdo Metodologia e Prática de Língua Portuguesa
AULA 4
Nesta aula...
Sociolinguística e suas contribuições
Variação linguística e suas implicações no ensino-aprendizagem de língua portuguesa.
Variação Linguística
A língua não é homogênea.
em nossa sociedade existem grupos diferentes e heterogêneos que manifestam essas variantes (econômicas sociais e regionais) através da linguagem. 
A criança, ao chegar à escola, pode trazer um dialeto ou “falar” distinto da língua padrão ou da norma culta.
Variação Linguística
Quem fala?
Para quem se fala?
Quando se fala?
Como se fala?
Por que se fala?
A língua varia:
Na dimensão geográfica ou regional
 Na dimensão social ( idade, sexo, gênero)
 Na dimensão histórica
Na dimensão situacional (contexto)
Variação Regional
“(….) Que importa que uns falem mole descansado
Que os cariocas arranhem os erres na garganta
Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais?
Que tem se os quinhentos réis meridional
Vira cinco tostões do Rio pro Norte?
Junto formamos este assombro de misérias e grandezas,
Brasil, nome de vegetal! (….)” 
 (Mário de Andrade. Poesias completas. 6. 
 ed. São Paulo: Martins Editora, 1980.)
Variação Situacional
Mudança da fala, de acordo com o interlocutor – se este é mais velho ou hierarquicamente superior, por exemplo – , segundo o lugar em que se encontra – em um bar, em uma conferência– e até mesmo segundo
o tema da conversa– fofoca, assunto científico. 
Todo falante varia sua fala segundo a situação em que se encontra.
Variação Histórica
“No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que a gente é apanhada (aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do plural: tudo é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte do léxico cai em desuso. Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que falam assim:
Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem”. 
 SABINO, F. Folha de S. Paulo. 13 abr. 1984. (adaptado).
Variação Social
A variação social, também denominada diastrática, é aquela associada as diferenças entre os grupos socioeconômicos e, é resultante do agrupamento de fatores como: nível socioeconômico, grau de escolaridade, faixa etária, gênero (homem/mulher), grupos sociais, profissionais e outros.
Norma Padrão e Variações
A proximidade ou a distância que o falante estabelece com a variedade padrão, além da estreita relação com o nível de escolarização, vincula-se também à importante influência do seu ambiente social, pois cada grupo tem modos próprios de usar e valorizar a língua.
Mitos Linguisticos
Mito 1 - A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente
Mito 2 - Brasileiro não sabe português/Só em Portugal se fala bem português
Mito 3 - Português é muitodifícil
Mito 4 - As pessoas sem instrução falam tudo errado
Mito 5 - O lugar onde melhor se fala português é no Maranhão
Mito 6 - O certo é falar assim porque se escreve assim
Mito 7 - É preciso saber gramática para falar e escrever bem
Mito 8 - O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social
BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico – o que é, como se faz. 15 ed. Loyola: São Paulo, 2002
Refletindo...
Desconstruir esses Mitos linguísticos é essencialmente importante para o ensino da Língua Portuguesa, considerando que quando não se reconhece a heterogeneidade linguística e as variações do português falado no Brasil, a escola ensina a língua como se ela fosse única e comum a todos.
Referências
ALKMIN, Tânia. Sociolinguística. Parte I. In: Fernanda Mussalim, Ana Cristina Bentes (orgs.). Introdução à linguística: 1. Domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001. p. 21-47
BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico – o que é, como se faz. 15 ed. Loyola: São Paulo, 2002
FIORIN, José Luiz. “Os Aldrovandos Cantagalos e o preconceito linguístico”. In O direito à fala. A questão do preconceito linguístico. Florianópolis. Editora Insular, pp. 27, 28, 2002.
Atividade 4
“Muitas vezes, cidadãos são marginalizados por não saberem empregar a norma culta na hora de falar ou de escrever. Esse comportamento é chamado de preconceito linguístico. A língua é viva e sofre modificações de acordo com o contexto. É um engano pensar que haja certos ou errados absolutos. Há razões históricas para que comunidades inteiras se expressem de uma forma e não de outra. Exigir que todos empreguem a mesma linguagem é um desrespeito às diferenças.”
 (Sarmento, Leila Lauar. Oficina de Redação. 
 São Paulo:Moderna, 2003 vol. 3, 7ª série, pág. 131.)
Conteúdo Metodologia e Prática de Língua Portuguesa
AULA 5
Objetivos desta aula
Entender o conceito de leitura de mundo e o mundo da leitura e a relação entre tais conceitos.
Perceber a importância do ato de ler para conhecer a si mesmo e o mundo que o circunda. 
Compreender as funções dos portadores de texto no trabalho com a leitura.
Exemplificar propostas de atividades de leitura que envolvam portadores de textos variados.
“... Na medida, porém, em que me fui tornando íntimo do meu mundo, em que melhor o percebia e o entendia na “leitura” que dele ia fazendo, os meus temores iam diminuindo.
Mas, é importante dizer, a “leitura” do mundo, que me foi sempre fundamental, não fez de mim um menino antecipado em homem, um racionalista de calças curtas. A curiosidade do menino não iria distorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no que fui mais ajudado do que desajudado por meus pais.
E foi com eles, precisamente, em certo momento dessa rica experiência de compreensão do meu mundo imediato, sem que tal compreensão tivesse significado malquerenças ao que ele tinha de encantadoramente misterioso, que eu comecei a ser introduzido na leitura da palavra. A decifração da palavra fluía naturalmente da “leitura” do mundo particular. Não era algo que se estivesse dando supostamente a ele.
Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior de meus pais. O chão foi o meu quadro-negro; gravetos, o meu giz”. (FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Agir, 1996.)
Pensando sobre Práticas de Leitura
As atividades de leitura devem favorecer a percepção de que os textos são janelas ou portas que se abrem para o mundo, para o outro e para as vivências do próprio leitor. 
A leitura não se justifica como mera rotina escolar ou algo confinado à sala de aula. Ler não se limita à percepção ou reconhecimento de fatos gramaticais ou a técnicas de compreensão da estrutura textual.
A leitura deve ser ao longo de toda escolaridade uma experiência de construção de conhecimento e de diálogo, além de servir como importante fator de desenvolvimento das habilidades linguísticas do aluno e do processo de decodificação da escrita.
“A leitura deve ser entendida como um processo dinâmico que envolve a compreensão e a transformação de informações, de conhecimentos. Não basta simplesmente aprender a decodificar os sinais gráficos. O leitor deve compreender o significado do que lê, apoderar-se desse conhecimento e transformá-lo a partir de sua experiência pessoal. Ler para aprender é, então, ampliar os conhecimentos a partir da leitura de um determinado texto”. 
 (BRASIL, 2007, p. 11)
Leitura de Mundo
Sendo a leitura como um conjunto de ações o docente deve visar a formação de cidadãos com capacidade crítica, mobilizando em suas práticas, atividades que considerem os conhecimentos prévios para o processo de leitura como fundamental para uma melhor compreensão do mundo.
“A leitura, na sociedade contemporânea, deve ser aquela que desperta no indivíduo a capacidade de ler o mundo e suas entrelinhas, que leve a despertar para seus melhores sonhos, acreditando sempre na sua capacidade de transformar o mundo e sua própria realidade. É papel fundamental da escola criar esperanças, incentivar e desenvolver potencialidades, produzir ilhas de solidariedade e coragem em meio a um sistema que, muitas vezes, sufoca ou cria seres humanos para serem meros repetidores de informação” 
 (CONDÉ, 2011, p. 62)
Portadores de texto: Instrumentos para leitura de mundo
O termo portador de texto é adotado para denominar qualquer obje­to que apresente algo que possa ser lido, ou seja, qualquer objeto que leve um texto impresso. Em outras palavras, os portadores de texto são “veí­culos” ou “meios” que transportam mensagens usando “textos escritos”.
Importância do trabalho com Portadores de Texto
A escola, não pode ignorar a relevância do trabalho com portadores de texto. Em vez de realizar uma aprendizagem de escrita e leitura mecânica, isolada de sentidos e significados, que visa unicamente formar pessoas decodificadoras de um alfabeto convencionalizado, pode centrar forças na formação de sujeitos realmente capazes de ler e escrever sobre os significados sociais do mundo em que vive, objetivando, desse modo, a concretização de uma aprendizagem mais efetiva e não alienada.
Portadores de texto
Quando a criança define um portador de texto enquanto um objeto que serve para ler, supõe-se que ela já descobriu alguns usos da escrita. Por isso, quanto maior a vivência da criança com material escrito, maior será a sua facilidade em compreender as funções da linguagem 
 (MOREIRA, 1992).
Processos principais para trabalhar com portadores de texto: 
Identificação do portador. 
Reconhecimento dos atributos utili­zados na identificação do portador.
Especificação das funções do portador
Predição do conteúdo do portador.
Proposta de atividade com Portadores de texto (grupos de crianças com 6 ou 7 anos)
Coletar junto às crianças, várias embalagens (caixas, sacos, latas, potes, recipientes plásticos etc.). Cada criança escolherá uma embalagem. 
 Em atividade com todo o grupo, cada criança apresentará a sua embalagem e falará um pouco da identificação desse portador de texto.
Exemplo: A criança será incentivada a falar o que é, para que serve, fazer predições sobre informações escritas na embalagem, descrição sobreformato e cores, identificar se há ou não a presença de números etc. Como a atividade é em grupo, se a criança tiver dificul­dades, outras crianças e o próprio professor podem ser mediadores.
Depois de vários debates sobre a temática dos portadores, em que as crianças foram bastante incentivadas a “falar” sobre os mesmos, será iniciada uma outra fase da atividade.
Cada criança irá criar uma embalagem para um determinado produto, ou seja, cada criança irá inventar uma embalagem que porte um texto sobre um produto.
Para auxiliar as crianças, o professor pode trabalhar uma ficha em que as crianças pensarão sobre o produto. Decidirão sobre: nome, uso, informações necessárias para a embalagem e o tipo de recipiente.
Produto: 
Nome: 
Para que serve: 
Informações que constarão na embalagem: 
Tipo de recipiente:
Depois que as fichas foram escritas, as crianças farão um desenho onde sua embalagem, as fichas, juntamente com os desenhos, pode­rão ser colocadas em exposição.
Referências
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa: ensino de primeira a quarta série. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CONDÉ, M. A importância da leitura e dos jogos para o desenvolvimento da afetividade. In: Alfabetização , letramento, leitura e produção de textos em sala de aula. Belo Horizonte: Conexa, 2011. 
FREIRE, P. A importância do ato de ler. São Paulo: Agir, 1996.
SOLÉ, I. Estratégias de leitura. 6 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
Atividade 5
Reflexão...
Vamos refletir sobre a importância do trabalho com portadores de texto para a efetivação de uma leitura de mundo contextual...
Afinal... Para que serve trabalhar com portadores de texto?
Os portadores de texto possuem o aspecto de material concreto, que já atrai a atenção da criança, criando um sentido a mais no que tange ao incentivo de querer compreender o texto, que se encontra no objeto.
O uso intencional do portador de texto, por sua vez, chama a atenção para o conteúdo da escrita, que se bem trabalhado permi­te a compreensão da função social à qual atende determinado portador de texto.
Quando se leva o aluno a compreender o conteúdo e a função social dos portadores de texto, realiza-se um trabalho inteligente e reflexivo de pensar sobre o que reside nas entrelinhas dos textos.
Conteúdo Metodologia e Prática de Língua Portuguesa
AULA 6
Objetivos desta aula
Entender as variações dialetais e compreenda o impacto das diferenças regionais no aprendizado da língua portuguesa.
Entender o critério de adequação e uso da língua e sua repercussão sociocultural na aprendizagem da fala e da escrita.
Identificar o papel do professor no tratamento das diferenças dialetais na construção linguística do aluno.
Variações Dialetais e o Ensino de Língua Portuguesa
“Utilizar o Mapa do Brasil como livro didático seria, no mínimo, conscientizar o aluno para o exercício de uma digna cidadania. Simplesmente mostrar erros de escrita é diferente de conscientizar sobre a escrita da língua, conhecer sua história e seu percurso, pois, como sabemos, a escrita é uma criação histórica do desenvolvimento dos homens. A aquisição da escrita não pode ser apenas uma aquisição ortográfica, embora também o seja” 
 (PESSOA, 2008, p. 144).
Aquisição da escrita e interação linguística
Conforme Pessoa (2008) aponta, a aquisição da escrita pode ser, sim, um processo prazeroso de interação linguística. 
O Ensino de Língua Portuguesa deve considerar as variações linguísticas como elementos-chave para a eficácia da aprendizagem da escrita e valorização de nossa cultura. 
A aquisição da linguagem formal da escola, que passa pela aquisição da leitura e da escrita, exige que o professor saiba articular, no mínimo, três variáveis: o aluno migrante, sua variação dialetal e o ensino formal da língua.
Conceitos de língua, linguagem e dialetos
A linguagem é um sistema constituído por elementos (gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras) que são usados para representar conceitos de comunicação, ideias, significados e pensamentos. 
Já “Língua” é o tipo de código formado por palavras e leis combinatórias, por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si; são sistemas de representação cognitiva do universo, mediante os quais as pessoas constroem suas relações.
Os Dialetos são as variedades originadas das diferenças de região, de idade, de sexo, de classes ou de grupos sociais e da própria evolução histórica da língua; são as variações de pronúncia, vocabulário e gramáticas pertencentes a uma determinada língua. Embora essas variações na língua produzam diferenciações nas expressões e pronúncias, os dialetos não impedem a comunicação.
Dialetos da Língua Portuguesa?!
O povo brasileiro é o resultado de uma mistura de raças e etnias e de certa forma tal miscigenação trouxe peculiaridades para todas as regiões brasileiras, com características específicas culturais e linguísticas. Assim, podemos dizer que existem ainda possíveis dialetos que vigoram dentro de nosso país.
De acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), documento em vigor que rege as orientações dos conteúdos curriculares no Ensino Fundamental Brasileiro, é função do professor desenvolver atividades em que os alunos produzam o próprio conhecimento, respeitando os diferentes modos de falar.
“O aluno precisa partir de sua cultura, de sua história pessoal para exercitar, aos poucos e criticamente, uma consciência do seu papel no mundo social, no mundo que vai além da sua sociedade familiar. Para isso terá de ser estimulado, valorizado, respeitado”.
 (PESSOA, p.146, 2008).
Sendo assim, como visto acima, o trabalho com a língua materna, no nosso caso brasileiro, a língua portuguesa, a escola deve “abraçar” a tarefa de promover a aprendizagem, valorizando as variações da língua, respeitando e utilizando os procedimentos devidamente eficazes relacionados à fala e a escrita, em contextos diversos.
Portanto, ao pensar na formação dos professores é necessário pensar em alcançar soluções para que os professores consigam administrar o ensino da escrita considerando a variedade dialetal da fala, que já é socialmente conflituosa.
Como visto, ao pensar na aquisição da linguagem formal na escola, que considera a aquisição da leitura e da escrita, o professor precisa articular questões que envolvem as variáveis do ambiente, considerando os alunos que estão na sala de aula, com sua variação dialetal, proeminente dos estados de nosso país.
Dica de leitura
Leiam o artigo: Formação de professores, variação Dialetal e aquisição da linguagem oral e escrita em terra de migrantes: Uma constatação no portal da Amazônia – Brasil (Maria do Socorro Pessoa) In: Olhar de professor, Ponta Grossa, 10(2): 137-152, 2008.
Disponível em http://www.uepg.br/olhardeprofessor
Referências
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa: ensino de primeira a quarta série. Brasília: MEC/SEF, 1997.
PESSOA, M. S. Olhar de professor. Ponta Grossa, 2008. Disponível em http://www.uepg.br/olhardeprofessor.
Atividade 6
Reflexão...
Qual a importância da Educação e do Pedagogo no respeito as Variações Linguísticas?
A língua portuguesa tem grande variedade de dialetos, muitos deles com uma acentuada diferença lexical em relação ao português padrão seja no Brasil ou em Portugal. Há pouca precisão na divisão dialetal brasileira, mas sabe-se que em nosso país há, principalmente, dialetos regionais (caipira, nordestino, sulista...) e que nenhum pode, no entanto, ser considerado como intrinsecamente melhor ou mais perfeito do que os outros.
Como educadores, é fundamental conhecermos as variações de nossa língua, reconhecendo todas como um importantesubsidio para a compreensão e o ensino da língua portuguesa.
Conteúdo Metodologia e Prática de Língua Portuguesa
Aula 7
Objetivos desta aula
Entender a importância das competências e habilidades a serem desenvolvidas na formação do leitor.
Entender o critério de estratégias de leitura no espaço escolar.
Perceber o papel do professor na mediação da leitura em sala de aula e o papel da oralidade na formação do leitor.
Compreendendo a Leitura: Conceito e Prática
A leitura, atualmente, deixou um viés de decifração e decodificação para ser aquela que desperta no indivíduo a capacidade de ler o mundo, ou seja, compreender e interpretar as mensagens escritas em suas entrelinhas.
O ato de ler deve despertar o leitor para seus sonhos, objetivos e incentivar a sua capacidade de transformar sua própria realidade através da criatividade e da interpretação construída durante a leitura.
Prática da leitura
O que é leitura? 
Trabalho ativo de construção do significado do texto;
Não se trata de extrair informação da escrita, decodificando-a;
Não é um “evento natural”: É preciso que o indivíduo tenha consciência de que está aprendendo a ler, a usar estratégias de leitura, construindo significados - para isso é fundamental o papel do professor.
Competências para formação do leitor
“As crianças se tornam protagonistas da atividade de leitura, não só porque leem, mas porque transformam a leitura em algo seu – o que é que eu penso, até que ponto minha opinião é correta. Aprendem que suas contribuições são necessárias para a leitura e veem nesta um meio de conhecer a história e de verificar suas próprias previ­sões”. 
 (SOLÉ, 1998, p. 109)
É papel fundamental da escola incentivar e desenvolver potencialidades, à medida que produz leitores críticos e reflexivos. No entanto, tal postura, está na contramão de um sistema que, muitas vezes, “sufoca ou cria seres humanos para serem meros repetidores de informação” 
 (CONDÉ, 2011, p.62).
O importante é pensar que, por um lado, os alunos e alunas sempre po­dem aprender a ler melhor mediante as intervenções do seu professor e, por outro, que sempre, no nível adequado, deveriam poder mostrar-se e considerar-se competentes por meio de atividades de leitura au­tônoma.
Às vezes essa competência será atualizada lendo o nome de um colega no cabide correspondente, ou o título de uma história que já foi trabalhada e, mais tarde, em textos narrativos e expositivos de complexidade crescente 
 (SOLÉ, 1998, p. 117).
Observações e intervenções docente
Como relata Solé (1998, p. 63), algumas situações facilitam a exploração, por parte do professor, mais do que outras. Nas salas de aula em que existem cantinhos de biblioteca, cantos de inventar histórias, ou cantos de escrever livros, “os professores terão muitas oportunidades, não só de ensinar a ler e a escrever, mas de observar os progressos e as dificuldades dos alunos, o que facilitará o ajuste progressivo de sua intervenção”.
Observações e intervenções docente
Ao propor um texto como atividade, é importante que o professor já o conheça, pois será o orientador nas predições sobre o desenvolvimento do texto, ajudando os alunos com pistas e direcionamentos.
Os PCN trazem algumas orientações sobre procedimentos de leitura:
O trabalho com leitura deve ser diário. Há inúmeras possibilidades para isso, pois a leitura pode ser realizada:
De forma silenciosa, individualmente;
Em voz alta (individualmente ou em grupo) quando fizer sentido dentro da atividade; e pela escuta de alguém que lê.
No entanto, alguns cuidados são necessários:
Toda proposta de leitura em voz alta precisa fazer sentido dentro da atividade na qual se insere e o aluno deve sempre poder ler o texto silenciosamente, com antecedência — uma ou várias vezes;
Nos casos em que há diferentes interpretações para um mesmo texto e faz-se necessário negociar o significado (validar interpretações), essa negociação precisa ser fruto da compreensãodo grupo produzir-se pela argumentação dos alunos. Ao professor cabe orientar a discussão, posicionando-se apenas quando necessário.
Ao propor atividades de leitura convém sempre explicitar os objetivos e preparar os alunos. É interessante, por exemplo, dar conhecimento do assunto previamente, fazer com que os alunos levantem hipóteses sobre o tema a partir do título, oferecer informações que situem a leitura, criar um certo suspense quando for o caso, etc.
É necessário refletir com os alunos sobre as diferentes modalidades de leitura e os procedimentos que elas requerem do leitor. Importante: São coisas muito diferentes ler para se divertir, ler para escrever, ler para estudar, ler para descobrir o que deve ser feito, ler buscando identificar a intenção do escritor, ler para revisar. Ex: completamente diferente ler em busca de significado — a leitura, de um modo geral — e ler em busca de inadequações e erros — a leitura para revisar.
Estes procedimento precisam ser ensinado em todas as séries, variando apenas o grau de aprofundamento em função da capacidade dos alunos.
 (BRASIL, 1997, p. 44-45)
Dica de leitura
Artigo - Revista Escola: Projeto de leitura entre alunos de escolas diferentes: 
http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar
Referências
BRASIL, Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Fundamental (SEF). Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC; SEF, 1997, v.2.
CONDÉ, M. A importância da leitura e dos jogos para o desenvolvimento da afetividade. In: BOZZA, S. (org.). Alfabetização, letramento, leitura e produção de textos e sala de aula. Belo Horizonte: Conexa, 2011.
SOLÉ, I. Estratégias de leitura. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Atividade 7
Reflexão...
Existem alguns formas de trabalhar com a leitura em que o professor pode proporcionar maior participação e interação dos alunos durante a realização da atividade...
 Vamos pensar em algumas possibilidades?
Leitura Colaborativa
Por meio da orientação e provocação do professor durante a leitura do texto, os alunos têm oportunidade de interagir com o textos e comos seus colegas. 
A leitura colaborativa é uma atividade em que o professor lê um texto com a classe e, durante a leitura, questiona os alunos sobre as pistas linguísticas que possibilitam a atribuição de determinados sentidos.
Trata-se, portanto, de uma excelente estratégia didática para o trabalho de formação de leitores. 
A possibilidade de interrogar o texto, a diferenciação entre realidade e ficção, a identificação de elementos discriminatórios e recursos persuasivos, a interpretação de sentido figurado, a inferência sobre a intencionalidade do autor, são alguns dos aspectos dos conteúdos relacionados à compreensão de textos, para os quais a leitura colaborativa tem muito a contribuir. A compreensão crítica depende em grande medida desses procedimentos.
 (BRASIL, 1997, p. 45)
Conteúdo Metodologia e Prática de Língua Portuguesa
AULA 8
Objetivos desta aula
Entender a importância das competências e habilidades a serem desenvolvidas na formação do leitor.
Entender o conceito de gêneros discursivos.
Conscientizar-se da importância de trabalhar a leitura de variados gêneros textuais para a formação do leitor competente.
Formação de leitores: Variedade de gêneros textuais e o papel do professor
É fundamental o usodos diversos gêneros textuais no trabalho com a leitura em sala de aula, enquanto instrumentos de aprendizagem que possibilitam o desenvolvimento de habilidades e competências na formação do leitor. 
Papel do professor: Oferecer e explorar a diversidade textual na mediação da leitura e produção de textos.
A diversidade textual é uma temática amplamente discutida, uma vez que são recomendados pelos documentos oficias que regem a educação brasileira o uso de gêneros diversificados para trabalho da leitura e aquisição da língua.
Além de documentos oficiais, muitas pesquisas na área do ensino de língua portuguesa, apontam a importância e a comprovada eficácia de um trabalho pautado na perspectiva dos gêneros em sala de aula.
Gêneros textuais e ou discursivos
Define-se o termo “Gênero textual”, por determinadas características de estruturação textual, linguagem, conteúdo e principalmente, pela função exercida. Sendo os gêneros textuais apoiados e respaldados pelas práticas sociais, nas práticas culturais e de comunicação, eles podem sofrer inúmeras variações em suas unidades temáticas, forma, conteúdo e estilo.
Os gêneros textuais, são os textos que encontramos em nosso cotidiano, em nosso dia-dia, nas variadas situações comunicativas
Gêneros textuais
Textos literários
Aspecto principal: combinação de diferentes elementos da língua de acordo com os cânones estéticos, para dar impressão de beleza. 
Exemplos: contos, novelas, poemas etc.
Textos jornalísticos
Aspecto principal: predomínio da função informativa da linguagem. Há adesão ao presente, à atualidade, indicando os acontecimentos mais relevantes do momento em que são produzidos.
Exemplos: revistas e jornais
Textos de informação científica
Aspecto principal: conteúdos provêm do campo das ciências em geral. Possuem escrita clara, sem ambiguidades sintáticas ou semânticas, e vocabulário preciso, descartados aqueles termos com muitas significações. 
Exemplos: enciclopédias, monografias etc.
Textos instrucionais
Aspecto principal: representam textos que oferecem informações precisas para que as pessoas possam realizar ações. 
Exemplos: receitas, bulas de remédios, manuais, regulamentos, estatutos, contratos etc.
Textos epistolares
Aspecto principal: buscam estabelecer a comunicação, por escrito, com um destinatário ausente.
 Textos humorísticos
Aspecto principal: são textos que objetivam provocar o riso por meio do uso de recursos linguísticos e/ou iconográficos que quebram a ordem natural das coisas ou dos acontecimentos ou transformam os traços dos personagens.
Textos publicitários
Aspecto principal: baseados na função apelativa da linguagem, uma vez que visam a modificar comportamentos, informam sobre aquilo que “é vendido”, a fim de suscitar no receptor a vontade de comprar.
Exemplos: cartazes, folhetos etc.
Dica de leitura
Gêneros Textuais - Reflexões e Ensino. Este livro foi produzido pelos autores: KARWOSKI, A. M. ; BRITO, K. S. ; GAYDEZKA, B., publicado em 2011 pela editora: Parábola.
Referências
Atividade 8
Reflexão
Vamos pensar no papel do professor na formação de leitores...
Como o professor pode atuar na formação de leitores?
Formação de leitores: Papel do professor
“Paixão” pela leitura na formação de leitores: promover práticas de leitura prazerosas.
Papel dos educadores: desenvolver em si mesmo o conhecimento e a paixão pela leitura para assim propiciar aos alunos, numa relação de necessidade, prazer e gosto pelo ato de ler.
Promover práticas que façam com que o leitor se torne cada vez mais autônomo em suas escolhas e no uso de estratégias de compreensão
Conteúdo Metodologia e Prática de Língua Portuguesa
AULA 9
Nesta aula...
O Ensino de Gramática.
Este conteúdo pode ser aprofundado ou complementado pela leitura da Unidade 5 do Livro da disciplina.
A gramática
“A gramática é, na verdade, o estudo e o trabalho com a variedade dos recursos linguísticos colocados à disposição do produtor e receptor de textos para a construção do sentido.”
 (TRAVAGLIA, 2001)
O ensino de gramática
A gramática “não ganha relevância, simplesmente porque nos orienta na correção de erros. Tem, isso sim, um sentido positivo, enquanto representa um conjunto de possibilidades que regulam o funcionamento de uma língua, para que ela se efetive socialmente”. 
 (ANTUNES, 2005)
Gramática Normativa
Concebida como um manual de regras de bom uso da língua.
Gramatical é tudo aquilo que obedece às normas do bom uso da língua, configurando o falar e o escrever bem.
A língua é considerada apenas na sua variedade dita padrão ou culta; todas as outras formas de uso da língua são consideradas desvios, erros, deformações ou degenerações da língua.
Tende a considerar apenas os fatos da língua escrita, tomando a variedade oral da norma culta como idêntica à escrita.
Apresenta uma descrição do padrão culto da língua e dita normas de bem falar e escrever, valorizando a correção gramatical.
Gramática Descritiva
Descrição da estrutura e funcionamento da língua, de sua forma e função. A gramática é concebida como um conjunto de regras utilizadas pelos falantes na construção real de enunciados.
Gramatical será tudo o que atende às regras de funcionamento da língua de acordo com determinada variedade linguística.
Descreve e registra as unidades, categorias e mecanismos de uma determinada língua.	
Valoriza o trabalho de observação e descrição que se faz de uma determinada língua, em um momento e local específicos, procurando entender o seu funcionamento.
Refletindo...
A diferença entre gramática normativa e gramática descritiva é:
 A gramática normativa não é prescritiva, enquanto a gramática descritiva prescreve e estabelece regras. 
 A gramática normativa estabelece ou prescreve regras e normas para o falar e escrever corretamente, enquanto a gramática descritiva ocupa-se da descrição e estudo do funcionamento e uso da língua.
Refletindo...
A gramática descritiva difere da gramática normativa porque é uma gramática que ensina as pessoas a falarem corretamente por meio de regras que são impostas.
Gramática Internalizada
A gramática é um conjunto de regras que o falante de fato aprendeu e das quais lança mão ao falar, antes mesmo do processo de escolarização.
Gramática Reflexiva
São desenvolvidas atividades que levem a redescobrir fatos já estabelecidos pelos especialistas. 
Leva o aluno a explicitar fatos da estrutura e do funcionamento da língua. 
Menos aulas expositivas e menos teoria gramatical pronta para o aluno.
Exemplificando...
Trem de Ferro 
( Manuel Bandeira)
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virgem Maria que foi isto maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Café com pão
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
[...]
Vou mimbora
voou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Ôo…
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente 
Exemplificando...
O que podemos trabalhar com nossos alunos a partir do poema?
Formação de palavras: Substantivos
Generos Textuais
Variação Linguistica
Gramática Reflexiva
Desenvolvimento da capacidade de compreensão e expressão.
Reflexão mais voltada para a semântica como:
Diferenças entre palavras sinônimas (ex.: belo e bonito, ganhar e vencer).
Diferenças acarretadas pela inversão de palavras (ex.: homem grande e grande homem).
Diferenças entre a negação do adjetivo e o uso do antônimo formado por prefixo (ex.: "não ser favorável" e ser "desfavorável").
Refletindo...
Além de ser um trabalho de reflexão sobre o que o aluno já domina, a gramática reflexiva é um trabalho sobre recursos linguísticos que ele ainda não domina, para levá-lo à aquisição de novas habilidadeslinguísticas, realizando assim um ensino produtivo e não apenas uma descrição.
Referências
ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2005.
TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. São Paulo: Cortez, 2003.
Atividade 9
(PUCCAMP-SP)
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
para pior dizem pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
(Oswald de Andrade – Vício na fala)
Com relação ao que ocorre nas falas reproduzidas do poema, é correto afirmar que:
a) No 1º verso, a pronúncia “mio” omite um dígrafo, criando um ditongo oral crescente.
b) No 2º verso, a pronúncia “mió” omite um dígrafo e cria um hiato no final da palavra.
c) No 4º verso, a pronúncia “teia” omite o encontro consonantal e cria um tritongo no final da palavra.
d) No 5º verso, a pronúncia “teiado” omite o dígrafo, criando um ditongo decrescente no meio da palavra.
e)n.d.a.
Conteúdo Metodologia e Prática de Língua Portuguesa
AULA 10
Nesta aula...
Estudar a Gramática Reflexiva
Ensino de Gramática: alguns equívocos
Gramática Reflexiva
Gramática reflexiva: representa o raciocínio sobre as variedades linguísticas. É a gramática em explicitação. 
Leva o aluno a explicitar fatos da estrutura e do funcionamento da língua. 
Menos aulas expositivas e menos teoria gramatical pronta para o aluno.
Desenvolvimento da capacidade de compreensão e expressão.
Reflexão mais voltada para a semântica como:
Diferenças entre palavras sinônimas (ex.: belo e bonito, ganhar e vencer).
Diferenças acarretadas pela inversão de palavras (ex.: homem grande e grande homem).
Diferenças entre a negação do adjetivo e o uso do antônimo formado por prefixo (ex.: "não ser favorável" e ser "desfavorável").
Objetivo da gramática reflexiva
O objetivo deve ser ampliar a capacidade de uso da língua que o aluno já adquiriu, desenvolvendo sua competência comunicativa por meio de atividades com textos utilizados nas mais diferentes situações de interação comunicativa e que, por isso mesmo, são construídos e constituídos com recursos próprios.
Ensino de Gramática: alguns equívocos
Língua e gramática são a mesma coisa; 
Basta saber gramática para falar, ler e escrever com sucesso; 
Explorar nomenclaturas e classificações é estudar gramática; 
Toda atuação verbal tem que se pautar pela norma prestigiada;
O respaldo para a aceitação de um novo padrão gramatical está prioritariamente nos manuais de gramática.
Ensino de Gramática: alguns equívocos
É importante também ter a consciência de que “saber gramática” não implica necessariamente em “falar bem” ou “escrever corretamente”. Isso é só mais um dos muitos mitos que compõem o preconceito linguístico tão vigoroso em nossa sociedade. Se o conhecimento da gramática normativa garantisse o ‘escrever bem’, todos os professores de língua seriam excelentes escritores, prosadores criativos...
O ensino de gramática conforme os PCN
“Não é possível tomar como unidades básicas do processo de ensino as que decorrem de uma análise de estratos letras/fonemas, sílabas, palavras, sintagmas, frases que, descontextualizados, são normalmente tomados como exemplos de estudo gramatical e pouco têm a ver com a competência discursiva.” 
 (Brasil,1998, p.23).
O texto como ponto de partida;
Critérios sobre o que ensinar: aquilo que tem utilidade para abordar os conteúdos e facilitar a comunicação nas atividades de reflexão sobre a língua, excluindo-se tudo o que for desnecessário e costuma apenas confundir os alunos nos três primeiros anos do Ensino Fundamental.
Nos quarto e quinto anos, pode-se buscar uma maior explicitação de regras de ortografia e acentuação e sistematização de conteúdos de natureza gramatical. 
Os conteúdos desse bloco devem continuar sendo selecionados em função das necessidades apresentadas pelos alunos no processo de produção e compreensão de texto.
Referências
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental. Brasília, DF: MEC/SEF, 1997.
TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. São Paulo: Cortez, 2003.
Atividade 10
ENEM_2014
Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve considerar qualquer forma da língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não! 
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo do dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas. 
 POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua 
 Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 (adaptado)
Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber:
A) descartar as marcas de informalidade do texto.
B) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla. 
C) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico. 
D) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto. 
E) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola.

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