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Direito Constitucional III - Aula 7 - Ordem Econômica na Constituição - conceitos, princípios e fundamentos

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Celso de Barros Correia Neto 
celsobcorreia@gmail.com 
 
Ordem Econômica e Financeira: Princípios 
Gerais da Atividade Econômica; Política Urbana; 
Política Agrícola e Fundiária e Reforma Agrária; 
Do Sistema Financeiro Nacional. Tendências 
Atuais da Jurisprudência do STF. 
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Aula 7 
 
TÍTULO VII 

DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA 
Arts. 170 a 192 
}  Capítulo I: Dos Princípios Gerais da Atividade 
Econômica 
}  Capítulo II: Da Política Urbana 
}  Capítulo III: Da Política Agrícola e Fundiária e 
da Reforma Agrária 
}  Capítulo IV: Do Sistema Financeiro Nacional 
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1.  Ordem Econômica/ domínio econômico 
2.  Constituição Econômica 
3.  Intervenção no domínio econômico 
Ordem Econômica: FATO Ordem Econômica: NORMA 
Ordem econômica: 
 
Ø Conceito de fato 
Ø Relação entre fatores 
econômicos 
Ø Mundo do ser. 
 
Ordem econômica: 
 
Ø Conceito de Direito 
Ø Relação jurídica 
Ø Mundo do dever ser 
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}  Eros R. Grau: Ordem econômica, em sentido 
jurídico, é o “conjunto de normas que 
definem, institucionalmente, um determinado 
modo de produção econômica. [...] Assim, 
ordem econômica, parcela da ordem jurídica 
(mundo do dever-ser), não é senão o 
conjunto de normas que institucionaliza uma 
determinada ordem econômica (mundo do 
ser).” (GRAU, Eros R., A Ordem Econômica na 
Constituição de 1988, 9ª ed., São Paulo: Malheiros, 
2004, p. 63) 
}  Constituição Econômica: “conjunto de preceitos 
que institui determinada ordem econômica 
(mundo do ser) ou conjunto de princípios e 
r e g r a s e s s e n c i a i s o r d e n a d o r a s d a 
economia” (GRAU, Eros R., A Ordem Econômica na 
Constituição de 1988, 9ª ed., São Paulo: Malheiros, 2004, p. 72) 
}  Observações: 
a)  Consagra e estrutura um dado sistema econômico. 
b)  O Direito é elemento constitutivo do modo de 
produção. 
c)  Não está apenas nos arts. 170 – 192. 
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}  “As Constituições liberais não necessitavam, 
no seu nível (delas, Constituições liberais), 
d ispor , expl ic i tamente, normas que 
compusessem uma ordem econômica 
constitucional. A ordem econômica existente 
no mundo do ser não merecia reparos.”(GRAU, 
Eros R., A Ordem Econômica na Constituição de 1988, 9ª ed., 
São Paulo: Malheiros, 2004, p. 63) 
Papel protetor-
repressivo Papel promocional 
1)  Tutelar e garantir 
2)  Conservar 
3)  I m p e d i r o s 
c o m p o r t a m e n t o s 
indesejados 
4)  Ênfase: repressão 
5)  Sanção negativa: pena 
e execução 
1)  Promover e encorajar 
2)  Transformar 
3)  I n c e n t i v a r o s 
c o m p o r t a m e n t o s 
desejados 
4)  Ênfase: promoção 
5)  S a n ç ã o p o s i t i v a : 
prêmio e indução 
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“Em poucas palavras, é possível distinguir, de 
modo útil, um ordenamento protetivo-repressivo 
de um promocional com a afirmação de que, ao 
primeiro, interessam, sobretudo, os componentes 
socialmente não desejados, sendo seu fim 
precípuo o de impedir o máximo possível a sua 
prática; ao segundo, interessam, principalmente, 
os comportamentos socialmente desejáveis, sendo 
seu fim levar a realização destes até mesmo aos 
recalcitrantes”. (BOBBIO, Norberto. Da Estrutura à 
Função: novos estudos de Teoria do Direito, Trad. 
Daniela B. Versiani, Barueri: Manole, 2007, p.15.) 
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Intervir (siginificados) 
1. Atuar com o intuito de influir (sobre questão ou 
matéria). [tr. + em : Não quer intervir em questões 
familiares.] [int. : Os bombeiros intervieram e evitaram a 
tragédia.] 
2. Fazer valer o seu poder ou a sua autoridade. [tr. + em : 
O governo interveio no mercado financeiro.] [int. : A fim 
de acabar com a rebelião de presos, a polícia interveio.] 
3. Expressar, emitir opinião; OPINAR [tr. + em : É melhor 
não intervir na discussão entre marido e mulher.] [int. : 
Consultados os médicos, todos intervieram.] 
4. Acontecer incidentalmente. [int. : Durante a travessia, 
interveio uma tempestade.] 
5. Estar presente; ASSISTIR; PRESENCIAR [tr. + em : 
Algumas pessoas intevieram no reencontro de pai e filho.] 
 
 
 
Arts. 170 a 181 
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Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, 
observados os seguintes princípios: 
I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e 
serviços e de seus processos de elaboração e prestação; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte 
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e 
administração no País. 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de 
qualquer atividade econômica, independentemente de autorização 
de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
Art. 172. A lei disciplinará, com base no 
interesse nacional, os investimentos de capital 
estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e 
regulará a remessa de lucros. 
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}  Fundamentos da ordem econômica: 
◦  Valorização do trabalho humano 
◦  Livre iniciativa 
}  Objetivos da ordem econômica: “assegurar a 
todos existência digna, conforme os ditames 
da justiça social” 
TÍTULO I 

 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
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Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e 
solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
  III - erradicar a pobreza e a marginalização e 
reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem 
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade 
e quaisquer outras formas de discriminação. 
 
1)  soberania nacional; 
2)  propriedade privada; 
3)  função social da propriedade; 
4)  livre concorrência; 
5)  defesa do consumidor; 
6)  defesa do meio ambiente, inclusive mediante 
tratamento diferenciado conforme o impacto 
ambiental dos produtos e serviços e de seus 
processos de elaboração e prestação; 
7)  redução das desigualdades regionais e sociais; 
8)  busca do pleno emprego; 
9)  tratamento favorecido para as empresas de 
pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e 
que tenham sua sede e administração no País. 
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“A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM 
DESARMONIA COM OS PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR 
EFETIVA A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. - A incolumidade 
do meio ambiente não pode ser comprometida por 
interesses empresariais nem ficar dependente de motivações 
de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver 
presente que a atividade econômica, considerada a disciplina 
constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros 
princípios gerais, àquele que privilegia a "defesa do meio 
ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e 
abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio 
ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço 
urbano) e demeio ambiente laboral. Doutrina. Os 
instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza 
constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio 
ambiente, para que não se alterem as propriedades e os 
atributos que lhe são inerentes, o que provocaria inaceitável 
comprometimento da saúde, segurança, cultura, trabalho e 
bem-estar da população, além de causar graves danos 
ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado este em 
seu aspecto físico ou natural.” ( ADI 3.540-MC, Rel. Min. 
Celso de Mello, julgamento em 1-9-2005, Plenário, DJ de 
3-2-2006.) 
 
 
 
“A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3º, 
II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO 
MEIO AMBIENTE (CF, ART. 225): O PRINCÍPIO DO 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO FATOR DE 
OBTENÇÃO DO JUSTO EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DA 
ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. - O princípio do 
desenvolvimento sustentável, além de impregnado de 
caráter eminentemente constitucional, encontra suporte 
legitimador em compromissos internacionais assumidos 
pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do 
justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da 
ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse 
postulado, quando ocorrente situação de conflito entre 
valores constitucionais relevantes, a uma condição 
inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o 
conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos 
fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, 
que traduz bem de uso comum da generalidade das 
pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras 
gerações.em seu aspecto físico ou natural.” ( ADI 3.540-MC, 
Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 1-9-2005, Plenário, 
DJ de 3-2-2006.) 
 
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Art. 170. 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre 
exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos 
públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
 
}  Súmula 646: “Ofende o princípio da livre 
concorrência lei municipal que impede a 
instalação de estabelecimentos comerciais do 
mesmo ramo em determinada área.” 
“Tributário. Norma local que condiciona a 
concessão de regime especial de tributação à 
apresentação de CND. Meio indireto de 
cobrança de tributo. Ofensa ao princípio da 
livre atividade econômica.” (AI 798.210-AgR, 
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 
8 - 5 - 2 0 1 2 , S e g u n d a T u r m a , D J E d e 
24-5-2012.) 
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“Descabe condicionar integração, a quadro 
societário, de pessoa jurídica de direito privado 
ao fato de o pretendente estar em dia com as 
obrigações tributárias.” 
(RE 207.946, Rel. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, 
julgamento em 20-5-2008, Primeira Turma, 
DJE de 5-6-2009.) 
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“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta 
Constituição, a exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado só será permitida quando 
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a 
relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.” 
 
“Art. 174. Como agente normativo e regulador da 
atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, 
as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, 
sendo este determinante para o setor público e 
indicativo para o setor privado.” 
}  Atuação x intervenção 
◦  Intervenção: atuação na área de outrem. (Eros 
Grau). 
◦  Que área? Domínio Econômico. 
◦  Intervenção: sentido político x sentido jurídico 
◦  Princípio da subsidiariedade: delimita o papel do 
Estado no desempenho da atividade econômica. 
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“Intervir é atuar na área de outrem: atuação, do 
Estado, no domínio econômico, área de titularidade 
do setor privado, é intervenção. Atuação do Estado 
além da esfera do público – isto é, na esfera do 
privado – é intervenção. De resto, toda atuação 
estatal pode ser descrita como um ato de 
intervenção na ordem social.” (GRAU, Eros R., A Ordem 
Econômica na Constituição de 1988, 9ª ed., São Paulo: 
Malheiros, 2004, p. 65) 
Atividade 
Econômica 
Sentido 
amplo 
Atividade 
Econômica 
Serviço 
Público 
Sentido 
estrito 
Atividade 
Econômica 
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Intervenção 
Direta 
Participação 
Absorção 
Indireta 
Regulação 
Indução 
}  Definição: Eros Grau: “Serviço Público [...] é o 
tipo de atividade econômica cujo desenvolvimento 
compete preferencialmente ao setor público. Não 
exclusivamente, note-se, visto que o setor privado 
presta serviço público em regime de concessão ou 
permissão”. (GRAU, op. cit., p.94) 
}  Regime jurídico 
}  Art. 21 – exemplo de serviços 
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Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma 
da lei, diretamente ou sob regime de 
concessão ou permissão, sempre através de 
licitação, a prestação de serviços públicos. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre: 
I - o regime das empresas concessionárias e 
permissionárias de serviços públicos, o caráter 
especial de seu contrato e de sua prorrogação, 
bem como as condições de caducidade, 
fiscalização e rescisão da concessão ou 
permissão; 
II - os direitos dos usuários; 
III - política tarifária; 
IV - a obrigação de manter serviço adequado. 
}  Intervenção por absorção: “o Estado assume 
integralmente o controle dos meios de 
produção e/ou troca em determinado setor 
da atividade econômica em sentido estrito; 
atuação em regime de monopólio” 
}  Intervenção por participação: “o Estado 
assume parcela dos meios de produção e/ou 
troca em determinado setor da atividade 
econômica em sentido estrito; atuação em 
regime de concorrência”. 
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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 224 DA 
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO AMAPÁ. GARANTIA DE "MEIA PASSAGEM" 
AO ESTUDANTE. TRANSPORTES COLETIVOS URBANOS RODOVIÁRIOS E 
AQUAVIÁRIOS MUNICIPAIS [ARTIGO 30, V, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL] E 
TRANSPORTES COLETIVOS URBANOS RODOVIÁRIOS E AQUAVIÁRIOS 
INTERMUNICIPAIS. SERVIÇO PÚBLICO E LIVRE INICIATIVA. VIOLAÇÃO DO 
DISPOSTO NOS ARTIGOS 1º, INCISO IV; 5º, CAPUT E INCISOS I E XXII, E 170, 
CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. A Constituição do Brasil 
estabelece, no que tange à repartição de competência entre os entes 
federados, que os assuntos de interesse local competem aos Municípios. 
Competência residual dos Estados-membros --- matérias que não lhes 
foram vedadas pela Constituição, nem estiverem contidas entre as 
competências da União ou dos Municípios. 2. A competência para 
organizar serviços públicos de interesse local é municipal, entre os quais o 
de transporte coletivo [artigo 30, inciso V, da CB/88]. 3. O preceito da 
Constituição amapaense que garante o direito a "meia passagem" aos 
estudantes, nos transportes coletivos municipais, avança sobre a 
competência legislativa local. […] 
(ADI 845, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 22-11-2007, Plenário, DJE 
de 7-3-2008.) 
 
“4. A competência para legislar a propósito da prestação de 
serviços públicos de transporte intermunicipal é dos Estados-
membros. Não há inconstitucionalidade no que toca ao benefício, 
concedido pela Constituição estadual, de "meia passagem" aos 
estudantes nos transportes coletivos intermunicipais. 5. Os 
transportes coletivos de passageiros consubstanciam serviço 
público, área na qual o princípio da livre iniciativa (artigo 170, 
caput, da Constituição do Brasil) não se expressa como faculdade 
de criar e explorar atividade econômica a título privado. A 
prestação desses serviços pelo setor privado dá-se em regime de 
concessão ou permissão, observado o disposto no artigo 175 e seu 
parágrafo único da Constituição do Brasil. A lei estadual deve 
dispor sobre as condições dessa prestação, quando de serviços 
públicos da competência do Estado-membro se tratar. 6. Ação 
direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade da 
conjunção aditiva "e" e do vocábulo "municipais",insertos no artigo 
224 da Constituição do Estado do Amapá.” 
(ADI 845, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 22-11-2007, 
Plenário, DJE de 7-3-2008.) 
 
 
 
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Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta 
Constituição, a exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado só será permitida quando 
necessária aos imperativos da segurança nacional 
ou a relevante interesse coletivo, conforme 
definidos em lei. 
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa 
pública, da sociedade de economia mista e de suas 
subsidiárias que explorem atividade econômica de 
produção ou comercialização de bens ou de prestação 
d e s e r v i ç o s , d i s p o n d o s o b r e : 
(Redação dada pela EC nº 19/98) 
I - sua função social e formas de fiscalização pelo 
Estado e pela sociedade; 
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas 
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações 
civis, comerciais, trabalhistas e tributários; 
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras 
e a l ienações , observados os pr inc íp ios da 
administração pública; 
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de 
administração e fiscal, com a participação de acionistas 
minoritários; 
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a 
responsabilidade dos administradores. 
 
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§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de 
economia mista não poderão gozar de privilégios 
fiscais não extensivos às do setor privado. 
§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa 
pública com o Estado e a sociedade. 
§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico 
que vise à dominação dos mercados, à eliminação 
da concorrência e ao aumento arbitrário dos 
lucros. 
§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade 
individual dos dirigentes da pessoa jurídica, 
estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-
a às punições compatíveis com sua natureza, nos 
atos praticados contra a ordem econômica e 
financeira e contra a economia popular. 
 
}  Intervenção no domínio econômico 
}  Modalidades 
◦  Absorção 
◦  Participação 
}  Condicionantes (conforme definidos em lei: 
a)  necessária aos imperativos da segurança nacional 
ou 
b)  a relevante interesse coletivo e 
c)  Lei específica 
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Art. 37 
XIX - somente por lei específica poderá ser criada 
autarquia e autorizada a instituição de empresa 
pública, de sociedade de economia mista e de 
fundação, cabendo à lei complementar, neste 
último caso, definir as áreas de sua atuação; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, 
de 1998) 
 XX - depende de autorização legislativa, em cada 
caso, a criação de subsidiárias das entidades 
mencionadas no inciso anterior, assim como a 
participação de qualquer delas em empresa 
privada; 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9478/97. 
AUTORIZAÇÃO À PETROBRÁS PARA CONSTITUIR 
SUBSIDIÁRIAS. OFENSA AOS ARTIGOS 2º E 37, XIX E XX, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO 
IMPROCEDENTE. 1. A Lei 9478/97 não autorizou a 
instituição de empresa de economia mista, mas sim a 
criação de subsidiárias distintas da sociedade-matriz, em 
consonância com o inciso XX, e não com o XIX do artigo 37 
da Constituição Federal. 2. É dispensável a autorização 
legislativa para a criação de empresas subsidiárias, desde 
que haja previsão para esse fim na própria lei que instituiu a 
empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei 
criadora é a própria medida autorizadora. Ação direta de 
inconstitucionalidade julgada improcedente. (ADI 1649, rel. 
Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 28.5.2004). 
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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ALÍNEA "d" DO INCISO XXIII 
DO ARTIGO 62 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 
APROVAÇÃO DO PROVIMENTO, PELO EXECUTIVO, DOS CARGOS DE 
PRESIDENTE DAS ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA 
ESTADUAL PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO 
DISPOSTO NO ARTIGO 173, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. DISTINÇÃO 
ENTRE EMPRESAS ESTATAIS PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO E 
EMPRESAS ESTATAIS QUE DESENVOLVEM ATIVIDADE ECONÔMICA EM 
SENTIDO ESTRITO. REGIME JURÍDICO ESTRUTURAL E REGIME JURÍDICO 
FUNCIONAL DAS EMPRESAS ESTATAIS. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL. 
INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO. [...] 2. As sociedades de 
economia mista e as empresas públicas que explorem atividade econômica 
em sentido estrito estão sujeitas, nos termos do disposto no § 1º do artigo 
173 da Constituição do Brasil, ao regime jurídico próprio das empresas 
privadas. 3. Distinção entre empresas estatais que prestam serviço público 
e empresas estatais que empreendem atividade econômica em sentido 
estrito 4. O § 1º do artigo 173 da Constituição do Brasil não se aplica às 
empresas públicas, sociedades de economia mista e entidades (estatais) 
que prestam serviço público. 5. A intromissão do Poder Legislativo no 
processo de provimento das diretorias das empresas estatais colide com o 
princípio da harmonia e interdependência entre os poderes. A escolha dos 
dirigentes dessas empresas é matéria inserida no âmbito do regime 
estrutural de cada uma delas. 6. Pedido julgado parcialmente procedente 
para dar interpretação conforme à Constituição à alínea "d" do inciso XXIII 
do artigo 62 da Constituição do Estado de Minas Gerais, para restringir sua 
aplicação às autarquias e fundações públicas, dela excluídas as empresas 
estatais, todas elas. (ADI 1.642, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 
3-4-2008, Plenário, DJE de 19-9-2008). 
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
REPERCUSSÃO GERAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. 
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. SERVIÇOS DE SAÚDE. 1. A 
saúde é direito fundamental de todos e dever do Estado 
(arts. 6º e 196 da Constituição Federal). Dever que é 
cumprido por meio de ações e serviços que, em face de sua 
prestação pelo Estado mesmo, se definem como de natureza 
pública (art. 197 da Lei das leis). 2 . A prestação de ações e 
serviços de saúde por sociedades de economia mista 
corresponde à própria atuação do Estado, desde que a 
empresa estatal não tenha por finalidade a obtenção de 
lucro. 3. As sociedades de economia mista prestadoras de 
ações e serviços de saúde, cujo capital social seja 
majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária 
prevista na alínea “a” do inciso VI do art. 150 da Constituição 
Federal. 3. Recurso extraordinário a que se dá provimento, 
com repercussão geral. (RE 580.264, rel. Min. Ayres Britto, 
Tribunal Pleno, DJ 6.10.2011). 
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Regulação Indução 
1.  Proibição/obrigação 
2.  Meios d i re tos de 
coerção 
3.  Legalidade? 
1.  F a c u l d a d e : 
i n c e n t i v o s /
desincentivo 
2.  Meios indiretos de 
coerção 
3.  Legalidade? 
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“CONSTITUCIONAL. ECONÔMICO. INTERVENÇÃO ESTATAL NA 
ECONOMIA: REGULAMENTAÇÃO E REGULAÇÃO DE SETORES 
ECONÔMICOS: NORMAS DE INTERVENÇÃO. LIBERDADE DE 
INICIATIVA. CF, art. 1º, IV; art. 170. CF, art. 37, § 6º. I. - A 
intervenção estatal na economia, mediante regulamentação e 
regulação de setores econômicos, faz-se com respeito aos 
princípios e fundamentos da Ordem Econômica. CF, art. 170. O 
princípio da livre iniciativa é fundamento da República e da Ordem 
econômica: CF, art. 1º, IV; art. 170. II. - Fixação de preços em 
valores abaixo da realidade e em desconformidade com a 
legislação aplicável ao setor: empecilho ao livre exercício da 
atividade econômica, com desrespeito ao princípio da livre 
iniciativa. III. - Contrato celebrado com instituição privada para o 
estabelecimento de levantamentos que serviriam de embasamento 
para a fixação dos preços, nos termos da lei. Todavia, a fixação 
dos preços acabou realizada em valores inferiores. Essa conduta 
gerou danos patrimoniais ao agente econômico, vale dizer, à 
recorrente: obrigação de indenizarpor parte do poder público. CF, 
art. 37, § 6º. IV. - Prejuízos apurados na instância ordinária, 
inclusive mediante perícia técnica. V. - RE conhecido e provido.” 
( 
“[...] desde que o Estado assume a tarefa, não só 
de controlar o desenvolvimento econômico, mas 
também de dirigi-lo, o instrumento idôneo para 
essa função não é mais a norma reforçada por uma 
sanção negativa contra aqueles que a transgridem, 
mas a diretriz econômica que, com frequência, é 
reforçada por uma sanção positiva em favor 
daqueles que a ela se conformam, como acontece, 
por exemplo, nas chamadas leis de incentivo, que 
começam a ser estudadas com atenção pelos 
juristas.” 
(BOBBIO, Norberto. Direito e Poder. Trad. Nilson 
Moulin, São Paulo: UNESP, 2008, p. 119.) 
 
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Art. 173 
“§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico 
que vise à dominação dos mercados, à eliminação 
da concorrência e ao aumento arbitrário dos 
lucros." 
 
}  Instrumentos: 
◦  Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) 
◦  Lei de Crimes contra ordem econômica 
◦  Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça 
(SDE) 
}  Exemplo: AC 1.657-MC, voto do Rel. p/ o ac. 
Min. Cezar Peluso, DJ de 31-8-2007 – caso 
“American Virginia” 
 
“RECURSO. Extraordinário. Efeito suspensivo. 
Inadmissibilidade. Estabelecimento industrial. 
Interdição pela Secretaria da Receita Federal. Fabricação 
de cigarros. Cancelamento do registro especial para 
produção. Legalidade aparente. Inadimplemento 
sistemático e isolado da obrigação de pagar Imposto 
sobre Produtos Industrializados - IPI. Comportamento 
ofensivo à livre concorrência. Singularidade do 
mercado e do caso. Liminar indeferida em ação 
cautelar. Inexistência de razoabilidade jurídica da 
pretensão. Votos vencidos. Carece de razoabilidade 
jurídica, para efeito de emprestar efeito suspensivo a 
recurso extraordinário, a pretensão de indústria de 
cigarros que, deixando sistemática e isoladamente de 
recolher o Imposto sobre Produtos Industrializados, 
com conseqüente redução do preço de venda da 
mercadoria e ofensa à livre concorrência, viu cancelado 
o r e g i s t r o e s p e c i a l e i n t e r d i t a d o s o s 
estabelecimentos.” (AC 1.657-MC, voto do Rel. p/ o ac. 
Min. Cezar Peluso, DJ de 31-8-2007) 
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“Recurso extraordinário interposto de acórdão prolatado pelo TRF 
da 2ª Região, que reputou constitucional a exigência de rigorosa 
regularidade fiscal para manutenção do registro especial para 
fabricação e comercialização de cigarros (DL 1.593/1977, art. 2º, 
II). Alegada contrariedade à proibição de sanções políticas em 
matéria tributária, entendidas como qualquer restrição ao direito 
fundamental de exercício de atividade econômica ou profissional 
lícita. Violação do art. 170 da Constituição, bem como dos 
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. A orientação 
firmada pelo STF rechaça a aplicação de sanção política em matéria 
tributária. Contudo, para se caracterizar como sanção política, a 
norma extraída da interpretação do art. 2º, II, do DL 1.593/1977 
deve atentar contra os seguintes parâmetros: (1) relevância do 
valor dos créditos tributários em aberto, cujo não pagamento 
implica a restrição ao funcionamento da empresa; (2) manutenção 
proporcional e razoável do devido processo legal de controle do 
ato de aplicação da penalidade; e (3) manutenção proporcional e 
razoável do devido processo legal de controle da validade dos 
créditos tributários cujo não pagamento implica a cassação do 
registro especial. Circunstâncias que não foram demonstradas no 
caso em exame.” (RE 550.769, rel. min. Joaquim Barbosa, 
julgamento em 22-5-2013, Plenário, DJE de 3-4-2014.) 
}  “Agir mediante planos” 
}  Escolher um fim, organizar meios para 
atingi-lo. 
}  Planejamento estatal: 
◦  Determinante para o setor público 
◦  Indicativo para o setor privado 
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Direito do consumidor. Contratos bancários. 
Planos Econômicos. Correção monetária. 
Cadernetas de poupança. Índice de atualização. 
Direito adquirido. Expurgos inflacionários. 
P l ano Co l lo r I . Va lo res b loqueados . 
Repercussão Geral Reconhecida. (AI 751521 
RG, rel . Min. Gilmar Mendes, DJ 24.9.2010) 
celsobcorreia@gmail.com

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