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Tecnologia de leite e derivados Prof. Larissa Aguiar Leite • “Entende-se por leite, sem outra especificação, o produto da ordenha completa e ininterrupta , em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. O leite de outros animais deve denominar-se segundo a espécie de que proceda” (RIISPOA, art. 475, 1952; Instrução Normativa nº 51/2002). Leite • Produzido de forma adequada, isento de substâncias estranhas e não contem colostro. • Líquido branco, opaco, duas vezes mais viscoso que água, de sabor ligeiramente adocicado e de odor pouco acentuado. http://www.9dades.com.br/as-melhores-alternativas-para-substituir-o-leite-de-vaca/ Produção de leite Fonte: IBGE, SECEX e USDA, Bradesco, 2017. Consumo do leite • Nos últimos 30 anos, o consumo per capita de leite e derivados no Brasil teve um aumento de 60%. • Em 1980, o brasileiro ingeriu em média 100 litros de leite e derivados por ano, em 2010 este consumo aumentou para 161 litros. • Isso se deve a: – Melhoria na renda – Diversificação na produção de derivados – Aumento na produção interna – Melhoria na qualidade primária do leite Consumo do leite • O consumo de leite nos países em desenvolvimento deve crescer em 25% até o ano de 2025 FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations, novembro de 2010). • Apesar do cenário, os consumidores brasileiros ainda consomem pouco leite comparativamente aos maiores consumidores mundiais – Brasil ocupa 65° lugar. – A liderança fica com a Finlândia e a Suécia. Leite • Alimento completo. • A composição do leite varia com a espécie, raça, individualidade, alimentação, tempo de gestação e muitos outros fatores. Leite • É considerado um alimento que atende todas as necessidades nutritivas do ser humano. Componentes Absorção Cálcio 100% Fósforo 67% VitaminaA 90% Vitamina Complexo B 85% Vitamina C 19% Ferro 3% Proteína 49% Energia 20% Características do leite • Temperatura – Recomenda-se que a temperatura de armazenamento seja de 4°C, podendo chegar no máximo até 7°C, dentro de duas horas após o término da ordenha, e menor que 10°C, durante a adição de leite da ordenha consecutiva. Instrução Normativa nº 51/2002 Características do leite • Acidez – DORNIC: esse equipamento verifica o grau de metabolização da lactose a ácido lático. A acidez do leite varia de 14 a 18°D. – Teste do alizarol: baseia-se na coagulação por efeito da elevada acidez ou desequilíbrio salino (excesso de cálcio e magnésio em relação ao fosfato e citrato). – pH: condições normais pH 6,7. Leites provenientes de vacas com infecções no úbere, apresentam pH 7,5. Instrução Normativa nº 51/2002 Características do leite • Densidade – Normal entre 1,028 a 1,034 a temperatura de 15°C. Amostras fraudadas com água, tende a se aproximar de 1,0. • Determinação de gordura no leite – Limite de teor original de matéria gorda é de 3,0g/100g (3%). Instrução Normativa nº 51/2002 Características do leite • Índice crioscópico – Corresponde à medição do ponto de congelamento ou da depressão do ponto de congelamento do leite em relação o da água. – Limite do índice crioscópico é 0,530°H (equivale a -0,512°C). Amostras fraudadas com água (aguagem) fará com que o leite congele mais rapidamente, ficando com o ponto de congelamento mais próximo da água. Instrução Normativa nº 51/2002 Características do leite • Microrganismos – Os microrganismos presentes no leite vem do ar, da terra, da água, dos utensílios usados na ordenha, de todo o meio ambiente. – No caso do leite a quantidade de microrganismos é um somatório do estado de saúde do animal, do ambiente onde a vaca vive, do ordenhador, e de toda higiene utilizada para a extração do mesmo. Características do leite • Modo de produção, composição e requisitos físico-químicos e biológicos. • Denominações A, B ou C é determinada a partir da contagem de microrganismos presentes no leite. Instrução Normativa nº 51/2002 Classificação do leite • Leite tipo A – Leite de melhor qualidade e deve ser produzido em granja leiteira, com o rebanho acompanhado individualmente por veterinário do serviço de inspeção. – A ordenha deve ser mecânica e o leite deve ser pasteurizado imediatamente após a ordenha. Instrução Normativa nº 51/2002 Classificação do leite • Leite tipo A – Rotulagem deve ser azul. – Padrão microbiológico: • Antes da pasteurização pode ter até 104 UFC/mL e após, a pasteurização, no máximo 500 UFC/mL. Instrução Normativa nº 51/2002 Classificação do leite • Leite tipo B – Produzido em estábulo leiteiro, com ordenha mecânica e transportado para indústria em qual é pasteurizado e embalado. – Rotulagem deve ser verde. – Padrão microbiológico: • Antes da pasteurização pode conter no máximo 5 x 105 UFC/mL e, após a pasteurização, 4 x 104 UFC/mL. Instrução Normativa nº 51/2002 Classificação do leite Instrução Normativa nº 51/2002 • Leite tipo C – Produzido em qualquer tipo de propriedade, sem acompanhamento do serviço de inspeção e transportado para indústria em qual é pasteurizado e embalado. – Rotulagem deve ser marrom. – Padrão microbiológico • Não há limites para a quantidade de bactérias no leite cru, e após a pasteurização pode conter no máximo 1,5 x 105 UFC/mL Classificação dos tipos de leite conforme a legislação brasileira Instrução Normativa nº 51/2002 Classificação do leite • Leite Pasteurizado tipo A Integral • Leite Pasteurizado tipo A Semidesnatado • Leite Pasteurizado tipo A Desnatado • Leite Cru Refrigerado • Leite Pasteurizado Integral • Leite Pasteurizado Semidesnatado • Leite Pasteurizado Desnatado. Instrução Normativa nº 62/2011 Maiores empresas de laticínios no Brasil Métodos de conservação do leite • Pasteurização • Esterilização • Atomização Produção de leite e derivados Produção de leite longa vida Processamento de leite e derivados Recepção • Retirada de uma amostra pra avaliar a qualidade do leite. • Amostra tem que ser representativa do lote. • Agitar bem o leite para promover uniformidade • Para se definir a aceitação ou não do lote. TESTE DE PLATAFORMA Eliminação de impurezas • Na indústria são utilizadas diferentes operações unitárias para separar do leite as partículas sólidas, as sujidades e as impurezas, como microrganismos, células somáticas, esporos, pus, sangue • Filtração • Clarificação Filtração • 1ª operação unitária que ocorre na recepção do leite. • Utilizada para separar as partículas sólidas e sujidades do leite: – Pelos – Insetos – Fezes – Terra • Sujidades são focos de contaminação microbiológica. Filtração • Pode ser realizada: – Na ordenha manual, por meio de filtro acoplado à boca do latão. – Na ordenha mecânica, os filtros encontram-se acoplados na tubulação. – A filtração pode ocorrer na recepção do leite na indústria por meio de membranas, peneiras ou filtros de tela. Clarificação • Operação unitária usada para eliminar impurezas: – Bactérias mortas, sujidades menores, células somáticas e esporos bacterianos. • É realizada pelo meio de centrífugas clareadoras. – Separam componentes de diferentes densidades. – Partículas sólidas que são mais densas são separadas do leite, que é menos denso. Armazenamento refrigerado • O leite deve ser resfriado o mais rápido possível após a ordenha. • Temperatura inferior a 4°C, em no máximo 2h: – Para evitar crescimento de m.o. e alterações indesejáveis. • Para garantir a qualidade,o leite já deve ser transportado refrigerado. • O ideal é o transporte a granel em caminhões refrigerados. Armazenamento refrigerado Armazenamento refrigerado • Na indústria, o leite pode ser armazenado em: – Tanques encamisados. – Silos (verticais ou horizontais), com uma camisa onde circula uma solução de refrigeração. A refrigeração é melhor método de conservação do leite, pois mantém as características nutricionais e retarda o desenvolvimento de m.o. Armazenamento refrigerado • Silos para estocagem de leite Desnate ou padronização • É a operação onde se padroniza a concentração de gordura de leite. • No Brasil: 3,2% ± 0,2% de gordura. Desnate ou padronização • Centrífuga desnatadeira Homogeneização • Operação unitária que promove a subdivisão dos glóbulos de gordura em frações menores para evitar a separação natural da gordura que ocorre no leite e derivados. • Os glóbulos são rompidos por meio de força mecânica ou ultrassom. • Os glóbulos de gordura tem de 1 a 10 µm, após a homogeneização ficam menores que 2µm. Homogeneização Homogeneização • Homogeneizador de pistão de alta pressão Homogeneização • Vantagens: – Evitar a separação da gordura durante o transporte e a armazenagem do leite e dos diferentes produtos, sendo indispensável para leite UHT, leites fermentados e sorvetes. – Tornar o leite mais branco em razão do aumento da quantidade de glóbulos de gordura. – Melhorar a palatabilidade, a viscosidade e a aparência geral do produto. Homogeneização • Desvantagens: – Diminuição da estabilidade das proteínas frente ao calor. – Possibilidade de desnaturação de parte das proteínas do soro. – Interação entre a caseína e as proteínas do soro desnaturadas. Pasteurização • Pasteurização lenta Pasteurização • Pasteurização rápida Processo UHT/UAT É a qualidade microbiológica do leite cru que determinará a qualidade do leite pasteurizado e dos seus derivados Leite fluido: perdas após o tratamento térmico Iogurte • Entende-se por iogurte o produto obtido pela fermentação láctea através da ação de 2 espécies de microrganismos: Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus sobre o leite integral, desnatado ou padronizado (RIISPOA, art. 475, 1952). Características do iogurte • Saudável; • Elevada digestibilidade; • Rico em vitaminas e sais minerais; • Apresenta maior estabilidade quando comparado ao leite; • Maior conteúdo de cálcio e fósforo; • Intolerância à lactose – benefícios. Tipos de iogurte http://revistavivasaude.uol.com.br/guia/vantagens-e-desvantagens-do-iogurte-caseiro/1227/# • Tradicional: caracterizado pela etapa do processo de fermentação ocorrer na própria embalagem em que será comercializado o produto. Apresenta-se firme e consistente podendo ser natural ou com sabores. Tipos de iogurte • Batido: quando o processo de fermentação ocorre dentro da fermenteira, podendo ser adicionado ou não de frutas, geleia e polpas. http://nutricionistamanaus.loja2.com.br/3349389-RECEITA-Iogurte-batido-com-frutas Tipos de iogurte http://donabimby.com/iogurte-liquido-de-morango-e-banana/ • Líquido: processo de fermentação ocorre dentro da fermenteira, sendo adicionado de frutas, sucos e polpas. Apresenta menor viscosidade e textura mais fluida, por esse motivo são envasados em garrafas e sacos plásticos. Iogurte x Bebida láctea Classificação de iogurte • Teor de gordura Fonte: DIPOA, 2000. Processo de fermentação do iogurte • Leite (pH 6,6 – 6,8) + fermentos (Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus). • Crescimento de ST, produção de ácido lático pelo ST; redução pH para valores 5,2 – 5,5 = favorece o crescimento de LB. • Redução pH = leite mais viscoso e caseína insolúvel. • Produção de ácido lático = desestabiliza complexos de proteínas. • Ponto isotérmico da proteína do leite 4,5 – 4,6, ocorre a coagulação da mistura e massa adquire a consistência. Queijo • Origem –Um comerciante árabe após ter atravessado o deserto sentiu fome e sede. Na ocasião, lembrou que trazia consigo leite em um cantil feito de estômago seco de carneiro. Para a surpresa, ao tentar beber o leite o que saiu foi um pouco de líquido com características diferentes das que ele conhecia. Ao abrir o cantil, o andarilho se deparou com uma massa branca com sabor e odor levemente acidificado que embora estranho, contribuiu para saciar sua fome e satisfazer seu paladar. Queijo • Produto fresco ou maturado que se obtém por separação parcial do soro de leite ou leite reconstituído (integral ou parcial ou totalmente desnatado) ou soros lácteos coagulados pela ação física do coalho, de enzimas específicas, de bactéria específica, de ácidos orgânicos, isolados ou combinados, todos uso alimentar, com ou sem agregação de substâncias alimentícias e/ou especiarias e/ou condimentos aditivos especificamente indicados, substancias aromatizantes e matérias corantes. BRASIL, 1996. Ingredientes • Coalho –Enzima chamada quimosina ou renina, utilizada para coagulação das proteínas do leite. Antigamente era obtida do estômago de ruminantes; hoje é sintética. • Cloreto de cálcio (CaCl2) –Bastante utilizado na fabricação do queijo para restituir o cálcio que ficou indisponível (insolúvel) em consequência da pasteurização do leite. Ingredientes • Cloreto de sódio (NaCl) –Colocado nos queijos para realizar a salga com o objetivo de conservar o produto e melhorar suas características sensoriais. • Fermentos lácteo (microrganismos) –Cepas de bactérias que se adiciona no leite. Tem como objetivo de agregar ao queijo sabor, odor, textura e outros aspectos característicos dos diferentes tipos de queijos produzidos. Ingredientes • Ácido láctico –Usado para substituir o fermento lácteo e também para precipitar as proteínas e flocular o soro. Classificação dos queijos • 1000 tipos de queijo • Várias formas de classificação: –Forma de elaboração –Consistência –Procedência do leite –Composição –Processo de cura (maturação) Classificação dos queijos de acordo com o teor de gordura Fonte: Adaptado de RIISPOA, 1996. Classificação dos queijos de acordo com o teor de umidade Fonte: Adaptado de RIISPOA, 1996. Classificação dos queijos de acordo com o tratamento dado a massa Fonte: Adaptado de RIISPOA, 1996. Produção de queijo coalho Recepção e padronização do leite Pasteurização do leite e ajuste da T° (35 – 36°C) Adição dos ingredientes (CaCl2 e coalho) Coagulação do leite e corte da coalhada Mexedura e aquecimento da coalhada Dessoragem, salga e pré- prensagem da coalhada/massa Enformagem, prensagem e viragem dos queijos Embalagem, rotulagem e armazenamento Produção de queijo • Coagulação do leite e corte da coalhada Corte da massa. Produção de queijo • Mexedura e aquecimento da coalhada Massa e soro separados. Aquecimento e mexedora da massa. Produção de queijo • Dessoragem, salga e pré-prensagem da coalhada/massa Dessoragem. Produção de queijo • Dessoragem, salga e pré-prensagem da coalhada/massa Pré-prensagem da massa (mecanicamente).Pré-prensagem da massa (manual). Produção de queijo • Enformagem, prensagem e viragem dos queijos Prensa automática para queijos. Peças que compõe a forma de queijo. Dessoradores de nylon para formas de queijos. Produção de queijo • Enformagem, prensagem e viragem dos queijos Viragem do queijo e apara.Colocação do sal. Produção de queijo coalho • Armazenamento (cura/maturação) Cura nas câmaras frigoríficas. 60 dias sob refrigeração. Produção de queijo coalho Queijo com olhaduras de contaminação microbiológica. Queijo sem olhaduras
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