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CURSO DE NUTRIÇÃO / UNILASALLE DISCIPLINA : Bromatologia LEITE E DERIVADOS O leite é o liquido segregado das glândulas mamárias de fêmeas de mamíferos. Por se tratar de um produto próprio ao recém nascido, é rico em nutrientes necessários ao bom desenvolvimento orgânico. O colostro, substância considerada com um antibiótico natural, rico em proteínas e imoglobulinas próprio para defesa do recém -nascido é produzido após o parto, durante no máximo 10 dias. A designação leite, com um alimento para o homem, está relacionada ao leite de vaca exclusivamente. Quando a origem do leite é de outro animal mamífero se designa como leite de búfala, cabra, égua. Segundo a legislação vigente, entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. Analisando a definição da legislação, compreende-se que a composição do leite está relacionada ao estado de saúde do animal e varia durante a ordenha, além de ser influenciada pelo período de lactação do animal. A gordura é o componente mais sensível á variação no processo de ordenha. Por ser mais leve, tende a ficar na superfície do úbere, estando em menor proporção no inicio da ordenha. A vaca leiteira normalmente passa por dois momentos de ordenha, pela manhã e á tarde. Na primeira ordenha, o leite obtido está em maior volume, com menor teor de gordura. Á tarde, com a atividade energética natural da vaca, há maior produção de gordura, sendo o leite ordenhado, mais gorduroso e em menor volume. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO LEITE Do ponto de vista físico-químico, o leite é considerado uma emulsão, ou seja, uma solução coloidal onde partículas em suspensão estão dispersas em um solvente. As partículas em suspensão são representadas por micelas de gorduras e proteínas e o solvente, a fase aquosa que contém carboidratos, sais minerais e vitaminas. As partículas em suspensão são as responsáveis pela consistência e cor do leite. A cor branca do leite ocorre pela dispersão e absorção da luz pelos glóbulos de gordura e micelas protéicas. A cor amarela que se apresentar no produto compreende os carotenóides presentes na fase aquosa. Na homogeneização do produto esta cor é mascarada pela cor branca em função da maior concentração de gordura e proteínas. O equilíbrio da emulsão é rompido por agitação mecânica e variações de pH, levando a formação de 2 fases, a sólida representada por micelas protéicas e glóbulos de gordura e a líquida correspondendo ao soro composto de lactose, sais minerais e vitaminas hidrossolúveis. PROTEÍNAS DO LEITE A fração protéica do leite é constituída principalmente pela caseína, β-lactoalbumina, α- lactoglobulina além de pequena proporção de variadas proteínas como enzimas e imunoglobulinas. Quando ocorre a quebra do equilíbrio da emulsão do leite, a caseína se coagula, separando-se das demais proteínas que permanecem solúveis na fase aquosa. A caseína é uma fosfoproteina e corresponde a 80% das proteínas do leite. As principais frações de caseína são: α-caseina(50%), β-caseína(30%), k-caseína(15%) e y-caseína(5%). Durante o aquecimento, as proteínas são afetadas. A α-lactoalbumina e a β-lactoglobulina são desnaturadas e se associam á micela de caseína. Um tratamento térmico mais intenso do leite, por exemplo, a 85ºC/30min, resulta em maior interação entre proteínas de soro e caseína levando a desnaturação. O pH, aliado ao tratamento térmico, também exerce influência sobre as micelas de caseína. A redução do pH ativa a ação do cálcio, aumentando a interação intermicelar, tornando-a mais hidrofóbica, promovendo assim sua precipitação. CARBOIDRATOS A lactose é o principal carboidrato do leite. É um monossacarídeo composto de unidades de galactose e glicose. Como todo carboidrato apresenta carbono assimétrico o que permite sua determinação através da polarimetria (análise instrumental). A lactose é um açúcar redutor, podendo ser analisado pelo método de Fehling. A lactose é fermentada á ácido lático por ação microbiana. LIPÍDIOS Os lipídios do leite basicamente são compostos de triglicerídeos, 95-96%. Os glóbulos de gordura estão envoltos por uma membrana constituída de fosfolipídios e uma camada dupla de proteína. Esta membrana permite a suspensão dos glóbulos de gordura, pois a camada protéica tem cadeia polar, facilitando interação com água e apolar com a gordura. DERIVADOS DO LEITE Modificação na Fração Lipídica: a gordura pode ser separada do leite por simples processo de decantação, considerando que a fase aquosa e lipídica são imiscíveis. Como este é um processo lento são utilizadas centrifugas obtendo o creme do leite e o leite descremado. O creme do leite possui cerca de 40% de gordura e o leite descremado, 0,1%. O leite descremado normalmente passa por desidratação, sendo utilizado na preparação de bebidas lácteas, iogurtes e leite fermentado. O creme é uma emulsão gordura/água, com cerca de 70% de água. Na fabricação da manteiga, este creme é pasteurizado, reduzindo carga microbiana e através da agitação em tambores próprios ocorre modificação nas propriedades físico-químicas passando de uma emulsão gordura/água para água/gordura, com teor de água na faixa de 15%. Modificação na fração umidade: o leite pode passar por um processo de concentração que consiste na redução controlada de água levando o teor de extrato seco aumentar 3 vezes em relação ao conteúdo inicial. No uso da desidratação parcial e adição de açúcar, é produzido o leite condensado com cerca de 29% de água. A aplicação da desidratação total leva ao leite em pó, produto com cerca de 3% de água. Modificação na fração glicídica: a presença de bactérias lácticas no leite é normal, com exceção do leite esterilizado. Estas mesmas bactérias se encontram em diversas plantas e no intestino do homem. As bactérias lácticas de interesse tecnológico são Strepto-coccus, Leuconostoc e Lactobacillius. O leite pasteurizado apresenta menor carga microbiana e podem ser adicionadas leveduras lácticas para promover fermentação controlada e desejada. Assim, são obtidos os leites fermentados e o iogurte. Modificação na fração protéica: os queijos são obtidos a partir da coagulação das micelas de caseína do leite por ação do coalho ou de outras enzimas coagulantes apropriadas. O coágulo obtido é separado do soro e maturado, com auxilio de microorganismos próprio. A adição de substâncias como o cloreto de cálcio favorece a formação do coágulo. REFERÊNCIA: GONÇALVES, Édira C. B. de Andrade. Análise de alimentos: uma visão química da nutrição. São Paulo: Livraria Varela, 2006.
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