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Tema 07 O Ensino das Ciências Naturais a partir das Vivências e Práticas
Conteúdo 
• A mediação do professor em um programa audiovisual. 
• O planejamento elaborado por Trivelato e Silva auxilia o professor no trabalho desenvolvido com seus alunos, contribuindo para sua reflexão, discussão e análise crítica dos programas apresentados. 
• Sugestões de práticas de trabalho desenvolvidas por Férres e Silva.
O Ensino das Ciências Naturais a partir das Vivências e Práticas. 
Como já mencionado no texto anterior, de nada adianta o aluno assistir a um programa de televisão se o conteúdo deste não foi discutido e trabalhado pelo professor para atingir seu objetivo. Um professor bem preparado, com recepção crítica, consegue transformar um material conservador em um material de consistência, ou seja, que tenha significado para o aluno (TRIVELATO; SILVA, 2011). 
Para a utilização de um programa de vídeo é necessário que o professor faça um planejamento detalhado antes de sua apresentação, isto é, o que será trabalhado antes, durante e depois de terminado o programa. Como possibilidade de planejamento de um programa a ser apresentado na sala de aula, as autoras acima apresentam a seguinte sugestão:
Por meio do planejamento, o professor pode mediar os conteúdos com os alunos contribuindo para sua reflexão, discussão e análise crítica dos programas apresentados e, assim, proporcionar uma educação de qualidade na escola. 
Uma proposta bastante significativa para o trabalho com televisão, cinema e vídeo é apresentada por Férres (1996 apud TRIVELATO; SILVA, 2011), sendo denominada método compreensivo. De acordo com o autor, o método parte da sensibilidade gerada para se chegar ao racional, isto é, as reações emocionais geradas pelo programa mais a sua posterior análise e reflexão devem ser os pontos principais dessa metodologia, destacando, segundo Férres (1996, p. 99 apud TRIVELATO; SILVA, 2011, p.49):
			se a experiência da televisão é frequentemente, negativa porque deixa a reflexão de lado, 			a sua interação à escola costuma sê-lo porque deixa a emoção de lado.
Nesse sentido, as emoções também foram verificadas na pesquisa de Rodriguéz e Montagner (2009) como elementos marcantes no esporte, em que promovem uma interação, tanto de quem pratica o esporte quanto de quem o assiste. Para os autores, “uma relação a partir dos sentimentos e emoções no imaginário dos indivíduos, que parte das situações cotidianas para um quadro mimético” (p.02). 
A televisão deve cumprir sua função, isto é, proporcionar ao aluno uma visão crítica sobre determinados programas, vídeos e filmes no momento em que a interação é considerada como prática pedagógica, em que estes são colocados lado a lado com sua ideologia, seus valores, seus sentimentos. Nessa prática, o professor valoriza as experiências e os significados que os alunos trazem consigo sobre o assunto (RODRIGUÉZ; MONTAGNER, 2009). 
Cabe ao professor interpretar e discutir com os alunos sobre os sentimentos e as emoções gerados pelo filme e, diante disso, propor metodologias adequadas que venham garantir uma aprendizagem significativa em relação ao conteúdo apresentado pelo professor, garantindo que os objetivos sejam atingidos.
 Visando auxiliar o professor no desenvolvimento de trabalhos com vídeos, Trivelato e Silva (2011) apresentam uma série se sugestões práticas a partir de uma seleção de trabalhos desenvolvidos por Férres (1996 apud TRIVELATO; SILVA, 2011) e Silva (2007).
A primeira sugestão é a “chuva de palavras”. No momento em que o professor fizer a escolha do vídeo a ser trabalhado, deverá separar uma palavra que tenha relação com o tema, ou seja, uma palavra-chave. A partir daí os alunos deverão falar palavras que estejam associadas ao tema. É importante que todas as palavras faladas pelos alunos sejam colocadas na lousa ou em um quadro e que o professor não faça correções nesse momento. Após a apresentação do vídeo, o professor refaz o exercício das palavras para que sejam comparadas com as palavras faladas pelos alunos na primeira etapa. Essa atividade permite ao professor conhecer as representações que os alunos têm sobre o tema apresentado e se, após assistirem ao filme, houve algum tipo de mudança ou transformação. 
A segunda sugestão envolve “escrever uma carta”. Nessa prática os alunos devem escolher um colega e escrever uma carta contando o que aprenderam com o filme e como os aspectos apresentados nele interferem na sua vida cotidiana. Dependendo do filme, o professor também pode optar que a carta seja direcionada a um personagem. 
Na terceira sugestão prática é apresentada uma “comparação com os meios de comunicação de massa”. Nela, o professor deve pedir aos alunos que realizem uma pesquisa em jornais do dia ou da semana, revistas ou programas de televisão, que seja possível gravar, de notícias que sirvam para complementar as informações do programa apresentado. Após assistirem ao vídeo, os alunos poderão fazer uma comparação entre as informações que coletaram e o conteúdo apresentado.
A quarta sugestão envolve a “primeira exibição muda”, em que o professor deverá bloquear o som do vídeo. Quando terminarem de assistir as imagens, o professor deverá separar os alunos em grupos e sugerir que cada um elabore um texto de acordo com o que compreenderam do vídeo. Essa prática estimula a imaginação, criatividade e participação do aluno. 
Na quinta sugestão, os autores apresentam a “interrupção da exibição”. O professor deve exibir o programa escolhido e antes que as soluções sejam apresentadas, ele deverá parar a exibição. Desse modo, os alunos deverão elaborar suas próprias conclusões e conferir com as oferecidas pelo programa. 
A outra prática diz respeito ao “tribunal e julgamento”. Nessa prática, quando se tratar de um tema polêmico, o professor pode distribuir “papéis” a cada um dos grupos. Cada grupo deverá apresentar argumentos para aquele fato. Diante das apresentações, o professor deverá observar o envolvimento deles e abrir uma discussão sofre o assunto.
A prática de “roteiro orientador” é importante para trabalhar filmes grandes, que contêm muitas informações. Inicialmente, o professor deve elaborar um roteiro de perguntas ou indicações do que deseja e pedir para que os alunos prestem muita atenção nos aspectos elaborados para posterior discussão na classe. 
Na prática de “justaposição de cenas”, o professor deverá gravar cenas de novelas, noticiário, desenho animado, entre outros, que tratem de uma mesma questão. As cenas gravadas deverão ser apresentadas e, assim que finalizadas, o aluno deverá, individualmente ou em grupo, apresentar uma reflexão crítica sobre o assunto. 
Uma outra prática apresentada pelos autores, envolve o “desenho individual ou em grupo”. Nessa prática o professor diz apenas o tema a ser trabalhado em vídeo e pede aos alunos que façam um desenho imaginando o que há nesse vídeo. Os desenhos são recolhidos, o vídeo é apresentado e um novo desenho é solicitado, sobre o que ficou de mais significativo ao aluno. Os desenhos serão comparados e discutidos junto ao professor. 
A “mímica”. Para realizar essa prática, o professor deverá apresentar o vídeo, dividir os alunos em grupo e fazer um levantamento das sensações que foram propiciadas pelo vídeo, seguidas de mímicas das partes que mais gostaram. A partir dessas mímicas, o professor dirige as discussões para trabalhar a mensagem deixada pelo tema.
 A última prática apresentada é a “poesia”. O professor apresenta o vídeo e, após sua exibição, os alunos deverão fazer um poema da parte que acharam mais significativa. As poesias são lidas em sala, reunidas em uma coleção e distribuídas aos alunos. 
De acordo com as práticas apresentadas, observa-se que todas necessitam ser exploradas e discutidas no ambiente escolar para que tenham significado ao aluno. Esse, por sua vez, tem grande conhecimento e familiaridade com a linguagem audiovisual, portanto, a escola precisa aproveitar esse aspecto para potencializar o processo de aprendizagem desse aluno.