Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TECNOLOGIA DE ALIMENTOS ALTERAÇÕES NOS ALIMENTOS Profa. Maria Lúcia Lima Alterações de Alimentos • CONCEITO: São todas as modificações que neles se operam, destruindo parcial ou totalmente suas características essenciais. Causas, efeitos e critérios • Pequenas e grandes alterações nos alimentos compromete-se: As características sensoriais, composição química, estado físico, segurança alimentar e valor nutritivo dos alimentos. • Utilização do alimento alterado: Está condicionada ao tipo e grau da alteração, que não desfiguram o alimento em suas qualidades essenciais e nenhum perigo ofereçam àqueles que o ingerirem. • Alimento parcialmente alterado e as transformações são de pouca intensidade e se limitam a sua superfície, com a exclusão das partes afetadas, elas podem ser recrutadas como matéria prima, na fabricação de seus derivados. • Alteração na totalidade do alimento: A ingestão deste é inteiramente contra indiciada, mas seu aproveitamento é tolerado para a indústria de adubos, sabão, etc. Causas das Alterações • Essas causas ocorrem desde a etapa de obtenção do alimento até a de seu consumo, como: • Escolha da matéria prima: uma matéria prima de qualidade resulta em um produto processado de qualidade. Ex.: Produtos no ponto de colheita adequado ao objetivo de processamento. • Falhas na coleta e obtenção do produto alimentício: está relacionado com a não observância e a falta de cautela na defesa da integridade do produto, a ausência de certas operações inevitáveis e as práticas condenáveis que repercutem nos características sensoriais dos alimentos. Ex.: Ordenha de leite, sem condições adequadas de higiene; colheita de fruta com danificações físicas. • Omissões na elaboração do produto: leva os produtos às condições de menor defesa diante dos agentes de alterações. Ex.: Proporções de substâncias inadequadas; temperaturas desajustada. • Incorreções nos processos de preservação: conferem aos alimentos maior fragilidade e, conseqüentemente, sua maior acessibilidade às alterações. Ex.: Manutenção do peixe após o seu descongelação em temperatura imprópria; congelamento de verduras sem branqueamento • Inadequações do material de envasamento: podem provocar, no produto, transformações e alterações de vários tipos. Ex.: Alimentos de concentração lipídica em embalagem transparente; embalagem com trocas gasosas. • Impropriedades do transporte: influem sobre as condições dos produtos. Ex.: Acondicionamento mal feito; exposições a diferentes temperaturas durante o trajeto TECNOLOGIA DE ALIMENTOS Classificação dos alimentos quanto à resistência às alterações: TECNOLOGIA DE ALIMENTOSORIGEM DAS ALTERAÇÕES NOS ALIMENTOS •Físicas – calor, radiação, pressão, desidratação, ação de roedores •Biológicas – enzimas e microrganismos •Química – reações não enzimáticas Alterações por agentes físicos São consideradas mudanças físicas: Alterações ocasionadas por defeitos na conservação, manuseio e transporte. • Exemplos de mudanças físicas e possíveis causas: • Desidratação: – Perda da textura, crocânica e peso em frutas e hortaliças – Perda de características desejáveis em carnes resfriadas; – Endurecimento de queijos • Congelamento: – Destruição de células e formação de injúrias em frutos e hortalças – Rompimento de tecidos e formação de exudado em carnes • Danos mecânicos: – Amassamento e rompimento de te4cidos em frutos e hortaliças; – Quebra de produtos rígidos ( biscoitos, massas, cereais matinais, etc) • Queimaduras: – Devido à exposição de frutos e hortaliças ao sol ou a superfícies aquecidas; – Freezer burn: Causada por exposição de carnes a temperaturas muito baixas Alterações por agentes macrobianas • São provocadas por insetos e roedores. • Os insetos são importantes, principalmente na destruição de cereais, frutas e hortaliças. O problema maior da presença do inseto não é o alimento que ele consome mas, sim o fato de ele deixar uma porta de entrada para o ataque dos microrganismos (M.O). • Os roedores, principalmente os ratos, são, também, consumidores de alimentos e por isso sérios competidores do homem. Eles alteram os alimentos não só pelo que consomem, mas principalmente pela contaminação que provocam. • Insetos e roedores são disseminadores de doenças. Alterações por M.O • Existem microrganismos em quase todos os ambientes, eles estão presentes no ar, no solo, na poeira, na água, nos objetos, etc. • A maioria dos métodos utilizados na conservação dos alimentos baseia-se na destruição dos microrganismos ou objetiva criar condições desfavoráveis para o seu crescimento, uma vez iniciado. • Quando os microrganismos chegam aos alimentos, e as condições são favoráveis, iniciam sua multiplicação e crescimento passando por uma série de fases sucessivas, levando à alteração e deterioração dos alimentos. • A definição das espécies ou grupos de microrganismos predominante no alimento irá depender, fundamentalmente, das características inerentes a esse alimento, e por isso FATORES INTRÍNSECOS dos alimentos, bem como das condições ambientais prevalentes e, portanto, FATORES EXTRÍNSECOS. • As bactérias, bolores e leveduras são os microrganismos de maior destaque como agentes potenciais de deterioração e como eventuais patógenos ao homem. • O conhecimento dos fatores (intrínsecos e extrínsecos) que favorecem ou inibem a multiplicação dos microrganismos é essencial para compreender os princípios básicos que regem tanto a alteração como a conservação dos alimentos. Alterações Químicas • Enzimáticas • Escurecimento enzimático – Formação de off-flavor em produtos vegetais – Perda de textura em frutos e hortaliças • Não Enzimáticas • Rancidez oxidativa • Escurecimento químico: – Reação de Maillard – Caramelização – Mecanismo de ácido ascórbico Enzimas • Sua aplicação em diversos processos de produção de alimentos é extremamente benéfica e desejável, sendo em vários casos, indispensável. • No entanto, a presença de algumas enzimas específicas em determinados alimentos pode levar a deterioração e perda de qualidade dos mesmos. TECNOLOGIA DE ALIMENTOSAlterações enzimáticas e consequências Proteinases Descaboxilases microbianas Polifenol oxidases Enzimas pectinolíticas • Sabor amargo • formação de histamina • Escurecimento de vegetais • Amolecimento de frutas Principais efeitos em que as enzimas provocam danos nos alimentos • Escurecimento enzimático (browning): – Consiste no surgimento de cor escura em certos vegetais, quando os mesmos são expostos ao ar: ( frutas e hortaliças. Ex.: maça, banana, batata), fungos ( cogumelos comestíveis), crustáceos (camarão, caranguejo e lagosta) – Pode ser acompanhado de off-flavor ( Odores indesejados) e consequentemente perda nutricional ( principalmente por destruição de aminoácidos – tirosina e vitaminas, por exemplo). Este efeito, em geral, está ligado a ação de peroxidases (H2O2), que geram radicais livres, liberando compostos de degradação, de baixa massa molecular. Ação das polifenoloxidases Escurecimento Enzimático • Ação das polifenoloxidases Formas de evitar o escurecimento enzimático • Por tratamento térmico ( Branqueamento) • Por acidificação do meio: São inativadas, geralmente, em valores de pH inferiores a 4,0. • Por adição de inibidores químicos: Sulfitos e metabissulfito de sódio, ácidos orgânicos(cítricos, ascórbico e o málico); sais; agentes redutores (cisteína). Ação desejável das polifenoloxidades • Chá preto • Passas • Amêndoas de cacau • Ameixa Descarboxilases microbiana em peixes TECNOLOGIA DE ALIMENTOSEscurecimento Não Enzimático • Rancidez oxidativa • Reação de Maillard • Caramelizaçã • Oxidação do ácido ascórbico TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS Rancidez oxidativa Processo de deterioração de óleos e gorduras. Pode ocorrer na extração, processamentoe armazenamento. Consiste na formação de odor desagradável, típico de rancidez, em produtos ricos em lipidéos. O radical tende a formar peróxidos, se propagando por todo o produto. TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS A oxidação de lipídeos gera a formação de: • lipoperóxidos • aldeídos • cetonas • ácidos • compostos epoxi e polímeros diversos TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS ACELERAM • Temperatura elevada • Luz (UV, Branca) • Radiações ionizantes • Peróxidos • Enzimas lipolíticas • Catalisadores orgânicos férricos (Hb) • Catalisadores metálicos (Cu, Fe) ATRASAM • Refrigeração • Embalagens opacas ou escuras • Antioxidantes Fatores que influenciam a auto oxidação TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS • Perda de cor • Perda de odor • Ganho de aromas estranhos • Perda de AGE Ác. Graxos Essenciais • Reações de escurecimento com proteínas Consequências da oxidação para o alimento Pode gerar toxicidade TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS REAÇÃO DE MAILLARD Reação de Maillard – reação que ocorre entre nutrientes com grupamentos carbonila livres (açúcares redutores), e nutrientes aminados (aminoácidos) A degradação de ácidos graxos, gera aldeídos, contribui com essa reação TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS Reação de Maillard (RM): Glicose + PTN glicosilamina HMF formação de compostos diversos de odor, sabor e cor (escurecimento) condensação TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS Um açúcar redutor é qualquer açúcar que, em solução básica, forma algum aldeído ou cetona. O açúcar atua como um agente redutor, por exemplo na RM e Reação de Benedict. Os principais açucares redutores são frutose, glicose, maltose e lactose. A sacarose, sendo formada por glicose e frutose, pode tornar-se um açúcar redutor se sofrer ação enzimática ou hidrólise ácida. TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS O aroma e a alteração do sabor, além da cor característica, depende do aminoácido na reação: Arginina + glicose geram aroma de pipoca (600C) Valina + glicose escurecem a 800C e a 1800C o aroma é de chocolate Lisina + glicose escurecem a 1300C e a 1800C o aroma é de pão. TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS VALOR NUTRICIONAL A reação de Maillard leva à perda do valor nutricional, por reação irreversível do aminoácido com o açúcar. Se o aminoácido for essencial, há prejuízo no preparo do alimento. Além da perda do nutriente, há indisponibilidade por dificuldade na digestão. TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS Reação de Maillard indesejada: • Quando não se pode dispensar de aminoácidos essenciais – Nutrição parenteral. Reação desejada: • Crosta do pão • Produto alimentício tostado TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS Controle das reações • temperatura – de refrigeração • atividade de água – < 0,4 e > 0,7 não reage. Reação mais intensa em aH2O de 0,6 • pH – é mais favorecido em meio tendendo a alcalino (de 7 a 10) •Vide Lista de pH e Aw de alimentos TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS REAÇÃO DE CARAMELIZAÇÃO Reação por aquecimento direto de carboidratos (açúcares e xaropes), com formação de complexos, que, ao final do processo, produz compostos de cor e aroma aos alimentos. TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS Caramelização •Ocorre quando a sacarose é aquecida a 1600C (pura ou com água) •Pode ser acelerada em meio ácido •Maior aquecimento, maior escurecimento, formação de polímeros, flavour. TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS Caramelização – a sacarose se funde a 1600C, perde água e se transforma em anidridos de frutose e glicosanos e levulosanos. Acontecem desidratações e hidrólises, com formação de ácidos, aldeídos diversos. Dentre os aldeídos, o HMF, que se polimeriza, formando melanoidinas (mudança de cor) TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS Caramelização Acima de 2000C, a sacarose se desintegra, forma espuma e se a queima continuar, haverá carbonização. Melanoidinas TECNOLOGIA DE ALIMENTOSCAUSAS DE ALTERAÇÕES DOS ALIMENTOS Oxidação da vitamina C (ácido ascórbico) O ácido ascórbico, quando aquecido em meio ácido se oxida, formando o furfural, que se polimeriza formando melanoidinas (escuro) Escurecimento de sucos de caju e laranja. TECNOLOGIA DE ALIMENTOSREFERÊNCIAS ARAÚJO, J. M. A. Química de alimentos: teoria e prática. 2ed. Viçosa: UFV, 1999. COULTATE, T. P. Alimentos: a química dos seus componentes. 3ed. Porto Alegre, 2004. OETTERER, M.; REGITANO-D’ARCE, M. A. B.; SPOTO, M. H. F. Fundamentos de Ciência e Tecnologia de Alimentos. Barueri: Manole, 2006. ORDOÑEZ, J. A. Tecnologia de alimentos. Porto Alegre: Artimed, 2005. SENAI-DR BA. Tecnologia de alimentos. Salvador, 2004. 55f.il.(ver 00)
Compartilhar