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Ginecologia e Obstetrícia LIVRO 01 Diagnóstico de gravidez, fsiologia, modifcações no organismo materno, pré-natal, hiperemese gravídica. DHEG, diabetes gestacional, depressão-psicose pós-parto, tireoidopatia na gestação. QUALITY EDUCAÇÃO MÉDICA Material interativo exclusivo! http://qualitycursosmedicos.com QUALITY EDUCAÇÃO MÉDICA © 2019 by Quality Educação Médica Todos os direitos reservados. A cópia, venda, distribuição ou reprodução deste material, total ou parcial mente, é expressamente proibido. Texto: Bianca Beatriz de Oliveira Capa, projeto gráfico e diagramação: Jorge L. G. M. Herrero Revisão geral: Cleiton Mendes Lopes e Bianca Beatriz de Oliveira Autor: Cleiton Mendes Lopes Este material foi desenvolvido para contribuir na preparação do aluno para o processo de revalidação do diploma médico. Os protocolos do ministério da saúde serviram de principal base para o desenvolvimento deste conteúdo, sendo assim, podem existir divergências em relação às demais fontes (livros, associações, instituições, etc). https://qualitycursosmedicos.com/ QUALITY EDUCAÇÃO MÉDICA No decorrer do livro você poderá acessar alguns conteúdos extra via QR Code disponibilizados exclusivamente para auxiliar nos seus estudos. Abra o seu App leitor de QR Code e aponte com a câmera Em seguida será disponibilizado a URL de acesso ao conteúdo Assista ao conteúdo exclusivo! Lor SUMÁRIO Diagnóstico da gravidez..............................................................................................06 Introdução .............................................................................................................06 Métodos diagnósticos........................................................................................06 Outros meios diagnósticos ...............................................................................07 Pré Natal .........................................................................................................................08 Introdução .............................................................................................................08 Principais objetivos .............................................................................................08 Vantagens do pré-natal ......................................................................................09 Calendário.............................................................................................................10 Consultas ..............................................................................................................10 História clínica......................................................................................................10 Hábitos.....................................................................................................................11 Calendário de vacinas........................................................................................11 Esquema vacinal de gestante...........................................................................12 Solicitar exames...................................................................................................12 Exame físico..........................................................................................................12 Condutas gerais .................................................................................................13 Ultrassonografia obstétrica ...............................................................................14 Consultas subsequentes ...................................................................................14 Hiperêmese gravídica.........................................................................................15 Fatores relacionados ..........................................................................................15 Tratamento ............................................................................................................15 Modificações Anatômicas .........................................................................................15 Útero.......................................................................................................................16 Vulva e vagina.......................................................................................................16 Mamas....................................................................................................................16 Modificações sistêmicas....................................................................................16 Sistema osteoarticular........................................................................................16 Sistema digestivo......................................................................................................16 Sistema circulatório ............................................................................................16 Sangue...................................................................................................................17 Sistema respiratório............................................................................................17 Sistema urinário ...................................................................................................17 Sistema endócrino.............................................................................................17 Postura e deambulação .....................................................................................18 Pele.........................................................................................................................18 Metabolismo .........................................................................................................18 Carboidratos.........................................................................................................18 Proteínas...............................................................................................................18 Lipídios...................................................................................................................18 Fisiologia da gestação......................................................................................18 Estática fetal e relações uterofetais..........................................................................20 Relações útero-fetais..........................................................................................20 Apresentação cefálica........................................................................................20 Apresentação pélvica .........................................................................................21 Altura da apresentação ......................................................................................21 Insinuação ou encaixamento....................................................................................21 Posição ..................................................................................................................21 Pontos referência maternos ..............................................................................21 Pontos referência fetal .......................................................................................21 A linha de orientação..........................................................................................22 Nomenclatura obstétrica....................................................................................22 Feto em situação longitudinal...........................................................................22Feto na situação transversa ..............................................................................22 Partograma........................................................................................................................23 A progressão do trabalho de parto .................................................................23 Lor A fase latente........................................................................................................23 A fase ativa............................................................................................................23 A condição fetal ...................................................................................................24 A condição materna............................................................................................24 Distocias .........................................................................................................................25 Trabalho de parto normal (eutócico)...............................................................25 Período expulsivo (segundo período) ......................................................................25 Distocias de fase ativa .......................................................................................25 Distócias de período expulsivo ........................................................................26 Causas...................................................................................................................26 Termos correlatos................................................................................................26 Fatores favorecedores de distócia...........................................................................26 Prevenção de distócias......................................................................................27 Diagnóstico...........................................................................................................27 Pelvimetria clínica.....................................................................................................27 Pelvimetria .............................................................................................................28 Sofrimento fetal .............................................................................................................29 Sofrimento fetal agudo.......................................................................................29 Etiologia ...................................................................................................................29 Diagnóstico...........................................................................................................29 Conduta.................................................................................................................30 Sofrimento fetal crônico.....................................................................................30 Pós Datismo...................................................................................................................31 Conduta.................................................................................................................31 Rotura prematura de membranas..............................................................................33 Conduta aconselhamento sobre morbidade/mortalidade relacionadas à idade gestacional ....................................................................34 Cuidados gerais...................................................................................................35 Avaliação do estado fetal ..................................................................................35 Trabalho de parto prematuro ...................................................................................37 Fatores de risco associados a prematuridade .............................................37 Prevenção do parto prematuro ........................................................................38 Contraindicações ................................................................................................39 Síndrome dos ovários policísticos ............................................................................41 Tratamento ............................................................................................................42 Métodos contraceptivos .....................................................................................................43 Características dos métodos.....................................................................................43 Critérios clínicos de elegibilidade....................................................................44 Métodos comportamentais ...............................................................................45 Métodos de barreira ...........................................................................................45 Anticoncepção hormonal oral...........................................................................45 Anticoncepção hormonal injetável ................................................................46 Dispositivo intra-uterino .....................................................................................46 Esterilização..........................................................................................................46 Anticoncepção pós-parto e pós-aborto .........................................................47 Fisiologia do ciclo menstrual ......................................................................................48 O ciclo ovárico .....................................................................................................48 Fase folicular.........................................................................................................48 Mecanismo da ovulação ....................................................................................49 Fase luteínica........................................................................................................49 Amenorreia ....................................................................................................................50 Compartimento I : distúrbios do trato de saída ou órgão-alvo uterino............................................................................................... 50 Compartimento II: distúrbios ovarianos......................................................... 51 Compartimento III: distúrbios da hipófise anterior...................................... 53 Compartimento IV: distúrbios hipotalâmicos.............................................................. 53 Amenorreia secundária............................................................................................... 53 Síndromes Hipertensivas da Gravidez.................................................................... 55 Hipertensão arterial ......................................................................................... 55 Proteinúria.......................................................................................................... 55 Plaquetopenia ................................................................................................... 55 Classificação das síndromes hipertensivas da gravidez......................... 56 Conduta nas síndromes hipertensivas da gravidez.................................. 58 Eclâmpsia........................................................................................................... 62Tratamento da hipertensão aguda ............................................................... 63 Tratamento da hipertensão aguda grave na pré-eclâmpsia ................... 63 Via de parto ....................................................................................................... 63 Seguimento pós-parto .................................................................................... 64 Síndrome HELLP ............................................................................................. 64 Conduta.............................................................................................................. 64 Atencipação do diagnóstico.......................................................................... 64 Avaliação das condições maternais ............................................................ 64 Avaliação das condições fetais .................................................................... 65 Controle da pressão arterial .......................................................................... 65 Prevenção das convulsões com sulfato de magnésio ............................ 65 Manejo de fluidos eletrólitos.......................................................................... 65 Utilização criteriosa de sangue e hemoderivados .................................... 65 Manejo do trabalho de parto ......................................................................... 65 Tratar a gestante intensivamente no pós-parto......................................... 65 Diabetes ............................................................................................................. 66 Diabetes gestacional....................................................................................... 66 Rastreamento e Diagnóstico ......................................................................... 67 Diabetes pré-gestacional ............................................................................... 67 Manejo do diabetes na gravidez................................................................... 68 Adoçantes.......................................................................................................... 68 Atividade física.................................................................................................. 69 Controle glicêmico........................................................................................... 69 Hipoglicemiantes orais ................................................................................... 70 Insulinoterapia................................................................................................... 70 Controle obstétrico e avaliação fetal ........................................................... 70 Momento e via de parto.................................................................................. 71 Pós-parto............................................................................................................ 72 Tireoidopatias.................................................................................................... 73 Diagnóstico / Tratamento / Segmento........................................................ 74 Hipertireoidismo ............................................................................................... 74 Diagnóstico / Tratamento / Segmento........................................................ 75 Crise tireotóxica................................................................................................ 75 Blues do Pós-Parto, Depressão Pós-Parto e Psicose ........................................ 77 Caracterização das alterações emocionais no puerpério ...................... 79 Questões ....................................................................................................................... 80 Gabarito ......................................................................................................................... 103 06 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ - - INTRODUÇÃO MÉTODOS DIAGNÓSTICOS suspeita de gravidez na grande maioria das vezes é relatada pelas pacientes como um atraso menstrual de semanas ou dias e a partir deste atraso é que buscamos a confirmação da gestação. O diagnóstico baseia-se na história clínica, exame físico e em testes laboratoriais. A O Primeiro teste e consequentemente o mais utilizado é o teste imunológico de gravidez (TIG), que detecta a presença de HCG na urina que surge a partir da 6ª semana após o atraso menstrual. Outro teste realizado é o BHCG – dosagem de gonadotrofina coriônica humana, coletado através de uma amostra sanguínea. Valores acima de 25mlU/ml já confirmam gestação. O HCG está presente na circulação materna 8 a 10 dias após a concepção. Outro método utilizado é a ultrassonografia (USG), que é um exame de imagem que nos permite a visualização do saco gestacional e do concepto. Além de ser um método diagnóstico a ultrassonogra- fia também é um método confirmatório do tempo de gestação. A partir deste método podemos determinar a idade gestacional, peso do feto e a vitalidade do feto.materna 8 a 10 dias após a concepção. 07 OUTROS MEIOS DIAGNÓSTICOS Através de anamnese e exame físico é possí- vel detectar os sinais de presunção, que são sinto- mas referidos pelas pacientes no momento da anamnese. Amenorreia ou atraso menstrual é o mais referido pelas pacientes, porém queixas como náuseas, vômitos, tonturas, sonolência e sialorreia também são sintomas frequentes que fazem parte dos sinais de presunção. Modificações anatômicas também podem ser referi- das: Hiperplasia mamaria outro sintoma bem frequente relatado na suspeita de gravi- dez como aumento do volume das mamas. Hipersensibilidade dos mamilos. Sinal de Hunter, que é o aumento pigmenta- ção da aréola. Hipertrofia dos tubérculos de Montgo- mery. Cloasma gravídico são manchas na pele que surgem na gestante pelo aumento de hormônios na circulação materna. E o Aumento do volume abdominal. Batimentos cardiofetais, audível com sonar a partir da 10-12 semanas e com Pinard 18- 20 semanas; 08 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PRÉ-NATAL Movimentos fetais a partir da 5ª semana; Amolecimento da cérvice uterina, com pos- terior aumento do seu volume; Paredes vaginais aumentadas, com aumen- to da vascularização (pode-se observar pulsação da artéria vaginal nos fundos de sacos laterais); Depois de feito o diagnóstico de gestação se dá início ao pré-natal. INTRODUÇÃO PRINCIPAIS OBJETIVOS O principal objetivo do pré-natal é acolher a mulher desde início da gestação e assegurar o ade- quado crescimento e desenvolvimento fetal e contri- buir para um nascimento seguro. Uma atenção pré-natal humanizada e qualifi- cada se dá por meio de condutas acolhedoras, servi- ço de fácil acesso e ações que integrem todos os níveis de atenção à saúde materna e neonatal. Preparar a mulher para a maternidade, trazendo informações educativas sobre o parto e o cuidado da criança (puericultu- ra); Orientar sobre a manutenção do estado nutricional apropriado; Orientar sobre o uso de medicações que possam afetar o feto ou o parto ou medi- das que possam prejudicar o feto; Tratar das manifestações físicas próprias da gravidez; 09 VANTAGENS DO PRÉ-NATAL Fazer prevenção, diagnóstico precoce e tratamento de doenças próprias da gesta- ção; Orientarpsicologicamente a gestante para o enfrentamento da maternidade; Orientar e explicar sobre o parto como um processo natural e fisiológico que, nor- malmente, quando bem conduzido, não precisa de condutas intervencionistas; Respeitar os sentimentos, emoções, necessidades e valores culturais; Ofertar a promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao longo do processo da gestação, parto e nascimen- to. Permite identificar doenças que já esta- vam presentes no organismo, porém, evo- luindo de forma silenciosa, como a hiper- tensão arterial, diabetes, doenças do coração, anemias, sífilis. Detecta problemas fetais, como malfor- mações. Algumas delas, em fases iniciais, permitem o tratamento intrauterino que proporciona ao recém-nascido uma vida normal; Avalia aspectos relativos à placenta, pos- sibilitando tratamento adequado. Sua localização inadequada pode provocar graves hemorragias com sérios riscos ma- ternos; Permite identificar precocemente a pré-e- clâmpsia. 10 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA CALENDÁRIO CONSULTAS HISTÓRIA CLÍNICA Segundo a Organização mundial de saúde (OMS) são necessárias no mínimo seis consultas para considerar que a gestante fez um bom pré-natal. Segundo a FEBRASGO deve-se realizar con- sultas mensais até as 28 semanas, quinzenais até as 36 semanas e semanais até o momento do parto. A primeira consulta deve ser realizada até 12 semanas. O objetivo é orientar, acolher e escutar a gestante. No ato da primeira consulta deve se cadastrar a gestante assim preenchendo o cartão da gestante e solicitando o cartão de vacinas e a coleta de exames de rotina. O cartão da gestante deve conter identifica- ção completa como nome, idade, endereço e unidade de referencia. No segundo passo, Anamnese obstétri- ca. Antecedente familiar: É muito importante estar informado sobre doença que estão presentes na família da gestante, tais como: hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença congênitas, gemelaridade, câncer de mama ou colo de uterino. Antecedente pessoais: Se a gestante é portadora de hipertensão arterial e qual medicamento utiliza, diabete mellitus, doenças renais crônicas, doenças da tireoide ou outras endocrinopatias, Antecedente ginecológicos: doenças neurológicas e psiquiátricas. Todas essas informações devem estar ano- tadas no prontuário da gestante e no cartão da gestante. • Ciclos menstruais (ritmo, duração e regularidade); • Uso de métodos contraceptivos (quais e período de uso); • Doenças sexualmente transmissí- veis (tratamento realizado e se parceiro também tratado); • Sexualidade, início da atividade sexual, número de parceiros, dispareunia ou desconforto no ato sexual e se houve uso de preservativos (masculino ou femini- no). Antecedente obstétricos: • Número de gestações (incluindo abortamentos, gravidez ectópica, mola hidatiforme); 11 HÁBITOS CALENDÁRIO DE VACINAS Gestação atual: • Número de partos e tipo de parto; • Número de abortamento (espontâ- neos, provocados); • Números de filhos vivos; • Idade na primeira gestação; • Tempo entre cada gestação; • Isomunização RH. • Data da última menstruação – DUM (anotar certeza ou dúvida); • Peso prévio e altura; • Sinais e sintomas na gestação em curso; • Hábitos alimentares; • Medicamentos utilizados na gesta- ção; • Internação durante a gestação atual; Tabagismo: É contraindicado na gestação Alcoolismo: É proibido o consumo de bebida alcoólica pois não está estabelecido se existe uma quantia segura para consumo de álcool durante a gestação; o abuso pode levar a malformações como a síndrome alcoólica fetal. No terceiro passo é muito importante analisar- mos a carteira de vacinação da gestante e verificar as vacinas que faltam ser completadas ou necessitam de reforço. 12 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA SOLICITAR EXAMES EXAME FÍSICO Grupo sanguíneo Rh; Sorologia para hepatite B (HBsAg); Sorologia para toxoplasmose; Colpocitologia de colo para atualizar; Protoparasitológico de fezes; Eletroforese de hemoglobina (quando há suspeita clinica de anemia); Avaliação nutricional (peso e cálculo do IMC); Medida da pressão arterial; Palpação abdominal e percepção dinâmica; Medida da altura uterina; Coombs indireto (caso a gestante seja Rh negativo); Hemograma; Glicemia em jejum (repetir com 30 sema- nas); Vdrl / teste rápido (repetir com 30 sema- nas); Vdrl / teste rápido (repetir com 30 sema- nas); Sorologia Anti HIV com o consentimento da mulher (repetir com 30 semanas); Urina tipo I (parcial de urina) e urocultura (repetir com 30 semanas); Na primeira consulta é fundamental a coleta de exames para que possamos analisar a saúde da ges- tante. No 4ª passo, em todas as consultas a rotina de exame físico será indispensável os seguintes procedimentos: ESQUEMA VACINAL DE GESTANTE 2ª VISITA: 2 meses após a 1ª visita 3ª VISITA: 6 meses após a 1ª visita Em qualquer fase gestação 1ª VISITA DUPLA ADULTO: dT (1) DUPLA ADULTO HEPATITE B (2) HEPATITE B DUPLA ADULTO HEPATITE B 1ª dose 1ª dose VACINAINTERVALO ESQUEMA 2 A cada 10 anos INFLUENZA (3) 2ª dose 2ª dose 3ª dose 3ª dose Anual ReforçoDUPLA ADULTO: dT (1) 13 Ausculta dos batimentos cardiofetais; Movimentos fetais; Manobra de Leopold e palpação obstétrica no terceiro trimestre. Registro dos movimentos fetais; Verificação da presença de edema e sempre verificar as mamas; Exame especular para avaliar as condições do colo (quando necessário); • Orientar a gestante sobre a alimen- tação e o acompanhamento do ganho de peso gestacional; • Incentivar o aleitamento materno exclusivo até os seis meses; • Fornecer todas as informações necessárias e respostas às indagações da mulher, de seu companheiro e da família; • Prescrever vitaminas acido fólico 4-5mg dia; • Sulfato ferroso 40-60 MG dia em caso que a gestante já tenha o diagnostico de anemia Avaliação da bacia; Método de ausculta de batimentos cardiofetais com método de Pinard. Ilustração de método para medir a altura uterina. Manobras de Leopold demonstrada em suas 4 fases. CONDUTAS GERAIS 14 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA ULTRASSONOGRAFIA OBSTÉTRICA CONSULTAS SUBSEQUENTES Entre a 11-13 semana é recomendável realizar a ultrassonografia para avaliar a translucência nucal, ducto venoso e osso nasal. Entre 20-24 semanas ultrassonografia morfo- lógica para visualizar a anatomia do feto. 34 semanas ultrassonografia obstétrica para avaliar o crescimento do feto, líquido amniótico e posi- ção da placenta. • Sempre calcular a idade gestacional; • Realizar anamnese e exame físico; • Verificar e atualizar o cartão de vaci- nas; • Verificar resultados de exames; • Avaliar as varizes. Avaliar o ganho de peso: • Gestantes de baixo peso o recomen- dável é 12,5 a 18 kg ao total; • Peso adequado 11,5 a 16 kg; • Sobrepeso 7 a 11,5 kg; • Obesas 5 a 9 kg. No terceiro trimestre alguns exames devem ser solicitados novamente: • Hemograma; • Coombs indireto (para gestante Rh negativo); • VDRL, HIV, HBsAg; • Glicemia em jejum; • Urina tipo I. 15 HIPERÊMESE GRAVÍDICA TRATAMENTO MODIFICAÇÃOES ANATÔMICAS FATORES RELACIONADOS Caracteriza-se por vômitos contínuos e inten- sos que impedem a alimentação da gestante. Esta manifestação ocorre com maior frequência nos primeiros meses da gestação. Como consequência ocasionando desidrata- ção, oligúria, perda de peso e transtornos metabóli- cos.Hidratação parenteral e administração de antieméticos Deve-se orientar o uso de bebidas geladas para a melhoria dos sintomas, assim como se deve evitar o uso de bebidas com gás e que contenham cafeína. O corpo da mulher sofre muitas modificações em todo o curso da gestação. Estas modificações ocorrem de maneira que o feto vai crescendo e varian- do de tamanho e são necessárias para que o corpo materno se adapte ao crescimento uterino. Aspectos emocionais e adaptações hormo- nais são apontados como causadores do citado transtorno. Os vômitos tardios da gravidez não devem ser confundidos com hiperemese graví- dica. Apoio psicológico e ações educativas desde o início da gravidez, bem como reorienta- ção alimentar são as melhores maneiras de evitar os casos mais complicados. Também podem estar associada a questões como: Gestação múltipla, mola hidatiforme, pré-eclâmpsia, diabetes e aloimuniza- ção Rh. Há outros fatores que podem acarretar vômitos com a mesma gravidade e que devem ser afastados, tais como: : Úlcera gástrica, cisto torcido de ovário, gravidez ectópica, insuficiênciarenal, infecções intestinais. ANTIEMÉTICOS ORAIS Dimenidrinato Ondansentrona Metoclopramida até 10 mg até 50 mg Comprimidos de 4 e 8 mg POSOLOGIAAGENTE 2 Dose máxima de 32 mg/dia 6 em 6 horas 6 em 6 horas ANTIEMÉTICOS INJETÁVEIS Dimenidrinato Ondansentrona Metoclopramida 10 mg (1 ampola = 10mg) 50 mg (1 ampola = 1ml) Ampolas de 4 e 8 mg POSOLOGIAAGENTE 2 Dose máxima de 32 mg/dia Intervalo mínimo de 6 horas entre as doses; Atenção com sintomas extrapiramidais. 6 em 6 horas 16 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA ÚTERO VULVA E VAGINA Por estímulo hormonal o leva a hipertrofia e hiperplasia celular, alterando peso e volume uterino, ao final da gestação o útero pesa cerca de 1 kg e tem a capacidade de 4 a 5 litros. A mucosa vaginal torna–se edematosa, mole e flexível, o tecido conjuntivo torna-se mais frouxo e a musculatura lisa hipertrofiada para que possa suportar a distensão que ocorre durante o parto. MAMAS SISTEMA OSTEOARTICULAR Ocorre um aumento mamário, as veias super- ficiais ficam mais dilatadas e visíveis sob a pele (rede venosa de Haller), os tubérculos de Montgomery ficam hipertrofiados e há uma hiperpigmentação da aréola, podendo surgir uma aréola secundária (sinal de Hunter). As articulações das gestantes, principalmente a pube e as articulações sacroilíacas e sacrococcíge- as tornam se relaxadas devido ao efeito do estrogê- nio e da progesterona. SISTEMA DIGESTIVO SISTEMA CIRCULATÓRIO O aumento do volume abdominal e da pres- são intraperitoneal e a diminuição da resistência do esfíncter esofágico inferior favorecem o refluxo gas- tresofágico. Observa-se aumento nos níveis séricos de fosfatase alcalina, e a concentração plasmática de albumina diminui cerca de 20%. Anorexia e náuseas são comuns no primeiro trimestre. As alterações mais importantes acontecem no débito cardíaco e na distribuição do fluxo sanguíneo aos demais sistemas. Consistência: Ocorre um amolecimento de todo o órgão, primeiro na região do istmo (sinal de Hegar) e colo do útero (sinal de Goodell). Forma: Até 20 semanas o útero adquire uma forma esférica e progride para uma forma globo- sa e cilíndrica. MODIFICAÇÕES SISTÊMICAS 17 SANGUE SISTEMA RESPIRATÓRIO A freqüência respiratória cresce discretamente, e a ventilação aumenta por minuto. Em virtude da hiperventilação, ocorrem pequeno aumento na pO2 e diminuição da pCO2 arteriais. SISTEMA URINÁRIO SISTEMA ENDÓCRINO O fluxo plasmático renal e a taxa de filtração glomerular aumentam em ate 50%, e, como consequ- ência ocorre um aumento no clearance de creatinina e a diminuição nas concentrações plasmáticas de uréia e creatinina. A ação miorrelaxante da progesterona nos ureteres e a dextro-rotação do útero provocam estase urinaria ureteral. A alteração da imunidade da gestante predispõe à infecção urinaria. Assim a bacteriuria assintomática deve ser sempre tratada durante a ges- tação. A secreção de prolactina aumenta durante a gestação. Há um aumento da frequência cardíaca em repouso e do débito cardíaco. Observa-se redução dos níveis da pressão arterial, causada pelo desenvolvimento da placenta. Em gestantes clinicamente saudáveis, a pressão arterial (PA) diminui até a metade da gestação e, então, aumenta até o dia do parto, com valores finais similares àqueles encontrados no início da gestação. O útero aumentando comprime a veia cava inferior, dificultando o retorno venoso e podendo acarretar o aparecimento de edemas e varizes nos membros inferiores. A volemia aumenta em até 50% durante a gestação. A hipervolemia resulta do aumento do volume plasmático e do número de células sanguíne- as, os valores da hemoglobina e do hematócrito dimi- nuem entre o 3º e o 5º meses de gestação. Observa se uma relativa leucocitose, com leucograma podendo atingir até 15 mil células. O número de plaquetas diminui ligeiramente, evento decorrente da hemodiluição e do aumento do consu- mo. 18 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Os níveis séricos de FSH e LH estão mais baixos do que os das mulheres não grávidas. Ocorre aumento da glândula tireoide, sendo possível à palpa- ção já no primeiro trimestre. A secreção de aldosterona eleva-se, prevenin- do a perda de sódio. O aumento da glicemia é causado pela ação de hormônios placentários anti insulinêmicos, ocorre resposta pancreática da gestante com incremento na produção de insula. As proteínas totais estão aumentadas em valores absolutos, porém em virtude da hemodiluição gestacional suas concentrações séricas estão dimi- nuídas. É normal observar uma leve hipoglicemia de jejum, hiperglicemia pós-prandial e hiperinsulinemia. A hipoglicemia deve-se ao consumo de glicose pelo feto. A hiperglicemia pós-prandial ocorre por aumento da resistência periférica a insulina. A hiper- glicemia estimula o pâncreas materno, onde vai haver hiperplasia e hipertrofia de células beta pancreáticas, que produzem e secretam maiores quantidade de insulina na circulação sanguínea materna, resultando em uma hiperinsulinemia compensatória. Com o aumento do volume abdominal e das mamas, para compensar e conseguir manter se em pé, a gestante empina o ventre e joga o corpo para trás - esta adaptação da gestante chama-se marcha anserina. As taxas de magnésio estão diminuídas ate o terceiro mês de gestação, a concentração de fósforo permanece inalterada durante toda gesta- ção. As demandas de ferro estão elevadas, princi- palmente na segunda metade da gestação. O feto requer grande porção dos estoques de ferro da mãe, por isso é necessária a suplementação durante a gravidez. POSTURA E DEAMBULAÇÃO METABOLISMO PROTEÍNAS CARBOIDRATOS A maior produção de hormônios favorecedo- res de lipólise aumenta a disponibilidade de ácidos graxos livres no plasma materno. A lipólise e a hiperin- sulinemia facilitam a ocorrência de Cetose materna em vigência de jejum prolongado. O ovário, mensalmente, gera um folículo con- tendo um oócito. A eclosão desse folículo, chamada ovulação, libera o precursor do gameta feminino que se localiza na tuba uterina na região ampular, região aonde ocorre a fecundação. A fecundação é a fusão do gameta masculino e feminino. Quando isso acontece, a estrutura celular resultante é o zigoto. LIPÍDIOS A hiperpigmentação cutânea é frequente geran- do o cloasma gravídico na face, nas mamas alterando a coloração das aréolas e no abdome a linha nigra. PELE FISIOLOGIA DA GESTAÇÃO 19 O zigoto sofreuma série de divisões celulares processo chamado segmentação. A cada divisão, são formadas células blastômeros. O conjunto de blastô- meros forma a mórula, que alcança a cavidade uterina ao redor do 5º dia. A nidação inicia-se cerca de 1 semana após a ovulação, entre o 6º e o 8º dias, e se completa alguns dias depois. O 1º contato gera a destruição do epitélio e do estroma endometriais, ação causada por enzimas e pelo grande poder invasor das células trofoblásticas. No 18º dia, todo o endométrio já apresenta reação decidual. As células deciduais são volumosas, poliédricas, com núcleo arredondado e vesicular, cito- plasma claro e circundado por membrana translúcida. Até o 4º mês de gravidez, são reconhecidas várias divisões na decídua: a decídua basal é aquela sobre a qual se deu a nidação; a decídua capsular é a parte que recobre o ovo; a decídua marginal é a que se encontra entre a decídua basal e a capsular e corresponde ao contorno equatorial do ovo; e, final- mente, a decídua parietal, que é a porção que reveste o restante da superfície interna do útero. A decídua executa várias funções dentro delas uma muito importante é proteger o zigoto da destrui- ção e lhe assegura o alimento na fase inicial da placentação. O trofoblasto, componente embrionário, e a decídua, componente materno, contribuem para a formação da placenta. A placenta apresenta 2 faces: materna, em contato com a decídua basal; e fetal, recoberta pelo âmnio e da qual se origina o cordão umbilical. O cordão umbilical resulta da condensação do meso- blasto no nível do pedículo do embrião e contém 2 artérias e 1 veia. células do sinciciotrofoblasto; aproximadamente 10% dessa pregnenolona é enviada ao feto, e o restante (90%) é convertido em progesterona pela mãe. A progesterona que circula em altos níveis no sangue fetal é de origem placentária. A progesterona e os estrogênios desempe- nham múltiplas funções durante a gestação. Acredita- -se que a progesterona iniba as contrações uterinas e a lactação, influencia no desenvolvimento das mamas e do metabolismo hídrico e exerce atividade imunossu- pressora. Os estrogênios, por sua vez, influenciam o crescimento do útero e possibilitam o aumento do fluxo sanguíneo local. A placenta humana é discoide, hemocorial e deciduada. A placenta apresenta 2 faces: materna, em contato com a decídua basal; e fetal, recoberta pelo âmnio e da qual se origina o cordão umbilical. O cordão umbilical resulta da condensação do meso- blasto no nível do pedículo do embrião e contém 2 artérias e 1 veia. Fontes: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao _basica_32_prenatal.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_pre_natal _puerperio_3ed.pdf http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/ caderneta_gestante.pdf http://www.uff.br/WebQuest/downloads/ FisiolApRepFem.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_sexual_ saude_reprodutiva.pdf 20 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA ESTÁTICA FETAL RELAÇÕES ÚTERO-FETAIS APRESENTAÇÃO CEFÁLICA 1. Atitude ou hábito fetal: É a relação das diversas partes do feto entre si. O feto se aloja na cavidade uterina em atitude de flexão generalizada (coluna vertebral encurvada no seu todo e a cabeça com o mento aproximado da face anterior do tórax, braços na face anterior do tórax bem como os antebraços também flectidos, nos membros inferiores as coxas se flectem sobre a bacia e as pernas, na mesma atitude, sobre as coxas), isso sendo possível por causa da flexibilida- de da coluna vertebral e à articulação occipitoverte- bral. O concepto forma tipo um ovóide (ovôide fetal), com dois pólos: o pólo cefálico e o pólo pélvico (o ultimo sendo maior). Ao conjunto do tronco com os mem- bros, dá-se a denominação de ovóide córmico. Pólo cefálico é o segmento menos redutível e desempenha papel de maior importância no proces- so de adaptação ao trajeto pelviperineal. • Fletida: quando pólo cefálico está fletido ao mento, próximo da face anterior do tórax • Defletida 1° grau ou apresentação bregmáti- ca • Defletida 2° grau ou apresentação fronte • Defletida 3° grau ou apresentação de face 2. Situação: É a relação entre o maior eixo uterino com o maior eixo fetal. Longitudinal: maior eixo uterino e fetal coincidem (cefálica e pélvica). Transversa: quando perpendicular. Oblíqua: cruzado ou inclinada (fase transição p/ longitudinal ou transversa). 3. Apresentação: É a região do feto que ocupa a área do estreito supe- rior e que nele se insinuará. • Cefálica • Pélvica • Córmica ou situação transversa E RELAÇÕES UTEROFETAIS D C B A Atitude da cabeça fetal: A - na apresentação flectida; B - na de bregma; C - na de fronte; D - na de face. 21 APRESENTAÇÃO PÉLVICA ALTURA DA APRESENTAÇÃO PONTOS REFERÊNCIA FETAL INSINUAÇÃO OU ENCAIXAMENTO POSIÇÃO • Pélvica completa ou pelvipodálica • Pélvica incompleta • Alta e móvel quando a apresentação não toma contato com o estreito superior; • Ajustada quando ocupa a área desse estrei- to; • Fixa quando, pelo palpar, não se consegue mobilizá-la; • Insinuada quando a maior circunferência da apresentação transpôs a área do estreito superior. • Lambda nas apresentações cefálicas flecti- das; • Extremidade anterior do bregma nas apre- sentações cefálicas deflectidas de lo grau (bregmá- ticas): • Glabela ou raiz do nariz nas de 2o grau (fronte); • Mento nas de 3o grau (face); • Crista sacrococcigea nas apresentações pélvicas. • Apresentação à altura das espinha ciáticas (plano “0”de DeLee). • Posição esquerda ou 1a posição, quando o dorso fetal se acha voltado para o lado esquerdo materno • Posição direita ou 2a posição, quando o dorso se orienta para o lado direito Quando pólo pélvico encontra-se no estreito superior. Durante a gravidez a apresentação se encontra afasta- da do estreito superior, não tendo relação direta com a bacia. No início do trabalho ou mesmo nos dias que o precedem, essa relação fetopélvica é manifesta e distinguem-se os seguintes graus evolutivos da altura da apresentação: Linha fetal que se põe em relação com o diâmetro mater- no de insinuação e possibilitará acompanhar movimentos da apresentação durante trabalho de parto São variáveis com as apresentações: Na situação transversa, a apresentação é córmica. A variedade mais freqüente é a de ombro e o ponto de referência fetal é o acrômio. Outras variedades são a de "flanco" e a de "dorso". Insinuação ou encaixamento = passagem, pelo estreito superior, do maior plano perpendicular à linha de orientação, isto é, passagem do biparietal nas apresentações cefálicas e do bitrocanteriano nas apresentações pélvicas. Passagem da maior circunferência da apresentação através do anel do estreito superior. É a relação do dorso fetal com o lado direito ou esquerdo materno. Pontos de referência maternos e seus símbolos. 1 - Pube; 2 - Eminência ileopectínea; 3 - Extremidade do diâmetro transverso; 4 - Sinostose sacroilíaca; 5 - Sacro. 1 22 3 3 44 D.P. D.T. D.A. E.A. P. E.T. E.P. S. 5 PONTOS REFERÊNCIA MATERNOS 22 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA • Sutura sagital na apresentação cefálica flectida. • Sutura sagital e metópica na apresentação cefálica deflectida de 1 o grau. • Sutura metopica na apresentação cefalica defletida de 2o grau • Linha facial, isto é a linha mediana que da raiz do nariz atinge o mento, na apresentação cefáli- ca deflectida do 3o grau. • Sulco interglúteo na apresentação pélvica. • OP occipito-pubiana; • OEA occipito-esquerda-anterior; • OET occipito-esquerda-transversa; • OEP occipito-esquerda-posterior;• OS occipitossacra; • ODP occípito-direita-posterior; • ODT occipito-direita-transversa; • ODA occipito-direita-anterior • 1ª letra – apresentação • 2ª letra – posição • 3ª letra – referência da bacia • Anterior quando o dorso está voltado para a frente • Posterior quando voltado para a coluna vertebral materna • O acrômio direito ou esquerdo, que se põe em relação com o estreito superior Exemplos: • Acrômio-direita-anterior (ADA) significa que o acrômio direito está na área do estreito superior e o dorso voltado para diante • Acrômio-esquerda-posterior (AEP) enten- de-se que no estreito superior se acha o acrômio esquerdo e o dorso está voltado para trás. A linha fetal que se põe em relação com o diâmetro materno de insinuação. Designa com exatidão a situação, apresentação, posição e variedade de posição tendo-se perfeito conheci- mento da estática-fetal. Emprega-se 2 ou 3 letras: Nomenclatura na situação transversa não há uniformi- dade na designação - a localização do dorso define a posição: Nomeiam-se pelo emprego de duas ou três letras: A primeira indicativa da apresentação, é símbolo da região que a caracteriza; As demais correspondem ao ponto de referência ao nível do estreito superior. Exemplo: OEA significa que a apresentação é de occipital e que o ponto de referência, o lambda (símbolo "O"), está em corres- pondência com o estreito superior, à esquerda (E) e anteriormen- te (A). As situações transversas não têm linha de orientação. A LINHA DE ORIENTAÇÃO NOMENCLATURA OBSTÉTRICA FETO EM SITUAÇÃO LONGITUDINAL FETO NA SITUAÇÃO TRANSVERSA MDP significa que a apresentação é de face e que o ponto de referência, o mento (M), está em relação com o estreito superior, à direita (D) e posteriormente (P) Tomando como exemplo a apresentação cefálica, flectida, em occipital, são as seguintes as variedades de posição: LONGITUDINAL TRANSVERSAL 23 Fonte: http://misodor.com/TRAJETOSOBSTETRICOS.php https://pt.slideshare.net/Raquelamanna/ estatica-fetal-e-relaes-tero-fetais Longitudinal... Cefálica Flectida Deflectida... Pélvica Pélvica Face Fronte Bregma{ { { PONTO DE REFERÊNCIASITUAÇÃO APRESENTAÇÃO Vértice ou de occipital Transversa Côrmica LINHA DE ORIENTAÇÃO SÍMBOLO Lambda Bregma Glabela Mento Crista sacro- coccigea Acrômio O B N M S A Sutura sagital Sutura sagitome- tópica Linha metópica Linha facil Sulco interglúteo Dorso Aponte com seu leitor QRCode Relações Útero-Fetais 24 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PARTOGRAMA A PROGRESSÃO DO TRABALHO DE PARTO A FASE LATENTE partograma, é um gráfico onde são anotados a progres- são do trabalho de parto e as condições materna e fetal, tem sido usado desde 1970 para detectar a progressão anormal do trabalho de parto, para indicar quando a condução do trabalho de parto é apropriada e para reconhecer uma despro- porção céfalopélvica muito antes do trabalho de parto tornar-se obstruído. O partograma serve como um ”sistema precoce de aviso” e ajuda numa decisão antecipada em transferir, conduzir e finalizar o trabalho de parto. Ele também aumenta a qualidade e a regularidade de todas as observações da mãe e do feto, ajudan- do no reconhecimento precoce de problema com eles. Sua importância confirma-se quando, em um momento definido, avaliamos a evolução do parto como um todo: dilatação cervical, descida da apresentação, posição fetal, variedade de posição, frequência cardíaca fetal, contrações uterinas, infusão de líquidos e analgesia. O exame completo de todas estas variá- veis permite conhecer a evolução do parto e dos fatores etiológi- cos responsáveis por sua evolução normal ou anormal. Esta parte do gráfico tem como sua característica principal a visualização da dilatação cervical na devida hora. É dividido em fase latente e fase ativa. A fase latente vai do início do trabalho de parto até que a dilatação cervical alcance 3cm. Caso esta fase demore mais que 8 horas, na presença de 2 contrações em 10 minutos, o trabalho de parto deverá ser problemático e se a gestante estiver em uma casa de parto, deverá ser transferida para um hospital. Caso ela esteja no hospital, necessitará um acompa- nhamento crítico de uma decisão quanto à conduta posterior. A FASE ATIVA Uma vez que a dilatação alcance 3cm, o trabalho de parto entra na fase ativa. Em cerca de 90% das primigestas, o índice de dilatação cervical é de 1cm/hora ou mais rápido. A linha de alerta traçada dos 3 aos 10cm representa este índice de dilatação. Todavia, se a dilatação cervical mover-se para a direita da linha de alerta, demonstra que esta é mais lenta e que o parto será prolongado. A linha de ação é desenhada 4 horas à direita da linha de alerta. Sugere-se que se a dilatação cervi- cal alcançar esta linha, deverá ser feito um acompanhamento crítico da causa da demora e tomada uma decisão apropriada para eliminar a causa. É importante notar a descida da cabeça fetal através da pelve e a qualidade da atividade uterina. O 25 Fonte: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/ SPP_Arquivos/comite_mort_mat_infant/partograma/ 6principios_e_estrategiaspartograma.pdf A CONDIÇÃO FETAL O feto é bem monitorado no partograma, pela observa- ção regular do índice de batimentos cardíacos, líquido amniótico e a moldagem dos ossos do craneo fetal. A CONDIÇÃO MATERNA O acompanhamento regular da condição materna é alcançado pela anotação da temperatura, pulso, pressão arterial e urinálise. O partograma também tem um espaço para anotar a administração de drogas, fluidos E.V. e ocitocina no parto conduzido. Uma vez que a dilatação alcance 3cm, o trabalho de parto entra na fase ativa. Em cerca de 90% das primigestas, o índice de dilatação cervical é de 1cm/hora ou mais rápido. A linha de alerta traçada dos 3 aos 10cm representa este índice de dilatação. Todavia, se a dilatação cervical mover-se para a direita da linha de alerta, demonstra que esta é mais lenta e que o parto será prolongado. A linha de ação é desenhada 4 horas à direita da linha de alerta. Sugere-se que se a dilatação cervi- cal alcançar esta linha, deverá ser feito um acompanhamento crítico da causa da demora e tomada uma decisão apropriada para eliminar a causa. É importante notar a descida da cabeça fetal através da pelve e a qualidade da atividade uterina. 26 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA DISTOCIAS por definição a anormalidade no desenrolar do trabalho de parto. Tem como causa alterações em um ou mais dos fatores determinantes do processo: força, trajeto e objeto. Assim, faz-se necessário o conhecimento de um trabalho de parto eutócico, a saber: Segundo Friedman (década de 50), a velocidade de dilatação esperada para a mulher que entra na fase ativa do trabalho de parto (após alcançar 3,0 – 4,0 cm de dilatação), é: Normalmente dura em torno de 40 minutos nas primí- paras e 20 minutos nas multíparas. Atualmente os limites devem ser estabelecidos individualmente. Se a paciente estiver devidamente monitorada, se aceita na nulípara o limite de 2,5hr (sem analgesia) e 3hr (sob analgesia), e nas multípa- ras o limite de 1hr (sem analgesia) e 2hr (sob analgesia). Cerca de 20% dos trabalhos de parto, com concepto vivo ao nascer, apresentam algum grau de dificuldade ou distó- cia no seu intercurso, sendo o risco maior em nulíparas com gestações de termo. É TRABALHO DE PARTO NORMAL (EUTÓCICO) PERÍODO EXPULSIVO (SEGUNDO PERÍODO) DISTOCIAS DE FASE ATIVA • Nulíparas 1,2 cm/h. • Multíparas 1,5 cm/h. • Fase ativa prolongada (Distócia Funcio- nal): Caracteriza-se por velocidade da dilataçãoinferior a 1,0 cm/h no primeiro período do parto. Principal causa é a hipocontratilidade ou a inco- ordenação das contrações. • Parada secundária de dilatação: Dilata- ção cervical permanece a mesma em dois ou mais toques sucessivos (intervalo entre os toques de duas horas ou mais). Principal causa é a desproporção céfalo-pélvica absoluta ou relativa. • Parto Precipitado ou Taquitócico: Carac- teriza-se pela curva de dilatação muito rápida e excessivo padrão de contrações. Principal causa decorre da taquissistolia e hiperssistolia. A descida mínima na fase ativa é: • Nulíparas 1,0 cm/h • Multíparas 2,0 cm/h 27 DISTOCIAS Parada de progressão (2-4h de franco trabalho de parto, sem mudanças na dilatação ou 1h de franco trabalho de parto sem descida); Desproporção céfalo-pélvica; Desordens de demora ou de parada; A importância da distócia é evidente por ser a causa de indicação da primeira cesárea em mais de 50% dos casos. DISTÓCIAS DE PERÍODO EXPULSIVO TERMOS CORRELATOS FATORES FAVORECEDORES DE DISTÓCIA CAUSAS • Período Expulsivo Prolongado: Quando a descida da apresentação acontece de manei- ra muito lenta. Principal causa é a hipocontrati- lidade uterina. • Parada secundária da descida: Caracte- riza-se pela ausência de descida da apresenta- ção em dois toques sucessivos com intervalo de 1hr ou mais, desde que a dilatação do colo esteja completa. Alterações da contratilidade (distócia de motor ou funcional): • Oligossistolia • Polissistolia • Segmento inferior hipertônico • Esforço muscular expulsivo deficiente (prensa abdominal insuficiente) Alterações fetais (distócia fetal): • Distócia de apresentação (occipito-pos- teriores persistentes, antero-posteriores altas, cabeça alta e móvel, occipito transversa baixa, apresentação pélvica, apresentação córmica e deflexões de primeiro, segundo e terceiro graus) • Distócia de volume (macrossomia fetal) • Distócias de cordão (brevidade, nó verda- deiro, circular, procúbito, prolapso e inserção velamentosa) Alterações pélvicas: • Distócias ósseas: Vícios de estreito supe- rior, médio e inferior. 1. Diagnóstico Incorreto do Trabalho de Parto: Deve-se prestar especial atenção ao inter- namento das pacientes primíparas. Só devem ser internadas em fase ativa do TP, ou seja: dilatação cervical mínima de 4cm; apagamento cervical avançado e franca atividade uterina. 2. Admissão Hospitalar Precoce: Evitar o internamento de pacientes com dilatação cervi- cal menor que 3,0 cm. Este grupo de mulheres irá receber mais ocitócitos, analgésicos e peridurais com consequente aumento de distócia e iatroge- nia. • Distócias de partes moles: Edema de colo, estenoses cervicais por cirurgias prévias, câncer de colo uterino, miomas cervicais ou vaginais, septos vaginais, cistos vaginais e con- dilomas volumosos. 28 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Recurso barato, de grande utilidade e boa predição. Avaliam-se os seguintes parâmetros: Avalia o estreito superior e seus vícios. Tem cerca de 11,0 cm. Considerado reduzido quando menor que 10,0 cm. Avaliada pela medida manual da conjugata diagonal (que se estende do ângulo sub-púbico ao meio do promontório do sacro) subtraindo-se 1,5 cm. PREVENÇÃO DE DISTÓCIAS DIAGNÓSTICO PELVIMETRIA CLÍNICA CONJUGATA OBSTÉTRICA • Maior integração da equipe (médicos e enfermeiras). • Indução por estágio do trabalho de parto (iniciar amadurecimento cervical com prostaglandinas e uso posterior de ocitocina). • Apoio emocional contínuo com acom- panhante de escolha da paciente. Amniotomia • Realizar apenas em mulheres com progressão anormal do trabalho de parto. • Uso de medidas alternativas no controle da dor (banhos mornos, deambulação, apoio físico e emocional deve ser preferido à anestesia peridural). Anamnese: História prévia de tocurgia em partos anteriores (fórcipe, vácuo-extrator, cesárea), primiparidade, antecedentes de traumas ou cirurgias pélvicas. Exame Físico: Avaliar biotipo da paciente (altura, peso e IMC), altura do fundo uterino e realização das Manobras de Leopold (apresentação, situação e posição fetais), relação entre cabeça e pelve (insinuação e encaixamento), toque vaginal (variedade de posição, altura da apresentação, edema de colo e presença de bossa parietal). 3. Restrição no Leito: A limitação da mobilidade da parturiente torna o trabalho de parto mais lento. A deambulação e posição vertical encur- tam o trabalho de parto, sendo medidas tão efetivas quanto o uso de ocitócitos. 4. Monitorização Eletrônica Fetal Contínua: Por limitar a parturiente ao leito aumenta a incidência de distócia e as taxas de cesárea. 5. Analgesia Peridural: Existem evidências de associação com prolongamento do segundo estágio do parto, maior uso de ocitocina, fórcipe e vácuo-extrator. • Evitar posicionar a parturiente muito cedo em decúbito dorsal ou litotomia, bem como evitar solicitar às mesmas que realizem o puxo precocemente no segundo estágio do parto (medidas que só exaurem a paciente e contri- buem para prolongar o período expulsivo). • Revisão em todos os prontuários de cesárea (avaliar indicação). 29 PELVIMETRIA Avalia o estreito médio e seus vícios. Mede cerca de 11,0 cm. Considerado reduzido quando menor que 10,0 cm. DIÂMETRO BI-ISQUIÁTICO (BI-TUBEROSO) Avalia o estreito inferior e seus vícios. Adequado se 90 graus, largo e arredondado. Inadequado quando menor que 70 graus, estreito e profundo. ARCO PÚBICO (ÂNGULO SUB-PÚBICO) Devem proporcionar bons diâmetros anteroposteriores INCLINAÇÃO E COMPRIMENTO DO SACRO Na presença de vícios do estreito superior, o plano ósseo da cabeça ultrapassa a borda superior da sínfise púbica (sinal de Muller) e, à compressão cefálica, realizada pelo abdome, não conseguimos penetrar a apresentação no estreito superior (prova de Muller). Em vícios do estreito inferior, observa- mos as espinhas ciáticas salientes e a curvatura sacral reduzida. Promontório facilmente palpável ao toque vaginal e diâmetro bi-isquiático estreito (menor que 9,0 cm) são sinais de vício pélvico absoluto, estando a cesariana indicada. Fonte: http://www.ebserh.gov.br/documents/214336/ 1109086/PRO.OBS.008+-+REV1+DIST%C3%93 CIAS.pdf/dde569ef-9f71-4ef1-8ebd-67552e92b203 30 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA SOFRIMENTO FETAL SOFRIMENTO FETAL AGUDO DIAGNÓSTICO ETIOLOGIA • Hiperatividade uterina (espontânea ou iatrogênica) • Hipotensão materna ualquer fator que subitamente interfira nas trocas gaso- sas materno-fetais, causará sofrimento fetal agudo. Geralmente ocorre durante o trabalho de parto, mas pode acontecer em outras situações. O comprometimen- to das trocas gera hipoxemia e hipercapnia, levando a acidose metabólica fetal, que é um dos marcadores mais fidedignos de SFA. A asfixia, durante o parto, decorre de insuficiência nas circulações uteroplacentária ou fetoplacentária. A primeira ocorre quando há redução excessiva do afluxo de sangue mater- no aos espaços intervilosos, o que acontece nos casos de hiperatividade uterina ou hipotensão materna. Entretanto, nos casos de insuficiência placentária (principalmente se já existe restrição de crescimento), pode haver uma agudização do sofrimento fetal, mesmo sem contrações anômalas ou hipoten- são. A segunda situação acontece em patologias do cordão umbilical, como circulares, prolapsos, procidências, nós ou compressões funiculares (estas, por sua vez, geralmente relacio- nadas a oligoidramnia). As reações fetais a essas situações de estresse são cardiovasculares e metabólicas. Inicialmente há um aumento da frequênciacardíaca do feto (FCF), visando aumentar compensa- toriamente as trocas. Caindo ainda mais a oferta o oxigênio, inicia-se a respiração anaeróbia, que gera radicais ácidos, levan- do a acidose metabólica. Na vigência de contrações uterinas, que interrompem as trocas, ocorrem, então, as desacelerações da FCF, que poupam o gasto energético armazenado no miocár- dio. Na hipóxia há também um aumento do tono vagal, resultando em diminuição da FCF. O feto, entretanto, sofre um processo de centralização, que poupa energia para órgãos nobres como coração e cérebro, permitindo-o sobreviver períodos moderados sem descompensação cardíaca ou lesão cerebral. O diagnóstico de sofrimento fetal agudo é feito através da clínica, análise da frequência cardíaca do feto (FCF) e/ ou microanálise do sangue fetal. Toda essa avaliação é feita com base nas alterações fetais à hipóxia. Existem duas formas clássicas de avaliação de FCF intraparto: ausculta intermitente e monitorização eletrônica (cardiotocografi a-CTG). Em gestações de baixo risco, não há evidências que apontem superioridade de um método sobre outro. Entretanto, há comprovação que a CTG leva a um maior número de partos operatórios nessas pacientes. Já para gestan- tes de alto risco, sugere-se monitorização com CTG. São indicações para a realização de CTG intraparto: gestações de alto risco materno-fetal, indução eletiva ou acele- ração do trabalho de parto, parto pré-termo ou gemelar, desen- volvimento de fatores de risco materno-fetais intraparto e taqui- • RCIU • Circulares, nós, procidências ou prolap- sos de cordão (ou qualquer outra situação de compressão funicular ) • Parto prolongado cardia, bradicardia ou desacelerações à ausculta intermitente. As alterações da CTG podem ser basais (da FCF basal ou da variabilidade) ou transitórias (acelerações e desa- celerações). A FCF basal deve estar entre 110 e 160 bpm. Variações acima ou abaixo desses limites que persistam por no mínimo 10 minutos, constituem taquicardia ou bradicardia fetal, respectivamente. A oscilação da linha de base, por sua vez, é anormal se menor que 5 bpm. As desacelerações podem ser tipo I (cefálicas), II (tardias) ou III (umbilicais ou variáveis). O tipo I geralmente cursa com FCF basal normal e se relaciona com estímulo vagal devido à compressão do polo cefálico (e não com hipóxia). Caracteriza-se pelo nadir da desaceleração coincidir com o pico da contração. Já no tipo II, o tempo de latência (entre o começo da DIP e o início da contração) é maior ou igual a 30 segundos. Nesse tipo, a FCF geralmente é taquicárdica e há associação com asfixia fetal por insuficiência uteroplacentária aguda. Nas DIP tipo III, as quedas variam de aspecto (em relação às contrações) ao longo do traçado. O significado da desaceleração também pode variar. As de curta duração (< 30 seg.) têm na sua gênese apenas estímulo vagal, enquanto que aquelas que duram mais de 30 segundos (ditas desfavoráveis) têm componente hipoxiante. Os padrões de CTG que mais se associam a prognóstico fetal desfavorável são bradicardia grave (FCF < 100 bpm), taquicardia, oscilação lisa e DIPs tardios ou umbilicais desfavoráveis. A microanálise do sangue fetal consiste em obter uma microgota, por incisão na apresentação fetal, para análise de pH. Está em desuso devido à invasividade da técnica. A auscul- ta fetal intermitente, por sua vez, deve ser realizada sempre após a contração, por 30 a 60 segundos, a cada 30 minutos no período de dilatação e a cada 15, no expulsivo (em pacientes de baixo-risco). Outro sinal clínico de SFA é líquido amniótico meconial, desde que associado a alterações patológicas da FCF e com feto em apresentação cefálica. Q 31 CONDUTA SOFRIMENTO FETAL CRÔNICO Fonte: Protocolos de Obstetrícia da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará. www.saude.ce.gov.br/index.php/downloads/category/ 58-livros-revistas-e-folderes-?download=1562% 3Aprotocolos-de-obstetricia-da-secretaria-da-saude-do- estado-do-ceara sofrimento fetal ministerio da saúde O diagnóstico de sofrimento fetal agudo é feito através da clínica, análise da frequência cardíaca do feto (FCF) e/ ou microanálise do sangue fetal. Toda essa avaliação é feita com base nas alterações fetais à hipóxia. Existem duas formas clássicas de avaliação de FCF intraparto: ausculta intermitente e monitorização eletrônica (cardiotocografi a-CTG). Em gestações de baixo risco, não há evidências que apontem superioridade de um método sobre outro. Entretanto, há comprovação que a CTG leva a um maior número de partos operatórios nessas pacientes. Já para gestan- tes de alto risco, sugere-se monitorização com CTG. São indicações para a realização de CTG intraparto: gestações de alto risco materno-fetal, indução eletiva ou acele- ração do trabalho de parto, parto pré-termo ou gemelar, desen- volvimento de fatores de risco materno-fetais intraparto e taqui- A conduta visando prevenir SFA inclui: evitar amnioto- mia desnecessária, não acelerar o parto que progride normal- mente, não induzir parto eletivamente (a menos que haja indica- ção de antecipação do mesmo), monitorar todas as gestações de alto risco e os partos induzidos e usar a menor dose de ocitocina possível. É necessária a avaliação adicional de fetos com CTG não reativas, para distinguir entre os não hipoxêmi- cos (ou hipoxêmicos compensados), dos acidóticos, devido a alta taxa de falso positivo da CTG. cardia, bradicardia ou desacelerações à ausculta intermitente. As alterações da CTG podem ser basais (da FCF basal ou da variabilidade) ou transitórias (acelerações e desa- celerações). A FCF basal deve estar entre 110 e 160 bpm. Variações acima ou abaixo desses limites que persistam por no mínimo 10 minutos, constituem taquicardia ou bradicardia fetal, respectivamente. A oscilação da linha de base, por sua vez, é anormal se menor que 5 bpm. As desacelerações podem ser tipo I (cefálicas), II (tardias) ou III (umbilicais ou variáveis). O tipo I geralmente cursa com FCF basal normal e se relaciona com estímulo vagal devido à compressão do polo cefálico (e não com hipóxia). Caracteriza-se pelo nadir da desaceleração coincidir com o pico da contração. Já no tipo II, o tempo de latência (entre o começo da DIP e o início da contração) é maior ou igual a 30 segundos. Nesse tipo, a FCF geralmente é taquicárdica e há associação com asfixia fetal por insuficiência uteroplacentária aguda. Nas DIP tipo III, as quedas variam de aspecto (em relação às contrações) ao longo do traçado. O significado da desaceleração também pode variar. As de curta duração (< 30 seg.) têm na sua gênese apenas estímulo vagal, enquanto que aquelas que duram mais de 30 segundos (ditas desfavoráveis) têm componente hipoxiante. Os padrões de CTG que mais se associam a prognóstico fetal desfavorável são bradicardia grave (FCF < 100 bpm), taquicardia, oscilação lisa e DIPs tardios ou umbilicais desfavoráveis. A microanálise do sangue fetal consiste em obter uma microgota, por incisão na apresentação fetal, para análise de pH. Está em desuso devido à invasividade da técnica. A auscul- ta fetal intermitente, por sua vez, deve ser realizada sempre após a contração, por 30 a 60 segundos, a cada 30 minutos no período de dilatação e a cada 15, no expulsivo (em pacientes de baixo-risco). Outro sinal clínico de SFA é líquido amniótico meconial, desde que associado a alterações patológicas da FCF e com feto em apresentação cefálica. O tratamento dos casos onde há evidência de SFA consiste na ressuscitação fetal intraútero, seguida de finaliza- ção do parto pela via mais rápida, se a CTG persiste suspeita. Os casos que se encaixam nessa situação são aqueles com variabilidade ausente (comdesacelerações recorrentes tipo II ou III ou com bradicardia) ou padrão sinusoidal. As principais medidas são: O sofrimento fetal crônico refere-se aos casos de insuficiência placentária, com comprometimento gradual do feto, ao longo da gestação. As principais manifestações são a oligoidramnia, a restrição de crescimento intraútero (RCIU) e as alterações de fluxo fetoplacentárias (detectáveis pelo doppler obstétrico). • Acalmar a paciente, orientar respiração pausada e oferecer oxigênio sob mascara 8-10 Lts/min. • Colocar a paciente em decúbito lateral esquerdo (DLE), principalmente se houver DIPs II, pois diminui a atividade uterina e corrige a hipotensão supina. Se bradicardia persistente, realizar exame pélvico para descartar prolapso de cordão. • Corrigir hipotensão materna (através de DLE e hidratação venosa). • Diminuir a atividade uterina, através de DLE, redução ou suspensão de ocitócitos ou mesmo pelo emprego de uterolíticos. 32 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA PÓS DATISMO CONDUTA Fonte: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/ caderno_32.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ gestacao_alto_risco.pdf onceitua-se gestação prolongada, também referida como pós-datismo, aquela cuja idade gestacional na mulher encontra-se entre 40 e 42 semanas. Gravidez pós-termo é aquela que ultrapassa 42 semanas. A função placentária atinge sua pleni- tude em torno da 36ª semana, declinando a partir de então. A placenta senil apresenta calcificações e outras alterações que são responsáveis pela dimi- nuição do aporte nutricional e de oxigênio ao feto, associando-se, dessa maneira, com o aumento da morbimortalidade perinatal. A incidência de pós-datismo é em torno de 5%. O diagnóstico de certeza somente pode ser feito com o estabelecimento precoce da idade ges- tacional, que pode estar falseado na presença de irregularidades menstruais, uso de anticoncepcio- nais hormonais, lactação etc. Nessas situações, o exame ultrassonográfico precoce é recurso eficaz no correto estabelecimento da idade gestacional. O controle da gestante nessa situação obje- tiva identificar a eventualidade de hipóxia conse- quente à insuficiência placentária. Desta forma, os cuidados dirigem-se ao controle das condições de vitalidade fetal. Se não houver objeção por parte da mulher, deve ser realizado o descolamento das membranas amnióticas, entre 38 e 41 semanas, para diminuir a probabilidade de indução do parto. A indução do parto deve ser realizada a partir de 41 semanas de gestação, após concor- dância da mulher (ver capítulo de antecipação eleti- va do parto para métodos de indução). Em gestantes que recusam submeter-se à indução, na conduta deverá ser avaliado o bem-es- tar fetal (ver capítulo de avaliação do bem-estar fetal). A frequência de vigilância deve ser duas vezes por semana. O parto deve ser realizado se houver oligohidramnio, presença de mecônio à amnioscopia ou evidências de comprometimento fetal. A dopplerfluxometria não tem nenhum benefício comprovado na avaliação desses fetos e não é recomendada para esta indicação. C 33 PÓS DATISMO DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO rotura prematura de membranas ovulares (RPM) ou amniorrexe prematura ou rotura da bolsa de águas é o quadro caracterizado pela rotura espontânea das mesmas antes do começo do trabalho de parto. Quando ocorre antes do termo, ou seja, antes de 37 semanas, denomina-se rotura prematura de membranas pré-termo (RPMPT) e no termo denomina-se rotura prematura de membranas no termo (RPMT). Constitui causa importante de partos pré-ter- mo (cerca de 1/3 dos casos), o que contribui para aumento da mortalidade perinatal. A mortalidade materna também é agravada pelos riscos de infecção. A anamnese informa sobre perda líquida, em grande quantidade (“molha roupas”), súbita e habitu- almente indolor. O líquido fluindo pela vulva pode ser: transpa- rente e de odor característico, seminal ou a hipoclori- to de sódio; pode ter cor amarelada ou esverdeada (mecônio); ou ser purulento, se há infecção ovular. Quando a perda de líquido não é evidente, procede- -se a um exame especular estéril com mobilização do pólo fetal e manobra de Valsalva para a detecção de saída de líquido pelo orifício cervical. Pode-se coletar pequena quantidade de secreção vaginal no fundo de saco e verificar em microscópio após secagem pelo calor. A presença de cristalização em folha de samambaia confirma a rotura de membranas. A mudança de coloração (incolor para marrom) da amostra de líquido amniótico em lâmina, aquecida durante um minuto, também confirma a rotura de membranas. Outros exames também podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico, como a medi- ção de pH da secreção vaginal com papel de nitrazina (que se torna azul em contato com o fluido vaginal; • Temperatura axilar e pulso materno; • Dinâmica uterina; • Altura uterina; • Estado fetal (ausculta com Pinard, Sonar etc.); ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS falso positivo com sangue, trichomonas e vaginose) e a ultrassonografia. Deve ser feito diagnóstico diferencial com emissão involuntária de urina ou outras eliminações vaginais como leucorreias, muco etc. A ultrassono- grafia é método auxiliar importante, não definitivo. À redução do volume do líquido amniótico, soma-se avaliação da idade gestacional, parâmetro fundamen- tal na tomada de conduta. 34 GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIAGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Toda mulher com diagnóstico de RPM e sua família devem receber aconselhamento sobre a morbi- dade e mortalidade associadas à idade gestacional e sobre a eficácia limitada do tratamento. A conduta em relação à RPM dependerá da idade gestacional em que a mesma ocorrer. Entre 22 e 24 semanas: individualização da conduta Nesta faixa de idade gestacional o prognósti- co perinatal é bastante ruim, além dos riscos maternos associados, tais como corioamnionite, sepsis e até óbito. Diante disso, pode-se oferecer à mulher e sua família a opção de interrupção da gestação. Caso a mulher opte por uma conduta expectante, tal fato deverá ser registrado no prontuário. Deve-se fazer a internação no momento do diagnóstico, com hiper-hi- dratação por 48–72 horas e reavaliação do ILA. A partir de então, reavaliar periodicamente. O acompa- nhamento poderá ser realizado em nível ambulatorial, se não houver evidências de infecção ou sangramento vaginal, conforme a seguir: A variável mais importante para a orientação sobre prognóstico fetal é o volume de líquido amnióti- co. O oligohidrâmnio acentuado persistente por 14 dias ou mais está fortemente associado a hipoplasia pulmonar letal e a complicações como descolamento prematuro de placenta interrupção imediata da ges- tação se entrar em TP ou apresentar sinais de corioa- mnionite (critérios de Gibbs). Se a gravidez se prolon- gar além de 24 semanas, a gestante deverá ser manejada como segue. Entre 24 e 33 semanas: Além de 24 semanas de gestação, a conduta expectante parece trazer benefícios e deve ser discutida com a mulher e sua família. Deve-se orientar sobre os benefícios espera- dos para o feto com o prolongamento da gestação, tais como diminuição da morbidade neonatal relacio- nada à prematuridade. A mulher deve ser internada e manejada conforme a seguir: Exame especular: A inspeção visual pode ser utilizada para avaliar o colo. Evitar a realização de toque vaginal, exceto nas gestações a termo, em gestantes com parto iminente ou quando se planeja a indução imediata. Se houver sangramento vaginal, avaliar possibilidade de placenta prévia e/ou descolamento de placenta. Propedêutica auxiliar: • Hemograma completo; • Urina rotina,
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