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01/04/2019 1 RADIOTERAPIA 2019 INTRODUÇÃO � A radioterapia é uma especialidade clinica que utiliza a radiação ionizante no tratamento de pacientes com neoplasias malignas e algumas doenças benignas. � Constitui um tratamento localizado que pode ser utilizado, em oncologia, com a finalidade de: � Cura � Controle do crescimento do tumor � Aliviar ou reduzir sintomas como a dor Radiação Ionizante É aquela capaz de remover um elétron de um átomo durante a absorção, ou transportar elétrons para níveis energéticos superiores, acarretando sua excitação ou ativação. 1 2 3 01/04/2019 2 Radiobiologia É o estudo dos efeitos da radiação ionizante sobre as células normais e malignas. O efeito biológico das radiações ocorre em razão do dano provocado no DNA da célula, que pode ocorrer de forma direta ou indireta. � Direta – A partícula resultante da absorção da radiação, interage diretamente com a molécula de DNA, modificando sua estrutura. � Indireta – É a interação da partícula com moléculas de água, produzindo radicais livres, que provocam o dano ao DNA. Essa ação é altamente dependente da concentração de oxigênio no meio. A resposta a radiação está diretamente ligada a radio sensibilidade da célula, que é dependente de fatores como: � Ciclo � Oxigenação � Capacidade de reparo do DNA � Tempo de duplicação - A resposta do tumor a radioterapia é controlado por quatro fatores, denominados “ 4Rs” da radiobiologia, que incluem: - Reparo, repopulação, reoxigenação e redistribuição. - As células que se encontram na fase de divisão celular são as mais suscetíveis à morte por radiação, assim como as mais oxigenadas ( O2 é necessário para a formação de substancias ionizantes) - São mais susceptíveis também as células de divisão rápida. Ex. pele e mucosa. � Reparo – capacidade que as células normais e malignas tem de se regenerar após danos subletais provocados por quebra simples de DNA ( apenas um filamento de DNA) As quebras duplas ( dois filamentos de DNA) dificilmente possibilitam o reparo das células. � Repopulação – capacidade que as células tem de repopular os tecidos que estão sofrendo perda celular. Os tecidos com rápida proliferação celular mostram uma capacidade proliferativa mais precoce que os de resposta lenta. � Reoxigenação – As células hipóxicas são relativamente resistentes a radiação. Quando o tumor é tratado com radioterapia, as células hipoxicas sobrevivem e sofrem uma reoxigenação, tornando-se radiossensiveis. � Redistribuição – Células em determinada fase do ciclo celular são mais resistentes e tem preferencia para sobreviver. Com as aplicações de radioterapia, vão se redistribuindo para todas as fases do ciclo celular, tornando-se mais susceptível a ação da radiação. 4 5 6 01/04/2019 3 A radioterapia é administrada de forma fracionada, doses menores diárias, devido esses princípios, assim , buscando uma melhor relação entre benefícios terapeuticos e efeitos colaterais. Formas de aplicação de radioterapia 1. Teleterapia – Radiação aplicada por feixe externo. Empregado um aparelho semelhante ao aparelho de raio X, denominado acelerador linear. O acelerador linear pode gerar elétrons ou Raio X de alta energia. Os elétrons tem pequena penetração tecidual, usados para lesões superficiais como câncer de pele. Raio X de alta energia são usados para tumores profundos. 2. Braquiterapia – É o implante de uma fonte radioativa selada no interior ou próximo a área cancerosa. O material radioativo fica contido em fitas, sementes, agulhas ou capsulas. (fontes seladas) O material radioativo também pode ser administrado por via intravenosa ou ingerido por via oral (fontes não selada). Pode ser dividida em Baixa taxa de dose ( LDR) e Alta taxa de dose (HDR) 7 8 9 01/04/2019 4 Tratamento Radioterápico O processo de tratamento com radiação ionizante envolve 4 etapas: � O pré –planejamento – feito na primeira consulta. Verifica-se a elegibilidade para o tratamento , avalia-se o câncer por meio de exames radiológicos, patológicos e clínicos. Estabelece-se os objetivos do tratamento, se curativo ou paliativo. � Planejamento – simula-se o tratamento. O simulador é um aparelho de raio X convencional que simula as condições do feixe de tratamento a ser usado. Deve participar dessa sessão, o radioterapeuta, especialista em física médica e dosimetristas. Após a confirmação do campo de tratamento, o local deverá ser demarcado. A demarcação é feita com tinta a base de fuccina (temporária) ou nanquim (permanente - tatuagem). Em câncer de cabeça e pescoço, confeccionam-se máscaras que serão utilizadas durante as sessões de radioterapia. � Administração do tratamento – O curso de tratamento pode durar de 1 a 7 semanas e meia. Normalmente são administrados 5 tratamentos por semana, aplicados diariamente. Essa forma é denominada de fracionamento. A aplicação de dois a três ciclos por dia com intervalo de 5 a 6 horas é denominado de hiperfracionamento. � Os resultados – utilização de estratégias para melhorar os resultados terapêuticos, com menores taxas de efeitos deletérios. 10 11 12 01/04/2019 5 3. Radioterapia intra- operatória – Permite a visualização e o tratamento direto de tumores, controlando a recidiva de canceres gástricos, colorretal, vesical, pncreático, entre outros. Após a exposição cirúrgica, um cone alvo é posicionado sobre o local do tumor. Toda a equipe deixa o local e o paciente é monitorado por meio de circuito fechado de TV. Radiotoxicidade Os efeitos tóxicos do tratamento radioterápico vão depender dos seguintes fatores: - Localização do tumor - Energia utilizada - Volume irradiado - Dose total - Estado geral do paciente - Reações comuns: - Fadiga - Reações de pele - Inapetência - Em relação ao tempo de ocorrência podem ser classificadas em: - Agudas (durante ou até um mês de tratamento) - Intermediarias ou subagudas (um a três meses após o término) - Reações tardias (três a seis meses após o término do tratamento) Radiodermites São reações de pele e ocorrem com certa frequência. Classificação dos graus de radiodermite Reações de primeiro grau Reações de segundo grau Reações de terceiro grau Radiodermite Eritema leve, com coloração vermelho brilhante Descamação seca Pode haver exsudato seroso Eritema rubro escuro e doloroso Descamação úmida localizada Destruição da epiderme com vesículas Edema moderado Resultante da super dosagem Destruição da derme Ulcera necrótica dolorosa 13 14 15 01/04/2019 6 Ações de Enfermagem com a exposição do ambiente e da equipe A proteção radiológica é extremamente importante e exige uma conscientização ampla e especifica dos profissionais que atuam nessa área. Devemos tomar cuidados especiais para que não haja a contaminação dos profissionais e do ambiente. Esses cuidados serão divididos em radiação por fontes seladas e não seladas: Ações de Enfermagem com a exposição do ambiente e da equipe Fontes não seladas: � Minimizar o tempo despendido nas proximidades do paciente usando o tempo com eficiência e organização � Manter certa distancia do paciente, posicionar atrás dos biombos de proteção de chumbo. � Utilizar luvas de procedimentos nos atendimentos. � EPIs contra radiações antes de entrar nos quartos ( protetor de chumbo para tireoide, avental de chumbo, óculos de proteção, dosimetro individual. � Monitorar diariamente as medidas realizadas pelo físico para avaliar o decaimento do isótopo administrado. Complicações relacionadas a terapêuticas por radiação e intervenções de enfermagem Fadiga Auxiliar o paciente a lidar com a fadiga, planejando períodos frequentes de repouso, espaçando as atividades. Comunicar ao paciente/família que a fadiga é esperado e regride ao fim do tratamento Monitorar o hemograma ( anemia) Ingestão nutricional adequada Facilitar a adaptação das atividades para melhorar o desempenho. Mucosite Orientar bochechos com solução de bicarbonato à temperatura ambiente 4 vezes ao dia. Orientara borrifar anestésico na cavidade oral antes das refeições. Higiene oral com escovas de cerdas macias Inspecionar a cavidades para diagnosticar sinais de infecções. 16 17 18 01/04/2019 7 Mucosite Orientar a não ingerir alimentos condimentados, ácidos, muito duros ou quentes, bebidas alcoólicas e fumo. Saliva artificial caso apresente xerostomia. Ingerir água ou líquidos com frequência Não realizar tratamento dentário no período de radioterapia. Orientar o ajuste de próteses dentárias para não causar lesões durante o período. Monitorar reações como anorexia, náuseas, vômitos, disgeusia. Monitorar aceitação alimentar e ingestão hídrica. Alopécia Auxiliar o paciente a planejar a perda capilar Avaliar a repercussão da alopecia para o paciente. Alopécia Assegurar ao paciente quanto ao crescimento capilar ao término do tratamento. Orientar: Não lavar ou manipular excessivamente os cabelos durante o tratamento. Evitar secadores, presilhas, elásticos. Evitar tinturas ou descoloração. Proteger o couro cabeludo da exposição ao sol. Náuseas e vômitos Evitar alimentos com odor forte. Proporcionar alimentos de sua preferencia. Observar as características, frequência e quantidade dos vômitos. Determinar o turgor da pele e umidade das mucosas. Ambiente ventilado e tranquilo. Náuseas e vômitos Monitorar efeitos adversos das medicações ante eméticas como constipação. Adaptar a dieta incluindo alimentos frios, ricos em calorias e proteínas. Refeições pequenas e frequentes. Liquidos gelados Controle de peso. Monitorar níveis de eletrólitos, proteínas e eritrograma. Cistite Monitorar disúria, polaciúria, hematúria, urgência urinaria quando houver irradiação da pelve. Ingesta adequada de líquidos. 19 20 21 01/04/2019 8 Risco para infecção relacionada a leucopenia Monitorar sinais e sintomas de infecção. Monitorar leucograma Orientar paciente /família para reconhecer os sinais de infecção. Evitar entrar em contato com animais, plantas e pessoas recém vacinadas. Plaquetopenia Monitorar níveis de plaquetas. Avaliar sinais de sangramento: petéquias, equimoses, hematomas, epistaxe, hematêmese, melena, hematúria, etc... Evitar utilizar lamina de barbear, alicate de unha, tesoura.. Comunicar qualquer sinal de sangramento. Radiodermite Inspecionar a pele à procura de sinais como hiperemia e edema. Ingesta hídrica. Manter pele hidratada. Orientar: Usar roupas de algodão Não depilar o local. Sabonete neutro. Não usar desodorante, loção, óleos, ou cremes. Secar com toalhas macias dando leves toques. Não expor a área irradiada a luz solar. Não coçar. Diarreia Orientar a alimentação pobre em fibras e gorduras. Ingesta hídrica. Comunicar aumento do numero de evacuações. Pesar e avaliar desidratação. Disfunção sexual Avaliar padrões de expressão de sexualidade como base para prever as ações posteriores. Orientar que as atividades sexuais podem ser afetadas e voltam ao normal ao final do tratamento. Usar método anticoncepcional durante o tratamento e até dois anos depois devido alterações cromossomiais. Evitar relações sexuais caso haja sangramentos, inflamação nas mucosas genitais. 22 23 24 01/04/2019 9 REFERÊNCIAS Mohallem AGC; Rodrigues AB. Enfermagem Oncológica. 2ª ed. Barueri,SP: Manole, 2007 Fonseca S M; Pereira S R. Enfermagem em oncologia. São Paulo: Atheneu, 2014. https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer 25
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