Buscar

Farmaco - Formulário F - zootoxinas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Talita
Questão 1. Supondo que um cão deu entrada em sua clínica por suspeita de picada de aranhado gênero Loxoceles sp. em região de face. Baseado no mecanismo de ação desse acidente quais importantes manifestações clínicas poderão ser observadas. Justifique sua resposta,sugerindo tratamento medicamentoso.
As aranhas marrons apresentam em seu veneno diversas substanciais tóxicas e enzimáticas, dentre elas a de maior importância é a enzima esfingomielinase-D que por ação direta ou indireta, atua sobre os constituintes das membranas das células, principalmente do endotélio vascular e hemácias, ativando as cascatas do sistema complemento, da coagulação e das plaquetas, desencadeando intenso processo inflamatório no local da picada, acompanhado de obstrução de pequenos vasos, edema, hemorragia e necrose focal. Nas formas mais graves, acredita-se que a ativação desses sistemas leva a hemólise intravascular.
Outros componentes presentes no veneno da Loxosceles sp. são as hialuronidases e as proteases, elas facilitam o espalhamento do veneno na pele, porque permitem sua penetração nos tecidos. A metaloproteinase é um componente altamente hemorrágico do veneno, que pode gerar coagulação intravascular, destruição de fibrinogênio e fibronectina, além de efeitos hemorrágicos locais e sistêmicos. 
As manifestações clínicas se apresentam de duas formas: a cutânea que é mais comum e não tão grave quando comparada a outra forma. E a cutânea-visceral é a forma mais grave e leva ao quando de insuficiência renal aguda, principalmente.
De maneira mais abrangente, a forma cutânea é a mais observada, sua picada inicialmente causa uma dor de pouca intensidade, nas primeiras horas ocorre um edema leve e eritema, depois pode acontecer a formação de bolhas no local. E então a lesão evolui para necrose, após seu aparecimento o centro necrótico se desprende naturalmente, dando espaço para uma lesão ulcerada que pode levar meses para cicatrizar. 
A manifestação sistêmica, cutânea-visceral, é mais rara além do comprometimento cutâneo, observam-se manifestações clínicas decorrentes da hemólise intravascular como anemia, icterícia e hemoglobinúria, que se instalam geralmente nas primeiras 24 horas. Petéquias e equimoses, relacionadas à coagulação intravascular disseminada. Casos graves podem evoluir para insuficiência renal aguda, que é a principal causa de óbito no loxoscelismo. 
O protocolo de tratamento para loxoscelismo envolve suporte ao animal, sendo indicada analgesia, colocação de compressas frias no local afetado, e antissepsia da ferida e fluidoterapia. A antibioticoterapia sistêmica só é indicada caso haja infecção sistêmica secundária à ferida contaminada.
O soro antiloxoscélico não está disponível para uso em Medicina Veterinária, sendo assim, preconiza-se o tratamento local da lesão, bem como a correção dos sinais clínicos sistêmicos que o animal possa vir a apresentar.
Questão 2. No acidente ofídico por serpente do gênero bothrops há instalação de
manifestações clinicas que precisam ser rapidamente estabilizadas. Com base no mecanismo
de ação da toxina e manifestações clínicas comente e justifique o que deveria ser realizado
como tratamento suporte (geral) e especifico em um gato, da raça Maine Coon, de 7 anos,
com 12kg PV, que deu entrada em um hospital veterinário após ser picado na face por uma
cascavel. Qual o volume de soro antiofídico que deveria ser administrado a este paciente?
Quais possíveis efeitos adversos dessa terapia?
O veneno possui ações proteolíticas, coagulante e hemorrágica, sendo os distúrbios hemostáticos os sinais clínicos mais importantes. 
A ação necrosante, também denominada proteolítica, decorre da ação citotóxica direta nos tecidos, por frações proteolíticas do veneno que induzem à liberação de substâncias vasoativas, como a bradicinina e a histamina, causando extensa reação local com dor, edema, congestão, hemorragia e necrose.
Atividade sobre a coagulação e plaquetas – o veneno botrópico possui capacidade de ativar fatores de coagulação sanguínea, ocasionando consumo de fibrinogênio e formação de fibrina intravascular, induzindo frequentemente incoagulabilidade sanguínea. São descritos fatores com atividade sobre a agregação e aglutinação plaquetária.
Atividade hemorrágica – é atribuída fundamentalmente a componentes específicos denominados hemorraginas, que são potentes inibidoras da agregação plaquetária e podem, ainda, romper a integridade do endotélio vascular.
Os sinais clínicos locais se instalam em pouco tempo após a picada e são caracterizados por dor intensa, edema e hemorragia. Após 6 a 12 horas da picada, são evidenciadas bolhas e necrose. Podem ser identificados dois pequenos pontos hemorrágicos referentes ao local da picada, apesar de que o local da picada pode não ser identificado. Os sinais sistêmicos do acidente botrópico incluem hemorragias em mucosas ou subcutâneas, prostração, inapetência, apatia, taquicardia, taquipneia, hipertermia e melena.
O paciente deve ser mantido em repouso e o tratamento específico é feito com o soro antibotrópico em quantidade suficiente para neutralizar pelo menos 100mg do veneno, administrado de preferência por via intravenosa, de forma lenta. O tratamento de suporte também é importante, como a fluidoterapia, as infecções secundárias devem ser tratadas com antimicrobianos.
O soro antiofídico de uso comercial é padronizado, de forma que um mililitro (1ml) neutraliza dois miligramas (2mg) de veneno botrópico, e a quantidade mínima de soro antiofídico a ser aplicado nos acidentes botrópicos é de 50 mililitros, independentemente do tamanho do animal.
Após a soroterapia, deve-se manter o acompanhamento contínuo do paciente para verificar possíveis complicações locais e sistêmicas. O tempo de coagulação é utilizado como controle de verificação da eficácia do soro antibotrópico no paciente.
Os sinais de reações anafiláticas causadas pela aplicação do soro são raros em animais e devem ser tratados de acordo com a gravidade, com medicamentos à base de adrenalina, anti-histamínicos e corticosteroides e a administração do soro deve ser interrompida temporariamente. Podem ocorrer reações pirogênicas e reações alérgicas agudas, incluindo anafilaxia logo após a administração do soro.
DANIELA - 
Questão 2. No acidente ofídico por serpente do gênero bothrops há instalação de
manifestações clinicas que precisam ser rapidamente estabilizadas. 
Com base no mecanismo de ação da toxina manifestações clínicas comente e justifique o que deveria ser realizado como tratamento suporte (geral) e especifico em um gato, da raça Maine Coon, de 7 anos,com 12kg PV, que deu entrada em um hospital veterinário após ser picado na face por umacascavel. 
2 - O volume total de soro deve ser aplicado lentamente por via intravenosa, se possível diluído em solução fisiológica ou glicosada a 5% e aplicado gota a gota. Pode também ser pela via intraperitoneal, pelas vias intramuscular e subcutânea
O soro nunca deve ser aplicado ou infiltrado no local da picada.
Doses maiores de soro e a necessidade de repetição do tratamento devem ser consideradas em função da remissão dos sinais ou a critério do Médico Veterinário. 
Atenção ao prazo de validade expirado, pois ainda possuem capacidade de neutralização dos venenos, usar somente quando houver risco de vida para o animal. 
O soro antiofídico de uso comercial é padronizado, de forma que um mililitro (1ml) neutraliza dois miligramas (2mg) de veneno botrópico. Sendo uma quantidade mínima de soro de 50 mililitros, independente do tamanho do animal.
 Os sinais de reações anafiláticas causadas pela aplicação do soro são raros em animais e devem ser tratados de acordo com a gravidade, com medicamentos à base de adrenalina, anti-histamínicos e corticosteróides. A administração do soro deve ser interrompida temporariamente.
5
TOXINA: Entidade química capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando uma função ou levando-o à morte, sob certas condições de exposição. Exemplo: muitas plantas e animais produzem toxinas naturais , coma função de desencorajar ou mesmo matar seus predadores. As toxinas animais que são aplicadas por picadas ou mordidas são denominadas de veneno. (cobras, aranhas, insetos, etc.). Também são geradas por bactérias durante uma infecção.
TOXICANTE
Capacidade inerente e potencial do agente tóxico de provocar efeitos nocivos em organismos vivos. O efeito tóxico é geralmente proporcional à concentração do agente tóxico em nível do sítio de ação (tecido alvo).
VENENO
Agente tóxico que altera ou destrói as funções vitais e, segundo alguns autores, é termo para designar substâncias provenientes de animais, com função de autodefesa ou predação.
Animais Venenosos: São aqueles que produzem as substâncias tóxicas (veneno), mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões, aguilhões, esporões), e, por isso, dependem da situação para usá-las. O envenenamento pode ser passivo por contato como com a lagarta taturana, que possui pêlos por onde secretam veneno com um simples contato; pode ser também por compressão, como o sapo, que necessita de apertar as glândulas localizadas no dorso perto da cabeça, ou por ingestão, como o peixe baiacu, que possui toxinas em vários tecidos do corpo como fígado, brânquias, intestinos e podem causar envenenamento caso seja ingerido.
PEÇONHA
Animais Peçonhentos: São aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente, ou seja, possuem um mecanismo qualquer que os permite injetar seu veneno no organismo de outro animal. Bons exemplos são: algumas serpentes que possuem os dentes ocos ligados a glândulas de veneno e estes são usados para inocular veneno (ou peçonha) que algumas vezes podem até matar; escorpiões que injetam o veneno produzido na glândula de do aguilhão; as abelhas que usam o ferrão para picar e injetar o veneno no “inimigo” e por aí vão mais exemplos como aranhas, arraias etc.
TOXICOSE
Maneira pela qual um agente tóxico exerce sua atividade sobre as estruturas teciduais. Doença causada por substâncias tóxicas.
O paciente apresenta um quadro de toxicose.
As serpentes do gênero Bothrops possuem venenos com ações coagulante, proteolítica e vasculotóxica. A ação coagulante dos venenos botrópicos é conhecida por “ação tipo trombina” e está presente também nos venenos das serpentes do gênero Crotalus (QUEIROZ et al., 1985; MAZAKI-TOVI & LAVY, 1999). A maioria dos venenos botrópicos ativa, de modo isolado ou simultâneo, o fator X e a protrombina. Possuem também ação semelhante à trombina, convertendo o fibrinogênio em fibrina. Essas ações produzem degradação de fibrina e fibrinogênio, podendo ocasionar incoagulabilidade sanguínea.
O tempo de atendimento desses animais após a constatação do acidente pelos proprietários é, quase sempre, superior a 1 ou 2 horas, pois o reconhecimento só é feito quando alguns sinais do envenenamento tornam-se evidentes
Cerca de 90% a 95% do peso seco do veneno consiste de proteína e algumas frações protéicas são biologicamente mais importantes do que as não-protéicas, apresentando atividades químicas.
Os acidentes botrópicos podem ser acompanhados de choque, com ou sem causa definida. O animal apresenta hipovolemia por perda de sangue ou plasma no membro edemaciado, ocorre ativação de substâncias hipotensoras e o edema pulmonar e as coagulações intravasculares disseminada podem estar presentes
O edema no local da picada (Figura 3) é o sinal mais evidente do envenenamento botrópico.
DIAGNÓSTICO:
Porém, a partir de dados importantes obtidos durante a anamnese, como presença de serpentes na região ou história de outros acidentes ofídicos, aliados à evolução dos sinais clínicos, pode-se suspeitar do gênero da serpente envolvida e decidir como proceder ao tratamento. A confirmação da suspeita clínica é realizada por meio de exames laboratoriais e pelo sucesso da terapia empregada
Qual o volume de soro antiofídico que deveria ser administrado a este paciente?
TRATAMENTO
O soro antiofídico é uma mistura de soro antibotrópico e soro anticrotálico, com capacidade de neutralizar tanto o veneno botrópico quanto o crotálico
Araújo & Belluomini (1960, 1962) relatam que, em animais inoculados experimentalmente com venenos de cascavel, o efeito da soroterapia foi tanto mais eficiente quanto menor era o intervalo de tempo entre a inoculação e o tratamento.
O soro antiofídico de uso comercial é padronizado, de forma que um mililitro (1ml) neutraliza dois miligramas (2mg) de veneno botrópico e um miligrama (1mg) de veneno crotálico. Assim sendo, a quantidade mínima de soro antiofídico a ser aplicado nos acidentes crotálicos ou botrópicos é de 50 mililitros, independente do tamanho do animal
O volume total de soro deve ser aplicado lentamente por via intravenosa, se possível diluído em solução fisiológica ou glicosada a 5% e aplicado gota a gota. Na impossibilidade de se utilizar esta via, o soro deve ser administrado preferencialmente pela via intraperitoneal ou, em último recurso, pelas vias intramuscular e subcutânea
Em hipótese alguma o soro deve ser aplicado ou infiltrado no local da picada
Doses maiores de soro e a necessidade de repetição do tratamento devem ser consideradas em função da remissão dos sinais ou a critério do Médico Veterinário. Os soros, mesmo com prazo de validade expirado, ainda possuem capacidade de neutralização dos venenos, mas seu uso somente deve ser considerado quando da impossibilidade de ele ser obtido em condições adequadas ou quando houver risco de vida para o animal. Para isso, alguns cuidados precisam ser tomados: • nunca aplicar o produto via intravenosa, e sim via intramuscular ou subcutânea; • a capacidade neutralizadora do soro vencido fica reduzida à metade, razão pela qual deve ser utilizado o dobro da dose necessária; • não se deve usar o soro quando houver precipitado no fundo do frasco; • quando for necessário usar soro vencido, é preciso estar alerta para a possibilidade de aparecimento das reações anafiláticas.
Tratamentos complementares
Os animais acidentados devem ser mantidos sob observação permanente de, no mínimo, 72 horas, devendo ser mantidos em locais sossegados, confortáveis e submetidos ao mínimo de movimentação ou manipulação.
01). Nunca devem ser feitas incisões ou perfurações no local da picada, pois isto, além de agravar a dor que o animal está sentindo, propicia condições para infecções e hemorragias de difícil controle, em conseqüência dos fatores hemorrágicos existentes nos venenos (FERREIRA JUNIOR et al., 2002). Os animais com incapacidade para ingerir água devem ser adequadamente hidratados por via parenteral, com soluções eletrolíticas (BICUDO, 1999; FERREIRA JUNIOR et al., 2002). No acidente crotálico a realização deste procedimento é de fundamental importância para a prevenção da Insuficiência renal aguda (BICUDO, 1999; FERREIRA JUNIOR et al., 2002). A diurese osmótica pode ser induzida com o emprego de solução de manitol a 20% (0,25 a 0,5g/Kg), repetindo a cada 4 a 6 horas, se necessário (BICUDO, 1999; FERREIRA JUNIOR et al., 2002, WINTER, 2002). Caso persista a oligúria, indica-se o uso de diuréticos de alça, do tipo furosemida, por via intravenosa (2 a 4mg/Kg a cada 8 a 12 horas, se necessário) (BICUDO,
Quais possíveis efeitos adversos dessa terapia?
Os sinais de reações anafiláticas causadas pela aplicação do soro são raros em animais e devem ser tratados de acordo com a gravidade, com medicamentos à base de adrenalina, anti-histamínicos e corticosteróides. A administração do soro deve ser interrompida temporariamente.
Segundo Bicudo (1999), os tratamentos alternativos com antiinflamatórios, esteróides ou nãoesteróides, não influem no prognóstico de sobrevivência do animal. A aplicação de antibióticos deve ser considerada em função da extensão das lesões no local da picada.
As áreas de necrose devem ser tratadas como feridas abertas e com soluções anti-sépticas e pomadas que facilitem a cicatrização.
As seqüelas, se existirem, quase sempre são em decorrência das complicações da necrose ou dasinfecções secundárias no local da picada (GUTIÉRREZ & LOMONTE, 1989). Considerando que a picada da serpente pode inocular microorganismos patogênicos, a profilaxia do tétano deve ser considerada (GUIDOLIN et al., 1998; BICUDO, 1999; FERREIRA JUNIOR et al., 2002). A recuperação plena do animal acidentado, mesmo tratado adequadamente, pode levar semanas, não se devendo, em hipótese alguma, forçá-lo a se movimentar além do necessário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Do exposto anteriormente, fica evidente que a maioria dos acidentes ofídicos com animais são causados por serpentes do gênero Bothrops. Os acidentes causados por Crotalus são de maior risco para a vida dos animais. A soroterapia é o único tratamento curativo existente, no momento, para os casos de animais picados por serpentes. Seu objetivo é neutralizar o máximo de veneno no menor espaço de tempo possível, sendo que sua eficácia é maior quanto menor for esse tempo, evitando assim os efeitos locais e sistêmicos produzidos pelos venenos. É importante que o clínico esteja preparado para realizar a identificação da serpente, não somente pela observação das características da mesma, mas pela evolução dos sinais clínicos. FERREIRA JUNIOR, R.S.; BARRAVIE
http://medvep1.hospedagemdesites.ws/wp-content/uploads/2015/07/Mv002-06.pdf
Talita
Questão 3. Acidentes escorpiônicos decorrentes do gênero Tityus sp podem desencadear
manifestações clínicas de leve a intensa, sendo que aqueles relacionados ao sistema
cardiovascular e do SNC podem ser graves. Cite e justifique, com base no mecanismo de ação
decorrente da picada, as manifestações clínicas e tratamentos medicamentos preconizados
com relação aos sistemas orgânicos citados.
Uma característica comum do escorpionismo é o rápido início dos sinais clínicos após a picada, por causa da rápida distribuição dos componentes do veneno inoculado, e a gravidade pode ser determinada em uma a duas horas após o acidente. Há dor no local da picada, a qual inicia imediatamente após a picada, o animal geralmente lambe ou mesmo morde o local da picada, que pode apresentar discreto edema local. Por causa da dor, o animal se locomove sem apoiar o membro afetado, que se torna hipersensível, e pode apresentar vocalizações, inquietação ou até agressividade. Além da dor local intensa, outros sinais clínicos nos casos moderados incluem náuseas, vômitos, sialorreia, agitação ou sonolência, taquicardia, taquipneia e picos hipertensivos. 
A dor local provocada pela picada é combatida com anestésicos locais sem vasoconstritor, como a lidocaína a 2%. Em casos de dor muito intensa, é recomendado o uso de analgésicos potentes, como os opioides. A prazosina, antagonista de receptores α1 adrenérgicos, é utilizada para diminuir a resistência vascular periférica, promover a melhora do retorno venoso e reduzir a pressão de enchimento cardíaco. Vasodilatadores, anticolinérgicos, antieméticos, corticosteroides e anticonvulsivantes são indicados de acordo com o quadro clínico apresentado pelo animal. O eletrocardiograma é uma importante ferramenta para o monitoramento cardíaco do paciente
Questão 4. Comente sobre características importantes sobre o habitat e características
fenotípicas visíveis (cabeça, presas, fosseta, cores, cauda) das serpentes do gênero bothrops e crotalus.
As serpentes do gênero Bothrops possuem cauda lisa, não tem chocalho, as suas cores variam muito, apresentam fosseta loreal, são solenóglifas (dentição), vivíparas e muito agressivas. São popularmente conhecidas como jararaca, ouricana, jararacuçu, urutu-cruzeira, malha de sapo, patrona, surucucurana, combóia e caiçaca. Habitam zonas rurais e periferias de grandes cidades, preferindo ambientes úmidos e onde haja facilidade para proliferação de roedores. Têm hábitos predominantemente noturnos.
As serpentes do gênero Crotalus caracterizam-se principalmente por apresentarem um guizo ou chocalho na cauda, dentição solenóglifa, apresentarem fosseta loreal e são vivíparas. Ocorrem em ambientes secos e rochosos, de vegetação baixa e aberta, raramente encontradas em florestas. Com exceção do bote, essas serpentes possuem movimentos lentos, sendo pouco agressivas. São conhecidas popularmente como cascavel, boicininga e maracamboia.
Questão 5. Toxina, toxicante, veneno, peçonha e toxicose são alguns dos termos comuns
relacionados à toxicologia. Conceitue e dê exemplos de cada um dos termos citados.
TOXINA: Substância tóxica produzida por um organismo vivo (microorganismo, planta ou animal).
TOXICANTE: Entidade química capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando uma função ou levando-o à morte, sob certas condições de exposição.
VENENO: Agente tóxico que altera ou destrói as funções vitais e, segundo alguns autores, é termo para designar substâncias provenientes de animais, com função de autodefesa ou predação. Como o caso dos venenos ofídicos, de abelhas, entre outros.
PEÇONHA: É uma substância tóxica constituída de uma mistura de proteínas sintetizadas pelo próprio animal e, se ingerida, é inativada no estômago.
TOXICOSE: Refere-se a doença resultante da exposição a um veneno.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Conduta em Picadas de Serpentes Brasileiras em Cães e Gatos http://medvep1.hospedagemdesites.ws/wp-content/uploads/2015/07/Mv002-06.pdf
ACIDENTE COM SERPENTE DO GÊNERO Bothrops EM CÃO - RELATO DE CASO http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/bv4olF2Ra0J5Ncn_2013-6-24-16-40-54.pdf
Cadernos Técnicos de veterinária e zootecnia. Animais peçonhentos. Nº 75. dezembro de 2014.
Acidente por aranha do gênero Loxosceles “Aranha marrom” http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/agravos/publicacoes/ProtocoloClinicoAcidenteAranhaLoxosceles2014.pdf
SILVA, Tainara Santana Galvão da. Picada de aranha marrom (Loxosceles sp.) em coelho (Oryctolagus cuniculus): relato de caso. 2016. https://www.medicinanet.com.br/conteudos/biblioteca/2069/capitulo_5_%E2%80%93_acidentes_por_animais_peconhentos.htm
Conceitos Básicos de Toxicologia http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/zoonoses_intoxicacoes/Conceitos_Basicos_de_Toxicologia.pdf
Conceitos Toxicológicos https://ciatox.es.gov.br/conceitos-toxicologicos
http://www.conhecer.org.br/enciclop/2014a/AGRARIAS/Acidentes%20ofidicos.pdf
DANIELA – QUESTÃO 05
Questão 5. Toxina, toxicante, veneno, peçonha e toxicose são alguns dos termos comuns relacionados à toxicologia. Conceitue e dê exemplos de cada um dos termos citados.
TOXINA
SERIA O AGENTE TÓXICO? Entidade química capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando uma função ou levando-o à morte, sob certas condições de exposição.
Toxina é uma substância de origem biológica que provoca danos à saúde de um ser vivo. Muitas plantas e animais produzem toxinas naturais, com a função de desencorajar ou mesmo matar seus predadores. As toxinas animais que são aplicadas por picadas ou mordidas são denominadas de veneno. ( cobras, aranhas, insetos,etc.). Também são geradas por bactérias durante uma infecção.
As toxinas são usadas em armas na chamada ¨guerra química¨.
(RESPOSTA DO DICIONÁRIO)
TOXICANTE
SERIA A TOXICIDADE? Capacidade inerente e potencial do agente tóxico de provocar efeitos nocivos em organismos vivos. O efeito tóxico é geralmente proporcional à concentração do agente tóxico em nível do sítio de ação (tecido alvo)
VENENO
Agente tóxico que altera ou destrói as funções vitais e, segundo alguns autores, é termo para designar substâncias provenientes de animais, com função de autodefesa ou predação.
Animais Venenosos: São aqueles que produzem as substâncias tóxicas (veneno), mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões, aguilhões, esporões), e, por isso, dependem da situação para usá-las. O envenenamento pode ser passivo por contato como com a lagarta taturana, que possui pêlos por onde secretam veneno com um simples contato; pode ser também por compressão, como o sapo, que necessita de apertar as glândulas localizadas no dorso perto da cabeça, ou por ingestão, como o peixe baiacu, que possui toxinas em vários tecidos do corpo como fígado, brânquias,intestinos e podem causar envenenamento caso seja ingerido.
PEÇONHA
Animais Peçonhentos: São aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente, ou seja, possuem um mecanismo qualquer que os permite injetar seu veneno no organismo de outro animal. Bons exemplos são: algumas serpentes que possuem os dentes ocos ligados a glândulas de veneno e estes são usados para inocular veneno (ou peçonha) que algumas vezes podem até matar; escorpiões que injetam o veneno produzido na glândula de do aguilhão; as abelhas que usam o ferrão para picar e injetar o veneno no “inimigo” e por aí vão mais exemplos como aranhas, arraias etc.
TOXICOSE
Doença causada por substâncias tóxicas. 
O paciente apresenta um quadro de toxicose.
(RESPOSTA DO DICIONÁRIO)
SERIA A AÇÃO TÓXICA? Maneira pela qual um agente tóxico exerce sua atividade sobre as estruturas teciduais.
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/zoonoses_intoxicacoes/Conceitos_Basicos_de_Toxicologia.pdf
https://geasbrasiloficial.wixsite.com/geasbrasiloficial/single-post/2018/07/28/QUAL-A-DIFEREN%C3%87A-entre-animais-venenosos-e-pe%C3%A7onhentos
https://www.docsity.com/pt/toxicologia-148/4730937
https://www.dicionarioinformal.com.br/toxicose/
Jennifer
Questão 1. Supondo que um cão deu entrada em sua clínica por suspeita de picada de aranha do gênero Loxoceles sp. em região de face. Baseado no mecanismo de ação desse acidente quais importantes manifestações clínicas poderão ser observadas. Justifique sua resposta, sugerindo tratamento medicamentoso. 
Podemos observar febre, náuseas, mal–estar, fraqueza, vômitos, petéquias, prurido, erupção cutânea generalizado que podem estar presentes na fase aguda e em geral nos primeiros dias. E nos casos mais graves ocorrem convulsões e coma.
Tratamento pode ser feito com Dapsona® por ter um papel notório no loxoscelismo sendo utilizada como inibidor da função leucocitária na dose de 1 mg/Kg cada 8 horas durante 10 dias em cães, dependendo do tipo de lesão, podendo ou não ser associado ao antiveneno. A Dapsona® pareceu não alterar a progressão da dermonecrose causada pelo veneno de Loxosceles, no entanto tem sido utilizada no controle clínico e na melhor terapêutica. Se o antiveneno tem um papel, não seria o da prevenção do aparecimento da lesão, mas sim na remoção do veneno residual e favorecendo a cicatrização periférica da picada. Os pacientes precisam ser mantidos bem hidratados, e em casos que evoluem com anemia aguda, utiliza-se a reposição de concentrados de hemácias, mas de forma criteriosa. No caso de oligúria e anúria, devem ser administrados diuréticos e se progredir para insuficiência renal deve ser avaliado a necessidade de diálise para a correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básico. Em casos graves é necessário fazer debridamento cirúrgico para retirar o tecido necrosado, lavando toda a área com solução fisiológica, seguido da aplicação tópica de gentamicina. 
Questão 2. No acidente ofídico por serpente do gênero bothrops há instalação de manifestações clinicas que precisam ser rapidamente estabilizadas. Com base no mecanismo de ação da toxina e manifestações clínicas comente e justifique o que deveria ser realizado como tratamento suporte (geral) e especifico em um gato, da raça Maine Coon, de 7 anos, com 12kg PV, que deu entrada em um hospital veterinário após ser picado na face por uma cascavel. Qual o volume de soro antiofídico que deveria ser administrado a este paciente? Quais possíveis efeitos adversos dessa terapia?
Questão 3. Acidentes escorpiônicos decorrentes do gênero Tityus sp podem desencadear manifestações clínicas de leve a intensa, sendo que aqueles relacionados ao sistema cardiovascular e do SNC podem ser graves. Cite e justifique, com base no mecanismo de ação decorrente da picada, as manifestações clínicas e tratamentos medicamentos preconizados com relação aos sistemas orgânicos citados. 
No SNC causa agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia e tremores. 
No coração ocorrem alterações como arritmias cardíacas, bloqueio atrioventricular total, taquicardia supraventricular e insuficiência cardíaca e choque.
O tratamento consiste em soroterapia porque é o único tratamento capaz de neutralizar a ação do veneno, revertendo efeitos caso seja aplicada em tempo hábil, não há no Brasil um soro antiescorpiônico disponível em medicina veterinária, sendo objetivo do tratamento de acidentes em cães e gatos aliviar os sinais clínicos do envenenamento, instituindo tratamento sintomático de suporte para preservar as funções vitais do animal. Para tanto, são indicados vasodilatadores, anticolinérgicos, antieméticos, corticosteroides, analgésicos e anticonvulsivantes, de acordo com o quadro clínico apresentado pelo animal acidentado.
 
Questão 4. 
Comente sobre características importantes sobre o habitat e características fenotípicas visíveis (cabeça, presas, fosseta, cores, cauda) das serpentes do gênero bothrops e crotalus.
Serpentes do gênero bothrops
Habitat: em largas áreas da América do Sul, nomeadamente no Norte da Argentina, Brasil e Venezuela. O habitat preferido destas cobras são os terrenos agrícolas, se bem que também se encontrem junto aos grandes aglomerados urbanos, já que aí encontram alimento com grande facilidade.
Caracteristicas Fenotipicas: cabeça deprimida e comprimida, com escamas pequenas e acinzentadas, cabeça triangular, olhos pequenos, presença da fosseta loreal, escamas supra oculares maiores, coloração dorsal marrom escurecida e ventre amarelado, escamas quilhadas marrom claro com quatro séries de manchas escuras e faixa escura que segue na lateral da cabeça (logo após os olhos), 18 acompanhando as escamas supralabiais.
Serpentes do gênero crotalus
Habitat: única espécie do gênero presente no Brasil, sendo característica de regiões áridas abertas e, eventualmente, encontradas em áreas de mata.
Caracteristicas Fenotipicas: pela presença de um apêndice caudal semelhante a um chocalho, essa adaptação se deu pela modificação das últimas escamas da cauda, associadas à fusão das últimas vertebras. O número de segmentos no chocalho aumenta conforme a serpente troca de pele, deixando assim um remanescente da última troca na porção cranial ao chocalho (GIMÉNEZ, 2002).Outra estrutura característica de Crotalinae são as fossetas loreais, estruturas que muitas vezes são usadas como referência na identificação de serpentes peçonhentas e causadores de acidentes ofídicos
Questão 5. Toxina, toxicante, veneno, peçonha e toxicose são alguns dos termos comuns relacionados à toxicologia. Conceitue e dê exemplos de cada um dos termos citados.
https://www.icict.fiocruz.br/sites/www.icict.fiocruz.br/files/Manual-de-Diagnostico-e-Tratamento-de-Acidentes-por-Animais-Pe--onhentos.pdf
file:///C:/Users/jgsilva/Downloads/46911-Texto%20do%20artigo-751375170039-1-10-20190812.pdf
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-13062008-103811/publico/Renato_Moraes_Revisada.pdf
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/15817/1/2014_DiogoSantosNascimento.pdf
http://www.scielo.br/pdf/isz/v92n1/10410.pdf
http://www.repositoriodigital.ufrb.edu.br/bitstream/123456789/1428/1/Monografia%20Caio%20Eloi.pdf
Paula
Formulário F. Responda às questões abaixo sobre o tema zootoxinas.
 Questão 1. Supondo que um cão deu entrada em sua clínica por suspeita de picada de aranha do gênero Loxoceles sp. em região de face. Baseado no mecanismo de ação desse acidente quais importantes manifestações clínicas poderão ser observadas. Justifique sua resposta, sugerindo tratamento medicamentoso. 
O veneno da aranha possui propriedades vasoconstritivas, trombóticas, hemolíticas e dermonecróticas, levando à necrose no local da picada e é consistituído por uma mistura de proteínas com atividades tóxicas ou enzimáticas (SOERENSEN, 2000; MERCK, 2001; CARDOSO et al., 2003). A ação tóxica do veneno das aranhas Loxosceles é o resultado de um efeito combinado de todos os seus componentes (APPEL, 2006).
Sobre o mecanismo de ação doveneno da Loxosceles, estudos demonstraram que se trata de um processo multifatorial e que o veneno tem ação direta sobre os tecidos e sobre a resposta do organismo à agressão (CARDOSO et al., 2003). 
A lesão cutânea produzida pelo veneno da Loxosceles é chamada de lesão dermonecrótica e é resultante do efeito direto do veneno sobre as células, componentes da membrana basal e matriz intracelular (CARDOSO et al., 2003). 
Os mecanismos envolvidos na patofisiologia do envenenamento por Loxosceles são complexos. O veneno é rico em enzimas como: hidrolase, hialuronidase, lípase, peptidase, colagenase, fosfatase alcalina, 5- ribonucleotidase, foafohidrolase e protease (MALAQUE et al., 2002). Segundo Cardoso (2003), a esfingomielinase D é uma das frações mais importantes do veneno, porque interage com a membrana celular e com reações envolvendo o sistema complemento. Além de suas funções efetoras antimicrobianas, o sistema do complemento fornece estímulo para o desenvolvimento das respostas imunes humorais, caracterizando a lesão dermonecrótica e promovendo a agregação plaquetária, insuficiência renal, coagulopatia e morte (MALAQUE et al., 2002; TILLEY, 2004; ABBAS, 2007).
Os mecanismos endógenos são ativados pela interação entre o veneno e o tecido, sendo: ativação do sistema complemento, migração e liberação de enzimas proteolíticas pelos polimorfonucleares, agregação plaquetária, liberação de diversas citocinas e quimiocinas, participação de enzimas hidrolíticas que contribuem para o aumento da lesão. Esses mecanismos provocam danos no fluxo sanguíneo, indução do edema e a isquemia (CARDOSO et al., 2003). Todas essas alterações podem levar a uma degeneração celular e dano tecidual local e, por outro lado pode levar a insuficiência renal aguda caracterizada como uma reação nefrotóxica e hemolítica do veneno (CARDOSO et al., 2003).
Segundo Appel (2006), a enzima esfingomielinase possui inúmeras isoformas dentro do veneno. A esfingomielina é um esfingolipídio presente na membrana cito plasmática de todas as células eucarióticas, embora a sua maior concentração seja em células nervosas. A sua hidrólise, depende da ação da esfingomielinase endotelial induzida pelas citoquinas inflamatórias e pelas LDL oxidadas (MOURA, 2003; CHAMPE, 2006).
A hialuronidase tem grande importância potencializando os outros componentes do veneno, pois facilita a penetração destes em vários compartimentos celulares e tecidos, sendo assim responsável pela disseminação do veneno o que faz com que a lesão dermonecrótica espalhe em sentido gravitacional (CARDOSO et al., 2003 e APPEL, 2006).
A ativação de plaquetas pode gerar a produção de microtrombos e levar a isquemia no tecido. Outro componente que pode contribuir com o efeito isquêmico é proteína amiloíde uma vez que esta inibe a elastase, enzima encontrada nos leucócitos, cuja função é degradar o tecido necrótico (CARDOSO et al., 2003). A coagulação intravascular pode ocorrer durante o processo de desenvolvimento da lesão dermonecrótica causando oclusão de vênulas e arteríolas, e quando o veneno é injetado sistemicamente, a coagulação também é observada em órgãos como pulmão, fígado e rim, comprometendo suas funções fisiológicas (CARDOSO et al., 2003).
O veneno da Loxosceles contém fatores hemorrágicos como a metaloprotease que tem efeitos sobre a fibronectina, o fibrinogênio e uma metaloprotease genatinolítica, provavelmente associada à atividade dermonecrótica do veneno (BERG, 2004; APPEL, 2006).
A ação do veneno sobre a membrana basal além de contribuir para a reação local da lesão, pode influir no processo de falência renal, atuando sobre a membrana basal glomerular, podendo causar insuficiência renal (CARDOSO et al., 2003).
A trombocitopenia, decorrente de uma agregação plaquetária induzida pelo veneno de Loxosceles, bem como o quadro hemorrágico e a coagulação intravascular disseminada que surgem em alguns acidentados, representam fenômenos dependentes de moléculas da matriz extracelular (APPEL, 2006).
Com a lise das hemácias e a conseqüente liberação de hemoglobina para a circulação, causadas pelo loxoscelismo, os túbulos renais poderiam ter sua integridade comprometida à alta toxicidade da hemoglobina (CARDOSO et al., 2003). A insuficiência renal aguda com hemoglobinúria e proteinúria decorrente do acidente com aranha marrom, está relacionada com a ação dos constituintes presentes no veneno, sobre o tecido renal e parte da matriz extracelular renal principalmente a membrana basal glomerular, que atua na fisiologia renal como barreira seletiva (APPEL, 2006).
A trombocitopenia e neutropenia no sangue periférico foram correlacionados à depressão da medula óssea, podendo ser conseqüência de uma extensiva migração de plaquetas e neutrófilos para a região da dermonecrose ou de um efeito transitório do envenenamento (APPEL, 2006).
TRATAMENTO
O tratamento do loxoscelismo ainda é de grande preocupação, porque os protocolos são baseados no mecanismo de ação, embora este não seja completamente definido.
No hospital Vital Brasil, a soroterapia tem sido muito utilizada em pacientes que ainda não apresentaram a necrose ou em pacientes apresentando lesões em fase aguda, recebendo o antiveneno em até 72 horas após a picada. Na forma cutâneohemolítica, a soroterapia é indicada a qualquer momento em que for diagnosticada a hemólise, mesmo havendo divergências sobre a eficácia do soro na neutralização da lesão (MALAQUE et al., 2002; CARDOSO et al., 2003).
É realizado tratamento com compressas frias no local da lesão, antibióticos de amplo espectro, fluidoterapia e o uso de corticosteróides durante um período de 5 a 7 dias (prednisona 1 mg/Kg em crianças e 40-60 mg/Kg em adultos por via oral). Porém, alguns estudos relatam que o uso de esteróides sistêmicos não mostrou eficácia na diminuição da infiltração leucocitária, não tendo função terapêutica e sua administração na lesão pode aumentar o edema e a pressão local de inoculação, contribuindo para a necrose. Também é indicado o uso de aspirina, cirurgia em alguns casos e em casos mais graves a cirurgia plástica reparadora (MERCK, 2001; TILLEY, 2004; APPEL, 2006).
É indicado o uso de Dapsona® por ter um papel notório no loxoscelismo sendo utilizada como inibidor da função leucocitária na dose de 1 mg/Kg cada 8 horas durante 10 dias em cães, e no homem 100 mg a cada 12 horas durante 14 a 25 dias, dependendo do tipo de lesão e do protocolo instituído, podendo ou não ser associado ao antiveneno. Em gatos, o uso de Dapsona® não é indicado por falta de estudos (MERCK, 2001; MALAQUE, 2002; CARDOSO, 2003; TILLEY, 2004).
Por outro lado, a Dapsona® pareceu não alterar a progressão da dermonecrose causada pelo veneno de Loxosceles, no entanto tem sido utilizada no controle clínico e na melhor terapêutica, e tempo de tratamento ainda está para ser definido (MALAQUE et al., 2002).
Se o antiveneno tem um papel, não seria o da prevenção do aparecimento da lesão, mas sim na remoção do veneno residual e favorecendo a cicatrização periférica da picada por Loxosceles (APPEL, 2006). No Brasil são produzidos os soros antiloxoscélicos (SALox) e anti- aracnídicos (SAAr). Porém, como citado acima, permanecendo dúvidas sobre a sua real neutralização dos efeitos locais e do período ideal para sua administração (CARDOSO et al., 2003).
Em pacientes com loxoscelismo cutanêo-visceral indica-se que eles sejam mantidos bem hidratados, e em casos que evoluem com anemia aguda, utiliza-se a reposição de concentrados de hemácias, mas de forma criteriosa. No caso de oligúria e anúria, devem ser administrados diuréticos e se progredir para insuficiência renal deve ser avaliado a necessidade de diálise para a correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básico.
COLLACICO, KAREN; MELO S. CHANQUETTI, ANDRÉA DE; FERRARI, ROSANA
 ACIDENTE POR LOXOSCELES EM CÃO - RELATO DE CASO Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. XII, núm. 2, 2008, pp. 179-195 Universidade Anhanguera Campo Grande, Brasil
Questão 2. No acidente ofídico por serpente do gênero bothropshá instalação de manifestações clinicas que precisam ser rapidamente estabilizadas. Com base no mecanismo de ação da toxina e manifestações clínicas comente e justifique o que deveria ser realizado como tratamento suporte (geral) e especifico em um gato, da raça Maine Coon, de 7 anos, com 12kg PV, que deu entrada em um hospital veterinário após ser picado na face por uma cascavel. Qual o volume de soro antiofídico que deveria ser administrado a este paciente? Quais possíveis efeitos adversos dessa terapia? 
O veneno botrópico possui mais de 20 substâncias entre proteínas, carboidratos, lipídeos, metais e aminoácidos (GOMES, 2008) atuando de diferentes formas ao penetrar no organismo da vítima, podendo causar ações proteolíticas (necrosantes), anticoagulantes e vasculotóxicas (hemorrágicas) (TOKARNIA et al. 2008), sendo que a gravidade dos sinais é diretamente proporcional ao tempo decorrido a partir da inoculação do veneno e do início do tratamento específico (FUNASA, 2001; GOMES, 2008; LUCIANO et al., 2009).
A ação proteolítica do veneno botrópico na vítima decorre da ativação de enzimas proteases, hialuronidases e fosfolipases e da liberação de mediadores da resposta inflamatória como a bradicinina, prostaglandinas, leucotrienos (PEREIRA, 2006; PUZZI et al., 2008; HARRERA; PEREIRA, 2009), as quais causam destruições teciduais nos locais e nas proximidades da picada acompanhada de dor, rubor, edema local ou regional acentuado, formação de vesículas e necrose tecidual ). A necrose pode ficar restrita ao tecido cutâneo, podendo se estender para tendões, musculatura e ossos (PEREIRA, 2006).
O edema inicial é circunscrito, podendo em até 24 horas estender-se a todo o membro afetado por causa do extravasamento de líquido para o espaço extravascular, desenvolvendo em poucas horas linfadenomegalia regional com considerável sensibilidade dolorosa (PEREIRA, 2006; GOMES, 2008).
A ação coagulante do veneno botrópico ocorre por meio da ativação da cascata de coagulação, ocasionando consumo de fibrinogênio e formação de fibrina intravascular, induzindo ao quadro de não coagulação sanguínea. Existem outras substâncias do veneno capaz de ativar o fator X e a protrombina e, consequentemente ativar as plaquetas, levando ao quadro de coagulação intravascular disseminada, com formação de microtrombos na corrente sanguínea podendo desencadear insuficiência renal aguda (TORKANIA; PEIXOTO, 2006; GOMES, 2008; HARRERA; PEREIRA, 2009).
A ação vasculotóxica do veneno botrópico é decorrente da ativação das hemorraginas que provocam lesões na membrana basal dos capilares do paciente, associadas à trombocitopenia e alterações na coagulação. As hemorragias podem ser locais ou sistêmicas, afetando os pulmões e rins, podendo ser fatal, quando no sistema nervoso central (AZEVEDO-MARQUES et al., 2003; PUZZI et al., 2008). Dessa forma, também é possível observar hemorragias gengivais, epistaxe, hematoemese e hematúria (FUNASA, 2001; GOMES, 2008; HARRERA; PEREIRA, 2009; LUCIANO et al., 2009).
Os acidentes botrópicos podem estar associados com choque, com ou sem causas definidas, como hipovolemia por perda de sangue ou plasma no local afetado, ativação de substâncias hipotensoras, edema pulmonar e coagulação intravascular disseminada (TORKANIA; PEIXOTO, 2006).
Animais em período gestacional que são vítimas de picada de cobra podem apresentar aborto espontâneo após 24 horas do acidente, porém o soro antiofídico não é contraindicado nesse período (PEREIRA, 2006).
 A suscetibilidade entre os animais domésticos quanto ao veneno botrópico é diferente, em ordem decrescente os bovinos, equinos, ovinos, caprinos, caninos e suínos são mais sensíveis, sendo os felinos mais resistentes, sendo que a gravidade também depende do tamanho da vítima e da quantidade de veneno inoculado.
TRATAMENTO
A soroterapia é o único tratamento curativo eficaz existente no momento, para os casos de animais picados por serpentes. O soro específico deve ser utilizado sempre que possível, de acordo com o gênero da serpente agressora (HARNED & OEHME, 1982; BICUDO, 1999; FERREIRA JUNIOR & JUNQUEIRA, 2000). Essa identificação pode ser feita indiretamente, pelos sinais clínicos que o animal apresenta, pelo reconhecimento direto da serpente ou pela prevalência da distribuição dos gêneros de serpentes na região onde ocorreu o acidente (FERREIRA JÚNIOR & BARRAVIERA, 2001).
Os soros ou antivenenos são produzidos a partir de inoculações, em eqüinos, de doses sub-letais de diferentes venenos ofídicos. Dessa forma, produz-se o soro antibotrópico e o soro anticrotálico. O soro antiofídico é uma mistura de soro antibotrópico e soro anticrotálico, com capacidade de neutralizar tanto o veneno botrópico quanto o crotálico (WHO, 1981; VITAL-BRAZIL, 1987; MORAIS et al., 1994).
O tratamento é feito a partir das quantidades de veneno que as serpentes podem injetar no momento da picada. Nos acidentes causados por serpentes do gênero Bothrops a quantidade de soro a ser utilizada deve ser suficiente para neutralizar, no mínimo, 100mg de veneno. No caso de acidentes com serpentes do gênero Crotalus, o soro deve neutralizar pelo menos 50mg (BICUDO, 1999; FERREIRA JUNIOR & JUNQUEIRA, 2000; FERREIRA JUNIOR et al., 2002).
O soro antiofídico de uso comercial é padronizado, de forma que um mililitro (1ml) neutraliza dois miligramas (2mg) de veneno botrópico e um miligrama (1mg) de veneno crotálico. Assim sendo, a quantidade mínima de soro antiofídico a ser aplicado nos acidentes crotálicos ou botrópicos é de 50 mililitros, independente do tamanho do animal (BICUDO, 1999; FERREIRA JUNIOR & JUNQUEIRA, 2000; FERREIRA JUNIOR et al., 2002).
O volume total de soro deve ser aplicado lentamente por via intravenosa, se possível diluído em solução fisiológica ou glicosada a 5% e aplicado gota a gota. Na impossibilidade de se utilizar esta via, o soro deve ser administrado preferencialmente pela via intraperitoneal ou, em último recurso, pelas vias intramuscular e subcutânea (CLARK, 1981; QUEIROZ & PETTA, 1984; BICUDO, 1999). Nestes últimos casos, o soro não pode estar diluído em solução glicosada.
Em hipótese alguma o soro deve ser aplicado ou infiltrado no local da picada (BICUDO, 1999).
Doses maiores de soro e a necessidade de repetição do tratamento devem ser consideradas em função da remissão dos sinais ou a critério do Médico Veterinário.
TRATAMENTOS COMPLEMENTARES
Os animais acidentados devem ser mantidos sob observação permanente de, no mínimo, 72 horas, devendo ser mantidos em locais sossegados, confortáveis e submetidos ao mínimo de movimentação ou manipulação (BICUDO, 1999; FONTEQUE et al., 2001).
Nunca devem ser feitas incisões ou perfurações no local da picada, pois isto, além de agravar a dor que o animal está sentindo, propicia condições para infecções e hemorragias de difícil controle, em conseqüência dos fatores hemorrágicos existentes nos venenos (FERREIRA JUNIOR et al., 2002).
Os animais com incapacidade para ingerir água devem ser adequadamente hidratados por via parenteral, com soluções eletrolíticas.
A diurese osmótica pode ser induzida com o emprego de solução de manitol a 20% (0,25 a 0,5g/Kg), repetindo a cada 4 a 6 horas, se necessário (BICUDO, 1999; FERREIRA JUNIOR et al., 2002, WINTER, 2002). Caso persista a oligúria, indica-se o uso de diuréticos de alça, do tipo furosemida, por via intravenosa (2 a 4mg/Kg a cada 8 a 12 horas, se necessário) (BICUDO, 1999; FERREIRA JUNIOR et al., 2002, WINTER, 2002).
Os sinais de reações anafiláticas causadas pela aplicação do soro são raros em animais e devem ser tratados de acordo com a gravidade, com medicamentos à base de adrenalina, anti-histamínicos e corticosteróides. A administração do soro deve ser interrompida temporariamente (BICUDO, 1999).
Segundo Bicudo (1999), os tratamentos alternativos com antiinflamatórios, esteróides ou não esteróides, não influem no prognóstico de sobrevivência do animal. A aplicação de antibióticos deve ser considerada em função da extensão das lesões no local da picada (FERREIRA JÚNIOR & BARRAVIERA, 2001).As áreas de necrose devem ser tratadas como feridas abertas e com soluções anti-sépticas e pomadas que facilitem a cicatrização (FERREIRA JÚNIOR & BARRAVIERA, 2001).
A recuperação plena do animal acidentado, mesmo tratado adequadamente, pode levar semanas, não se devendo, em hipótese alguma, forçá-lo a se movimentar além do necessário.
FERREIRA JUNIOR, R.S.; BARRAVIERA, B.; BARRAVIERA, S.R.S.; BARRELLA, T.H.; VILELA, F.C. Conduta em picadas de serpentes brasileiras em cães e gatos. MEDVEP – Rev Cientif Med Vet Pequenos Anim Anim Estim, Curitiba, v.1, n.2, p.124-133, abr./jun. 2003.
Questão 3. Acidentes escorpiônicos decorrentes do gênero Tityus sp podem desencadear manifestações clínicas de leve a intensa, sendo que aqueles relacionados ao sistema cardiovascular e do SNC podem ser graves. Cite e justifique, com base no mecanismo de ação decorrente da picada, as manifestações clínicas e tratamentos medicamentos preconizados com relação aos sistemas orgânicos citados. 
A toxina escorpiônica é uma mistura complexa de proteínas de baixo peso molecular, associada a pequenas quantidades de aminoácidos, sem atividade hemolítica, proteolítica, colinesterásica, fosfolipásica e que não consome fibrinogênio.
Atua em sítios específicos dos canais de sódio, produzindo despolarização das terminações nervosas pós-ganglionares dos sistemas simpático, parassimpático e da medula da supra-renal, desencadeando liberação de adrenalina, noradrenalina e acetilcolina. Esses neurotransmissores, atuando em diferentes setores do organismo, são responsáveis pela maior parte dos sintomas e sinais clínicos, observados nos pacientes, sendo muito variados e mutáveis. O quadro clínico estabelecido vai depender da predominância dos efeitos ora colinérgicos ora adrenérgicos.
Para efeitos de classificação quanto à gravidade, podemos dividir as manifestações em locais e sistêmicas, que vão definir o escorpionismo como leve, moderado ou grave.
Manifestações locais
A dor local, que ocorre praticamente em todos os pacientes, é de intensidade variável, até insuportável, sendo o motivo maior da busca rápida de atendimento médico. Em queimação, agulhadas ou latejante, a dor aumenta de intensidade com a palpação e pode irradiar-se para a raiz do membro acometido. Freqüentemente há parestesias. O ponto de inoculação do veneno pode não ser visível, entretanto podem ser encontrados halo eritematoso e edema discretos, sudorese e piloereção. 
Nos envenenamentos mais graves, a dor é mascarada pelas manifestações sistêmicas, surgindo após melhora das condições gerais do paciente.
Manifestações Sistêmicas
A liberação de acetilcolina causa aumento das secreções das glândulas lacrimais, nasais, sudoríparas, da mucosa gástrica e do pâncreas, provocando lacrimejamento, rinorréia, sudorese e vômitos. Podem ser observados tremores, espasmos musculares, miose, bradicardia, hipotensão, priapismo e hipotermia.
Como conseqüência da liberação de catecolaminas, pode haver midríase, arritmias respiratórias e cardíacas, taquicardia, hipertensão arterial, podendo evoluir para falência cardiocirculatória e edema agudo.
Cefaléia e convulsões causadas por encefalopatia hipertensiva, e hemiplegias, relacionadas com infarto cerebral, têm sido descritas mais raramente.
Tratamento
O tratamento visa neutralizar o mais rápido possível a toxina circulante, combater os sintomas do envenenamento e dar suporte às condições vitais do paciente.
Tratamento Sintomático
Dor - O combate à dor deve ser realizado sempre, pois constitui motivo de inquietação e angústia, agravando o estado geral. Podem ser utilizados analgésicos por via oral ou parenteral, dependendo da intensidade da dor (dipirona ou mais potentes, de tipo meperidina, IM ou IV) e/ou anestésicos sem vasoconstritor, do tipo lidocaína 2% ou bupivacaína 0,5%, injetados no local da picada ou sob a forma de bloqueio, na dose de 1 a 2 ml para crianças e de 3 a 4 ml para adultos. As infiltrações podem ser repetidas até três vezes, em intervalos de 40 a 60 min.
Nos casos de vômitos profusos, além da hidratação parenteral (cuidadosa, devido ao risco de edema agudo), pode-se se utilizar bromopride ou metoclopramida intravenosa.
O combate à dor, como medida única adotada, é geralmente suficiente para todos os casos leves e, em adultos, para a maioria dos acidentes moderados.
Tratamento Específico
O soro antiescorpiônico (ou antiaracnídico) está formalmente indicado em todos os casos graves. Para os demais, é preconizado, inicialmente, combater a dor e manter o paciente sob observação e, a qualquer sinal de agravamento do quadro, iniciar a soroterapia. É importante ressaltar que a gravidade do quadro já se manifesta dentro da primeira ou da segunda hora após acidente.
Suporte às Condições Vitais
Todos os casos graves de escorpionismo devem ser monitorizados continuamente quanto à freqüência cardíaca e respiratória, pressão arterial, oxigenação, equilíbrio ácido-base e estado de hidratação. Traçado eletrocardiográfico, contínuo ou de forma seriada, é necessário para detecção de arritmias e outras alterações cardíacas.
O manejo farmacológico dos casos graves, com bloqueadores adrenérgicos e colinérgicos, é bastante controvertido nos acidentes humanos devido à grande instabilidade do paciente, com mudanças rápidas nas manifestações clínicas, predominando ora os efeitos adrenérgicos ora os efeitos colinérgicos.
Em casos de bradicardia sinusal grave ou bloqueio AV total, que colocam a vida do paciente em risco, pode ser utilizada a atropina IV. Dados experimentais mostram que o uso de atropina pode potencializar o efeito hipertensor e agravar a intensidade do edema agudo pulmonar, induzido pelo veneno escorpiônico. Na vigência de insuficiência cardíaca congestiva e/ou edema pulmonar, o tratamento deve ser de suporte, com diuréticos e oxigenioterapia. Nos casos mais graves, e na presença de hipotensão ou choque, está indicado o uso de aminas vasoativas (dobutamina) e, se necessário, ventilação mecânica. Em casos de hipertensão arterial mantida, tem sido preconizado o uso de alfa bloqueadores, vasodilatadores e inibidores do canal de cálcio. Em nossa experiência, a hipertensão, mesmo quando acentuada, tem caráter transitório, cedendo espontaneamente, após soroterapia específica, nas primeiras 6 h.
Questão 4. Comente sobre características importantes sobre o habitat e características fenotípicas visíveis (cabeça, presas, fosseta, cores, cauda) das serpentes do gênero bothrops e crotalus. 
As serpentes peçonhentas do gênero Bothrops, Crotalus e Lachesis possuem dentes inoculadores bem desenvolvidos e fosseta loreal, um orifício situado entre o olho e a narina, sendo um órgão termorreceptor que indica que a serpente é peçonhenta (por isso é também conhecida popularmente por “serpente de quatro ventas”). As serpentes do gênero Micrurus são uma exceção, pois, apesar de serem peçonhentas, não apresentam fosseta loreal e possuem dentes inoculadores pouco desenvolvidos.
As serpentes peçonhentas possuem presas anteriores, com orifício central ou sulco; fosseta loreal presente (exceto no gênero Micrurus); pupilas em fenda; cabeça destacada do corpo; a cauda afina abruptamente, possuem hábitos noturnos e costumam ser vagarosas. As serpentes não peçonhentas não possuem presas anteriores e fosseta loreal; possuem pupilas circulares; cabeça não destacada do corpo; a cauda afina progressivamente; hábitos diurnos e costumam ser ágeis.
As serpentes do gênero Bothrops compreendem cerca de 30 espécies, distribuídas por todo o território nacional. As espécies mais conhecidas são: B. atrox, encontradas no norte do Brasil; B. erythromelas, encontradas na região nordeste; B. neuwiedi, encontradas em todo território nacional, exceto região norte do país; B. jararaca, distribuídas na região sul e sudeste; B. jararacussu, encontradas no cerrado da região central e em florestas tropicais do sudeste e B. alternatus, distribuídas ao sul do país.
Possuem cauda lisa, não tem chocalho e as suas cores variam muito, dependendo da espécie e da região onde vivem. São popularmenteconhecidas como jararaca, ouricana, jararacuçu, urutu-cruzeira, jararaca do rabo branco, malha de sapo, patrona, surucucurana, combóia e caiçaca. Habitam zonas rurais e periferias de grandes cidades, preferindo ambientes úmidos como matas e áreas cultivadas e locais onde haja facilidade para proliferação de roedores (paióis, celeiros, depósitos de lenha). Tem hábitos predominantemente noturnos ou crepusculares.
As serpentes do gênero Crotalus estão representadas no Brasil por apenas uma espécie, a Crotalus durissus, e distribuídas em cinco subespécies: C. durissus terrificus, encontrada nas zonas altas e secas da região sul oriental e meridional; C. durissus collilineatus, distribuídas nas regiões secas da região centro-oeste, Minas Gerais e norte de São Paulo; C. durissus cascavella, encontrada nas áreas da caatinga do nordeste; C. durissus ruruima, observada na região norte do país; C. durissus marajoensis, observada na Ilha de Marajó.
São popularmente conhecidas por cascavel, boicininga, maracambóia e maracá. São encontradas em campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas, raramente na faixa litorânea. Não têm hábito de atacar e, quando ameaçadas, denunciam sua presença pelo ruído característico do guizo ou chocalho, presente na cauda.
Questão 5. Toxina, toxicante, veneno, peçonha e toxicose são alguns dos termos comuns relacionados à toxicologia. Conceitue e dê exemplos de cada um dos termos citados.
- TOXICOLOGIA é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias químicas com o organismo. A toxicologia abrange uma vasta área do conhecimento, onde atuam profissionais de diversas formações: Química Toxicológica, Toxicologia Farmacológica, Clínica, Forense, Ocupacional, Veterinária, Ambiental (Ecotoxicologia), Aplicada a Alimentos, Genética, Analítica, Experimental e outras áreas.
- AGENTE TÓXICO ou TOXICANTE: Entidade química capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando uma função ou levando-o à morte, sob certas condições de exposição.
- VENENO: Agente tóxico que altera ou destrói as funções vitais e, segundo alguns autores, é termo para designar substâncias provenientes de animais, com função de autodefesa ou predação.
- PEÇONHA: é uma substância tóxica produzida e inoculada noutro animal por aparato inoculatório presente no ser vivo produtor. São toxinas que são utilizadas ativamente para caça ou defesa. Um exemplo é a peçonha de serpente.
-TOXICOSE: doença provocada pela presença de substâncias tóxicas no organismo.
Mylena 
Questão 1. Supondo que um cão deu entrada em sua clínica por suspeita de picada de aranha do gênero Loxoceles sp. em região de face. Baseado no mecanismo de ação desse acidente quais importantes manifestações clínicas poderão ser observadas. Justifique sua resposta, sugerindo tratamento medicamentoso. 
O mecanismo de ação do veneno da espécie Loxoceles sp ainda não foi completamente descrioto. Sabe-se que ele age de maneira complexa, envolvendo mecanismos de ação direto no local da picada e a ativação de respostas endógenas do paciente. O veneno possui ações vasoconstritivas, trombóticas, hemolíticas, citotóxicas e dermonecróticas. O envenenamento por tal aranha se chama loxoscelismo, que possui manifestação cutânea e manifestação cutâneo-visceral (hemolítica). A primeira é a mais comum, sendo caracterizada por lesões necróticas na pele. O veneno da aranha marrom tem uma composição complexa, podendo levar a hemoglobinúria, proteinúria, hemólise intravascular, vômitos, insuficiência renal aguda e morte. Em geral, logo após a picada o paciente não sente dor alguma, por isso muitas vezes é difícil identificar o agente causador da lesão.
O protocolo de tratamento para loxoscelismo é sintomático, sendo indicada analgesia, deve-se cocolar compressas frias no local da picada, e antissepsia da ferida. A antibioticoterapia sistêmica deve ser feita apenas em casos de infecções secundárias. Em caso de quadros sistêmicos mais graves, é indicado transfusão sanguínea. 
Provável mecanismo de ação:
Questão 2. No acidente ofídico por serpente do gênero bothrops há instalação de manifestações clinicas que precisam ser rapidamente estabilizadas. Com base no mecanismo de ação da toxina e manifestações clínicas comente e justifique o que deveria ser realizado como tratamento suporte (geral) e especifico em um gato, da raça Maine Coon, de 7 anos, com 12kg PV, que deu entrada em um hospital veterinário após ser picado na face por uma cascavel. Qual o volume de soro antiofídico que deveria ser administrado a este paciente? Quais possíveis efeitos adversos dessa terapia? 
A quantidade de soro a ser administrada deverá ser a suficiente para neutralizar pelo menos 100mg de veneno no acidente botrópico, que é a quantidade de veneno inoculado. Como os soros são padronizados para que 1mL de soro neutralize 2mg de veneno botrópico, o volume mínimo de soro a ser administrado é de 50mL. A administração do soro deverá ser feita de preferência pela via IV, diluído em solução salina a 5% ou glicose, caso não seja possível, a administração intraperitoneal poderá ser realizada. As vias intramuscular e subcutânea devem ser evitadas, e no seu eventual uso não se deve diluir o soro com solução glicosada, para que não haja necrose no local. 
A soroterapia poderá provocar reações de hipersensibilidade, independentemente de ter feito ou não a sensibilização prévia. Estas reações podem ser de anafilaxia (hipersensibilidade do tipo I) ou anafilactoide (hipersensibilidade do tipo III). A anafilaxia está relacionada com a presença de anticorpos reagentes contra o soro, enquanto a anafilactoide também é produzida por anafilotoxinas, mas sem a participação de anticorpos reagentes . Inicialmente os sinais clínicos mais frequentemente observados são urticária, prurido, fasciculação, dispneia, tosse e náusea. Os sinais observado mais tardiamente incluem taquicardia, edema dos órgãos, coagulação intravascular disseminada, hipotermia e falência múltipla dos órgãos.
Questão 3. Acidentes escorpiônicos decorrentes do gênero Tityus sp podem desencadear manifestações clínicas de leve a intensa, sendo que aqueles relacionados ao sistema cardiovascular e do SNC podem ser graves. Cite e justifique, com base no mecanismo de ação decorrente da picada, as manifestações clínicas e tratamentos medicamentos preconizados com relação aos sistemas orgânicos citados
A neurotoxina Ts1, é a toxina majoritária da peçonha do escorpião T. tityus, sua ação ocorre pela ligação da toxina em canais de Sódio pós-ganglionares, o que promove a despolarização das membranas por influxo do sódio. A peçonha dos Tityus promove a despolarização da membrana e a liberação de catecolaminas (noradrenalina e adrenalina) e acetilcolina pelas terminações neuronais nas sinapses pós-ganglionares por ativação de canais de Na+ no sistema nervoso periférico. Dependendo do neurotransmissor liberado e da fibra nervosa, os efeitos podem ser adrenérgicos ou colinérgicos. 
A adrenalina e a noradrenalina são responsáveis por aumento da pressão arterial, arritmias cardíacas, vasoconstrição periférica, além de insuficiência cardíaca, edema pulmonar agudo e choque. 
A acetilcolina promove aumento das secreções lacrimal, nasal, salivar, brônquicas, sudoríparas e gástrica, tremores, espasmos musculares, mioses e redução da frequência cardíaca.
O tratamento específico é feito com soro antiescorpiônico ou o soro antiaracnídeo polivalente, que possui uma parte de anticorpos contra a peçonha de escorpiões, porém não é usado em med. Vet. Devido à dificuldade de obtenção deste. Por tanto, faz-se tratamento com com anestésicos locais sem vasoconstritor, como a lidocaína a 2% (2 a 4mL, podendo ser repetida até três vezes em intervalos de 30 minutos) ou a bupivacaína a 0,5%. Em casos de dor muito intensa, é recomendado o uso de analgésicos potentes, como os opioides. Dependendo do quadro do animal são indicados vasodilatadores, anticolinérgicos, antieméticos, corticosteroides e anticonvulsivantes. 
Questão 4. Comente sobre característicasimportantes sobre o habitat e características fenotípicas visíveis (cabeça, presas, fosseta, cores, cauda) das serpentes do gênero bothrops e crotalus. 
As serpentes do gênero botrópico possuem final da cauda lisa, fosseta loreal e dentição solenóglifa (possui um par de presas inoculadoras, com um canal central, grandes, pontiagudas e retráteis, localizadas na porção anterior do maxilar superior). De modo geral, o comportamento é agressivo.
As serpentes do gênero crotálico possuem fosseta loreal, dentição solenóglifa e um chocalho na extremidade da cauda. Possui ampla distribuição geográfica, sendo que as espécies: Crotalus durissus terrificus está presente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e áreas esparsas no Amazonas e Pará; E a Crotalus durissus collilineatus é encontrada nos estatorâneas.
Questão 5. Toxina, toxicante, veneno, peçonha e toxicose são alguns dos termos comuns relacionados à toxicologia. Conceitue e dê exemplos de cada um dos termos citados.
Toxina é uma substância tóxica, produto durante do metabolismo de certos organismos. Ex.: A Miotoxina (causa necrose) presente no veneno de serpentes do gênero botrópico
Toxicante é o agente tóxico, altera uma função ou leva o indivíduo à morte.
Veneno é um agente tóxico que altera ou destrói as funções vitais e, é termo para designar substâncias provenientes de animais, com função de autodefesa ou predação.
Tratamento da lesão dermonecrótica induzida pelo veneno de Loxosceles laeta com dapsona e células-tronco mesenquimais. Mestrado— UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, 2014. MELO, M. M.; SILVA JUNIOR, P. G. P; JUNIOR, D.V. et al. Aracnismo. 
Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 75 - dezembro de 2014. Pág. 1-61
PICADA DE ARANHA MARROM (Loxosceles sp.) EM COELHO (Oryctolagus cuniculus). Relato de caso -- UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA, 2016. SILVA, T. S. G.
Nathalia 
Formulário F. Responda às questões abaixo sobre o tema zootoxinas.
 Questão 1. Supondo que um cão deu entrada em sua clínica por suspeita de picada de aranha do gênero Loxosceles sp. em região de face. Baseado no mecanismo de ação desse acidente quais importantes manifestações clínicas poderão ser observadas. Justifique sua resposta, sugerindo tratamento medicamentoso. 
Mecanismo de ação:
O veneno da Loxosceles sp. é composto por hialuronidase, lípase, FA, esteratases, proteases e por um componente proteico chamado esfingomielinase D. A esfingomielinase D atua sobre a esfingomielina das membranas endoteliais, hemácias, plaquetas e também como fator quimiotático para neutrófilos. O recrutamento dos leucócitos ao local da lesão provoca agregação plaquetária, que por consequência, resulta em uma coagulação intravascular nos capilares ao redor da lesão provocando necrose dérmica.
Sinais cínicos:
A intensidade dos sinais clínicos podem variar diante de 3 fatores:
- Quantidade do veneno inoculado
- Local da picada
- Status imune do paciente
E tendem a se manifestar em até 12 horas após a picada, mas é importante ressaltar que no momento da picada o paciente não sente dor, o que de certa forma dificulta o diagnóstico.
Eles podem se apresentar de duas formas:
a.) Cutâneo necrótico: Lesão inflamatória no ponto da picada, observada entre 2-6 horas, que evolui para necrose e ulceração, além de edema, dor local, mal-estar, equimose (infiltração de sangue) e exantema (erupções cutâneas).
b.) Cutâneo visceral (sistêmico): É menos comum (Aproximadamente 15% dos casos), porém além da lesão dermonecrótica, é observado lesões que podem levar ao óbito.
Dentre as alterações clínicas mais comuns, podemos destacar choque, icterícia, hemólise intravascular assosciada à hematúria e hemoglobinúria, trombocitopenia, leucocitose e insuficiência renal aguda.
O tratamento indicado é o uso de anti-inflamatório não-esteroidal e os corticosteroides sistêmicos têm um efeito protetor na membrana dos eritrócitos, inibindo a hemólise.
A terapia é baseada nos sinais clínicos. Podemos considerar a utilização profilática de fluidoterapia e diuréticos para evitar lesões renais mais graves e aumentar a taxa de filtração glomerular. Como existe uma ferida dermonecrótica importante, é impreterível que se faça limpezas diárias (pode ser necessário debridamento) com antissépticos associadas à antibioticoterapia de amplo espectro a fim de diminuir o risco de infecções secundárias.
O soro antiloxoscélico é o único tratamento específico para neutralizar a ação do veneno, porém não está disponível na medicina veterinária.
Questão 2. No acidente ofídico por serpente do gênero Bothrops há instalação de manifestações clinicas que precisam ser rapidamente estabilizadas. Com base no mecanismo de ação da toxina e manifestações clínicas comente e justifique o que deveria ser realizado como tratamento suporte (geral) e especifico em um gato, da raça Maine Coon, de 7 anos, com 12kg PV, que deu entrada em um hospital veterinário após ser picado na face por uma cascavel. Qual o volume de soro antiofídico que deveria ser administrado a este paciente? Quais possíveis efeitos adversos dessa terapia?
O gênero Bothrops é responsável por 90% dos acidentes por serpentes na América do Sul. O veneno possui ações proteolíticas, coagulante e hemorrágica, sendo os distúrbios hemostáticos os sinais clínicos mais importantes.
A maioria dos venenos botróticos ativa de forma isolada ou simultânea o fator X e a protrombina. Também possuem ação semelhante à trombina, convertendo o fibrinogênio em fibrina, essas ações produzem degradação de fibrina e fibrinogênio podendo ocasionar incoagulabilidade sanguínea.
As manifestações clínicas observadas são prostração, inapetência, aumento das frequências respiratórias e cardíacas.
À palpação na região da picada, nota-se uma tumefação de consistência pastosa com elevada sensibilidade dolorosa. Podemos também observar dois pontos de hemorragia que correspondem ao local da picada, mas nem sempre são identificados. Quando a picada acontece na face, a reação local pode provocar edema grave, que pode atingir as regiões do pescoço e torácica. Em caso de obstrução das vias respiratórias podem acontecer dispneias e IR pelo edema de glote, nesse caso a traqueostomia se torna procedimento de emergência para assegurar a sobrevivência do paciente.
O soro antiofídico deve ser aplicado lentamente via intravenosa e o tamanho e peso do animal não são considerados para o cálculo da quantidade. É padronizado que 1 ml neutraliza 2mg de veneno botrópico e que a quantidade mínima a ser aplicada é de 50ml. Se possível diluída em solução fisiológica ou glicosada a 5%. 
As áreas de necrose devem ser tratadas como ferida aberta, com antissépticos e pomadas que facilitem a cicatrização. No caso do paciente não conseguir ingerir água, deve ser adequadamente hidratado via parenteral com soluções eletrolíticas. A diurese osmótica pode ser induzida com o emprego de solução de manitol, caso persista a oligúria, indica-se administração de diuréticos de alça, do tipo furosemida via intravenosa.
Efeitos adversos destacados são reações alérgicas e náuseas.
Reações anafiláticas ao soro são raras e devem ser tratadas de acordo com a gravidade, com medicamentos à base de adrenalina, anti-histamínicos e corticosteroides e a administração do soro deve ser interrompida temporariamente.
A administração de antibióticos deve ser considerada em função da extensão das lesões no local da picada.
 Questão 3. Acidentes escorpiônicos decorrentes do gênero Tityus sp podem desencadear manifestações clínicas de leve a intensa, sendo que aqueles relacionados ao sistema cardiovascular e do SNC podem ser graves. Cite e justifique, com base no mecanismo de ação decorrente da picada, as manifestações clínicas e tratamentos medicamentos preconizados com relação aos sistemas orgânicos citados.
A composição do veneno é uma mistura complexa que consiste em uma fração tóxica e uma fração neurotóxica, essas toxinas juntas causam liberação maciça de acetilcolinae catecolaminas nas terminações periféricas com consequente estímulo ao sistema nervoso simpático e parassimpático.
 Manifestações clínicas:
Dor local, sudorese, êmese, hipermotilidade do TGI, agitação, desorientação, hiperatividade, taquipneia e hiperpneia ou bradipneia. 
Em casos graves: Hipertensão ou hipotensão arterial, falência cardíaca, edema pulmonar e choque.
No Brasil não há soro antiescorpiônico disponível em medicina veterinária, dessa forma o objetivo do tratamento é aliviar os sinais clínicos, instituindo tratamento de suporte para preservar as funções vitais do paciente.
O antagonista ideal do veneno de escorpião seria aquele que limita os efeitos das catecolaminas e seus potencializadores, que são dois potentes peptídeos vasoconstritores, a endotelina e o neuropeptídio.
A Prazosina é extremamente benéfica durante a descarga inicial de catecolaminas no inicio de um curso de envenenamento. 1mg/Kg via oral Cães – 0,25-0,5mg/Kg Gatos
O tratamento de sinais clínicos associados de bradicardia sinusal, bloqueio atrioventricular e baixo débito cardíaco poderá ser realizado através de aplicação intravenosa de sulfato de atropina. De 0,01-0,04 mg/Kg.
É indicada a administração de analgésicos opióides e uso de anestésicos locais para aliviar a dor e também um possível choque neurogênico.
-Analgesia por meio de bloqueio anestésico com infiltração de lidocaína a 2% sem vasoconstritor no local da picada. 
 Questão 4. Comente sobre características importantes sobre o habitat e características fenotípicas visíveis (cabeça, presas, fosseta, cores, cauda) das serpentes do gênero Bothrops e Crotalus.
Bothrops – Conhecida popularmente como jararaca possui cabeça triangular, final da cauda lisa e ligeiramente clara ou amarelada, fosseta loreal e dentição solenóglifa (dentes inoculadores). Seu padrão de colorido é bastante variável e os indivíduos apresentam manchas escuras em forma triangular distribuídas em ambos os lados do corpo. Essa característica confere a espécie padrão críptico de coloração.
Está distribuída desde o nível dor mar até elevações próximas a 1.200m, podem habitar variados ambientes e habitats, como a Mata Atlântica, florestas tropicais, até áreas abertas de grande perturbação e alta densidade humana. 
Cadernos técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 75 – Dezembro de 2014.
Crotalus – Popularmente conhecida como cascavel, possui cabeça triangular, fosseta loreal, dentição solenóglifa e um chocalho ou guizo na extremidade da cauda. São encontradas em campos abertos (áreas secas, arenosas e pedregosas), encostas de morros e cerrados, são pouco frequentes em matas úmidas e faixas litorâneas.
Possuem cor marrom escuro com presença de anéis claros e finos. A cor é um recurso que favorece a camuflagem dessas cobras.
Felipe
1- Pode apresentar dois tipos de manifestações, cutânea e cutânea-hemolitica. Sendo a cutânea mais comum, nas primeiras horas após a picada pode apresentar edema no local, posteriormente, dentro de 12 à 24 horas, pode evoluir para uma coloração pálida com áreas equimoticas, pode apresentar dor com a palpação, o que pode evoluir para uma necrose, causando uma úlcera, o paciente pode apresentar febre, mal- estar, fraqueza, náuseas, vômito e mialgia. 
 A cutânea-hemolitica, pode apresentar hemolise intravascular, insuficiência renal por necrose tubular, anemia, icterícia e hemoglobinúria.
 O tratamento ocorre através de corticóides e analgésicos, como por exemplo prednisolona e dipirona e manter o paciente hidratado para evitar necrose tubular. E como tratamento específico é utilizado a soroterapia, o antiveneno.
2- O tratamento é através de corticóides e do soro polivalente botropico-crotalico, que é uma solução purificada de imunoglobinas específicas com o veneno da serpente. No caso clínico citado, a indicação seria de 8 ampolas de 10ml de soro, sendo 4 administrada via subcutânea e 4 intravenosa. Os efeitosadversos pode apresentar, rubor cutâneo, reação alérgica, náuseas. 
Em tratamento complementar pode-se utilizar a curcuma longa, uma planta asiática, para cicatrização da ferida.
3 - Nos casos mais leves podem apresentar dor no local, e eventualmente taquicardia. Em casos moderados ou graves pode levar a vômitos, agitação, taquicardia, taquipneia, hipertensão, choque e edema pulmonar. O tratamento específico será a utilização de antiescorpiônico. Para o tratamento complementar pode ser feito com atropina, devido a quantidade de acetilcolina que é liberada pelo organismo quando o indivíduo tem contato com o veneno, e analgésicos.
4- gênero bothrops: dentes inoculados de veneno, na região anterior do maxilar, fosseta loreal, cabeça triangular, cauda lisa. O habitat preferido dessas serpentes são terrenos agrícolas. 
Gênero crotalus: dentes inoculados de veneno, na anterior ao maxilar, fosseta loreal, cabeça triangular, cauda com chocalho, seu habitat são em campos aberto de cerrados, áreas pedregosas e secas.
5- toxina: produzida durante o metabolismo e o crescimento de certos microrganismos, animais e plantas, e capaz de provocar a formação de anticorpos ou antitoxinas. Exemplo: endotoxina da Clostridium tetani.
Toxicante: produto que pode causar dano a algum ser vivo. Exemplo : raticidas
Veneno: substância preparada ou natural que pode causar dano a algum ser vivo. Exemplo: Mordedura de abelhas, serpentes e etc.
Peçonhenta: ser vivo que possui veneno. Exemplo: Cascavel, viúva negra. 
Toxicose: ser vivo infectado por veneno. Exemplo: animal que sofreu mordida de serpentes, aranhas e etc.

Outros materiais