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0 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com 1 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com Sumário INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 2 DA DOAÇÃO A TRANSFUSÃO ............................................................................................. 4 CAPTAÇÃO DE DOADORES E TRIAGEM ....................................................................... 5 COLETA DO SANGUE ....................................................................................................... 9 TIPOS DE BOLSA .............................................................................................................. 9 PROCESSAMENTO ......................................................................................................... 11 HEMOCOMPONENTES ................................................................................................... 12 TIPAGEM SANGUÍNEA ................................................................................................... 13 PESQUISA SISTEMA ABO .............................................................................................. 15 SISTEMA Rhesus – Rh (D) .............................................................................................. 15 PESQUISA DE AGENTES INFECCIOSOS ..................................................................... 16 LEGISLAÇÃO ....................................................................................................................... 17 HEMOTERAPIA.................................................................................................................... 18 REAÇÕES TRANSFUSIONAIS ....................................................................................... 19 REFERENCIAS .................................................................................................................... 21 2 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com INTRODUÇÃO O sangue é um tecido fluido que irriga todos os órgãos e tecidos e efetua diversas funções vitais no organismo. Dentre as diversas funções realizadas pelo sangue podemos ressaltar o transporte de nutrientes e das hemácias (eritrócitos) que realizam os processos de trocas gasosas (O2 e CO2), as células do sistema imunológico (leucócitos) que participam da defesa do organismo contra patógenos, bem o contínuo transporte de moléculas que participam do processo de coagulação como as plaquetas e fatores da coagulação. Todos os elementos contidos no sangue são conduzidos constantemente para todos os órgãos e tecidos do organismo através da circulação sanguínea. As células sanguíneas, fisiologicamente, possuem limitado tempo de vida, sendo que os eritrócitos duram cerca de 110 dias, as plaquetas de 7 a 10 dias, e os leucócitos duram de algumas horas até alguns anos. Devido ao curto tempo de vida das células sanguíneas esse tecido precisa ser constantemente renovado, para isso o constante suprimento de nutrientes como proteínas minerais e vitaminas se faz necessários. A produção das células do sangue ocorre continuamente na medula óssea, localizada dentro da cavidade de ossos longos como o fêmur e ossos chatos (crista ilíaca) ao longo do período de vida de cada ser humano. 3 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com Em algumas situações o uso do sangue e dos seus componentes é uma prática fundamental para salvar vidas. Em circunstâncias onde ocorre grandes perdas sanguíneas (acidentes com rompimento dos vasos sanguíneos), grandes cirurgias, partos, bem como alterações genéticas que induzem a má formação dos elementos sanguíneos é possível fazer a reposição desses elementos sanguíneos, essa especialidade é conhecida como hemoterapia. A hemoterapia é utilizada rotineiramente em hospitais, e em alguns casos é uma fonte exclusiva para o tratamento de determinadas patologias. Os avanços científicos dos últimos anos proporcionaram melhorias nessa área do conhecimento que conferem vantagens, principalmente com relação a um melhor direcionamento do uso do sangue e de seus derivados em práticas terapêuticas. O sangue utilizado em hemoterapia é obtido através de doações, a capacidade de renovação do sangue proporciona a reposição do sangue no doador em pouco tempo tornando a doação um ato seguro para o doador. Contudo, sabe-se que alguns aspectos críticos como a existência de diversos tipos sanguíneos e a transmissão de doenças através da transfusão, são pontos que devem ser levados em consideração com relação à hemoterapia. Sendo assim, deve existir a compatibilidade do sangue do doador quando se compara com as características fenotípicas do receptor. Além disso, a investigação de 4 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com patologias deve ser obrigatoriamente realizada para evitar a transmissão de doenças através do sangue, esses aspectos são de extrema relevância considerando-se que os problemas de incompatibilidade e de patologias transmitida pela transfusão podem ser fatais. Portanto a hemoterapia é um campo de atuação que requer uma equipe multiprofissional e com profundos conhecimentos específicos. Um engajamento de uma equipe multiprofissional bem treinada se faz necessário, desde a coleta até a transfusão, para que a terapia seja bem-sucedida. DA DOAÇÃO A TRANSFUSÃO A hemoterapia conta o uso do sangue proveniente de doação, realizada por voluntários associados a laboratórios denominados hemocentro ou banco de sangue, na maioria das vezes essas instituições estão ligadas a um hospital. Existem diversas etapas a serem cumpridas para determinar se um doador está apto a realizar a doação. Iniciando por uma triagem, seguido de uma entrevista é possível determinar algumas características que serão úteis para determinar se o doador está apto para a realização da doação do sangue. Após essa etapa, se o doador estiver qualificado, ocorrerá à doação com a coleta do sangue que pode ser de sangue total, ou de componentes específicos do sangue por aférese. 5 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com Após a coleta do sangue o mesmo será processado e os componentes (hemocomponentes), serão obtidos por separação, alguns testes são realizados para determinação do tipo sanguíneo, além dos testes para detecção de possíveis patologias, e por fim, após passar por todos os testes com resultados satisfatórios, o sangue será armazenado e disponibilizado quando solicitados atendendo as necessidades terapêuticas dos pacientes. Veremos as etapas de forma detalhada a seguir: CAPTAÇÃO DE DOADORES E TRIAGEM Os bancos de sangue são responsáveis pela captação, e qualificação dos doadores. A captação dos doadores pode ser realizada por: ✓ Campanhas de conscientização da importância da doação de sangue, veiculadas na mídia; ✓ Visita a empresas para coleta da doação dos funcionários; ✓ Campanhas em datas específicas. Ressaltando que todas as doações são voluntárias, e a prática hemoterápica somente se torna possível através do ato voluntário da doação. 6 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com Para realizar a doação é necessária a apresentação de um documento oficial, com foto (Carteira deIdentidade, Carteira Nacional de Habilitação, Carteira de Trabalho, Passaporte, e Carteira Profissional emitida por classe). Através da verificação de alguns parâmetros bioquímicos e verificação da aptidão para a doação. Dentre os parâmetros bioquímicos avaliados estão: a avaliação do peso, pressão arterial, dosagem de hemoglobina, temperatura corpórea. Ao final da entrevista o doador ainda poderá indicar se falou a verdade durante a entrevista e se acredita ou não que o sangue dele poderá trazer riscos para o receptor através de um voto de auto exclusão. Os critérios mencionados no Quadro 1 avaliam as condições de saúde do doador, esses testes tem o intuito de avaliar se o doador se encontra em condições adequadas, certificando-se que a doação não será prejudicial para o doador. 7 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com Quadro1: Condições avaliadas para doação e critérios para aptidão/inaptidão para a realização da doação Condição Critério/período de aptidão/inaptidão Intervalo entre doações (Sangue Total ) Homens: a cada 2 meses, não ultrapassar 4 doações por ano. Mulheres: a cada3 meses, não excedendo 3 doações por ano. Peso corpóreo Mínimo de 50kg. Pessoas com peso menor do que 50kg podem ser aceitos, após avaliação médica. Perda de peso Indivíduos com perda de peso (10% ou superior) são inaptos até esclarecimento do motivo da perda de peso. Esses candidatos que perderam o peso, sem realização de dieta ou atividade física, precisam passar por avaliação para realizar pesquisa de doença subjacente. Pulso Regular entre 50 e 100 batimentos/minuto. Aceitação de candidatos fora desses parâmetros dependerá de avaliação médica. Pressão arterial A pressão sistólica não deve ser maior que 180mmHg e a diastólica não deve ser maior que 100mmHg. Aceitação de candidatos fora desses parâmetros dependerá de avaliação médica. Hematócrito e Hemoglobina Homens: mínimo de 13g/dl para Hb ou de 39% para Ht. Mulheres: mínimo de 12,5g/dl para Hb ou de 38% para Ht. Candidatos com níveis abaixo desses valores precisam ser encaminhados para avaliação e eventual investigação de anemia. Candidatos com Hb acima de 18g/dl ou Ht acima de 54% não devem ser aprovados, devendo ser encaminhados para avaliação clínica. Gestação Após o parto ou abortamento, essas candidatas a doação são inaptas pelo período de 12 semanas Mulheres em período de lactação, somente após 12 meses. 8 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com Avalia-se também, através de questionário, o potencial de transmissão de doenças, certificando-se que o doador está adequado para fazer a doação. Os hemocentros possuem equipe qualificada para realizar entrevista confidencial identificando se o doador possui o potencial de transmissão de doenças ou possui outras condições que o impeça de fazer a doação por trazer risco para o receptor como: ✓ Doenças sexualmente transmissíveis como HIV, ✓ Doenças transmitidas por vírus e parasitas (hepatite B e C, Sífilis, Doença de Chagas entre outros) ✓ Utiliza medicamentos que possam impedir a doação, ✓ Apresentou sintomas de gripe ou teve febre nos dias anteriores a doação. ✓ Fez tatuagem ou maquiagem definitiva recentemente, colocação de piercing, ou seja, qualquer fator que o impeça de doar por trazer risco para o paciente que futuramente receberá aquele sangue. Leitura Complementar: Competências da enfermeira para a triagem clínica de doadores de sangue. Rev Bras Enferm, Brasilia 2011, 64(2):234-40 9 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com COLETA DO SANGUE Após a determinação de que o doador está apto a fazer a doação, o mesmo será encaminhado para um local confortável onde será realizada a coleta. Um profissional da área da saúde qualificado deve estar presente o tempo todo avaliando o doador e identificar caso ocorra algum tipo de reação. É obrigatório que o setor conte com local adequado e recursos atendimento aos doadores com reações adversas à doação incluindo situações de emergência como crise convulsiva e parada cardiorrespiratória. A coleta ocorre através da punção venosa e o sangue é coletado num sistema fechado, em bolsa plástica, estéril. A bolsa de coleta contém uma solução conservante e anticoagulante e que estão ligadas a outras bolsas denominadas bolsas-satélites possibilitando que o sangue coletado seja posteriormente separado em seus componentes. TIPOS DE BOLSA As bolsas para coleta podem ser do tipo dupla, tripla ou quadrupla. Sendo que esse material deve ser estéril e possui uma solução anticoagulante em seu interior. 10 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com Quadro 2: Tipos de bolsa e hemocomponentes coletados na doação de sangue total. Tipo de Bolsa Hemocomponetes coletados Dupla Concentrado de Hemácias e Plasma Tripla Concentrado de Hemácias, Plasma e Crioprecipitado ou Concentrado de Plaquetas Quadrupla Concentrado de Hemácias, Plasma, Crioprecipitado e Concentrado de Plaquetas. A escolha do tipo de bolsa está condicionada ao tipo de hemocomponentes que serão obtidos, ou seja, o banco de sangue determina os tipos de hemocomponentes necessários para atender a sua demanda e baseados nessas informações é que se determinará o tipo de bolsa a ser utilizada na coleta de sangue total. A utilização de anticoagulantes e preservadores é necessária para impedir a formação de coágulos e manter a viabilidade das células durante o armazenamento. A composição dos anticoagulantes/preservastes pode ser: CPDA-1 Ácido cítrico, citrato de sódio, Fosfato de sódio, Dextrose, Adenina. Essa solução confere uma validade de 35 dias para o sangue total e para o concentrado de hemácias. 11 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com Além do CPDA-1 pode- se utilizar uma solução que proporciona aumento da viabilidade das hemácias por até 42 dias. Essa solução é conhecida como SAG-M e é composta por soro, adenina, glicose e manitol. Figura 1: Tipos de bolsa e hemocomponentes a ser coletados Adaptado de: Produção, Armazenamento e Procedimentos de Hemocomponentes. Keicia Moreira Pinto. Instituto Nacional do Câncer. Hospital do Câncer- Serviço de Hemoterapia. Setor de Fracionamento e Expedição de Hemocomponentes PROCESSAMENTO Após a coleta do sangue total (ST) a bolsa segue para um local onde será processado, nessa etapa ocorrerá a separação do hemocomponentes. Além disso, uma pequena amostra coletada no momento da doação será encaminhada 12 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com para realização de testes de determinação de tipagem sanguínea e triagem para detecção de possíveis patógenos. HEMOCOMPONENTES Após a coleta as bolsas são encaminhadas para um laboratório onde serão processadas e separadas em hemocomponentes. O sangue é composto por plasma, hemácias, leucócitos e plaquetas, esses componentes possuem diferentes densidade, o que permite separá-los por centrifugação. Veja tabela abaixo com os hemocomponentes obtida a partir do sangue total após o processo de centrifugação. Quadro 3: Hemocomponentes obtidos a partir do sangue total. Hemocomponentes Composição Concentrado de Hemácias (CH) Hemácias, plasma em pequeno volume, leucócitos e plaquetas em pequena quantidade Plasma Fresco Congelado (PFC) Plasma com todos os fatores da coagulação preservados Concentradode Plaquetas (CP) Plaquetas, plasma em pequeno volume e leucócitos. Crioprecipitado (Crio) Fibrinogênio, fatores da coagulação VIII e XIII, plasma e fator Von Willebrand. 13 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com TIPAGEM SANGUÍNEA Realize-se o teste de tipagem sanguínea, também conhecidos como testes imuno-hematológicos, para determinar o grupo sanguíneo que o sangue coletado pertence, essa informação é de extrema relevância, devido a necessidade da compatibilidade para a realização da transfusão. Os testes imuno-hematológicos para qualificação do doador devem ser realizados a cada doação, independentemente dos resultados de doações anteriores. Existem diversos tipos sanguíneos, codificados por diversos genes que são fenotipicamente expressos na superfície das hemácias entre outros tecidos. A expressão desses genes confere algumas características que são agrupados em “sistemas”. Dentre os sistemas que apresentam maior relevância clínica podemos destacar os sistemas ABO, Rh, Duffy, MNs, Kidd, Lewis, entre outros. O sistema de tipagem sanguínea ABO agrupa o sangue em uma das seguintes categorias: • O: indivíduos do tipo O podem doar sangue para qualquer um, mas só podem receber sangue de outros indivíduos do tipo O. 14 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com • A: indivíduos do tipo A podem doar para outros indivíduos do tipo A e do tipo AB. Indivíduos do tipo A só podem receber sangue de outros indivíduos do tipo A e do tipo O. • B: indivíduos do tipo B podem doar para outros indivíduos do tipo B e do tipo AB. Indivíduos do tipo B só podem receber sangue de outros indivíduos do tipo B e do tipo O. • AB: indivíduos do tipo AB podem doar sangue apenas para outros indivíduos do tipo AB, mas podem receber sangue de todos os tipos. Além disso, o sistema de agrupamento de sangue por fator Rh é segundo grupo com maior relevância clínica: • Rh+: Pessoas com sangue Rh positivo têm antígenos Rh na superfície dos glóbulos vermelhos. Pessoas com sangue Rh+ podem receber sangue Rh+ ou Rh-. • Rh-: Pessoas com sangue Rh negativo não têm antígenos Rh. Pessoas com sangue Rh- só podem receber sangue que também seja Rh-. Juntos, os sistemas de agrupamento ABO e Rh abrangem oito tipos possíveis: O+, O-, A+, A-, B+, B-, AB+ e AB-, que são os sistemas pesquisados rotineiramente em banco de sangue. LEITURA COMPLEMENTAR: Para mais informações sobre os grupos sanguíneos e a organização dos sistemas leia o artigo Funções biológicas dos antígenos eritrocitários, Silvia L. Bonifácio Marcia C. Z. Novaretti,. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2009;31(2):104-111 15 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com PESQUISA SISTEMA ABO A definição do grupo sanguíneo de um indivíduo se dá por duas provas: - Prova Direta (ou Beth-Vincent): pesquisa dos antígenos fixados nas hemácias do paciente. Deve ser feita com soro Anti-A, Anti-B e Anti-A,B. - Prova Reversa (ou prova de Simonin): pesquisa do anticorpo no soro do paciente. Deve ser feita com hemácias tipadas A e B, com atenção para o fato de que o anticorpo B costuma ser mais fraco (título fraco) que os demais anticorpos. A prova reversa é uma contra-prova fundamental para a conclusão do exame. SISTEMA Rhesus – Rh (D) A determinação do Sistema Rhesus de um indivíduo se dá por: • Determinação Rh: determinação do antígeno D do Sistema Rhesus nas hemácias do paciente. • Controle Rh: é um reativo controle com ausência de anticorpo Anti-D e de qualquer outro tipo de anticorpo para todos os sistemas eritrocitários. Este reativo controle tem por finalidade detectar erros ou patogenias existentes no paciente que resulte numa reação positiva do controle. (Exemplo: casos de Hiperproteinemia). LEITURA COMPLEMENTAR: Imuno-hematologia laboratorial / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. ISBN 978-85-334-2160-8 16 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com PESQUISA DE AGENTES INFECCIOSOS A etapa de realização dos testes identificando possíveis patógenos é de suma importância para evitar a contaminação do paciente que receberá a doação com patologias provenientes da doação. A cada doação devem ser realizados obrigatoriamente testes laboratoriais para a detecção de marcadores para as seguintes doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue dentre os agentes infecciosos podemos citar: SÍFILIS, HEPATITE B, HEPATITE C, HIV, HTLV. Independentemente dos resultados de doações anteriores, todos os testes devem ser repetidos a cada nova doação, segundo critérios determinados nas normas do Ministério da Saúde. A taxa de descarte de bolsas com detecção positiva é alta, segundo Salles e colaboradores (2003), de 10 a 30% das doações foram descartadas por ser detectadas com sorologia positiva para os vírus do HTLV, Sífilis, bem como doença de chagas entre outros. A taxa de descarte das doações é considerada alta, e esses valores são atribuídos devido ao grande número de indivíduos que fazem a doação pela primeira vez bem como resultados falsos-positivos obtidos em testes com baixa sensibilidade. No entanto, nos últimos anos com a introdução de sistemas de detecção mais sensíveis e a informatização dos laboratórios bem como a captação de doadores de repetição, o número de bolsas descartadas estão paulatinamente sendo reduzidos. LEITURA COMPLEMENTAR: SALLES, N. A.; SABINO, E. C.; BARRETO, C. C.; et al. Descarte de bolsas de sangue e prevalência de doenças infecciosas em doadores de sangue da 17 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 13, n. 2–3, p. 111–116, 2003. LEGISLAÇÃO O Ministério da saúde é o órgão oficial que regulamenta as atividades desenvolvidas nos bancos de sangue e hemocentros do pais. A legislação traz de forma detalhada os procedimentos e condutas técnicas que devem ser seguidos nos bancos de sangue. Para maiores informações vide: • RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA – RDC N° 34, DE 11 DE JUNHO DE 2014. Dispõe sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue. • RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA -RDC Nº 75, DE 2 DE MAIO DE 2016. Dispõe sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue. A legislação que normatiza as atividades ligadas a hemoterapia sofre constantes atualizações, cabem aos bancos de sangue se adequarem a novas regras estabelecidas pelo Ministério da saúde bem como os profissionais atuantes nessa área devem estra cientes com relação a publicação das novas normas. 18 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com HEMOTERAPIA A hemoterapia é uma especialidade médica que utiliza os hemocomponentes na forma de transfusão com finalidade terapêutica. Quadro 4: Indicações terapêuticas dos hemocomponentes. INDICAÇÃO PATOLOGIAS CORRIGIR DISTÚRBIO DA COAGULAÇÃO • Hemofilia; • Sangramento associado à contagem de plaquetas baixa • Cirurgia cardíaca, de joelho e de quadril. • Leucemias • Procedimentos Cirúrgicos invasivos (biópsia óssea, hepática) • Deficiências congênitas ou adquiridas de fatores da coagulação • Coagulopatia Intravascular Disseminada • Hemorragia por déficit de vitamina K • Hepatopatias AUMENTAR A CAPACIDADE DE TRANSPORTAR O OXIGÊNIO • Hipovolemia (perdade 30-40% da volemia por hemorragia) • Anemia aguda associada a perda de sangue • Perda maciça de sangue (acidentes) • Anemia crônica indicada somente em caso de risco de vida • Pacientes submetidos a quimioterapia (leucemia aguda) TRANSFUSÃO AUTÓLOGA; (paciente recebe o próprio sangue) • Coleta realizada previamente e estocado, utilizado durante a cirurgia ou no período pós-operatório. • Coleta no campo cirúrgico, sangue será processado e reinfundido durante a cirurgia. • As vantagens são prevenir a transmissão de doenças infecciosas, reações transfusionais. 19 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com REAÇÕES TRANSFUSIONAIS As transfusões são indicadas para prover benefícios aos pacientes, contudo, nenhuma transfusão é livre de riscos. Apesar do controle em todo o processo desde a obtenção da doação até a transfusão, algumas reações podem ocorrer. Portanto, identificar as reações transfusionais que podem ocorrer em vigência dessa prática clínica é de suma importância. Caracteriza-se por qualquer intercorrência que acontecem como consequência da transfusão sanguínea, durante ou após a sua administração. Os sinais e sintomas comumente relacionados às reações transfusionais são: ✓Febre ✓Rubor facial ✓Dor no tórax ou em região lombar ✓Mialgia ✓Dor no local da infusão ✓Soro e/ou urina escurecido ✓Náusea, vômito ✓Prurido/ urticária ✓Tosse, dispneia/ cianose ✓Hipotensão ou hipertensão ✓Edema pulmonar ✓ Entre outros. As reações transfusão classificadas em imediatas, que são aquelas que ocorrem durante ou até 24 horas da transfusão, ou, tardias podendo ocorrer após 20 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com 24 horas da transfusão, podem ocorrer por mecanismos imunológicos ou não imunológicos. É de extrema importância que os profissionais que estão em contato direto com os pacientes que recebem transfusões saibam reconhecer os sinais e sintomas relacionados às reações transfusionais para que as medidas necessárias sejam tomadas o mais rápido possível. Quadro 5: Reações transfusionais imediatas e tardias. IMUNE NÃO IMUNE IMEDIATA Reação Febril não hemolítica (RFNH) Sobrecarga volêmica Reação Hemolítica Aguda (rha) Contaminação bacteriana Reação alérgica (leve, moderada, grave) Hipotensão por inibidor da ECA TRALI (Transfusion related Lung Injury) Hemólise não-imune Hipocalcemia Embolia aérea Hipotermia IMUNE NÃO IMUNE TARDIA Aloimunização eritrocitária Hemossiderose Aloimunização HLA Doenças Infecciosas Reação enxerto x hospedeiro Púrpura pós-transfusional 21 Curso de Hemoterapia e Banco de Sangue Profa. Dalila Cunha de Oliveira (M.Sc.) IBAP Cursos - www.institutobiomedico.com REFERENCIAS 1. Oliveira, Maria Beatriz Siqueira Campos de (org.) Conceitos básicos e aplicados em imuno-hematologia. / Organização de Maria Beatriz Siqueira Campos de Oliveira, Flávia Coelho Ribeiro e Alexandre Gomes Vizzoni. - Rio de Janeiro: EPSJV, 2013. 2. Keicia Moreira Pinto. Produção Armazenamento e Procedimentos de hemocomponentes. I Jornada de profissionais Técnicos na Saúde do INCA. III Jornada dos técnicos de Enfermagem do INCA. 3. José Augusto Barreto, et al, manual de hemoterapia da Colsan. 7º Edição, 2011. 4. Ana Carla Batissoco, Marcia Cristina Zago Novaretti. Aspectos moleculares do Sistema Sangüíneo ABO. Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(1): 47-58. 5. Manual Básico de Orientações Transfusionais. HEMOCENTRO DE CAMPINAS. Serviço de Transfusão do Laboratório de Compatibilidade, 2010. 6. Guia para o uso de hemocomponentes/ ministério da saúde, secretaria de Atenção à saúde, departamento de atenção especializada- Brasília. Editora do Ministério da Saúde, 2010 7. Manual de Medicina Transfusional/ editores Eugênia Maria Amorm Ubiali, Gil Cunha de Santis, Dimas Tadeu Covas – São Paulo: editora Atheneu, 2009. 8. SALLES, N. A.; SABINO, E. C.; BARRETO, C. C.; et al. Descarte de bolsas de sangue e prevalência de doenças infecciosas em doadores de sangue da Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 13, n. 2–3, p. 111–116, 2003. 9. JUNQUEIRA, P. C.; ROSENBLIT, J.; HAMERSCHLAK, N. História da Hemoterapia no Brasil. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 27, n. 3, 2005.
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